Vamos conversar?

Vamos conversar?

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Pra quando a memória falhar...

Quando minha memória falhar, tenham paciência! Isto vai acontecer.
Não sei o quanto vou me lembrar de nossas histórias. Mas se tiverem paciência, amor e senso de humor, vejam só... Poderão reviver um milhão de vezes as nossas aventuras ao contarem e recontarem-nas a mim todas as vezes que eu pedir ou não entender! E saborear, infinitamente o que já vivemos!

Quando eu não os reconhecer, não se irritem. Pois se somos assim, tão grudados e sintonizados é só ficar uns minutinhos juntos que iremos achar a nossa frequência. Quantas vezes for necesário. Todos os dias, se todos os dias eu me esquecer. E, se é verdade esta empatia, iremos plantar e colher a nossa vida a cada dia.

Quando a minha memória falhar, recontem pra mim o que fizemos. Mostrem pra mim o que somos. Sintam, repetidamente, o amor que cultivamos. Ele não se desgasta ao ser vivido tantas vezes. Ao contrário, multiplica-se.

Quando eu olhá-los com olhar de quem olha um estranho, faça, amizade comigo. Digam-me seus nomes. Fale-me de vocês. A afinidade é algo que se reconhece de longe. Preserva-se na essência. E, creio, eu, que mesmo que eu me esqueça de quase tudo, não perderei a essência do que sou, do que fui, Mesmo que não saiba o que serei.

Quando meu olhar se perder ao longe, sem lembrança quase nenhuma, não se preocupem. Ainda será possível fabricar na mesma hora a lembrança daquela exata hora. E isto fará com que se perpetue o que, de fato, importa. o AGORA. E a falha da memória, o esquecimento, engraçaçdamente fará valer o mais precioso tempo. O PRESENTE.

Quando eu parecer que fui embora, me cutuquem, me acordem. Façam coceguinhas, se for preciso. Não desistam de mim! Posso não ter forças pra falar, pra abrir os olhos, ou pra me mover. Mas estarei ali, bem ali com vocês. Conversem o tempo todo comigo. Contem-me como foi o dia de vocês. Não se entristeçam pois eu estarei triste em vê-los tristes. E me alegrarei se vierem felizes. Pois enquanto houver um suspiro, existo.

Quando eu for embora, eu sei. A saudade vai apertar pros dois lados. Dizem, pra aliviar esta tal da saudade, que estarei mais aliviada, Indo por um caminnho mais feliz. Creio que esta conversa é para convencer ambos os lados. Quem fica e quem vai. Porque de alguma maneira, penso que estarei por ali, olhando pra vocês. E os nossos sentimentos só valerão se todos os abraços tiverem sido dados, todas as palavras de amor e carinho tiverem sido pronunciadas, pois não poderemos mais nos alcançar  no espaço. E o nosso reencontro será esperado. Mais que certo, esperado.

Quando eu for alguém somente na memória de vocês, multipliquem sorrisos, sonoras gargalhadas. bons dias, boas tardes, boas noites. Gastem tempo com conversa fiada. Daquelas que se pára e se surpreende com tanta prosa com quem menos se espera. É dali que ganhamos as mais valiosas pérolas. Por ali distribuímos e colhemos tesouros. Façam-se presentes no presente. Pois nenhuma memória importará se você não tiver do quê se lembrar.

Topo do céu... Qual é o seu?


Se existe o topo do céu aqui mesmo,
é lá onde eu quero chegar!

Paredes, o que são?
Janelas, alguém sabe?
E portas, alguém diz?

Paredes protegem.
Paredes limitam.
Protegem das incertezas.
Impedem enxergar além.
Não é preciso estar somente dentro delas.
Nem, tampouco, se encorujar fugindo do conforto que elas têm.
É preciso dependurar as lembranças nelas
e atravessá-las, um pouco além.

Janelas...
São convites.
Pra espiar mundo afora.
Pra espiar mundo adentro.
São balcões das
"Marias Fuxiqueiras",
"Marias Curiosas",
"Marias Atrevidas",
"Marias Escandalosas",
"Marias Medrosas"
que se transformam em
"Mariasvãoalém".
É o passo intermediário
Entre o ir e o ficar.
Entre o sonhar e o fazer
Entre o de cá e o além.

Portas?
Ahhhhhh.... As portas...
De quantos materiais diferentes
se faz uma porta?
Porta de vidro.
Porta de madeira.
Porta de ferro.
Porta carcereira.
Porta trancafiada
Porta escancarada.
Porta entreaberta.
Porta encostada.
Portas espelhadas.
Portas sanfonadas.
Portas unifolha.
Portas meias-portas.
Materiais por fora e de dentro.
E, dependendo,
dão acessos a mundos opostos,
ou trancafiam pessoas adentro.
Abrem-se a caminhos,
Ou aprisionam pensamentos.
Portas, das quais,
nos apropriamos das chaves.
Para que seja nossa, a DECISÃO,
De ir ou vir
entrar ou sair
Ficar ou partir....

Paredes, o que são?
Se te aprisionam, se liberte.
Janelas, alguém sabe?
Se te chamam, espie, sonhe e se assanhe.
E portas, alguém diz?
Se te trancam, se destranque.
Atravesse.

É preciso ir!

(Dezembro/2013 - Parque do Aconcágua: Nós decidimos ir. E por assim decidir, chegamos na portinha do topo da América)

Paradas





















Paradas....
Que acontecem mais involuntariamente que por decisão.
Quando vou de fato, por opção, parar pra fazer todas as outras coisas que gosto tanto?

A despeito da forma tão diversificada de cada um ver como as coisas acontecem na sua vida, penso que nada é por acaso. Teimosa, fico o tempo todo brigando contra o inevitável: o tempo corre de dentro dos dedos das minhas mãos. A mania de deixar "o bife por último no prato"! Traduzo. O melhor pro final. Não que as coisas que eu tenha feito não sejam boas e prazerosas. São!

Mas...

Comigo, admito, acontece algo engraçado, pra não dizer trágico. É como se eu soubesse que as coisas vão embora. E que, por causa disso, tenho de aproveitar todas as gotinhas do caldo. Explico. A saúde vai embora. Aos poucos. A força, a resistência física, o vigor, o corpo, inevitavelmente, percorre uma linha descendente. E eu, apaixonada por tantas coisas nas quais ponho o corpo a toda prova, solicito dele tudo o que pode e um pouco (um pouco só!) além, acabo judiando e antecipando e acelerando este desgaste inevitável.

Ciclo vicioso. Me desespero em aproveitar dele enquanto dá, como se fosse perder, de repente, o que posso fazer. E, ao invés de viver várias facetas num mesmo tempo (as minhas várias facetas), a Susi dominante não deixa espaço pra todas as outras. Nem precisa falar qual é a dominante...

Se fosse falar, de verdade, tenho vários livros começados. Terminado só um. Mas não editado nem publicado. Apenas escrito do início ao fim. Todos os outros escritos estão esperando o tempo de eu aquietar e finalizar. São viagens. São idéias que surgem. Mas que se não organizadas e postas em forma de páginas são apenas palavras soltas sem corpo, sem rosto, sem fim.

Bem, a vida por si, só, já é um livro. Mas além de escrevê-lo quero recontá-lo, compartilhá-lo, narrá-lo em verso, prosa e fotografia. Porque escreve-se não somente com palavras, mas com as imagens que ficam gravadas na lembrança...