Vamos conversar?

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quinta-feira, 15 de junho de 2017

Põe na balança!


Lembro daqueles tempos em que eu criança, ia na feira com a minha mãe. Tinha a feira sábado e a de quarta-feira perto de casa. Saíamos carregadas de sacolas dentro de sacolas e conforme íamos parando nas banquinhas escolhendo de tudo, desde feijão, tomate, batata, verdura, tofu, queijo, banana, ovos, mandioca na casca, as sacolas iam sendo postas pra fora uma das outras e iam sendo enchidas.

Não tínhamos carrinho de feira. Isto foi um luxo herdado da minha avó, muito tempo depois, quando ela faleceu. Não sei se era tão caro assim pra termos. Vai ver, era! Mas carregar as sacolas de alimentos parecia fazer parte de um ritual. Levar nos braços o que comeríamos durante a semana toda!

A feira é um cenário fantástico onde as pessoas parecem ser mais felizes! Um meio onde você vê mais sorrisos, as pessoas se chamam pelo nome, sempre conversam um cadinho mais, andam sem tanta pressa, proseam, param a todo instante quando encontram algum conhecido e dá-lhe mais uma conversinha à toa.


Eu via muitas crianças que madrugavam em seus sítios pra estarem de pé bem cedo e antes das 6h da manhã já estavam a postos com suas famílias ali na rua trabalhando! E nenhuma delas morria disso. Ao contrário. Cresciam responsáveis e com orgulho do trabalho em família.

A roda que se formava em torno da banca de pastel era o must do passeio. Nem sempre parávamos ali. Era um luxo aguardado que algumas vezes eu tinha com ela. Mas o fato de não ser uma rotina, de ter sempre que ia, fazia daquilo algo mais especial ainda do que se fosse uma tradição. Como se fosse um presente surpresa sem ser na data de aniversário. Entende? Surpresa…

As idas à feira com minha mãe geraram aprendizados diversos. Uma riqueza infinita num universo à parte que me remetem a lembranças simples e despretensiosas. Nada é complicado ali. Falta troco? Rola um desconto, um troco em frutas, passa e paga depois, tudo em meio a um sorriso, dois ou três. Sempre o primeiro do feirante, o segundo de quem compra e um terceiro de quem assiste. Você seleciona o que compra em várias patamares de preço. Sempre tem um batatinha mais baratinha, mais miudinha, ou as mais vistosas e caras. Não existe só uma opção do mesmo produto. E cada um leva daquilo que pode!

Não são só ensinamentos sobre alimentos que se come. Mas aqueles que alimentam a alma! As cortesias, as gentileza, os tratamentos bomdia, porfavor, obrigada, voceestabem, naotevisemanapassada, sentisuafalta​, e frases que mostram que você realmente é visto, lembrado pelo nome, sua ausência é percebida e sentida.

Um mundo à parte, como se protegido numa redoma de vidro, onde o tempo pára.


Aquelas balanças dependuradas​ onde os feirantes despejavam batatinhas, mandioca, cebola para pesar, deslizando o peso de um lado ao outro daquela barra que ficava sobre o prato cheio, me encantavam! Ele fitava o olhar nos pequenos números encravados e dizia quando pesava.


Quanto pesa? Quanto pesa… quanto pesa… quanto pesa...

Quanto pesa cada coisa? Que você​ carrega nas sacolas enquanto anda? Você pegou só o que precisa mesmo? Tem peso desnecessário de algo que nem vai te alimentar? Você está levando só o que precisa pra esta semana? Nem demais, nem de menos?

Então, está bom! Pode pesar aí que eu levo!

Põe na balança! Na vida é preciso saber quanto pesa o que carrega nos braços pra se alimentar… E se equilibrar!!! Num braço, no outro, dividir o peso, se equilibrar no passo é no peso que for levar!

2 comentários:

  1. Como vc disse, a ida aos sábados à feira, era como um ritual mesmo.Era um momento de prazer, de diversidade e de cheiros... Como é bom sentir o cheiro da banca de frios, misturado com o aroma do café. Cheiro de aconchego...

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    Respostas
    1. Um mundinho à parte, né Kátia?!!! Delícia passear na feira...

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