Vamos conversar?

Vamos conversar?

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Uma musica e uma prosa...



http://www.youtube.com/watch?v=WYHyLFY2VM0


NUNCA DEIXE DE VOAR(Entenda por VOAR, CRER, SONHAR e VIVER!)
 Nunca deixe de voar.
Voe sempre na direção de seus objetivos.
Por mais altos que eles estejam.
Você sempre irá alcança-los.
Às vezes, se sentirá sozinho,
Ou apenas, mais um na multidão...
Mas, lembre-se: nunca deixe de sonhar!
Você encontrará obstáculos,
Às vezes, terá que voltar ao início...
E recomeçar tudo de novo!
Terá vontade de abandonar tudo!
Mas sempre terá alguém para encorajá-lo.
Alguém que pode sempre contar com você.
Que sabe que o caminho é longo.
Que haverão disputas...
Mas saberá a importância do trabalho em equipe.
E que a cada conquista,
Poderão comemorar juntos todas as vitórias!
Por isso, nunca deixe de voar!
Seja audacioso!
Não espere o vento te levar...
Mergulhe fundo em seus objetivos.
Esteja sempre atento às oportunidades.
Pois elas o levarão a voos ainda maiores...

Quando vi este vídeo pela primeira vez, tinha recém feito a minha primeira maratona. Coisa pouca no meio de tantos grandes feitos. Mas coisa imensa em meu peito! Usei muitas palavras em tantos textos que escrevi em meu blog. A vontade louca é de compartilhar tamanha alegria. Sensação, quase, de voar sem parapente, só com suas asinhas prolongadas em seus próprios braços, tamanho é o feito que se tem dentro das próprias mãos! E olha que já voei de parapente!!!
Cada cena deste vídeo se encaixa tão perfeitamente nas frases e as frases nas cenas que fica difícil saber que veio primeiro: a inspiração do texto, ou a sequência das cenas?
Bem, pequenas frases pareciam pular de um só contexto: a MARATONA para se encaixarem com tal perfeição a este vídeo! Fala de não desistir nunca. De objetivos tão além... De nos sentirmos sozinhos em meio a uma multidão! E-xa-ta-men-te como nos vemos treinando, ou correndo uma maratona... Na época, creio, postei no finado Orkut, pois entendi que este vídeo retratava com uma sensibilidade incomum aquilo tudo que se passa em nossas mentes e coração durante os 42,195km...
Hoje, tricota daqui, cavuca dali, dei um tour pelo face como há muito não fazia! Li, abri, respondi um bocado de gente amiga, conhecida e, há tempos, não vista. Então, Otilia, não conhecida ainda de carne e osso me posta “algo” pra me aliviar a “canseira”.... Dei de cara com este vídeo, de novo! Ahhhhhh... Que bálsamo!!!!
Veja só a percepção humana como é! O trecho do meio para o final para mim, naquela época refletia um outro contexto. “Ter que voltar ao início... E recomeçar tudo de novo? Ter vontade de abandonar tudo?” Sim... Hoje, compreendo, exatamente, isto!

Estou num período difícil de parar. Pode ser que seja, apenas, um pouco de descanso, para recuperar a energia do voo, não tão longo assim (foram apenas três anos!). Pode ser bizarro, engraçado, ridículo. Mas ouvir a musica no vídeo dizendo exatamente o que sinto, mexe comigo, me faz encher os olhos d’água e deixa a alma rasa de emoção... Para mim, VOAR significava CORRER. Hoje, traduzo para CRER, SONHAR, VIVER. Pois se assim não for, como sobreviver?

Sei de muita gente que está em pleno e a todo vapor! Velhos amigos e novos amigos. Esta coisa internáutica é mesmo interessante. Como conecta pessoas. Como abre portas. Como compartilha sentimentos, sonhos, pensamentos entre gente que nem se conhece pessoalmente! E para esta gente toda, dedico este vídeo!
Nomear todos seria loucura. Vou escolher uma: Que representa esta gente valente que mira um sonho, deixa o olho brilhar, não se envergonha de ter medo, de pedir conselho, empurrão, ou quem sabe, só pra ver que tem mais gente louca que sonha como ela pra se sentir um pouco mais “normal”... e ir! Gente que sente dor, passa por cima, cai, se levanta, vai de novo, chora de cansaço, de saudade da família que fica de lado nos treinos, de raiva de uma bobagem feita, de um tombo, machucado, lesão, e de alegria pura, pura, quando passa por um pórtico que indica mais um sonho concretizado... Gente que se emociona e emociona a gente. Gente que sonha e leva a gente junto, sem saber, ao se decidir por um sonho seu, que também é meu... Gente que nem conheço de verdade, mas que, DE VERDADE , nem preciso conhecer de perto, porque de longe vejo sua alma sorrindo feliz de ter um sonho pra fazer acontecer neste dia 18... Gente que já tem asas e nem sabia. Vai e leva outros juntos, por mostrar em seu sorriso largo que acredita, vai e realiza. Não importa o tempo que demorar pra realizar este sonho. Importa que o uma vez realizado, ESTE SONHO VAI DURAR PRA SEMPRE...

Simone Vieira, pra você, este vídeo que considero um hino a quem tem um sonho prestes a acontecer. Tem medos, passa por tombos, obstáculos, mas a alma segue viva, certa e leve...
Aqui, de meu cantinho de cá, muitos estarão realizando seus sonhos, também, nos 5km, 21, ou 42, no dia 26, em Londrina!
 Aí, você se embrenhará na prova que tanto sonho em fazer. A k 42! Pra mim, algo sem explicação a minha conexão. Talvez porque represente as tantas fases pelas quais passei. Desde 89, quando estive a primeira vez. Em 99, quando voltei e nunca mais deixei de ir. Foi meu renascer aos meus sonhos. Me destrancafiar de uma vida cinza para avançar, de pouquinho, neste lugar lindo, desbravar trilhas e caminhos novos, que nada mais são do que os meus próprios caminhos hoje! A busca incansável de não desistir nunca. Dos sonhos. De estar com meus amores. Desenhar nossa historia e ter memória pra lembrar e contar, depois... E de saber estar plena e feliz... 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Desapego


(P.S. antecipado) Uma homenagem ao meu amigo Ricardo Hoffmann que também passou por uma triste história destas e que também relatou em seu blog como foi o desfecho...



Andar pra frente. Não olhar pra trás. Deixar o velho, olhar o novo sem medo. Ousar experimentar. Crer que pode ser melhor. Crer que o que foi bom, fica. Mas que chega uma hora que não funciona mais, que e necessário abrir mão, desapegar-se, deixar pra trás sem querer voltar.

E possível que cada coisa tenha seu tempo de vida util. Por mais que tenha sido inédito, inovador, excepcional. Daqueles que você faz juras de amor que nunca, nunca vai abandonar, que será pra sempre, porque nunca teve algo igual... E aceitar que certas coisas chegam ao fim...

O velho já vinha dando sinais que estava apagando. Já não falava. Mas tinha uma memória excelente e eu ainda recorria a ele sempre que precisava lembrar o nome e algo de alguém. Fora as fotos lindas que tirava... Eu já vinha vindo com outro ha um tempo. Meia boca. Nada excepcional. Dava pro gasto! Eu gostava mesmo era do meu velhinho. Chegava ao cumulo de levar os dois juntos comigo. Sim, por mais que pareça absurdo. Não conseguia me desapegar do velho. E o outro não dava conta do recado como eu estava acostumada. Era muito básico. O velho, apesar de velho continuava sendo avançadinho pra idade dele.

Comecei, então, entrar na internet. Queria achar algo melhor. Sabia que o velho ia morrer. Não gostava do outro que peguei só pra remediar o que o velho não dava conta. Fui me encantando com um. Achei que tinha finalmente encontrado o novo amor da minha vida! Fiquei um tempo levantando informações sobre ele. Seria parceiro de viagens. Iria comigo em corridas, caso eu volte a correr. Seu forte inquestionável era fotografar. Nisso era o melhor. Mas não era assim, tão moderninho e isso me incomodava um pouco. Na verdade, a coisa que mais me chamou a atenção nele e que era um fotógrafo excepcional. De resto, lembrava muito o meu velho. Era como ter um novo com a alma do velho, mas melhorado. E muito. Mas, então, conheci outro.

Eu chegava a pô-los, lado a lado para compara-los. Nestes sites onde você procura por eles da pra fazer isso. Coloca o perfil de um ao lado do outro e ate do velhinho para comparar. E sabe que o velho estava pau a pau em muita coisa, quase tudo com eles? Mas ele estava morrendo e eu já brilhava os olhos pelos outros dois. Eu só não conseguia me decidir por qual deles...

Pedi ajuda a um amigo. Falei dos dois pra ele. Eu falou pra mim dos pros e contra de cada um. Mas sem sombra de duvida, eu podia ficar com o segundo. No conjunto, era disparado o melhor. Era um bom fotografo, sem ser excepcional. Daria pra fazer todas as coisas que faria com o primeiro pretendente. Viagens, corridas que ele daria conta do recado. Mas o que me fazia pender para ele desde o começo era exatamente porque ele nasceu para escrever. Como escrevia bem. E quem me conhece sabe que dentre as minhas grandes paixões, estão viajar, fotografar, natureza, e as maiores delas seriam o correr (que ando aposentada) e escrever...  Os dois se equivaliam no resto. Mas escrever era algo que só o segundo compreendia e fazia bem. Seria o parceiro ideal do meu momento agora. Hummmmm... Acho que, finalmente, estava me decidindo!

Decidi! Entrei no site novamente e acertei tudo. Muito rápido, de assustar. Em quatro dias ele estaria em casa. De surpresa, chegou antes. Na terça cedinho, o porteiro interfonou dizendo que ele já havia chegado. Foi paixão a primeira vista! Lindo. Robusto. Moderno. E como escreve bem. Pois mantém a essência de quem gosta de escrever como antigamente, porque os moderninhos escrevem tão rápido e superficialmente que erram muito. E quase nem da pra entender, de tantos erros que cometem. Enfim, estou com um novo amor. Parceiro, espero, pelo menos por uns quatro anos! Ou enquanto durar! Porque a gente nunca sabe, né? Bem que vendo ele hoje, gostaria que durasse pra sempre. Mas eu tenho de ser realista e encarar que estas coisas não são pra sempre. Pena, porque eu fui com a cara dele. Agora tenho de despachar o velho. Talvez eu fique com ele por consideração. O estepe vou manter comigo, porque pode ser que precise dele, eventualmente.

Meu Nokia N95 morreu! Durou muito e valentemente! Quase três anos... Rendi-me ao novo! Estou com um Motorola milestone 3. Escreve como ninguém e eu to cá com ele, escrevendo nele só com o dedão no teclado apelidado de 'qwerty'! Tem touch pra deslizar pra cá e pra lá, todo recurso, ou quase de um Galaxy S II com a vantagem deste teclado físico maravilhoso!!!! É quase um tablet... Feliz da vida. Se bem que fiel que sou, só larguei o n95 só porque o bichinho morreu mesmo. O outro candidato que considerei era o n9, da mesma e confiável família Nokia. Dizem que ainda é a melhor câmera em cel, devido as incomparáveis lentes Carl Zeiss. Mas resolvi sair da mesma família, sempre, sempre fui da Nokia. Só por causa deste teclado que já vi, valeu a pena. Acho que no 'touch' eu estaria patinando e desistiria de escrever em cel.

Bem, ê isso! Desapego! Os novos, com tudo de bom dos velhos mais aprimorados prometem valer a pena! Recomendo!


domingo, 29 de julho de 2012

Você está preparado pra Maratona?




Se você tem feito seus treinos certinho, certeza que está!  Fisicamente, você está pronto. Sem dúvida. O psicológico, agora é que tem que ficar sob controle. O principal erro de todos que vão pra maratona e quebram é não saber dosar!!!! É legal ir controlando seu ritmo a cada km, ou a cada 5km já nos treinos. Depois, analise o percurso e a altimetria. Pra saber onde vai diminuir e onde pode compensar o ritmo. Onde terá de se poupar. Você vai ter que saber dosar seu ritmo nos primeiros 21 pra terminar a primeira metade inteiro. Dos 21 até o km 30 é cabeça! Porque tem que estar inteiro na hora de passar o tal muro dos 30...  Geralmente, depois dos 30 que se começa a ver gente torta no caminho, parada, quebrada, sentada, vomitando porque exagerou. Andando sem conseguir voltar a correr. Muita gente termina mesmo assim, mas andando e o legal é não ter de andar nem um pouco. Você pode estar preparado pra isso. Mas às vezes, por falta de saber dosar, acaba precisando andar, pra retomar lá na frente! Um amigào meu, que corre forte fez as mesmas maratonas que eu. Curitiba, Porto Alegre e Curitiba. Mas só na última que ele conseguiu terminar sem andar nem um pouco. Justamente porque nas outras, ele tinha como objetivo, um tempo final e forçou. Teve que se arrastar no final de Porto alegre, a partir do km 40. Deu dó! Aí, em Curitiba, queria e estava pronto pra fazer sub 3. Foi controlando o tempo todo. Forte. Mas viu que começou ter dores e teve de diminuir. O seu parceiro de treino continuou forte e foi na frente. Quando chegou o km 34, ele passou seu amigo que estava torto e quebrado e ele que estava inteiro, fez uma conta rápida e viu que, se forçasse um pouquinho o ritmo, conseguiria fazer sub 3. Mas ai teve de decidir: forçar e arriscar a quebrar e terminar mais uma maratona andando e quebrado pra tentar o sub 3, ou ser mais comedido e seguir num ritmo sem quebrar...  Terminando no tempo que desse... Optou pela segunda e terminou inteiraço e feliz! Sem andar nem um pouquinho! Com 3h07'. Sete só acima do que ele queria. Mas feliz por ter terminado.

Por mais que não percebamos, temos nossas metas internas e secretas! Mas tem que ter muito bom senso pra correr uma maratona! Até acho legal pessoas que vão pros 42 pra fazer de qualquer jeito, nem que tenha de andar um tantão... São outros objetivos. Mas, aí, eu particularmente, vejo que é "terminar" uma maratona, mas não "correr"  uma maratona! Entende? Este é o verdadeiro desafio dos 42... É uma prova de auto conhecimento! Você conhecer e respeitar o seu corpo! Ouvi-lo... E correr no SEU ritmo e não de mais ninguém! É desafiador e compensador aceitar, encarar o desafio de tentar os 42.  Muito mais difícil e estar no meio dele e decidir parar, se precisar. São horas onde nós vencemos dores, medos, nossas próprias limitações. Temos infindáveis "muros dos 30" em nossa cabeça. E a cada passada, vencemos mais um! Pode ser que cabeça e corpo juntos estejam preparados pra concluir com sucesso. Pode ser que não seja desta vez. Somente no caminho é que descobrimos isso! Se o nosso "eu" está, de fato, preparado! É uma jornada que cada um enfrenta sozinho, consigo mesmo. Por mais que levemos nossos amigos, companheiros de treino, família junto de nós, toda a força que eles podem nos passar passará pela peneira que nossa cabeça administrar e deixar passar. Dá vontade de chorar no meio do caminho. De felicidade. De dor. De raiva. Já cheguei a quase desabar de chorar no meio, por dores. E no final, por não crer que estava chegando ao fim, depois de um ano tão complicado de treinos, lesões e dores internas e externas! Mas quando aquela bola subiu pela garganta pra explodir em choro, vi que chorar antes de acabar não seria a melhor coisa a fazer... Eu desabaria e a energia que restava seria consumida. É a hora de domar os lobos dentro da gente pra nós decidirmos por onde ir. E onde chegar! E CHEGAR!

Há várias formas de se terminar uma maratona. Pode ser que seja preciso correr muito para andar um pouco. Pode ser que tenha de se andar muito para pra correr um pouco. Pode ser que seja CORRENDO O TEMPO TODO! O sonho certeiro de todos! É o que faz uma maratona ser realmente vencida! Mas cada um sabe o tamanho de seu desafio próprio. E o que o satisfará. É por isso que tornar-se maratonista é um desafio vencido por muita gente que nem tem cara de que o faria! Gente desacreditada, mas que determina aonde quer chegar e vai! E vence! Gente que nem tem “cara de corredor”!!!! Mas que tem “ALMA DE CORREDOR”, como diz Rafael Zobaran e tantos que sabem o que isto significa! Quando se corre com a alma, os pés vão! E a sintonia é tanta que os ruídos externos não atrapalham que o corredor ouça si mesmo.

A maratona de Londrina está chegando... Uma maratona que nasceu da alma de corredor. Do riso e do choro de ser ter feito uma maratona pela primeira vez e de se querer compartilhar que outros pudessem saber o que isto significa... Nossa maratona é diferente. Não foi imposta de cima pra baixo, como um evento interessante a ser feito. Nasceu no calor que permanece por dias no corpo, na alma de quem acabou de fazer seus 42km pela primeira vez. Agora, estes detalhes nem importam mais! Importa ela estar aí acontecendo em sua segunda edição. Mas se puder dizer que o que gera um bebê, influi em como ele sempre será, me atrevo a dizer: a Maratona de Londrina sempre será uma maratona para corredores de alma! Que sonham, que obstinadamente, acreditam, retornam, insistem, não desistem e que vencem!

Corre-se com as pernas. Mas o que faz um corredor prosseguir, a despeito de tudo é o que ele leva lá dentro...

domingo, 10 de junho de 2012

Catarse


Diria, ser uma explosão silenciosa! Um vulcão em erupção. Movimento sem volta. Vômito. Panela com água em ebulição.

Catarse é algo definido de diferentes maneiras. Veio-me a mente, agora, quando quis escrever sobre minha explosão silenciosa. Um processo novo para mim, já que quem me conhece, sabe o quanto não sou silenciosa, o quanto minha natureza fala, fala, sem muitas vezes ouvir, não aos outros, mas a  mim mesma.

Sonoramente, catarse me parece apropriado para definir o momento em que estou. Para certificar-me, busquei seu significado. Definitivamente, só comete gafes quem quiser. Você acessa, pesquisa e, em segundos, vê o significado do que quiser a sua frente. Catarse é “purgação, purificação, libertação de coisas estranhas à natureza, ato de liberdade produzido por certas atitudes”.

s.f. Medicina. Religião. Filosofia. O mesmo que purgação ou purificação. Refere-se à libertação do que é estranho à natureza do sujeito.
Estética. Teatro. Num espetáculo trágico, refere-se ao desenvolvimento de uma espécie de purgação de alguns sentimentos, nomeadamente, de pavor ou de compaixão, do público.
Medicina. Ação de evacuar os intestinos.
Psicologia. Tratamento das psiconeuroses, que consiste em estimular o paciente a contar tudo o que lhe ocorre sobre determinado assunto, a fim de obter uma "purgação" da mente.
Psicologia. Ato de liberdade produzido por certas atitudes, principalmente, representado pelo medo ou pela raiva.
Psicanálise. Processo para trazer à consciência do ser as emoções ou sentimentos reprimidos no seu próprio inconsciente, para que ele seja capaz de se libertar das consequências ou problemas causados pelos mesmos.
Retórica. Segundo Aristóteles, a "purificação" experimentada pelos espectadores, durante e após uma representação dramática.
(Etm. do grego: kátharsis)

E de dentro de mim mesma, vejo que estes processos vão acontecendo. É um caminho. Por ele, passo, em diferentes vestimentas. Externamente, são cores, formatos mil. Internamente, sabores que experimento, aprecio e me fazendo querer manter comigo, os que me agradam.

O corpo, este transeunte que passa, mas não permanece, esconde a alma, esta sim, de olhos atentos e brilhosos que quer ficar um pouco em cada lugar e levar consigo algo a tornou mais viva!

As fases da lua



Creio ser difícil uma vida sem excessos! Vejo difícil o equilíbrio que dosa, exatamente. É uma tênue nuvem, o limite que separa o que é bom daquilo que fará mal!

Sou movida a paixões, a sonhos. O tempo todo tenho de estar sendo movida por algo que me dê brilho nos olhos. Que me injete ar nos pulmões. Que me abra caminhos e me mostre caminhos longínquos para onde mirar e por onde desejar ir.

Diria que sou uma mulher de fases... Frase batida com infinitas interpretações. Mas que dão margem a quatro facetas, numa analogia à limitada bipolaridade, onde se é um, ou outro. Extremos opostos. De lá, ou de cá. Ou isso, ou aquilo. Já em fases da lua, vejo, a possibilidade é de ter quatro estágios onde há quatro ápices, dependendo do ponto de vista. O ápice de um é, exatamente, o vazio do outro. E dentre eles há o caminho que leva a ele, em fases de crescimento, ou “minguamento”. De encher-se, ou esvaziar-se. De brilhar mais, ou de recolher seu brilho. E as fases se sucedem, incessantemente, sem constrangimento algum, pois se complementam e, embora antagônicas, necessitam que a outra exista para elas mesmas coexistirem!

Vôos X Gaiolas



Gaiolas são os nossos “exagerismos” que começam como algo bom, passam da dose, nos aprisionam, quando deveriam nos libertar.

Tudo aquilo que começa bem, nos faz bem, mas que por um erro de cálculo de nossas pretensões, tornam-se excessivos, numa ânsia de satisfazer-se, mais e mais, roubam-nos a cena, tomam conta de um espaço que não é só seu e amarram-nos as pernas, os braços, as asas de voar longe, os olhos que avistam muito mais!

Gaiolas são paixões descontroladas que, por assim serem, nos controlam, numa razão inversa que provoca uma contradição. Eu me apaixono, mas não sou eu mais que controlo este meu objeto de desejo e uso. Faço parte da vontade e vaidade dele. Ele comanda o quanto o quero, o quanto necessito dele.

Toda gaiola é extremamente egoísta! Quer centralizar em si própria a atenção, o tempo de dedicação, a vida de uma pessoa.

Gaiolas são vícios! Que nos dão prazer no início, mas que nos escravizam depois...

Gaiola é quando você perde o equilíbrio entre o vôo e o vício. E faz de seu sonho, um pesadelo, do prazer, um sacrifício, quebra a asa de tanto voar sem descansar.

Casulo




Interessante como me encasulo. Como necessito me encasular diante de situações que não sei lidar. Que me colocam, totalmente, em posição de pura defesa. Fechada, protegida, sem fala, sem ação, prestes a entrar em estado de hibernação. Para me afastar daquilo que me incomoda. Ou que me proteja de situações que não sei lidar...
Hoje, me observei. Com se tivesse saído de mim mesma pra observar a mim e a minha volta. E fica a sensação de que não estou sendo autêntica comigo mesma. Que não estou sendo, totalmente, o que sou e estou vivendo uma vida que não é a minha. Cadê a Susi cheia de vida? O que tenho sido é alguém “alegre” palhaçona, que incomoda todo mundo, tira um sarrinho, que dá um toque animado, mas que tem que estar o tempo todo assim, da pele pra fora. Incomoda isso! Meus dias têm se resumido a uma vidinha urbana que já estou começando me estranhar. Tento ver pelo lado de estar me descobrindo nas minhas diversas facetas! Que tenho de passar por várias versões para me “achar”... Será?

Se for para um autoconhecimento e eu, de fato, ainda não saiba todas as minhas faces e almas, é válido. O problema é que sei de algumas faces que estão de lado, me fazem falta, desesperadamente!!!! Fico numa briga interminável de mim comigo mesma! O meio! O meio! Foque no meio! Seja a do meio! Chega de bater a cabeça nas paredes. Siga pelo meio do corredor – eu diria pra mim mesma! E como me faz falta... A Susi de olhos brilhantes, faiscantes, que sorri com a face toda, resplandesce, contagia, emana energia! Falta-me algo! Falta-me  a chama. A faísca do momento. A que acende aquilo que já vem de dentro... Pois abafo faíscas que desconheço, de medo de não saber por onde vai me levar...


E esta força tremenda do ciclo que puxa, puxa que me faz resistir e me enrolar. Vou tecendo pouco a pouco, num pouco que acelera e tonteia a cada volta e meia que dou em mim mesma. Fechando as entranhas. Vedando furos, vácuos, lacunas. Dentro é quentinho, e sou eu quem determino a minha hora de sair. Não me tire antes da hora! Posso não saber voar se não for a minha hora de abrir as asas...


Quem se importa? Preferiria não…

Interessantemente, nesta semana, assisti a dois espetáculos que se contrapõe. O primeiro, um filme-documentário tendo por protagonistas, diversos anônimos. O segundo, uma peça teatral encenada por Denise Stoklos. Contrapõem-se e respondem-se, uma a outra. Evocam a atitude passiva de ver, sem se importar, sem se posicionar, sem se ENVOLVER... A peça conta uma história de um personagem que caminha para a autodestruição. Pois que ser humano nenhum foi feito para definhar tanto ao ponto de não mais existir em vida. Viver maquinalmente, sem levantar sobrancelhas, sem alterar o compasso do coração, sem ATITUDE, amorna, abafa, desacelera qualquer coração. Preferiria não, é o hino de quem prefere (des) viver à margem, que pode até desempenhar algo muito bem que não lhe exija nada além de braços, ou pernas, mas totalmente desconectados da alma... Preferir não fazer nada além, não mudar a sintonia já conhecida e decorada, endurece músculos, nervos e estagna o sangue nas veias. É uma clara mensagem do que a apatia e a falta de paixão – leiam-se sonhos - fazem com uma vida. O filme é uma provocação. Resgata uma fala esquecida que retrata e incita a nossa pseudovida. Somos viventes, ou somos transeuntes? Importar-se é uma ação composta de SUJEITO e OBJETO. Não é um mero verbo a ser conjugado, mas uma atitude a ser tomada, uma fala a ser vivida. Esquecida no meio da parafernália ágil e veloz que se tornou a nossa vida. Que torna incoerente e contraditória a nossa práxis. É fielmente retratada numa das pequenas histórias contadas no filme que diz (mais ou menos) assim:
“Conta-se que um grande executivo esteve numa aldeia indígena e encantou-se com a destreza de um índio que executava, habilmente, o seu ofício. Diariamente, dirigia-se ao rio e por ali permanecia apenas o tempo suficiente para conseguir o alimento para aquele dia. O executivo assistia aturdido, pois via que no rio havia muito mais peixe. E que no ápice da pesca, o índio retirava-se do local perdendo o melhor momento. De certo, pensou, o índio não tinha a visão exata de que estava subestimando a potencial do rio e de sua habilidade. A produção não era explorada o suficiente. E teve a brilhante ideia de conversar com o índio. _ Índio, eu posso ensinar-lhe a tecer redes! _ E para quê? _ Para pescar mais! ¬_ E para quê? _ Pescando mais você pode vender o que sobrar. _ E para quê? _ Você poderá pagar pessoas para pescarem pra você! _E para quê? _ Para ganhar muito dinheiro! _E para quê ganhar muito dinheiro? _ Para não fazer nada! _E para quê? _ Não fazendo nada, você pode fazer muitas coisas, por exemplo, ir pescar...”
Então, eu pergunto: por que correr tanto? Aonde vai com tanta pressa? Aonde leva o teu caminhar? O que há neste pórtico de chegada, ao qual você tem tanta pressa de chegar? Hã? O filme deu-me uma chacoalhada daquelas! Só sai de lá do mesmo jeito que entrou quem já está em processo de “Preferiria não!”. A verdade, penso eu, é que todos têm aquela vontade latente de fazer algo, um bem ao outro. E deixam-se engolir pelo cotidiano, a rotina, a necessidade nossa de cada dia de sobrevivência, ou melhor, seria dizer, subvivência... Creio, que diariamente, injetamos anestésicos em nossas veias para sairmos por aí, em nosso trabalho, em nosso lazer e não nos sensibilizarmos com o que está a nossa volta. Ou, no muito, deixar passar logo aquela vontade de fazer algo. Sabe aquela piadinha do sedentário que diz que sempre que tem a vontade fazer algo, senta-se e espera a vontade passar rapidinho? Pois bem, é isso! De leve, somos conhecedores, sim, de tanta miséria, de tanta pobreza cultural, intelectual, de tanta injustiça, de violências físicas, morais, emocionais que acontecem dia após dia. Mas a nossa pressa nos dá o passaporte de “agora não!” e protelamos, adiamos a nossa boa ação imaginada... Assisti duas vezes seguidas ao filme! Queria sorver um pouco mais! Queria incrustar em mim aquela certeza toda, aquela convicção que convence de que somos, sou capaz de agir. Que não é preciso grandes coisas, pois é de pequenas coisas que as grandes são feitas! Que basta sair da tênue linha que separa a indignação da ação. Do “basta” para o fazer. Magistralmente, o filme borda e costura as várias histórias onde, diferente do mundo caracterizado pelo egocentrismo e estrelismo, aquele que age se faz coadjuvante e torna protagonista aquele que recebe a boa ação. Os holofotes são canhões de luz mirando o tsunami de ações desencadeadas por uma gota d’água em meio ao oceano. Não importa quem jogou a gota. Importa que a onda tenha se iniciado. Direitos autorais são desnecessários. Requerer direitos aprisionam as boas ideias. Despende-se energia ao que não importa. Quando a coisa começa a acontecer, o que menos importa é quem começou. Importa é que tenha começado! Importa é ver seres humanos beneficiados, resgatando a dignidade de suas vidas, ressuscitando em si a esperança de viver e não apenas subviver. A riqueza dos relatos me pede que, antes que eu me esqueça, registre algumas falas que soam como sinos em mim. Falas que, despretensiosamente, parecem ser as minhas! Metáforas perfeitas sobre as ideias, sobre a saúde, a alegria, o sentido de seguir. E que importa o que você faz na jornada e não chegar ao fim. Tudo converge a um ponto só. (Os relatos são postos na primeira pessoa para darem o tom de quem realizou estar falando, mas como gravei o filme apenas na memória, as falas não estão exatamente como no filme e peço que me perdoem se perderem a riqueza que possuem.)
IDÉIAS: Vejo as ideias como um paraquedas. Você tem junto de si, mas para usá-lo, tem de subir a uma grande altura. Lá de cima, se você o mantiver junto a si, inútil ele se torna. Quanto mais você segurá-lo para si mesmo, mais inútil ele será. Para ele cumprir sua função, você precisa abri-lo! E ao abri-lo, ele se expande, e te leva ao lugar certo, no tempo certo. As ideias que não são abertas, que são guardadas dentro de si mesmo têm apenas um destino, o mesmo da maioria: o cemitério!

SAÚDE E ALEGRIA: Inventei de ir até onde as pessoas nunca recebiam atendimento médico. Em meio a Amazônia, tudo é imensamente diferente e nada do que sabemos até então, parece fazer sentido ao que se vê. Cheguei lá com a inocente ideia de que ensinaria aquela comunidade a pescar. Sabe aquela ideia de não se dar o peixe, mas ensiná-los a pescar? Sim. Numa comunidade de pescadores, eu, um médico vindo de São Paulo querendo ensiná-los a pescar? Hum? Rapidinho, vi que o clichê não convinha e nunca mais usei dele... Basicamente, tive de reinventar a minha medicina. As práticas vividas de nada me serviriam ali, naquele local, sem as devidas adaptações. Não se tratava de chegar e dizer “Olha, estou aqui para aprender tudo com vocês!”, nem de dizer soberbamente, “Vocês tem que fazer isso e isso e mais isso outro!”. Tinha de haver um meio termo! Eram cerca de 150 pessoas para serem atendidas diariamente! Eu separava pra um lado os que tinham diarreia e para outro, os que tinham gripe e assim por diante. Utilizei-me de recursos de circo. Pois o que poderia curar suas enfermidades ia além das medicações que eu podia receitar! Eu precisava sensibilizá-los a se cuidarem. E precisava atingi-los amplamente. Não podia pensar em falar apenas ao corpo. A alma era um paciente que eu não podia ignorar... De médico, desvesti-me para compreender a vida deles. E para isso, apenas vivendo, de fato, esta vida. São vinte anos lá! E bem no começo, o prefeito me perguntou o nome do meu projeto, Pois eu ainda não havia inventado um nome para ele. E na hora, me veio “Saúde e alegria”. Na hora, não sabia ao certo porque este nome. Hoje, eu sei! Pois uma mulher, ao ser entrevistada explicou assim: Saúde é a alegria do corpo e alegria é a saúde da alma.

Banco de mini créditos na Índia: Professor universitário, tinha a vida do jeito que tanta gente projeta, busca e se alcançar, dá-se por satisfeito. Mas como ser humano, eu precisava ver o que EU podia fazer pelas pessoas. Saí a campo. Em meio à pobreza, constatei que a vida daquelas pessoas era, na verdade, de miseráveis, de desesperança, total falta de luz no túnel. Buscar soluções, até buscavam. Mas todas as portas lhes eram batidas na cara. Como pode alguém crer que sairá da miséria se ninguém mais crer? Constatei que todos eles acabavam se tornando escravos de agiotas que não tinham nenhuma pretensão de ajudá-los, mas sim de lhes tomar o pouco dinheiro que tinham. A proposta de quitação da dívida sempre era algo inconcebível que tonava interminável a dívida, a desesperança e a escravidão. Iniciei uma busca por créditos para eles. Os bancos se negavam. Tornei-me eu mesmo o fiador deles. Com regras simples para eles compreenderem, estabeleci a forma para eles saldarem suas dívidas. E todos eles pagaram de volta. Isto gerou uma repercussão tal que surgiram outros bancos, no modelo do meu, que viabilizava mini créditos. São pequenos sonhos que estas pessoas almejam, projetam, alcançam, dando-lhes sentido à vida! Ter alguém que acredita em você faz com que você mesmo volte a acreditar em si próprio.

População ecologicamente ativa – abaixo dos 18, acima dos 60: Estatisticamente falando, população ativa é a que abrange pessoas acima de 18 e abaixo de 60. Ecologicamente falando, este limite inexiste. E mais, há de se provar que a população tida como inativa é inversamente mais ativa, mais disposta, justamente por não ter em cima de si, o peso, a responsabilidade de estar “produzindo”... Projetei desenvolver atitudes positivas ao meio ambiente, focando a população “inativa”. Criar na criança a consciência de que dela depende outro ser vivo, embute-lhe a responsabilidade por “cuidar” de alguém. Indiretamente, desenvolve-lhe valores, sensibilidade, apego a detalhes da vida que a tornam um ser mais “vivo” e mais conectado à vida. Assistir ao milagre que toda geração de vida proporciona, gera diretamente na criança, a valorização da vida em todas as suas formas. A vida retrata-se a si mesmo nas diferentes nuances. Na esfera vegetal a diversidade é tanta e cada uma com sua cor, seu perfume, sua característica própria e não menos necessária que outra. Não há parâmetro que determine qual é a de maior valor. E parodiando o meio humano, as diferenças é que trazem beleza ao jardim. Diria que proporcionar esta experiência aos pequenos é educar para não deixar jamais a seiva lá de dentro, na alma secar. Regar um jardim faz a seiva correr... E não se embrutecer, nunca!

Saúde: Como médica no hospital, convivia diariamente com mães que sofriam acompanhando seus filhos quando estes adoeciam. Mas sofrimento maior elas tinham no momento da alta, pois temiam o retorno às suas casas por não saberem como lidar com os cuidados mínimos necessários dentro de um espaço onde chovia dentro, de pobreza extrema e falta de recursos. Comecei uma corrida louca de apagar incêndios. Isolados. Não resolvia. Uma chama era apagada e logo, outra nova, surgia. Meu envolvimento foi tal que passei a vender de dentro da minha própria casa o que houvesse para transformar em dinheiro e de dinheiro em tratamentos daqueles que não podiam pagar. Não resolvia. Veio, então, a ideia de criar um espaço onde as mães frequentariam e teriam um suporte nas cinco áreas básicas: saúde, educação, moradia, trabalho e gerenciamento de recursos próprios (economia). Através de uma conversa com os principais interessados, detectávamos suas reais necessidades e buscávamos encaminhá-los para capacitarem-se a buscar suas soluções. Um projeto de governo, sem governo, redigido e administrado pela sociedade civil.

Banco Palmas: A comunidade de Palmeiras surgiu no nordeste num movimento próprio de reerguer uma comunidade já designada a ser uma favela, invertendo o curso natural de se manter, aquilo que já é. Estes projetos de cortar pela raiz, dando um novo local, com cara nova a uma população me parecem (grifo meu) uma cirurgia bariátrica. Retira-se a roupa, mantêm-se o espírito. Retira-se um pedaço do corpo, não se muda o pensamento. Se não houver mudança da mente, o caminho é inevitável. Se o pensamento continuar a ser de gordo, o corpo entra em catarse. Reage e vários males podem surgir. A mudança precisa acontecer no motorzinho que propulsiona pensamentos, ações e sentimentos. O que ocorreu em Palmeiras foi a construção de uma nova comunidade, saída da favela para tornar-se o bairro Palmeiras. De roupa nova, ou casca nova, as pessoas não mudaram de fato e não conseguiram acompanhar a mudança que esta nova casa implicaria. Contas de água, contas e contas e salários provenientes das mais variadas fontes possíveis, lançadas fora dela. Recursos? Sim, havia! O grande problema é que sua aplicação não gerava renda à própria comunidade. Esbocei, então, uma figura usada para apresentar o problema. Um balde cheio de buracos. Jogamos lá dentro todo dinheiro recebido pela comunidade. Salários, pensões, aposentadorias... Mas tudo era gasto em grandes marcas que não contribuíam em nada à comunidade. Buscamos soluções e cada solução era posta como uma rolha para tapar os buracos do balde. Criamos uma moeda local. A palma. Era moeda de troca, forte, usada e recebida por cada tipo de serviço prestado, ou mercadoria vendida ali dentro. Foi uma avalanche de soluções! As pessoas se motivaram, a produzir produtos de limpeza, alimentícios, serviços. Nossa moeda foi sendo valorizada. E seu poder de compra e venda, proporcionalmente valorizado. A palma foi a primeira moeda não oficial autorizada no país. Impossível? Sim, seria. Se alguém não acreditasse uma primeira vez, a despeito de todos.

Kiva: Uma cena em minha infância me marcou e determinou o caminho que eu buscaria. Quando eu tinha apenas quatro anos, derrubei uma moeda de uma rúpia, o que significa centavos. Como havia caído na lama, minha mãe me falou para não me importar com ela e deixá-la pra lá! Então, assisti uma senhora de idade avançada, a quem veneramos e respeitamos abaixar-se numa busca totalmente desprovida de qualquer sinal de dignidade que ela poderia desejar ter. Vi o que a pobreza, a miséria é capaz de fazer com um ser humano. A consciência da existência desta fatia da sociedade sempre me incomodou. Então, um dia conseguir enxergar que, através da internet, poderia conectar estes dois mundos tão opostos, contrapostos. A ideia resume-se em aproximar pessoas que contam suas histórias, relatando seus sonhos e conectá-las a outras que, por sua vez, as leem e acreditam em suas histórias e, num voto de confiança, emprestam-lhes a quantia necessária para realizarem seus pequenos sonhos. Tendo de volta a quantia emprestada, depois. Num movimento de contramão, resgata-se o sentimento de “confiança no outro”, sem aquela lista imensa de garantia de que o outro é confiável. E por outro lado, pessoas anônimas resgatam dignidade por receberem crédito que vai além de um crédito financeiro, mas de um crédito de confiança em sua capacidade de realizarem e superarem o obstáculo que as impedem de seguirem adiante.

Empatia: Educar para a empatia. Acreditamos que ter empatia é algo que se não pode ser ensinado, pode ser contagiado! Algo viral que se colocado nos meios escolares, propicia que jovens e adolescentes possam por em prática o afeto, o cuidado pelo outro, mesmo que não tenham tido em seu convívio, sinalizações de afeto. Mães são convidadas para passar o dia com seus nenéns em sala de aula. Estar diante de serezinhos pequeninos que necessitam de cuidados, pois são totalmente dependentes de outro para suas necessidades mais básicas, que reagem espontaneamente às ações do grupo, que esboçam sorrisos, provoca uma reação natural de “querer cuidar”! Como pode um adolescente exteriorizar carinho, cuidado se não o recebeu, primeiramente, em casa?

Advogar em Camboja: Meus amigos diziam que eu estava louca. Tentavam arrumar emprego para mim, pois achavam que esta era a razão do que eu fazia. Desconheciam que a inquietude que eu sentia lá dentro não pararia se eu apenas seguisse por um caminho “normal” na advocacia. Eu sabia de histórias de ouvir falar. Mas quando comecei a ter contato com as pessoas dentro da prisão eu perguntava a elas “por que você está presa?” e eu comecei a ouvir as razões absurdas de manter um ser humano confinado e impedido de sua liberdade, causou-me um desconforto que só se aclamaria se eu conseguisse, de alguma forma, passar a fazer parte da SOLUÇÃO e não mais do problema daquelas pessoas. Eram mulheres presas no lugar de seus maridos, pois eles não haviam sido localizados... Crianças presas por pequenos furtos. Mães presas com seus bebês crescendo na prisão por terem roubado fraldas. Todas sem julgamento, sem terem usado o seu direito de terem um advogado. Iniciei, então, um projeto para combater isto. Quando o presidente americano disse que iriam à Lua, duvidaram dele. E foram! Diziam que era impossível acabar com o Apartheid, mas ele foi combatido e extinto! Pessoas iniciaram, outras se uniram e os impossíveis tornaram-se realidade. É por isso que eu acredito que na vida devemos ir além do possível. E que o que faz a pessoa é o que ela faz na jornada e não onde ela vai chegar.

Além de todos estes breves relatos que apenas dão uma pincelada no grandioso trabalho realizado por estes “anônimos” há muito mais. E em meio a esta infinita possibilidade que temos diante de nós, hoje, na velocidade que a internet propicia, no alcance que as redes sociais alcançam, há muito o quê fazer! Muita gente deseja, muita gente paralisa, achando que o que poderia fazer não fará diferença. Mas FAZ A DIFERENÇA! Todo trabalho realizado causador de impacto, começou pequeno. Era tido como utópico, mas aconteceu! Para qualquer caminhada, é preciso o primeiro passo. A grande diferença da ideia que pode causar TRANSFORMAÇÃO daquela que jaz no cemitério é a AÇÃO. Grandes ideias nascem e morrem sem terem existido, de fato, pois, presa dentro da mente de uma pessoa, emaranha-se no corpo, tal qual o paraquedas que ao invés de fazer viver, faz morrer mais rápido. Bem, estou desde as sessões a que assisti do filme “Quem se importa?” num misto de angústia, coceira, um buraco que pede pra ser preenchido.

Com quarenta e cinco anos hoje, tenho de concordar com um amigo meu que me disse despretensiosamente, mas numa sincera e até instigante frase, que “já vivi mais da metade da minha vida”. O contexto de sua fala era outro. Mas posto aqui nessa minha digestão-ruminação ruidosa e interminável penso que não há como prosseguir sem me posicionar. É como se eu já tivesse recebido todas as indicações possíveis, vindas das mais variadas fontes, delicados, chacoalhentos, silenciosos, barulhentos de que do jeito que estou, não dá mais pra ficar! E persisto numa lida inútil...

 INQUIETUDE! Esta é a palavra que melhor exprime como estou hoje! Como se, de repente, tivesse tido a certeza de que mesmo não sendo o melhor exemplo de pessoa aquietada, acomodada, morna, que mesmo que eu reconheça que vivo a custa de sonhos que, uma vez acontecidos, imediatamente me põem a busca de outros mais, minha vida tenha me desenhado um imenso ponto de interrogação diante de mim! Mostrando que estas realizações todas de coisas também boas, sim, continuam me conduzindo por um caminho sem volta, onde quanto mais se sonha, se faz e se busca, se o realizado não retratar um algo mais pelo “outro”, nada tem sentido! Há muita gente a nossa volta, próximos, ou bem longe carentes de um pequeno gesto de atenção, de solução! Viver apenas a minha vidinha torna-me medíocre, se eu ignorar a imensidão de coisas alcançáveis pela coragem de reagir e agir. Como a fala diária com o lobo mau e o lobo bom, dentro de mim, que determina quem ganhará a briga. Como a atitude de fazer algo de bom a cada dia. Apenas para não perder a prática de mirar e ir. Quem se importa? Importa começar e se importar..

terça-feira, 15 de maio de 2012

No tempo em que o relógio não tem pressa, a corrida tem conversa, não haja nada que me meça...


Participei do Desafio criado pela PROCORRER, em sua página da rede social, no Facebook. Andava estagnada, desconectada, nem aí pra nada. Mas onde há chama, basta haver faísca que o fogo vem. E se vem...

Agradeci a todos os amigos, conhecidos que participaram do Desafio com um clic no CLIC! Pois fizeram a diferença! E fazemos a diferença toda vez que saímos da inércia e expressamos nossa opinião, nosso amor e trazemos à tona, aquilo que nos dá força e sentido à vida! O CLIC valia a pena!

Ainda digerindo o que um pequeno clic e um CLIC perfeito podem fazer... Muita coisa passa pela gente sem nos posicionarmos, sem vivenciarmos. Deixamos passar! É preciso estar atento para viver o que importa...

A corrida vira vício... fácil... fácil... e deixamos de lado família, outros lazeres. Por isso, este momento congelado nesta foto é um chacoalhão! Porque tudo que é demais é excesso, faz mal e toma todo o nosso tempo! 2009 era o meu início. Depois, exagerei, virou vício.  Agora, tô no OFF forçado. Necessário é o reequilíbrio!

A imagem capta amor e paixão! A paixão me devorou! Machucou-me. Invadiu meus limites. Sei que muitas vezes a paixão é necessária, empurra, aguça. É a “endorfina nossa de cada dia” que nos vicia e nos torna dependentes. Explode e consegue o que nada faria fazer. Nada conseguiria. Mas tal como explosão, deixa feridos... O amor não! O amor é paciente, benigno. Tolera. Ensina. Aceita. Persevera. Não desiste nunca! Tudo suporta, tudo crê, tudo espera. Beato dizer isso? Assim, prefiro! Pois é disso que, agora, necessito! Ter amor, acima da paixão, pela corrida. Para perseverar... Acreditar que posso. Ainda que tudo indique não! Porque paixões são substituíveis. Quando a chama de uma se apaga, outra vem. 

O amor é para sempre.  E, creio, se eu tiver amor pela corrida, amor por mim mesmo, farei dela, mais do que uma chama que rápido se acende e rápido se apaga! A labareda foi correr loucamente até não mais poder? Então procurarei a medida certa pra ter a chama bem branda que se conserve até para eu pra sempre poder... No tempo em que o relógio não tem pressa, a corrida tem conversa, não haja nada que me meça...

Estou mais uma vez, em cima da ponte. São transições que, às vezes, teimo em não aceitar! O corpo me fala. Grita! Rebela-se e, ainda assim, teimo em não ouvir. Então, forçadamente, uma vez mais, a parada é obrigatória... Amarradinha na cama, enfim, ouço... Quer andar? Aquiete-se. Quer correr? Primeiro, caminhe. Quer falar, silencie. Quer seguir? Pare.

Observo, então, a foto, uma vez mais. O que de fato me moveu neste dia de novembro de 2009? A paixão? O desafio da impossibilidade? A superação? A vaidade? Descubro que todas elas podem me mover a isso. A uma grande realização, como de fato é, correr uma maratona. Mas o que me sustenta, o que me faz não desistir nunca, o que me resgata do tempo da impossibilidade, do dia em que jogaria tudo fora, sem ver luz no fundo é o AMOR. Porque amar nos faz querer ter histórias pra relembrar juntos e não apenas pra contar. Ter lembranças... Ter certezas... E ter esperança!





domingo, 13 de maio de 2012

Mãe – um “revorteio” de lembranças, mimos e ensinamentos!

“Já são quatro anos sem a senhora ao nosso lado! Mas, de certa forma, a senhora continua a star comigo, conosco”. Ontem, fui a um aniversario. E em meio daquele monte de cabides, avistei uma camisa florida, te tecido brilhoso, elegante, estilosa. Era uma de suas camisas que eu trouxe para casa, dentre tantas coisinhas que separei e mantive comigo. Deu vontade de por. Usei, também, uma de suas bolsinhas de mão que eu a via usar quando eu era criança e que eu ficava fascinada. Uma bolsa com inúmeras bolinhas grudadas, na verdade, bordadas, formando uma trama alegre, exclusiva, que apesar dos anos terem se passado, continua fascinando quem a vê! Charmosa, logo que cheguei ao aniversario, já elogiaram a bolsa. Respondi que era bolsa de mãe! Que, realmente, era da minha mãe. Uma pequena herança guardada com carinho suficiente para tê-la e usá-la. Diferente daquelas peças lindas expostas em cristaleiras, igualmente lindas, mas que apenas são expostas como vitrine e não podem ser tocadas... Pois bem, as heranças da minha mãe são inúmeras lembranças que tenho. São, também, pequenos objetos que guardei, um desapego que ainda não aprendi, só para senti-la um pouco comigo. Penso, então, o quanto ela esta ali em cada um deles. Como cada um diz um pouco dela e a revela, ainda hoje, para todos nós! A bolsa, miúda, estilosa é única! Tal qual ela! Elegante sem ser extravagante e fascina com seus detalhezinhos de inúmeras bolinhas coloridas grudadas no tecido. Achei que poderiam ser bordadas, mas olhando bem, não vejo sinal algum de costura. Misteriosa! Definitivamente, não sei como estas bolinhas ficam ali grudadinhas! Há quem diga que nós, mulheres, somos tal qual o que pomos na bolsa. E que elas retratam como estamos. Ui! Arrepia só de pensar! Pois, na maioria das vezes, a bolsa é meio extensão da própria casa. E com a moda de bolsas gigantes, dá pra imaginar a quantidade de supérfluos que passou a fazer parte dela... Bem, uma coisa é certa, dentro dela nos compactamos, nos guardamos. Ao abri-las, nos revelamos... Eu, pra variar, sempre avessa ao que se usa, andando na contra-mão de modismos e até para a felicidade do meu ombro, não tenho usado bolsas enormes e pesadas. E resgatei a bolsa da minha mãe. Para usar em ocasiões especiais. Bolsa de mão! Aquela que você usa somente com o essencial, apenas para ir somente até ali e voltar! Uma ótima medida para saber o que é o essencial e o excesso. Um documento? Um cartão, um dinheiro mínimo? Um gloss, ou batom? Ah! E o celular. Indispensável, hoje... Indispensável??? Para as emergências... Se bem que isto rende outra história... O tal celular que nos toma o amigo da mesa, da roda, da conversa e que, ao invés de interagir conosco, ali, imediatamente próximo dele, fica ali falando alto, gesticulando e, invariavelmente, andando em círculos enquanto conversa com aquela caixinha preta... Sim, diria, indiscutivelmente, dispensável para o bom andamento das amizades (presentes em tempo real!), dos relacionamentos e bem estar da nação! Bem! Também não quero ficar conversando com uma caixona preta aqui, ao invés de ir interagir com a família! Hoje é um dia muito especial! Dia das Mães! Dona Estela vai conosco! Vai na camisa florida e na bolsa de bolinhas que já vou separando. Minhas manas estarão todas. Iremos as três daqui até a casa da única que mora fora, a 40km daqui. Minha filha não estará. Mas também vai comigo, cá dentro. As coisas mais importantes permanecem, sempre! Embora queiramos a pessoa aqui, perto, de mãozinha dada com a gente, há laços que extrapolam as leis da compreensão. Há muita gente que vive tempo demais junto, sem estar de fato, presente. Há outras, que passam tão pouco tempo juntas e que vão conosco pra sempre, junto... Estão em cada detalhe. São aquelas que nos momentos mais importantes de nossa vida, se fazem presentes. Estão presentes. São um presente. São as pessoas que quando estamos nos nossos sentimentos mais extremos queremos ter junto, pra gargalhar muito, pra chorar muito, pra falar muito, pra silenciar... Pois nem sempre somos equilibrados o suficiente pra ser civilizado o necessário pra passar despercebido pelo mundo. E, algumas, vezes, queremos gritar de raiva, chutar o balde, ou chorar de alegria, gritar de felicidade. Às vezes, a gente quer chegar e contar algo, sem parar de falar, tamanha é nossa felicidade. Às vezes, queremos apenas colo, chegar com todas perguntas, sem nenhuma resposta e basta estar ali, próximo daquela que nos recebe, nos olha, acolhe, fica do nosso lado, nos defende, nos levanta, até empurra, se preciso for, pra enxergarmos nosso valor, nossa missão. E ter alguém pra aceitar quem somos é algo que só acontece quando há amor. A mãe nos ensina isso. Tropegamente, tentamos passar isso aos nossos filhos. Enroscamos, mas tentamos ser assim para nossas irmãs, sobrinhos. Falíveis, sim, mas na insistência de não desistir nunca, de quem amamos. Esta é, por sinal, a frase que ouvi de meus filhos, nos momentos meus de maior dúvida de estar fazendo o certo ou o errado a eles. De não saber o que fazer. Mas de ouvir isto... “Mãe, não desiste de mim!” É isso! Quem ama, não desiste, nunca! Seja esta a mensagem para o Dia das Mães! Não desistirmos nunca de quem amamos!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O CLIC mais especial...

Longa hibernaçao... Nao que esteja retornando ainda... Mas passando, de leve, apenas pra inverter a brincadeira e, ao inves de postar na rede, os links do Blog, postar aqui, uma brincadeira no face. Explico! Vale pelo CLIC! Este.
O meu preferido. O que retrata um dos momentos mais inesqueciveis que vivi. Minha chegada em minha primeira maratona, em curitiba, 2009. Passado o km 41, a chuva... e logo adiante, avistei pulando a cerca do alambrado de proteçao que separa a plateia dos maratonistas concluintes, a minha filha... Giovana. Sem pestanejar, pulou a cerca e veio, sorrindo... Fez mençao de me pegar a mao. Mas eu nao tinha respostas imprevistas nos ultimos metros pra dar. Abri um sorrisao. O meu melhor! E ela, o seu. Seguimos juntas. E, assim, exatamente como este espetacular fotografo captou, passei pelo portico. PASSAMOS! Sorrindo! O amor explodindo de tanto e tanto! Extase! Seguimos juntas nste dia. Seguimos sempre! Pois e disso que o amor se alimenta. VIVER SONHOS JUNTOS! Se possivel for, lado a lado, sorrindo, sendo feliz... Arrepia... Segue o link. Tem que clicar nele, na pagina da PROCORRER e curtir a minha (nossa) foto!
PROCORRER lança o Desafio do Dia das Maes. A foto que obtiver mais CURTIR ou comentarios sera capa no dia 11 de maio. Eh so clicar no link e curtir! http://www.facebook.com/photo.php?fbid=384068818310372&set=o.158306280856445&type=1&theater A minha representa um dos momentos mais inesqueciveis ate entao... Chegar em minha primeira maratona ao lado de minha filha que me buscou nos ultimos metros... Gostou? Curta ou comente! Agradeço sua participaçao. Vale so por divulgar este momento magico e eterno...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Ponto de partida.

28 de fevereiro.
(Mais um escrito do celular, de dentro de um ônibus, em viagem...)

Ha quanto tempo eu nao fazia isso! Sozinha numa rodoviaria totalmente desconhecida? Remete-me direto ao tunel do tempo, quando e onde isto aconteceu pela ultima vez...

1984, janeiro, em Joinville. Estou voltando de ferias com meus pais de Barra Velha e meu pai me deixa na rodoviaria para eu pegar o onibus ate Jaragua do Sul, para eu ir passar ferias com meu namorado, na sua casa, com sua familia. Começo de uma longa historia de amor... Um capitulo a parte a ser escrito. Ou reescrito.

Bem, estar aqui pode ser um começo tambem de uma historia a ser escrita. Destas que mudam, drasticamente a historia de quem a escreve. Me faz reviver um velho sabor, a tanto não experimentado. Viver algo totalmente novo. Estar numa rodoviaria nunca pisada para ir a um lugar desconhecido. Estar diante de varias plaquinhas indicando destinos tão longinquos, de nomes nunca vistos. E vejo: que vastidão imensa de caminhos a ir a partirt dali.

Me vejo de mochila nas costas, pegando onibus para ir para pontinhos infinitos... Me vejo, de novo, podendo decidir estar num ponto de partida! Para uma infinidade de lugares. Basta sair de casa, mochila nas costas, desejo no peito, o medo do novo deixado para trás. E uma ansia de sair de uma imobilidade que aprisiona, o resgate do espirito que me punha na estrada, buscando lugares nunca vistos, a coragem que me leva a seguir. Que mostra que não é preciso muito para viajar. Me recoloca em viagens que eu fazia com amigos para conhecer lugares maravilhosos, parques na serra, reservas em montanha, praia, onde os olhos cintilam deslumbrados diante de tanta beleza! É uma viagem no tunel do tempo. MEU TEMPO!

Muito mais do que uma viagem que me leva de um ponto a outro no espaço. Pressinto e espero, com toda esperança que me é possível, ser o destrave para eu ir. Retorno ao exato ponto onde minha essencia despertou. O gosto andeiro de gostar de passar lugares nas janelas dos meus olhos. Poeira no chão. E volto a crer que ainda posso, não importa como, se de carro, onibus, ou quem sabe, a pé ou bicicleta, sozinha, acompanhada, rumos certos ou não, sinto volver dentro de mim um desejo já esquecido...

Viajar sem destinos nomeados, sair conhecendo lugares, conversar com pessoas desconhecidas. Casar a viagem para longe com aquela só minha, para dentro de mim mesma. E me encanto em ver a razão das coisas. O porquê dos fatos, a sintonia que explica. Ao término da tão sonhada viagem de minha filha, eu mesma me acho. Me reencontro comigo mesma. Por desejar encontra-la na sua chegada ao Brasil, me ponho sem hesitar, sem titubear, comprando passagem para um meio de mundo, uma vez que não é o fim do mundo. Pode ser, apenas, o começo dele...

Não me paraliso diante de dificuldade alguma. Não enxergo obstáculos. Faço! Estou numa estrada desconhecida, vencendo amarras invisíveis que me prendiam os pés sem eu ver. Recoloquei o pé na estrada para vir encontrá-la. E veja só: ao desejar encontrar-me com minha filha, qual não é minha surpresa ao ver que a Susi que está indo encontrá-la é uma Susi deixada a algum tempo lá atrás. E o encontro, primeiro, é comigo mesma!

O amor faz destas coisas. Ao fazer algo por quem se ama, descobre-se que quem recebe é a gente mesmo... Para começar qualquer caminho, ir ao encontro do que se busca, é preciso, primeiro saber de onde se está partindo, seu lugar, seu tempo, a pessoa que você, ESSENCIALMENTE é. Para não se perder de si mesmo.

Estou no exato espaço do tempo onde as coisas começam a acontecer. Sem mistério ou segredo algum, no HOJE, no AGORA. Resta seguir, sem retroceder...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

“Quem não arrisca, não petisca!”



Veja só... Reta final! Muitas coisas ganhas pelo caminho. Frases simples definem bem isto que se passou. Do tipo: “Quem não arrisca, não petisca!” simples e verdadeiro... Quem não arrisca, não sente o sabor do novo, do saboroso. Passa a vida comendo angu...

Não que um pratinho de feijão com arroz, pra quem gosta não seja precioso e saboroso. Sou adepta de pratos simples. Mas sou mais da linha “baciona” de alface, rúcula e agrião, com tomate vermelhinho, de preferência o pequeninho, um legume, uma carne, porque, apesar da panca de vegetariana, sou chegada numa carne vermelha bem preparada, um peixe, um frango, um churrasco.

A questão do angu, explico. Quem nunca sentiu o aroma de outro prato, que não seja o seu angu de todo dia, talvez nem sonhe que haja outros sabores, outros paladares. E sua vida seja predestinada a ser sempre assim. Angu e angu! E não lhe fará diferença, nunca. O problema é o vento! Este que eu adoro sentir na cara, que me desperta, me faz pensar que estou na praia, que me faz sentir que todo o peso está sendo levado de dentro da minha alma, a cada vez que ele bate em meu rosto e corpo... O vento é faceiro... Sutilmente, leva e traz. Assim como as donas faceiras que se dependuram nos portões contando a vida alheia! Sim! De mansinho, levam cheiros. Trazem outros. E aguçam narizes alheios! E pessoas que jamais pensaram existir outros aromas, descobrem, de repente, que o mundo é muito mais do que o seu nariz alcança! E, curiosos, sentem necessidade de saberem de onde vem, o que são estes cheiros tão diferentes...

O problema do angu com a mesma cara de todo dia até poderia ser facilmente resolvido com temperos diferentes. Molho vermelho, sem molho, carne picada, sem carne, cheiro verde, sem cheiro... Mas só a vestimenta não resolve mais quando é o conteúdo que pede novidade. (Qualquer semelhança com a vida das pessoas, que trocam de roupa, de carcaça, mas não mudam o conteúdo NÃO É MERA COINCIDÊNCIA!)

Há pessoas que levam uma vida inteira sem conhecer o mar! Muito mais gente do que imagina nossa vã ignorância! Convivo com gente bem simples no atendimento que faço em meu trabalho. Isto pra gente do interior como nós, é fato! Como saber então que o cenário pode variar tanto, dispor-se em montanhas, vales, mares, diferente do seu mundinho que seus pés alcançam? Somente pela televisão. Porque, hoje, há a televisão. Pra cutucar a vontade alheia, cutucar vaidades, desejos que cobiçam o diferente. Muita coisa, antigamente, era mostrada por livros. Eles eram a porta de a passagem para viagens intermináveis de jovens leitores. Hoje, a televisão, a internet cumpre este papel a quem tem acesso a elas. Mas entre olhar, passivamente e decidir-se a ir buscar este mundo imenso posto diante de seus olhos há um abismo enorme...

Pensar em “por onde meus pés passam” ou “onde meus pés alcançam” é um plágio assumido do que sempre diz minha filha. “Fotinha” dos pés postos indicando um horizonte longe, emoldurados por algum lugar especial que represente alguma viagem importante. Logicamente, nesta sua viagem, haveria muitas molduras... Como foram! E, mais do que nunca, vêm confirmar a frase “quem não arrisca, não petisca!”.

Escrevo hoje num presságio do final que se aproxima. E, pra variar um pouco, fico na dúvida... Posto no CLICS ou no Diário de Porto? Comecei escrevendo para ela. Para o Diário. Mas tem tudo a ver com o que posto no CLICS... Vou inovar então! Pura safadeza minha. Vou postar nos dois! É o sexagésimo sétimo dia de sua viagem. Mas é uma conversa, prosa boa sobre o sabor desta sua viagem... Tudo a ver com o CLICS. Fruto do Diário. Como não poderia deixar de ser... Somos nós duas nos dois!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ciclos!

O custo de realizar sonhos depende do empenho em estar com o coração adiante no vasto horizonte e os pés cravados no chão, para que um vôo não seja queda na certa, tiro no escuro, salto no abismo.

Falando em abismo...
Acabei de ver um vídeo de meu amigo XX Junior. Ou Paulo Marins Junior, carioca, escalador, montanhista e sabedor da arte de bem viver. Ver vídeos assim me dá um ar um tanto saudosista... Vontade voltar pras trilhas... Sentir cheiro de mato, barulho de cachoeira, de dentro da cachoeira, avistar montanha à frente e os pés caminhando para alcançá-la! São cenários diferentes. Montanha, corrida, mar, matas. Neles todos, eu me encontro. Neles todos, eu me perco! Paixões levadas IN-TEN-SA-MEN-TE, como bem define minha amiga Rosimere Lima, falando de mim. É o intenso-exagerado que me faz ser muito num algo, num tempo. Por isso, digo, neles, me encontro, neles, me perco. Pois a dose sempre é intensa até uma overdose. Pena, pois depois, o tempo para me recompor do excesso, me deixa fora, distante de coisas simples que gosto tanto...

Voltando ao que dizia no começo, protelo, protelo, protelo e deixo o mais urgente e inadiável para o fim. Mas é hora de não fugir mais. Desgastante, mas necessário, mexer com papéis que se acumulam (Conhecem? Aqueles papeizinhos amarelos que indicam contas pagas em crédito ou débito?), e números que precisam ser juntados, somados, subtraídos para me darem a medida exata de onde estou, como estou, para onde vou...

Muita coisa feita. Semana passada, ainda em férias, fingi que estava na praia e dá-lhe piscina na companhia de novas amigas vizinhas. Acordar tarde, não, porque na praia acordo cedo pra aproveitar o dia. Porque se fosse chato, acordaria tarde pra não ver a hora se arrastar. E como há coisas sempre boas a serem feitas em férias, o relógio fica pequeno, pra tudo o que se quer fazer e a ora vooooooaaaa!!! Agora, com chuva mandada e até frio, creio que o recado ”lá de cima” é: contas! “Acerte logo isso aí, bote ordem pra seguir o ano...” Então, vou obedecer. Que pra sonhar, não basta olhar longe. Tem que olhar bem em volta da gente mesmo, saber onde se está pisando porque dinheiro não nasce de folha de árvore, mas em folha de papel suada e vai embora no vendaval!!!

São ciclos! Tipo: já vi este filme... Aliás, filmes a serem vistos, comprados pras férias, férias acabando e apenas dois vistos, três livros em processo de leitura (tenho de parar com esta mania de começar vários ao mesmo tempo!), contas me esperando, papéis pra serem jogados fora e o sol que está tímido lá fora, querendo dar as caras! Mas como ensinamos às crianças: “primeiro a tarefa, depois a diversão”! Humpt! Tão, ta!

Segue link do mesmo filme há cerca de um ano atrás:


http://clicandoeconversando.blogspot.com/2010/12/cartas-que-escrevi-pra-poder-voltar.html

domingo, 15 de janeiro de 2012

DIA DE DOMINGO

Domingo!!! Dia de descanso! Sábia decisão esta, do Criador em dividir o tempo em sete dias. Seis para trabalhar e UM para descansar... Por que não se render a esta decisão se Ele, Quem criou TUDO reservou este dia para descansar???

Ócio bom! O ócio, geralmente tido como o vilão que impede mentes brilhantes de criarem, cérebros produzirem, corpos se exercitarem que espanta a vontade, faz imperar a preguiça, acima de qualquer boa pretensão de algo fazer. O ócio é perigoso... Atrai, seduz e envolve fazendo minar vontades de sair do ócio. Mas...

O dia de domingo sendo instituído como o “Dia do Descanso”, não teve em nenhum momento em ser o Dia da Preguiça! Este é o dia do NÃO-Trabalho! Não se dedicar ao labor. A fazer algo que vise o ganho de seu pão. Para que fique bem claro ao homem-criatura que se o próprio Deus-Criador reservou um dia onde Ele não necessitaria sair em busca do pão nosso de cada dia, nós, meros mortais, deveríamos reservar um dia para nos reabastecermos de energia. É aí que mora o perigo da interpretação!

De fato, muitos (muitos meeeeeesmo!) dedicam este dia para reabastecerem-se com MUITA energia pra dentro! Dia oficial da comilança! Dia de almoçar na sogra, na mãe, fora, no clube, no pesque-pague, no Restaurante da Roça, Na Comida Italiana, aquela Feijoada famosa, usar os cupons das vendas coletivas... Haja atividade para gastar tanta energia depois... O problema é que no nosso tempo, esta energia não é gasta no labor... Com raras exceções onde se pega no pesado, mais se manda energia pra dentro do que pra fora... E dá-lhe acúmulo de excessos!

Bem, por outro lado, muita gente tem captado o sentido do fazer o inverso no domingo. Ou seja, tudo aquilo que você não consegue fazer durante a semana. Aquela caminhada, ou a corridinha, o passeio no parque, no lago, a pescaria. No mundo da corrida – que diga-se de passagem, conheço bem – é comum programar os longões, aqueles treinos que duram duas horas, três, mas que se o encontro com a turma da corrida incluir o café da manhã na padaria preferida, o horário se estende até o meio-dia. Tudo muito válido. Mas, novamente, corre-se o risco: o exagero!

Há outras formas de se passar o dia de domingo nadando contra a maré do rotineiro nos outros seis dias da semana. Muito trabalho? Ócio puro! Sedentarismo? Campeonatos de futebol com a turma de bola domingão inteiro... Compromissos, obrigações? Todo tido de imprevisto! Mas para não correr o risco de cair no erro comum do excesso, do exagero, da overdose, é preciso estar atento. Focar não somente “coisas a se fazer”. Mas “PESSOAS QUE NÃO VEJO”! Que tal dar uma repassada no domingo com este novo olhar? Vejamos:

 Não que eu seja contra fazer uma boa e saudável atividade física no domingo. De fato! O domingo é ótimo para os longões. E fazê-lo, esporadicamente, não é mal algum! Cafés da manhã interativos. Mas contanto que as pessoas mais importantes do mundo pra você não fiquem SEMPRE de fora nas manhãs de domingos!
 Almoços no domingo? Perfeitos! Desde que o foco não seja a comida. Mas com quem se está ao se almoçar no domingo. Prestar atenção nas pessoas a sua volta, em suas conversas, em suas carências, dispensar atenção a elas. ESTAR COM ELAS!

Penso eu, então, que deixamo-nos engolir pela febre do fazer-fazer-fazer e, ao tentarmos fugir disto no dia de domingo, nos corrompemos ao procurarmos “outras coisas” ao invés de buscarmos estar com quem temos tão pouco tempo para estar junto durante a semana. Pensou nisso? Boa oportunidade para devolver aos almoços de domingo o sentido de ver a mãe, ou o pai que não se vê, por as conversas em dia, dar atenção aos pais, filhos, irmãos e à família. Combinar um pic-nic, um pastel na feira, um suco na padaria, um come-e-bebe após o treino com a família. Qualquer coisa. Não importa! Seja comendo, correndo, em casa, no parque, no lago, no clube, em casa, o quê fazer, ou o lugar são apenas pretextos para se estar presente com quem é mais importante na vida da gente!

sábado, 14 de janeiro de 2012

VENTANIA LÁ FORA – REVOLVENDO CÁ DENTRO!



Saí de manhã. Na verdade, já era passado do meio-dia. Manhã é relativo! É a hora em que você acorda e sai. Madruguei escrevendo. O silêncio da noite me instiga a escrever... É a hora em que me encontro comigo mesma, fujo de tudo, estou a sós com meus pensamentos, navego sozinho no meu mar... Isto reflete em perder boas horas da manhã de um sábado de férias para compensar as horas de sono pedidas. Mas, rebelde à chuva que teimou em cair, uma vez mais, não me importei em trocar a noite pelo dia e ter uma manhã preguiçosa e tardia.

Juro que até pensei em sair pra uma caminhada. Se fosse em meus tempos de treinos pras minhas corridas malucas, com planilha a seguir, com certeza, horário não seria problema, nem chuva, nem frio. Melhor dizendo, nem frio, ponto. Nem chuva, ponto. Mas ambos juntos... É de doer. Mas, disciplinadamente, enfrentei, enquanto a corrida era o meu maior objetivo. Enfim, ensaiando pra uma caminhada matinal-tardia, ouvi a chuva caindo. Suficiente para decidir-me a afinar outro sentido! LEITURA! Boa pedida! Ainda mais para alguém como eu, que muito fala, pouco escuta, tanto escreve, menos lê.

Folheei, então, revistas periódicas. Pus meu cérebro intelectual em dia! Bom, também. Sinto-me um pouco burra, juro, quando faço isso! Vejo o quão alienada me faço, na maior parte do tempo. Desilusão, descaso, indiferença ao que se sucede ao meu arredor. Definitivamente, não gosto de ler, ouvir notícias de sempre. Mudam os nomes das tragédias, repetem-se as cenas. Cansa-me isto! Então, numa atitude, assumidamente, alienada prefiro nem me inteirar do que se passa por aí. Mas não são apenas estas notícias que acho nas páginas. Entrevistas, opiniões bem fundamentadas de gente que pesquisa e estuda um determinado assunto. Li sobre a opinião de Steven Pinker, um renomado pesquisador, quase excomungado por suas opiniões de que a violência no mundo tem diminuído. Pois parte do princípio da proporção ao número de habitantes na Terra. Tece seus comentários sobre o holocausto, sobre o conceito de violência, sobre a participação de pessoas comuns nos grandes genocídios, a mando de sociopatas e que tem muito mais responsabilidade do que os próprios mandantes! Pois por obedecerem seus conceitos de estarem buscando um “bem”, exterminaram nações... Li estarrecida sua linha de raciocínio! Fazia sentido o que ele falava...

Então, me embrenhei nas palavras de uma velha e boa conhecida colunista a qual conheci em um livro que ela discorria sobre “Perdas e Ganhos” – Lya Luft! Deleite puro! Sábias palavras! Como pude apreciar, na maioria das vezes em que me deparei com seus textos e absorver de seu discurso. Seu tema era as palmadas proibidas por lei e a incoerência deste atrevido e incoerente olho fiscalizador dentro de nossos lares! Bem apropriado a uma sociedade que se permite ver e acompanhar um programa no estilo BBB... Deprimente! Pois diverte-se ao bisbilhotar invasivamente o dia-a-dia de pessoas que, na verdade, se submetem a este bisbilhotamento. Mas e o que dizer deste “olho” invasor, fofoqueiro e intrometido dentro de nossos lares? Como pode uma nação se permitir a isso? Deixar que leis definam arbitrariamente e generalizadamente que uma criança não deve receber uma palmadinha educativa ou corretiva?
Os políticos jogam num mesmo saco podre a palmada, o soco, o murro, o espancamento. Como se apenas o contato físico detivesse o poder de agredir! Esquecem-se que há crianças, diariamente, sendo agredidas pela indiferença, pela ignorância, pela ironia, pelos maus tratamentos da falta de contato –carinho, por palavras que ferem muito mais do que um murro esbofeteado no rosto! Políticos despreparados, que têm como meio de vida e não de vocação política e de ideal e vida o seu papel e que votam apressadamente, sem critério algum, sem atentarem para o que isto pode implicar na formação de caráter, artigo de luxo e em falta, hoje, nas escolas, nas empresas, na rua, nas casas. Falta ética! Falta bom senso! Falta ter o que fazer e em que se preocupar! Falta de fazer valer leis que já existem e que poderiam coibir o errado e o mal. Falta inventar menos e fazer mais...

Foi um deslumbre. Uma refeição reforçada que há tempos eu não me permitia! E me aponta uma incoerência. A leitura de escrita numa tela colorida de computador, notebook, tablet, ou outras engenhocas tecnológicas, não substituem a leitura da escrita em papel! Pois de tão ampla a possibilidade de se acessar as mais variadas janelas no computador, abrem-se todas possíveis, de redes sociais, de jogos, de futilidades e curiosidades. Mas não se faz a leitura de notícias , pesquisas, ou coisas que nos acrescem. Baita incoerência!!!! Somos uma nação informada tecnologicamente, que se inteira do que se passa com pessoas adicionadas como amigos, conhecidos virtualmente, sobre o que fazem a cada clique, mas que carece de informações da sua mais próxima realidade...

Abastecida de tantas informações, saí para um passeio com minha irmã. Pus-me na rua pra ir encontrá-la. E, de cara com o vento, este velho e bom amigo vento, eu tive aquela minha tão conhecida sensação que se vê tão bem caracterizada num filme que menciono tanto: Colcha de Retalhos! Sinto-me envolvida por aquela rajada de vento que me pega e me leva. As velhas folhas voam... O que começa como uma leve brisa vai ganhando força, tanto quanto é necessário para levantar o pó, a poeira, folhas que registravam as inúmeras tentativas de desenvolver a sua tese de pesquisa. Palavras jogadas ao vento! E que o vento se encarregou de levar embora... Como se eu reencontrasse um velho conhecido, sorrio! Deixo-me levar pelas ruas! Sinto a alma sendo lavada a seco! Ao vento! As sensações são várias. Vento que lembra praia, que lembra morro, que lembra montanha, que lembra vôo de parapente, que lembra barco, que lembra carro de janelas escancaradas, na estrada, com música alta, que lembra viagens, que lembra saudade, que lembra infância, que lembra sorrisos, que lembra lembranças...

Um dia pra revolver lá dentro! Como faz o vento que nasce lento e se torna forte ao prosseguir e ir. Hora de abanar a toalha da mesa, de bater o tapete da sala, de remexer o que se acomoda na casa! Há tanto, ainda a se ver e se viver...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O primeiro movimento

Como é difícil o primeiro movimento. A não ser em jogadas ensaiadas, já estabelecidas e decoradas, como no jogo de xadrez, onde as jogadas mais conhecidas são nomeadas e copiadas por aí afora, em seqüência, ganhando os nomes dos jogadores que as criaram, o primeiro movimento é sempre difícil de fazer. Traduzindo: sair da inércia, seja ela sobre qualquer coisa que seja, é difícil...

Entra aí, justamente, a comparação! Repetição ou criatividade? Por isso, indivíduos criativos estão sendo cada vez mais valorizados, pois sabem lidar com o imprevisto, o inusitado, buscam soluções, não se acomodam e não se conformam, simplesmente. Fazer algo mecanicamente é muito mais fácil, pois envolve apenas o esqueleto que já está adestrado para fazer algo, sem envolvimento nenhum. Pensar, decidir e fazer algo novo intimida.

Há várias situações em que se precisa dar o primeiro passo. As decisões de virada de ano... Alguém se lembra delas???? Hã???? Já estamos no décimo segundo dia do ano e muita gente por aí já se esqueceu das promessas de ano novo... E vai empurrando pra frente, quem sabe pro mês que vem, pra aproveitar as férias sem obrigações e, depois, adia por causa do carnaval, pois afinal, no Brasil, quem é que começa a trabalhar, de fato, antes do Carnaval, hein?

Adiar decisões, postergar atitudes, empurrar só mais um dia é uma atitude covarde. Não resolve o problema. Não diminui. Só aumenta. E, pior: deixa pesado o ombro de quem protela tanto a fazer o que tem que ser feito! Porque, no fundo, no fundo, todo mundo sabe muito bem do que sua vida carece. Qual é a coisa a ser feita. Desde um regiminho, ou dieta, se for mais bonito e eficiente o nome, a poupança, a arrumação, o fim do relacionamento, ou o início de um, nomeando-o como lhe é de direito, tipo: NA-MO-RO, num tempo onde tantos relacionamentos começam sem nome e vão indo, sem saber exatamente o que são um pro outro. A propósito, aí reside uma boa solução para muito problema! NOMEAR AS COISAS! Pois o hábito de nomear o que se faz, o que se é, o que o outro é pra você, o que se precisa fazer já é um PRIMEIRO PASSO!

Bem, sendo assim, entramos num velho dilema e que muita gente vem resgatando para poder se organizar e tomar as atitudes. Sair da inércia e entrar em ação! O velho papelzinho de bloco, a caneta esferográfica e... Listar! Sim! A velha e boa LISTA DE COISAS A SE FAZER! Bobagem? Bobice? Pode parecer... Mas funciona! Poderia dizer que quando há coisas a serem feitas, dependendo se forem muitas, ou se o tempo que vem sendo protelada for muito grande, o corpo da gente, leia-se cérebro/corpo/alma paralisa, foge e deleta a página para não fazer. E o ato de listar estas coisas traz para a esfera do concreto, do visível aquilo que precisa ser feito. Estabelecendo prioridades, enumerando o que vem primeiro, o que depois, localizando os lugares, você vai visualizando como fazer e fica pronto pra, enfim, dar o primeiro passo!

Quando comecei este blog, lembro-me que o título de meu primeiro texto foi “O Bife que se deixa por último no prato”.
 Era uma menção ao costume que tanta gente tem de deixar por último no prato, aquilo que for o mais gostoso. O sabor mais agradável da comida para ele ser prolongado na boca por mais tempo... Para finalizar a degustação com aquilo que mais se gosta. O melhor no final! Não muito diferente disso é esta mania de protelar com o que deve ser feito. Com certeza, é sempre algo que dará muito trabalho. Mas, na mesma proporção, o prazer de concluí-lo, de acabar com o problema é imensamente maior do que a apatia de não dar o primeiro passo para acabar com ele! Isto deve ser levado em conta!

Bem, nos últimos dezesseis dias tenho escrito diariamente no blog “Diário de Porto”.
http://cartasparaquemeuamo.blogspot.com.br/?m=1
Muitas vezes, começo a escrever e conforme as palavras vão indo, o rumo tomado, acabo postando no meu outro blog “Clics”. Hoje, por exemplo, foi assim. Ia escrever a carta para minha filha, pois foi um propósito que assumi de escrever uma carta por dia para ela, enquanto ela estiver em viagem. Uma forma de dar colo estando longe. De manter nossas conversas em dia, ainda que a leitura não aconteça todo dia. Mas que o “passar um tempo” de mim para ela aconteça DI-A-RI-A-MEN-TE... Isto é o segredo! E este propósito me faz ter força, vencer o sono para vir e escrever. E sei que lá longe, ela saber que todo dia eu lhe escrevo, a faz sentir-se mais aconchegada no meu colo, sentir o quentinho do porto seguro pra onde ela pode voltar e ter a certeza de que estamos CO-NEC-TA-DAS! E conexão, sintonia significam ao pé da letra: ligar um ponto ao outro, procurar a freqüência, o canal por onde a comunicação se fará melhor e facilitar a comunicação entre o ouvinte e o locutor. Manter acesa a luzinha do “ON”...

O passo que tanto protelo é um. Velha lenda, velha novela... Por as contas em ordem! Oito ou oitenta, do jeito que sou, tenho uma planilha no Excel complicadíssima, mas completíssima que eu fiz, onde, preenchendo os campos freqüentemente, no lugar certo, terei discriminado, detalhadamente os meus gastos, o orçamento mensal, a previsão anual até mesmo com a porcentagem que representa cada um dos gastos. Se fosse só uma continha simples de mais e de menos, tipo: quanto ganha, quanto gasta, numa lista comprida, sem tantas fórmulas, sei que ia mais rápido. Mas ainda preservo a planilha, pois sei que ela me fornece exatamente aquilo que eu preciso, se for completada. A demora é maior. Mas a eficácia também. Parecido com “quanto maior o trabalho que dá, maior é a satisfação de ter cumprido”. Ou, pra quem entende a linguagem de corredor, a diferença da realização de se completar os 10, os 21 e os 42. Quanto pior, melhor...

Pode ser que a chave seja eu não querer fazer tudo de uma vez, numa sentada só. Demora! Então, ser mais flexível é um caminho. Dar o primeiro passo. E dar um passo de cada vez!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

RE-leitura, RE-descobrir, RE-conhecer!RE-descobrindo-ME

Pois é! Portas que se fecham sempre nos levam a portas que se abrem e que não enxergaríamos, se o desvio não fosse colocado na cara da gente! Verdade absoluta!

Férias tornou-se sinônimo, para a maioria das pessoas, de “fazer aquilo que não dá pra fazer quando não se está de férias!” E ponto! E isto sempre que possível, significa sair da rotina, da cidade, da mesmice. Pra muita gente, sei que significa fazer aqueeeeeeela faxina! Pra outros, por papelada, armários, contas (...) em ordem! Arrumações – as externas! Que nada mais representam do que toda a arrumação interna necessária na vida da gente...

Também, associamos sair de viagem... Ahhhhh, sim... E aí, sendo possível, bota-se o pé na estrada em busca de ares e lugares diferentes daqueles que se enfrenta no dia-a-dia. Justo! Adoro! Não há nada que me agrade mais do que VI-A-JAR... Ainda hoje, falei isso. Que meu pai não me deixou herança. Mas que a herança que me deixou é um grande tesouro que herdei e sei que repassei: sangue viajeiro... Pé que vai no automático pra estrada... E, com isso, férias pra mim, desde que tomei a decisão de por o pé na estrada, tornou-se inseparável de estar em outro lugar!

Acontece, porém, que neste ano fiz uma opção: ter um lar! E estas coisas não acontecem, no meu caso, sem algum sacrifício! Isto se lê: “não viajar!”. E pela primeira vez, depois de muitos anos, passarei as férias inteirinhas sem nenhuma escapadinha da cidade! Pois sempre que eu dizia que a grana estava curta pra ficar o mês inteiro em Bombinhas, eu dava um jeito, meus pulos e ia pra ficar, nem que fosse uns dez dias...
O que aconteceu, então foi o seguinte: adotei a filosofia de vida de “Fazer de conta que estou na praia – diga-se: Bombinhas! E isto tem rendido cenas engraçadas!

Já de cara, determinei em casa que neste mês, almoço só lá pelas três horas da tarde! Que se na praia é assim, a gente não liga pra almoçar na hora certa, porque aqui, em férias, temos de ligar? Segundo: roupa de trabalho só em fevereiro! Agora, adotei o estilo praia: chinelo, ou CROCS (óbvio!), shortinho, pouca roupa e roupa fresca, muita piscina, lago a qualquer hora e pra todas as finalidades, desde correr, caminhar de tênis, de CROCS pra P-A-S-S-E-A-R e contemplar a paisagem, as pessoas que passam, descontraidamente sem estalar os olhos no desespero de correr-correr-correr, desacelerar (Viu? Consigo!) e zanzar na minha própria cidade sem pressa com olhos novos de RE-leitura, RE-descobrir, RE-conhecer!

Interessante... Passar o mês de janeiro na minha cidade me faz vê-la sob ângulos que não costumo ver! Cidade vazia. Lago cheio. O mesmo céu azul-azul de manhã que se torna um céu mais nublado a tarde e chuvoso que tenho lá na praia, tenho tido aqui. Coincidências a parte, é uma questão muito mais interna do que externa o usufruir a cidade nas férias. Fato! É só se livrar das amarras de fazer-fazer-fazer DENTRO da casa. Tudo bem que há coisinhas a serem feitas... A faxina, a arrumação anual, a busca de coisas perdidas na casa o ano inteiro... Mas é preciso por o pé pra fora de casa, fora da rotina do trabalho-casa! Até, também, do trabalho-casa-academia-rua-treino tão comum no nosso meio alucinado da corrida! Bem conheço este ritmo/rotina. Que de lazer passa a ser uma rotina camuflada de prazeres/obrigações para se chegar as metas que nos impomos pela corrida.

Penso assim: férias = descompromisso = desobrigações = liberdade de ir-vir-fazer-não fazer... E comemoro o meu primeiro e grande passo em direção a conseguir me manter num “meio-termo” ou aquele “meio do corredor” a que tanto me refiro sobre não ser tão extremista, tão radical, nem tanto lá ou cá, mas ser equilibrada! Veja só! Do correr demais, do ficar sem correr nada, nadinha por oito meses (pra me restabelecer) dos meus excessos e apatias, tenho passado a semana com doses na medida de ócio, atividade, intensas, médias, a passeio! Inédito pra mim! Querendo abraçar tanto coisa ao mesmo tempo, desacelerando, e abrindo mão de alguns itens pensados para o dia, diminuindo o ritmo, o tamanho do braço e terminando o dia, após uma “nadadinha” ótima SAUDÁVEL com uma “passeada” de blusinha/sainha/crocs, sem o risco de quere sair correndo pelo lago...

Hummmmmm.... Senti o gostinho bom do estar no meio do corredor... Sem excessos... Sem privações... Saboreando sabores diferentes, aprendendo novas coisas num lugar que me parecia ser tão conhecido e esgotado, sem nada a me apresentar de interessante nas ferias...

Bem, a experiência tem sido nova e interessante. Pra vivenciar que nem sempre o que se busca esta tão longe assim... Que proximo, muito próximo, pode estar aquilo que você precisa...