Vamos conversar?

Vamos conversar?

sábado, 31 de dezembro de 2011

Virando a chave!

Sofazinho de casa, após um “almanta” das 3h da tarde, assim como na praia...
Ouvindo o ensaio dos shows no lago, daqui de casa!
“Preguiçando”, só à toa, sem horário, sem estresse, nem obrigações...
Hora de ficar no meio do corredor! Nem lá, nem cá!
Já vivi batendo cabeça, ora demais, ora de menos! Houve anos em que se eu não tivesse saído pra correr no “último dia” do ano me sentiria frustrada! Uma vez que correr se tornou a minha grande paixão, não faria sentido eu passar logo o “ultimo dia” longe disso! E o que devia me causar prazer, me enclausurava, me aprisionava em obrigações, planilhas, horários militares de treino, onde eu tinha de cumprir regras e não percebia o quanto havia apenas trocado de jaula. Antes, eu ficava enjaulada do lado de dentro. Agora, ficava enjaulada do lado de fora. Pensava que estava livre... Mas sempre que houver a obrigação antes do prazer, a prisão se instala...

O dia 31 de dezembro é fatídico! Ele costuma carregar um peso nas costas onde a ele é atribuído o papel de delimitar fins e inícios! O divisor de águas da vida de todos!
Todo mundo que não consegue tomar decisões nos 364 dias do ano, costuma esperar o último dia do ano pra decidir fazê-lo. É o regime que não se inicia nunca. É a corridinha que o médico mandou fazer e que a preguiça não deixa. É aqueeeeela faxina na casa que você sempre adia. É a visita à tia doente que você sempre esquece. A caridade que parece ter dia marcado no ano pra acontecer. É o “cuidar-se” que você ignora. É o amor que você não se decide a viver. Como se a esperança tivesse de ter dia certo pra nascer e existir.
Tudo bem, tudo bem! Temos o costume de viver em ciclos! E sendo ciclo, ao se chegar ao último dia do ano, é natural que queiramos recomeçar algo que paramos, ou iniciar algo nunca antes experimentado. Mas repito: não precisamos restringir isto, estas decisões tão saudáveis a um dia somente do ano! Porque corremos um grande risco: se por um acaso, não conseguirmos fazer o pretendido neste dia 1 de janeiro, é como se ficássemos fadados a continuar o resto dos 364 dias do ano, de novo, numa rotina auto-agressiva, autodestrutiva, como se tivéssemos de fazer um tudo-ou-nada! É preciso ser mais razoável consigo mesmo...
É interessante ver como as mensagens de “tudo de bom” se propagam nestes dias! Nas redes, nos blogs, as palavras amenizam-se, há um ar de tolerância, de “baixar a guarda” e instala-se um clima de cordialidade geral. Não raro, nas festas em família, após os comes, os bebes –e-bebes-e-bebes, os ânimos se elevam e algumas gracinhas mal pensadas e mal recebidas ocasionem umas brigas novelísticas. E dá-lhes xingamentos! E todo aquele ar de “Feliz ano Novo” vai embora ralo abaixo, esgoto adentro! É que a palavra dita da boca pra fora, não é vivida vida e boca pra dentro. E sendo assim, votos de felicidade são apenas vômitos! Pré-bebedeira. Pré-ressaca. E o dia 31 torna-se, de novo, mais um dia infeliz no ano.
Sou a favor da reflexão tipo “Retrospectiva 2011”. É saudável! Tendo bom senso, conseguimos fazer um balanço particular de nossas vidas e peneirar. Deixar o ouro pra cima da peneira e guardá-lo como tesouro que é e deixar ir embora a sujeira. Mas creio que neste mundo atual tão exposto das redes, tão rápido como um clic, onde você posta agora e já aparece o teu nome com um “agora”, ou um “segundos atrás” denunciando que você acabou de “curtir”, comentar, postar, as sensações são muito imediatizadas e as expectativas, inevitavelmente, também! Espera-se o retorno de nossas ações imediatamente! E nós não somos, de fato, maquininhas de clics que registram e divulgam nossas reações. Não! Nossa alma necessita, vagarosamente, saborear cada sensação... Digerir... Para, só depois, reagir! E tão rápido quanto reagimos, os expomos! Vivemos no mundo de Trumann, onde contamos virtualmente o que estamos fazendo, pensando e sentindo... Uma faca de dois gumes! Pois assim como podemos receber solidariedade, apoio, ou palavras de carinho, podemos criar um círculo vicioso de dependência de um mundo virtual, em detrimento do real que nos rodeia de perto. E expomos decisões, muito mais do que decidimos mesmo! Temos a necessidade de dizer, muito maior do que fazer! E caímos num erro comum. Falamos da boca pra fora e não decidimos coração adentro! Resultado: não agimos com nossas atitudes. Triste!
Se você realmente quer testar sua capacidade de começar o ano com ATITUDE, anote aí o que fez na virada, no dia 1, no dia 2 e vá anotando o que fez consecutivamente... Muita gente tem dificuldade de dar a partida e virar a chave já é um bom começo. Mas manter o carro ligado, abastecê-lo quando o combustível começa a acabar, cuidar dos pneus, estar atento aos sons e ruídos do carro e manter o carro no centro da estrada exige muito mais do que só o simples movimento do girar a chave...
Que o dia 31 com suas luzes, fogos e tanta energia que reina não seja apenas uma fotografia a ser postada depois. Retrato da festa vivida. Que seja a continuação de uma viagem já iniciada e que continua, por quanto tempo for o seu tempo de estrada! E que o que acontece hoje seja apenas uma parada para reabastecer de energia, um tanque que nunca fica vazio, que a musica ouvida na viagem seja eclética e variada para não enjoar e proporcione ritmos diferentes pra se dançar. E que a esperança não desande no dia seguinte, pois sem ela, não se tem fé pra seguir, acreditar e realizar!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Hora da virada: que seja a cada dia!

Bem... 24 horas e estaremos na contagem regressiva para virar o ano!
Se você tem enroscos pra trás, ainda da tempo de pedir perdão ou perdoar. Dizer "eu te amo" pro amor de vocês, pro pai ranzinza, pra mãe que pega no pé, pro irmão que você não fala há tempos. Pro filho/filha que não fala a mesma língua que vocês. Nem escrita, nem gestual, nem falada, porque, talvez, um dos dois passe muito tempo na frente da tv, ou do pc, ou de não sei o quê!
Os tempos evoluem, mas se deixarmos, ele afasta as pessoas que a amamos. Já amei, já perdi, já amei de novo, não reconheci e, hoje, decido a cada dia amar incondicionalmente! E, mesmo assim, erro! E se não houver paciência, humildade, se perde o amor, o bonde, o dia...
Em torno de nós há pessoas próximas que não enxergamos. Há outras que ignoramos. E permitimos pessoas serem invisíveis ao nosso lado! Há de se enxergar o próximo como a si mesmo! Há de se enxergar lá dentro, o que se passa em seu mais intimo, para não deixar amores partirem sem terem sido amados completamente! Pior que nunca ter amado, é amar e não reconhecer o amor. Deixar que ele se vá, sem saber que foi seu amor! Triste, também, é não saber aceitar o amor de pais que não são exatamente pais que gostaríamos de ter. E passar a vida toda lamentando por não ter quem se queria ao lado. E não perceber que não se é também, a pessoa que eles queriam com eles.
Definitivamente, perdemos tempo com coisa boba. E pra ser feliz, é preciso coisa pouca!
Que cada um de vocês, tenha o segundinho decisivo para acordar e ver com novos olhos as mesmas pessoas que estão ao seu lado. Porque pode ser que não seja a pessoa que seja a errada em sua vida. Pode ser que seja o ângulo que você olha para ela... Mas e se for a pessoa errada, que se possa ter a coragem e tomar a decisão para mudar o rumo da vida. O botão do
“play” esta nas nossas mãos...
Que as indecisões possam virar decisões. Que o que foi até agora adiado, aconteça! Que cada um desperte em si mesmo a vontade de prosseguir, ainda que tudo te empurre a desistir!
A vida é cada instante. O ano de 2012 esta apenas começando. E toda esta vontade de começarmos bem o ano não pode morrer no dia 2... Que toda esta vontade que toma conta de cada um em acertar o pé, o passo, o amor, a vida, seja perene. Pois que seja eterna enquanto dure a vida.
Feliz 2012, 2013, 2000 e sempre!

Lar é aquele lugarzinho onde você está no agora, o invólucro do seu coração.

Olha só: deitada na rede (quase não gosto!), na sacada (prioridade número um do novo lar), de férias (necessidade básica do ser humano para sobreviver ao ano!) e escrevendo no note (por si, só, já é bom!) para minha filha (aí, sem comentários...)... Preciso mais??? Ta, ta, tudo bem que se fosse numa cadeira de praia, em Bombinhas seria tri melhor. Mas a gente tem que estar feliz onde está até poder ir pra outro lugar. E estou aqui num lugar que adoro, sonhamos estar um dia, vencemos a luta para estarmos (Deus por nós!) e não deixa de ter um cheiro de praia se posso ficar aqui à toa, a paisana, sem relógio, celular, sem agenda pra seguir e tão pertinho do “meu” lago que adoro!

Existe um velho ditado que diz que somos aquilo que sonhamos! Verdade absoluta! Pois acredito que se nem sonhamos, nem existimos! Pois sem ter os olhos brilhando por algo a ser conquistado, o coração não tem pra onde mirar seu caminho. Da mesma forma, somos aquilo que permitimos ser, no lugar que permanecemos por querer! E NÓS fazemos o lugar onde estamos. E se é bom ir pra praia, pode ser bom estar em minha cidade, em minha casa, desde que eu me decida por isso! Digo sempre que temos duas opções a cada instante: ser feliz, ou ser infeliz! E isto é vero! Ficar aqui me lamuriando porque este ano quis realizar um grande sonho, o de ter um lar, e não pude ir para um lugar que adoro, que sempre digo brincando (toda brincadeira brinca de dizer a verdade..) que é meu lar, de verdade? Férias, há anos, tem sido sinônimo para nós de estar em Bombinhas... Este ano não deu. Então, decisão tomada, vou ser feliz aqui em Londrina!

Nossa passagem de ano tem sido em Bombinhas há tanto tempo, salvo exceções umas poucas vezes nestes treze anos. Praia, mar, montanha, sossego, camping, nossa casa de vinte metros quadrados e o cheiro de lar no ar... Das quatro vezes que não passamos em Bombinhas, apenas duas vezes foram em Londrina. E é estranho ser daqui e nem saber como é a passagem de ano aqui! Programei de passar a virada no lago! Algo bem familiar pra mim que tive tantas histórias minhas ali. Cresci indo pescar com meu pai na margem do lago um, na parte velha do lago, próxima à barragem. Lá também fui fotografar pores-do-sol, também passeei com um namorado da adolescência no cartão postal da cidade, também me apaixonei e me desapaixonei ali na margem e me apaixonei novamente pela caminhada, pela corrida, por pessoas apaixonadas pela corrida. O lago tem uma história particular de amor comigo. Foi lá que nasceu a Maratona de Londrina, às margens da cachoeirinha, que rendeu um evento que mexeu tanto e tanto com a cidade! Quem que me conhece que viu a maratona acontecer e que não se lembrou de mim? Ali tive alegrias, choros, vitórias e superações! Ali passeei com minha mãe já doentinha, pegando flores e pitangas para ela. Colhi e comi pitangas com amigos que fiz e nunca esqueci, comi amoras, acerolas. Ali passeei com amigos e amigas, Ouvi desabafos e desabafei! Ouvi e fui ouvida. Socorri e fui socorrida! Caminhei, corri e pedalei! Fiz amigos, colhi amigos. Ali nasci de novo para muitas coisas! Deixar amores pra trás. Começar novos amores! Conversar com minha filha em momentos de alegria pura e de indecisão absoluta! O lago faz parte da minha vida como palco que é da vida! Assim, vai ser marcante começar o ano novo ali, do ladinho dele! Tendo-o debaixo dos meus pés, como minha morada de agora. Não importa os lares que terei e sonho. Bombinhas é meu sonho! Mas o hoje me apresenta um novo lar. E estar aqui será simbólico. Pra fincar um pouco as raízes que sempre me neguei a criar aqui. E, vivenciando o que eu mesma escrevi, não ter medo de fincar raízes. Outros lugares estarão sempre ali para eu mirar e ir. É preciso ter ousadia pra ir pra outros lugares e ares. Mas também é preciso ter foco para se manter no ninho, esperando o tempo certo para seguir depois. Talvez, a vida me esteja sendo, como sempre, metafórica! E brinque comigo de fazer-me perder o medo de “criar vínculos”. Não é de todo ruim! Ter o porto seguro. A pessoa que espera. O lugar pra retornar.
Londrina é meu lar! Isto não me impede de ter Bombinhas no coração e desenhar sonhos... Mas, hoje, descobri que não preciso ter medo de criar raízes, ter vínculos, estar num lugar no presente, com pessoas que me amam e que posso amar! Dizia sempre que amar é decisão! Pois bem! Ter um lar também é uma decisão! E mesmo que um dia, eu deseje estar noutro lugar, tenho de tornar o lugar onde estou no agora, o meu lar.
Ano novo chegando... Decisões... Caminhos... Algumas coisas acontecem sem bem você admitir que já fazem parte do seu caminho. E já fazem!

domingo, 25 de dezembro de 2011

O que te é um presente?

Estava lendo o que Walcyr Carrasco escreveu na Época. Sobre os amigos secretos tão comuns nesta época de confraternização de final de ano, nas empresas, nos grupos de amigos e até nas reuniões de família que optam por esta “brincadeira” para substituir a velha troca de presentes tão dispendiosa para todos que andam com os bolsos meio vazios. Acontece que não há quem não tenha uma história hilária pra contar sobre isto. E ele, conta alguns episódios que passou.

Não é à tona que alguns, hoje, substituem a velha brincadeira por outra modalidade; o “inimigo secreto” que se é pra sacanear, que seja escancarado e todos possam ter o direito da réplica, tréplica, e aproveitem para inventar presentes que tenham como objetivo, dar coisas engraçadas e manter o espírito esportivo de brincar, trocar presentes e “roubá-los” uns dos outros! Assim, as pessoas deixam de comprar presentes com medo de errarem, de desagradar, procuram presentes que sejam disputados para serem roubados, melhorando o tipo de presente comprado. E mais: como todo mundo vai ver o que foi comprado, dificilmente vai se levar algo chimbim, ou que foi um presente já rejeitado em outros natais, ou amigos secretos. Como acontece, de fato. Pois há quem compre qualquer coisa correndo, porque se esqueceu de comprar algo pensando na pessoa que tirou, ou pegue algo em promoção, sem nem saber se será do agrado da pessoa. Ou pior! Desenterre do fundo do guarda roupa, aquela velha sacola de plástico cheia de presentes recebidos em outros carnavais que ganhou, não gostou e só não passou pra frente, pra reaproveitá-los dando-os para outras pessoas nestes “inofensivos” amigos secretos... É a reciclagem de presentes! Uma boa idéia pra outras confraternizações: Amigo secreto – presente reciclado! Quem sabe um bazar/brechó? Já fizemos isto uma vez em nosso grupo de corrida! Um bazar entre amigos, onde combinamos de levar objetos, roupas, calçados, bolsas que não usássemos mais – em boas condições de uso! – para vendermos e comprarmos a preços módicos/simbólicos para brincarmos e termos mimos com cara de novo!

Bem, o texto bem humorado de Walcyr Carrasco segue falando dos micos e das roubadas em dar ou receber presentes. Coitada, sempre coitada da mãe sem sexo, sem vaidade, sem gosto e que, resignadamente, segue ano após ano ganhando coisas para casa... Tem lá ela, por acaso, cara de casa? Tem? Cara de cozinha, área de serviço, ou armário de cozinha? Para que, insistentemente, seu marido ou filhos, ou genros, ou noras lhe dêem, com a maior cara de satisfação, um fogão novo, uma geladeira, um microondas, ou pra piorar, uma batedeira, liquidificador, cafeteira, dentre tantos ítens para uma dona de casa? Tem dó!!! Antes de tudo, mulher é mulher! Cheia de desejos, de vaidades, vontades secretas... Como Walcyr conta, ela ainda olha o presente e diz: “Eu estava mesmo precisando disso...”. Se bem que eu gosto de atribuir a ELA – esta mulher que não se manifesta e engole o que não quer – parte da culpa por receber coisas que não sejam para ela, mas para a mulher que os outros querem perto, por lhes ser conveniente... Quem não quer uma super cozinheira por perto? Super equipada com os melhores equipamentos eletrônicos para armazenar, preparar e aprimorar a comidinha nossa de cada dia? Hã??? Há de se dar o grito de liberdade e dizer “Eu quero aquele vestido carésimo daquela loja chiquérrima que custa, nada mais e nada menos do que... o valor de uma geladeira... Exageros a parte, presente também não é dar um jogo de furadeira ao marido, a não ser que brincar de marceneiro lhe seja parte de seu lazer. Ou dar material escolar aos filhos, cuecas, meias que já iam ser compradas mesmo. Salvo quando você sabe que a pessoa está doida para ter algo que não pode comprar, vale lhe dar algo útil, por ser desejado. Mas, definitivamente, presente não é algo que a casa precisa. Mas é algo que seja um desejo quase secreto, muitas vezes, uma bobice, um supérfluo desnecessário (vale a redundância para frisar a inutilidade do produto para quem olha e dá, em indireta proporção a quem o recebe!).

Dar presente é uma arte. E sabe bem o que é isso quem é capaz de comprar algo com olhos de apaixonado que está louco para conquistar a pessoa. Naqueles momentos únicos que não são, necessariamente, atrelados a uma data especial como aniversário, natal, dia dos namorados, aniversário de namoro, casamento ou enrolamento. Daquelas raras oportunidades quando você está à toa e vê algo que, na hora, te lembre a pessoa e você não resiste e compra. Só pelo prazer de entregar o presente certo de despertar no outro, uma cara de espanto e de derretimento, um sorriso de satisfação e ver seus olhos brilhando de alegria! Como criança que ganha um brinquedo tão cobiçado...

Dar presente tem que ser encarado como algo onde você pré-sente que a pessoa que vai receber adorará o que você deu! E você pré-sinta que acertou! Chego a acreditar que a melhor parte do ganhar um presente seja a surpresa que isto nos causa. Pois presente não precisa ser tão somente, um objeto. Pode ser um bilhete, um cartão, uma visita surpresa, um passeio. Pode ser até uma declaração. De algo subentendido e nunca declarado. Pode ser uma mudança de rumo. Uma decisão. Com certeza, tem que causar um frisson no coração. E como o nome já diz, é um pré-sentimento. Tem que mexer no coração, senão, não é um PRE-SENTE!

sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal: tempo de resgatar as raízes...

Quando criança, minhas lembranças de Natal me remetem ao piano de minha mão, posto no meio da sala que, durante o ano todo, ficava cheio de enfeites e adornos, mas que no mês de dezembro davam lugar aos pequenos personagens de louça que representavam os presentes no presépio no dia de Natal. Não sei, exatamente, se eram peças confeccionadas para este fim, mas lembravam José, Maria, o menino Jesus, os Reis Magos, os Pastores, os animais na estrebaria. Além do presépio simples que ela montava, pequenino como era o tamanho destas estatuetas, fazia arranjos com pinhas, fitas vermelhas guardadas de presentes anteriores até de anos passados, arrumados em pratinhos de papelão prateado que eram um luxo naquela época! Muitas vezes, cortava pequenos galhos de pinheiros ou ciprestes do clube aonde íamos (a ACEL – alguém lembra?) e enfeitava estes arranjos! Tínhamos também, arranjos feitos como trabalhos de escola, uma vela feita de papelão enrolado, coladinho de macarrãozinho e pintado com tinta brilhante prateada. Sobre o piano, então, ela ajeitava cuidadosamente a Árvore de Natal! Aquilo, além do presépio, representava algo mágico! Lembro perfeitamente da embalagem de papelão de onde, todo ano, retirávamos a árvore para ser montada e na qual, todo ano a guardávamos para voltar a usar no ano seguinte. E das caixas de papelão com divisórias que todo ano ela retirava de cima do guarda-roupa, onde ficavam guardadas as bolas da árvore de Natal! Eram lindas! Feitas daquele material tão frágil, somente tínhamos autorização de manusear se já fossemos bem cuidadosas para ajudá-la na montagem da árvore de natal! Já naquela época, as bolas eram especiais, pois não se resumiam a forma de bola. Havia bolas com reentrâncias, pontudas, imitando estrelas, com brilhos e de diversas cores. Também havia enfeites de plástico nos quais pendurávamos sininhos coloridos e um enfeite prateado que era ajeitado sobre os galhos da árvore para dar brilho e mais o algodão que imitava a neve sobre estes mesmos galhos! Interessante que todo ano usávamos a mesma árvore, as mesmas bolas e enfeites, o mesmo algodão. Sempre era arrumada sobre o piano! E toda véspera de natal íamos dormir de olho no piano, ansiosas por acordarmos e corrermos para ele na manhã seguinte para ver se nossos presentes haviam sido deixados pelo Papai Noel ali naquela noite, debaixo da árvore, sobre o piano de minha mãe! Acreditávamos em Papai Noel e escrevíamos cartinhas a ele para pedirmos nosso presente! Com o passar do tempo, nós mesmas, as filhas, nos encarregávamos de montar a árvore! E mantínhamos o costume, a tradição, cientes do verdadeiro significado do Natal. E prepararmos a casa para esperar o Natal fazia parte de um ritual de final de ano que nos mantinha unidas para aguardar um dia especial.

Quando saí de casa, mantive o mesmo costume da fantasia em torno do natal e seus personagens. Depois de um tempo, “acordada” quanto ao sentido comercial do Papai Noel, do esquecimento do verdadeiro sentido pelas famílias, acabei deixando de lado estes velhos costumes e minha casa passou a não receber qualquer enfeite natalino. Havia a justificativa religiosa de que todo costume natalino, na verdade, tem a origem pagã. E dentro deste princípio, deixei de falar de Papai Noel, de usar guirlandas na porta de casa e colorir com luzinhas a frente da casa. Foi um tempo exageradamente radical quanto aos costumes. Serviu para delimitar onde entra um personagem e onde deve entrar ou sair o outro! Mas admito, deixar de enfeitar a casa, como minha mãe fazia fez-me perder meu elo com as raízes deste dia em minha vida. E, hoje, parei para relembrar...

O que vejo, então, é uma inversão de valores. Somos devorados pela imposição do “compre-compre-compre” e é óbvio que a figura de Jesus na manjedoura não ajuda vender nada, até atrapalha, pois o Rei dos reis nascido num cenário tão simples como este, desmistifica que riqueza, posses, presentes seja símbolo ou sinônimo de felicidade e que, na simplicidade encontramos a verdade e a paz. E, logicamente, a figura de um “bom velhinho” que confecciona em sua oficina brinquedos para levar às crianças, sem cobrar nada (!!!), seja bem melhor de venda aos pais que se descabelam pra conseguir adquirir o presente pedido por seus pimpolhos ao Papai Noel.

Opiniões à parte, sobre o certo e o errado no Natal, vejo o que acredito ser o principal: somos raiz e fruto! Carregamos o que nossos pais nos ensinaram e passaram por seus modelos de vida e somos fruto que repassa estes mesmos valores aos filhos. Muito mais do que a troca de presentes entre os familiares, é preciso “estar presente”! O tempo que se passa junto resulta em lembranças, histórias a se contar depois. Risadas, sorrisos, a ternura de vivenciar, por palavras, cenas vividas em outros tempos e com pessoas que nem estão mais conosco. Os presentes vão se quebrando, estragando, sendo consumidos, acabam. Deixam de existir... Tempo passado junto, ser presente na vida do outro é algo que é levado sempre dentro do coração. É esta lembrança boa que nos fortalece num momento como este, onde minha filha está a tantos quilômetros de distância, a tantas horas de vôo. Quando gostaríamos muito de estar juntos e não podemos. Pois nos fortalecemos, exatamente como combustível que nos abastece para irmos usando, aos poucos, na hora de termos aquela reserva de energia, quando pensamos que não conseguiremos ir além. Veja bem: não são os presentes materiais que minha filha levou com ela na bagagem para se sentir perto de mim e de sua família. São nossas conversas de madrugada. Ou aquelas costuradas de dia, nas nossas andanças de mãos dadas, nas viagens de janela escancarada, vento, música e sorrisão no rosto, ou de choro repartido.

Natal em família é aquele em que mesmo se estando longe, tem-se a certeza de estar junto! Duas pessoas fundamentais pra mim não estarão presentes comigo neste Natal: minha mãe e minha filha. E, curiosamente, são destas duas que mais me lembro neste natal hoje. Porque em datas assim, que mexem com todos, quando queremos estar com quem mais amamos, ficamos sensíveis! Observadores. Pensativos. Mergulhamos em lembranças. E saímos no dia seguinte fortalecidos. Pois quem imagina o natal de maneira egoísta, comercial apenas, sem dividir nada com ninguém, nunca terá nada além do que vê a sua frente no momento “agora”. Não compartilha, não dá, nem recebe nada. Não fica mais pobre, mas também não enriquece nunca. É tempo, enfim, de dar o que há de melhor em si próprio aos outros. Pode ser o sorriso ao estranho que passa, o bom dia/boa tarde/boa noite, a mão que deseja o “Feliz Natal” ao mendigo, ao pedinte que nunca espera nada de ninguém, uma bolachinhas enfeitadas de glacê em forma de coisinhas de natal, uma comidinha simples (como polenta!) feitinha com carinho pra família, o abraço ao irmão que veio de longe e você nunca vê e conversa, a horinha gasta numa boa conversa com aquele vizinho já mais idoso e carente de companhia, a paciência com seu pai ou mãe, ainda vivos e que já não escutam direito, já não lhes são “úteis”, que implicam com tudo, são teimosos, insistentes, mas que querem apenas estar mais um natal junto...

Quando a única perspectiva que se tem a frente é esperar o trem parar para descer, qualquer atenção ou carinho faz bem. Faça deste natal a concretização de decisões do tipo “vou tratar melhor minha mãe”, “vou ajudar, sem reclamar, meu colega de trabalho”, “vou parar de querer ganhar tanto dinheiro para meu filho usufruir amanhã, para brincar de bola com ele hoje“, ”vou fazer bolinhos de chuva para comer com meus filhos, sem medir as calorias a serem gastas depois”, “vou sorrir mais e resmungar menos”.
Creio eu, que neste natal e em todos os dias do ano estamos precisando mais de atitudes do que de presentes que você dá, já com aquela frase “se não te servir, você pode passar na loja tal pra trocar por algo que você quer!” As pessoas carecem mais de gestos, palavras, atitudes do que qualquer algo material que o dinheiro compre.
Pense nisso! Faça! Não protele. Aja! Sinta, respire fundo, absorva toda energia que existe a sua volta e você nem vê e abasteça-se. Distribua bons-dias, boas-tardes, como-vai-você. Não economize sorrisos. Pense duas vezes antes de falar algo maldoso que só vai fazer uma coisa: derrubar aquele que for ouvir. Toda energia boa – e a má – que você distribui, converte de volta pra você. Não é uma questão de esoterismo. Longe disso! É uma questão física da lei da ação e reação. Do tornar e do retorno. Você é aquilo que você fala (ou vomita!) E crie, incessantemente, uma aura a sua volta. Ela será um campo fértil para que as pessoas acreditem, realmente, naquilo que você fala com suas ações e suas atitudes, muito mais do que com suas palavras e um escudo para te proteger daquilo que não te fará bem!
Tenha um Natal inesquecível, repleto de pontinhos a serem iniciados para um trilhar que o leve na busca de ver, depois, que a vida vale a pena!
Deus no comando, você caminhando e os sonhos fluindo...

domingo, 18 de dezembro de 2011

Novo blog! Cartas para minha filha...

Iniciando, hoje, novo blog para concentrar nele, as cartas do meu Diário de Porto. O porto seguro que somos quando um filho parte em busca de seus sonhos. E lá, ela escreverá seu Diário de Bordo, pra registrar sua viagem tão sonhada. Para que um dia, quando a canseira lhe bater e tudo lhe indicar que não vale a pena acreditar em sonhos, ela possa ter a certeza de ter realizado sonhos. E que eles são possíveis, sim!

Que aqui se inicie o registro do amor que une e compartilha sonhos e realizações. Que seja o nosso registro para seguirmos juntas, ainda que distantes. Pois o amor faz destas coisas.
Quem fica, nunca fica só, de fato e quem parte, nunca segue sozinho!


Para acessar, basta clicar no título deste post!
Ou acessar:

http://www.cartasparaquemeuamo.blogspot.com/

domingo, 11 de dezembro de 2011

Meia hora apenas!

Qual é a medida de meia hora? Quanto vale, quanto nela cabe? Qual a diferença que meia hora pode fazer?

Quando você trava certas lutas com o tempo, qualquer tempo faz diferença. São cinco minutos de bobeira e você perde o trem. Uns segundos de indecisão e você perde o cavalo branco. Alguns minutinhos a mais e a comida queima. Frações de segundos e um acidente acontece com você e a vida evapora-se. Ou com alguém que você nunca quis pensar em ficar sem. O tempo liberta e aprisiona. Adequar-se a ele é uma necessidade de sobrevivência. De manter-se vivo, manter amores existentes, de saber esperar, de saber a hora certa. Não saber respeitar o tempo do outro lança grades em seu entorno e aprisiona o que devia ser espontâneo. Angustia, comprime, pressiona...

Meia hora pra quem corre pode significar uma corridinha rápida de 5km, um pouco mais, um pouco menos. De reabastecimento de energia, contraditoriamente à energia que se gasta. Pois faz minar água pelos poros que lava a alma, ainda que a distância não seja tanta. Mas serve pra dar o gás bom pra se enfrentar o dia de trabalho.

Meia hora significa pra quem nada, uns mil metros. Um pouco mais, um pouco menos. Depende da rapidez, do objetivo, do nado que você usa. Já te traz o benefício da disposição, do sair da inércia. E, acumulado, resulta em muito mais saúde.

Meia hora no trânsito significa filas imensas a frente, trânsito amarrado, atrasos para ir e vir. Estresse, caras feias, acidentes, gente apressada gesticulando e se irritando e a necessidade de se testar a paciência por não ter saído meia hora atrás.

Meia hora por dia dedicada a uma caminhada, ginástica, alongamento significam mais disposição, menos dores, vida mais saudável.

Meia hora pode ser a medida exata de uma conversa decisiva. Para definir o rumo de um amor que se inicia ou para dar fim a uma história que poderia durar muito. Meia hora faz nascer e faz morrer, depende o que se diz, o que se faz nesta meia hora. Mas uma coisa é certa: quando se contraria o coração dizendo aquilo que não se quer, de verdade, é inevitável estragar coisas que não se queria perder.

Meia hora é pouco tempo e é também tempo demais! E nem sempre o tempo volta atrás!

Saudade...

Não sei se é lenda, mas já ouvi dizer que a palavra “saudade” é uma expressão genuinamente brasileira que, assim como outras palavras, não pode ser traduzida em seu completo teor para outras línguas.

Tive a oportunidade de hospedar e passar por dois dias, em contato com uma chinesa, intercambista que morou nos últimos três meses e meio com minha filha. Ela fala fluentemente em inglês e bem em português, dentro do que pode aprender nestes meses em nosso país. Eu converso razoavelmente em inglês, mas sei que no intercâmbio dela, pela AISEC, o mesmo pelo qual minha filha viajará, o objetivo deles é desenvolver nossa língua e não nós aprendermos a dela, ou o inglês. E, apesar de gostar muito de praticar o “meu inglês” quando há a oportunidade, aproveitei para ensinar várias coisas a ela, o tempo que passei e passeei com ela em Londrina.

É nestas horas que você percebe a peculiaridade da “Língua Brasileira”! Tá, tá legal, oficialmente, usamos a Língua “Portuguesa”, o que discordo totalmente, pois temos uma individualidade lingüística que nos difere imensamente da língua falada naquele país. Mas, a exemplo de tantos outros, colonizados por ingleses, franceses e portugueses, temos de dizer que nossa “língua” falada é a deles... Denominações a parte, é quando estamos prestando atenção no nosso modo de falar para ensinar a um estrangeiro a nossa língua que percebemos estas peculiaridades e palavras como “saudade” aparecem para serem explicadas...

Bem, “I miss you” não é exatamente “sinto saudade de você”. Significa “sentir falta”. Mas pode parecer bobagem minha, mas não contém todo o sentimento da palavra “saudade”. Vou permitir-me viajar neste pequeno vocábulo. Saudade vai muito mais além... Diria que você já começa a sentir saudade, antes mesmo de ver a pessoa partir, por tanto amor que sente por ela. É uma sensação física que aperta o coração, comprime-o, tal é a ligação que você possui com a pessoa. Algo que extrapola explicações físicas de convivência, motivos racionalmente compreensíveis dentro daquele espaço incompreensível de “tempo e espaço”.

Saudade é a continuidade do amor, a sua perpetuação, quando não se pode ter a pessoa amada ao lado. Ou aquilo que você sente quando, no que vivo hoje, você permite que um serzinho que você ama tanto e tanto vá voar pra tão longe, pra buscar seu sonho maior do momento, o de ir conhecer outros ares, outros mares, outros lugares. E é neste momento que o amor mistura-se à saudade, numa mostra excepcional de amar acima de tudo, num sentimento desegoísta onde você opta por estar longe da pessoa amada por entender que seus olhos brilharão noutro lugar, suas asas se expandirão, o vento a levará por vôos nunca antes experimentados e tão desejados. Hora de abrir seus braços, nos quais a manteve segura por anos e anos, quem você ama tanto para deixá-la ir, deixá-la voar...

Já houve o momento onde eu chorei muito, como se nunca mais fosse vê-la, muito embora ela fosse morar a apenas 100k de casa, quando foi estudar em outra cidade. Quem já nos viu na imagem da minha chegada em minha primeira maratona em Curitiba, debaixo da chuva, o clic tão conhecido que roda por aí, nos vê nos últimos metros, correndo lado a lado, sorrindo uma pra outra, numa sintonia tão indescritível quanto perceptível, que revela um amor imenso que nos mantém unidas e conectadas apesar da distância física que, agora, por dois meses e meio, será muito, muito maior. Hoje, não é um momento de choro. O coração acostuma-se a ter a pessoa amada longe, quando sabe que para ela, é o tempo de “construir-se”, receber tudo o que lhe permitirá, depois, seguir. Posso até dizer que irei junto. Pois o amor tem destas coisas! A gente vai junto. E mantém a pessoa junto da gente. O amor ignora a distância, o tempo e resiste. Numa brincadeira de palavras existe, re-existe, resiste, insiste. Por isso que quando se ama, nunca se deixa de amar. A saudade é a palavra que inventaram para o amor que fica. Saudade é amar acima do tempo e da distância. É a certeza de ter sempre junto da gente, embora o tempo e a distância digam que não!

Giovana, hoje é o momento de seu vôo mais esperado. Diria que maior que qualquer formatura que você possa passar. Você, desde pequeninha já dava mostras que teria asas largas... E este tamanho de asas não se refere à distância que você vai voar em breve. Mas ao tamanho da sua capacidade em querer fazer algo por outros. Ainda ontem você me dizia que sempre sonhou em fazer algo pelos outros. Em outras épocas, pensaríamos em profissões, tal qual a de médicos em acampamentos de refugiados, ou coisas racionalmente delimitadas! Mas não! Como não poderia deixar de ser, algo inusitado surgiu, você enxergou e agora vai. Simples. Como gotas de bálsamo, você levará palavras a pessoas. A estudantes! Levará conhecimento aos outros. E, ironicamente, repetirá a missão da profissão de sua própria mãe. Ensinar! Qual não é o bom uso da palavra expressa e transmitida ao outro. Pois o conhecimento é o que nos distingue, nos capacita, nos abre os olhos, a mente e incita o coração a deixar de ser apenas um ser passante, mas a ser um ser que, embora errante, persiste, resiste e insiste na sua tarefa primeira que é amar acima de tudo e fazer o bem sem olha a quem. E usará tuas asas imensas ao dizer palavras que podem fazer a diferença! E dará passos e ensinará passos que podem levar a novos horizontes, buscar a luz e acreditar na vida. Vá, filha! Voe! Deus é contigo, sempre! Amo você!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A miopia

Raramente, saio de casa sem colocar as lentes de contato. Aliás, se não for a primeira coisa que faço quando acordo e me levanto da cama, é porque, simplesmente, dormi com as lentes nos olhos, a despeito de todas e todas as recomendações médicas que já recebi. Desleixo meu. Mas bem mostra uma necessidade interna que hoje percebo: querer enxergar longe, ver além!

Hoje, acordei querendo ir correr, nadar, caminhar. Qualquer coisa que me tirasse da inércia e que me desse de volta um certo vigor, uma energia que parece que perdi nestes últimos dias. Mas optei por vir aqui dedilhar. Talvez porque tenha passado os últimos dias com coisinhas fervilhando na cabeça querendo escrever e não o fazendo. Ao invés de obedecer ao coração que necessitava por no papel (ou tela) tantos sentimentos aflorados, posterguei, e deixei passar o bonde. Uma vez mais. Nada assim tão sério que não dê pra pegar de novo, assim como as borboletas azuis que rodopiam em torno da gente e nos convidam a ir com elas. E tantas vezes, olhamos, olhamos, olhamos e só vemos todo o impedimento que seria irmos com elas. Ao invés de alçarmos vôo tão imprevisto e tão inesquecível...

Ao acordar, hoje, fui espiar na sacada o tempo. Irônico! Como se indo lá fora dar uma espiada ver o céu, pudesse, de fato, ver o tempo. Este que tento ver e erro tanto por não saber interpretar e ver além. E que, de certa forma, é certo! Pois se, realmente, olhasse firmemente para o céu e Quem habita nele, pudesse, sim, ver o tempo ou acreditar e esperar por ele... E parei! Uns minutos poucos, bem poucos. Um céu sem sol, ainda, poucas nuvens e tantas coisas embaçada a minha frente.

Foi o retrato exato do que estou passando. A miopia. Posso ir lá fora espiar. Mas a minha miopia, esta que prontamente corrijo ao mal levantar e colocar as lentes em meus olhos para poder enxergar, me atrapalha. É horrível não enxergar além! Imagino que não enxergar nada (ou tudo) é ainda pior. Mas, hoje, não vou discutir o problema da falta de visão total. Mas a falta de se ver adiante. É estranho e me remete ao que vivo, uma vez mais brincando comigo com o que passo, vivo e sinto. Metaforicamente. Não consigo olhar e enxergar além. Debrucei na sacada e fiquei ali observando até onde e o quê meus olhos conseguiam definir a sua frente. Posso enxergar o contorno, o destaque das coisas delineadas no horizonte. Vagamente as cores. Mas sem definir onde, exatamente, começa uma e termina outra. Meço a minha capacidade ali, de dentro da minha casa. Do meu ponto de partida. E mesmo os prédios mais próximos não me mostram contornos definidos em seus detalhes. São linhas no horizonte que só serão descobertas ao se trilhar o caminho que me leva até elas. Sem ir até lá, jamais poderei descobrir como são. O que definem. Quais os pontos em que as cores se separam e são alegres, tristes, frias, e quentes. Somente indo até lá. Sem desistir.

É uma sintonia que bate em e meu coração, então. É sempre assim. Vem uma linha em meu pensamento e começo a brincar de escrever sem ter papel e caneta, ou o note na mão! Mas hoje não! Ao me vir a palavra MIOPIA em minha mente, foi como se fichinhas caíssem me fazendo ver o que não consigo ver. Um estado de miopia. Que me amarra as pernas. Me amedronta, me acovarda e me faz desistir de coisas que quero comigo. Não é fácil pular da cama para ir correr. Tem sido um esforço imenso, quase que um rigor de disciplina militar, mesmo amando correr, pular da cama que me chama, me gruda e ir. Mas, uma vez, levantado, e ido, o prazer que a corrida me proporciona só me afirma que vale a pena levantar e ir. Ainda mais nesta situação em que fiquei tanto tempo sem ela. Veja bem: meses sem ter o prazer dela, deste amor, destra paixão e, ainda assim, é difícil ir atrás dela! Outras coisas mais me amedrontam. E decidir de ir atrás delas, acreditar e esperar o momento certo de tê-las comigo não é algo assim tão fácil. A miopia impede muita coisa. Os passos se tornam comedidos. Pausados e oscilantes. Pois temem buracos e desvios à frente. Não sabem por onde estão indo. Mesmo sabendo que o coração manda seguir.

Precisava escrever! O coração que tantas vezes é ousado, entusiasmado e atrevido é também covarde e, mesmo querendo somente o bem, é egoísta. E erra! Erra feio. Às vezes, de maneira imperdoável, que ofende, destrói os horizontes vislumbrados e desejados. Concordo se me disserem que escrever metaforicamente seja uma forma escondida de eu escrever falando de coisas reais na vida de outros ou na minha própria. Quem saberá? Mas o medo é o grande monstro que assassina amores, mata sonhos, amarra pernas que querem seguir, sufocam, abafam o ar novo que tentou nascer...

Não sou de todo 220. Tenho momentos de apatia. De indecisões. Não sou de todo corajosa. Sou também medrosa, ainda que se trate de coisas que amo muito, muito! Eu sei e vejo, de maneira nebulosa, os contornos do que há adiante no horizonte. Mas sem minhas lentes, não consigo ver o que são. É difícil seguir além! Posso trombar naquilo que não vejo. Mas também sei que tenho a opção de ir e, a cada passo que der, ver de perto o que era a sombra que se mostrava de longe algo não definido.

Gostaria de ser menos medrosa. Principalmente quando sei que meu medo é cruel, mata sonhos e amores. Talvez, eu precise me adaptar a, de vez em quando, sair sem minhas lentes e recuperar a segurança de só enxergar um cadinho além. E ver que viver cada passo de uma vez seja interessante, possível e bom.

Muitos trens eu perdi, alguns cavalos brancos (as oportunidades que passam só uma vez e não retornam) deixei passar. Mas tudo aquilo que vivi, senti e se instalaram em meu pensamento e em meu coração ficam comigo pra sempre. Não importa se os caminhos se descruzaram. Se perdi o bonde, a corrida, a largada, o cavalo. Ao coração valente fica a memória. A saudade. As lembranças de cada momento. A certeza de ter vivido o sonho, o acontecido. Ao coração medroso sempre restará a dúvida de uma felicidade que pairou a porta e não se concretizou... Fica no vento, sem dono, na brisa esperando quem a tomará.
Mudaria o rumo das cosas, se pudesse? Muitas, sim. É preciso seguir a vida! Ainda que doa, doa muito. É o que dizem! Não sei se compreendo esta frase, pois é cruel e dura. E, por vezes, absolutamente, isenta de sentimento algum, o ponto exato onde se deixa tudo para trás para seguir. Onde se aplica a anestesia suficiente para neutralizar e poder seguir. Pois a vida segue...

domingo, 20 de novembro de 2011

O tempo que se perde é o tempo que se ganha!

Parada num ponto de ônibus com a difícil missão de chegar, em menos de meia hora à largada/chegada da maratona de Curitiba. Quem manda não acordar mais cedo? A parada na parada me fez viajar por reflexões...

Sair mais cedo, planejar a hora, sacrificar um pouco o sono pra pular da cama antes, são várias coisas que se tem de optar e fazer pra poder sair e ir de “busão” e chegar a tempo de cumprir o proposto. Bem, não fiz, exatamente, tudo isso! Então, paguei o preço. Mas ao invés de me lamentar, ver o que de bom ganhei. Se ganhei algo? Sempre se ganha! Basta ter olhos que vejam além... Vejamos:

Já fazia uns 30 minutos que eu estava lá parada no ponto. Andar de ônibus não é, definitivamente, das coisas que eu mais goste. Prefiro andar a pé a ir num ônibus. Ia até encarar a pernada. Mas depois de ser aconselhada que seria longe, resignada e animada fui à rua indicada.
Teria duas opções. Contando que seria necessário ir rápido, optei por uma. Chegou mais um rapaz no ponto, papeei com ele, perguntando o que seria melhor fazer e ele seguiu, eu fiquei. Chegou a senhora com cara de animada! Pudera! Olha o histórico! Diabética, recuperando-se de uma fratura no pé, saia do Paraná Clube, mais precisamente da piscina, em pleno domingo de manhã. Por que? Porque ela estava nadando! Porque no clube, ela podia fazer hidroginástica de graça para sócios, em determinados horários e para nadar, ela ia por conta própria, para nadar, por pelo menos duas horas... Não porque alguém lhe impunha. Mas porque, assim, ela se sente melhor. Pode? Pode! Dona Tereza! Devo ter conversado com ela por uns 20 minutos, apenas. Mas o gás que se recebe de uma pessoa desta, cheia e transbordante de energia é algo imensurável...

São várias “Terezas” por aí afora que, a despeito de ser difícil caro, trabalhoso, sem graça, saem a luta pela sua saúde. Não precisam ser, necessariamente, frutos de intimidações médicas que não deixam outra alternativa, entre morrer logo, ou exercitar-se. Começa pelo semblante. Domingo de manhã, quais seriam as opções? Faxina, cozinha, panelas suando preparando a comida de alguém, barriga molhando na pia e secando no fogão, missa, culto, gente, gente, casa cheia e... quem sabe a TV ligada fazendo barulho e companhia. Quem sabe seja esta mesmo a alegria, ou será a fuga, o caminho para cobrir o vazio do tempo? Nada contra as coisas todas que citei que cobrem o dia de alguém. Mas... e lá dentro, fora do tempo útil a todos, quem é que cobre o tempo? Para quem se cobre o tempo?

É mesmo verdade que eu devia ter me empenhado de outra forma para sair mais cedo e ter tempo de sobra para estar na chegada bem antes. Cheguei no ponto depois. O ônibus havia acabado de passar. E aquele sorriso feliz no rosto de Dona Tereza, criou uma simpatia imediata que assim que ela chegou ao ponto, já comecei a puxar assunto. Quando seu ônibus veio chegando, falamos mais umas palavras e lhe falei que tinha sido um prazer imenso em ter lhe conhecido. Sim, como foi! Entregar-se ao que não há como fugirmos, aquela curvinha descendente que indica a soma de anos percorridos, a curva descendente em saúde, agilidade, vitalidade é comum. Buscar viver o que falta, buscando o máximo de alegria, condicionando o corpo para responder melhor e viver melhor é o ideal.

Foram poucos minutos passados com dona Tereza. Um farelo em meio a horas que se leva pra correr uma maratona. Mas estar aberto a ouvir pessoas que nunca se viu e que nunca mais iremos ver faz parte de algo que nos aproxima do que são e do que somos. Abre-nos os olhos para vermos exemplos de vida em pessoas comuns. Que nem correm 42km. Nadam duas horas. Dentro de um mundo limitador que delimitaria muito mais, se os olhos dela não fossem, também, pequenos, alcançassem pouco, não viajassem por todas possibilidades que a vida oferece para quem quer ver e ir.

Perdi a chegada de todos os meus amigos na maratona. Mas ganhei o dia em ver tanta vitalidade num outro modelo de vida. Simples. Eficiente. Onde, como tudo na vida só depende de se dar o primeiro passo. Se perder ou se ganhar, só depende de como se olha para o relógio.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Meu relógio tem onze números...

Tempo bom este de chuva! Pra desviar das contas que, ainda, estão me esperando acabar com elas e ficar aqui... Fazendo das coisas que mais gosto: escrevendo...

Não é comum que eu fique à toa. Dá comichão nas mãos... E.. na língua. Sendo sincera, é o fazedor de letrinhas que não pára nunca! Seja por meio da boca, das mãos, das teclas...

Hoje é um dia perfeito pra dedilhar. E por, através de palavras, tudo o que vai fervilhando e nunca pode ser ouvido no meio do burburinho do serviço, dos telefones que não param de tocar, de pessoas amontoadas conversando ou gargalhando, eletrônicos ligados e corpos inquietos que não sossegam, nem se escutam a si próprios.

Quantas foram as vezes em que comecei a escrever em pensamento. Mas pensamento que não é registrado vai com o vento. Ao ler relatos em livros me via rindo sozinha, querendo, em seguida, já contar outro causo parecido, mas imersa de volta à realidade a história evaporava-se.

Tenho algumas figuras clássicas para descrever meus estágios de pensamento. Uma delas que uso muito é o corredor. Aquele em que vivo batendo a cabeça! Ora do lado de cá, ora do lado de lá! Num incessante tentar ir ao meio, no ponto de equilíbrio. Comumente, exagero. Coração demais. Razão demais! Inflexível demais. Relaxada demais... Assim, como se eu transitasse através de um corredor, ponho-me num andar desequilibrado onde a única forma de andar sem me debater nas paredes é buscar o meio. O equilíbrio. O ponto onde não sou nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Nem tanto bela, nem tanto fera. Bem tanto tola, nem tanto cruel. No ponto onde eu possa chorar quando o choro brotar, mas que eu possa ser dura o suficiente para sair de cena. Ser nada e ninguém e ser também alguém pra alguém.

E difícil acertar a dose. Expressar sentimentos ao outro é uma cilada. Parece-me que a certeza tem a costumeira habilidade de acomodar corações amornando o dia. O fogo da paixão acende, instiga. Mas apaga-se facilmente. A serena face da sinfonia que toca sempre a mesma melodia, no mesmo timbre, na mesma intensidade mantém a temperatura de um banho-maria. Nem lá, nem cá. Não queima. Mas também não doura. Devagar, cozinha.

É certo que há momentos onde nos é solicitado uma de nossas tantas faces. E dançamos conforme a música... Mas cá dentro na alma, somos mais uma do que outra. Por mais que eu tente ser adaptável a alguma situação, lateja o que sou, num retumbar incessante, frenético, como a me lembrar que não adianta querer parecer aquilo que não sou. O mais incrível é que sou exatamente transparente. Pecando por transparecer demais meus sentimentos, pondo sempre sinceramente meus pensamentos pra fora. Se me entusiasmo por algo, meus olhos brilham tanto por isso, que lampejo raios que atraem e convencem outros. Transbordo sonhos. Visto-me daquilo em que acredito. Os poros todos emanam meus sentimentos e pensamentos. Difícil disfarçar-me de alguém que não seja eu mesma... E, mesmo sabendo disto, tenho a boba mania de querer abafar, aquietar, pacientemente esperar aquilo que, para o meu tempo, demora demais! O meu relógio só tem onze números! O meu tempo sempre acaba primeiro. Meus minutos correm como se fossem segundos e minhas horas como minutos! Não sei esperar! Ou boto fogo demais e queimo, ou tiro antes da hora da panela e como cru. Será que um dia aprendo?

Ahhhh... O tempo... Talvez, por isso, eu fuja tanto dele e ele de mim. Brincamos de esconde-esconde e não nos encontramos nunca. Ora tarde, ora cedo. E eu custe tanto, então, estar no tempo certo das coisas, das pessoas e as histórias pareçam ser saídas de páginas, ao invés de parecerem cenas no tempo real...

Mas a despeito de tudo, creio. Que o meu relógio que bate como louco, apressadamente, vai encontrar seu compasso num passo certeiro. E desacelerar o passo, posso, posso... E eu tome coragem de me desapegar de páginas feitas de papel e deixe de contar histórias pra fazer história. Uma a uma. Uma por vez.

Tudo é metafórico!

Afff! Hoje é dia!
Estava escrevendo pra dar uma arejada na cabeça e... perdi tudo! Bem pra quem havia perdido o garmin, desesperou-se e, agora, achou tudo bem! Tudo pode ser perdido e pode ser recuperado... Ou não?

Nem vou mais escrever tanto assim! Muita coisa pra terminar HOJE! Contas que não acabam mais, mas que vou por fim hoje.
Balanço do dia de hoje? Difícil ter alguma conclusão. Estava numa vidinha tranqüila, quadradinha, previsível. Confortável e sossegada. Feliz. Mas reviravoltas, incertezas, pendências e, finalmente, uma grande conclusão. Finalmente, há luz e tudo leva a crer que haverá e acontecerá o fim e encerra-se esta fase. Enfim! Mas nisto tudo, o estável se desestabilizou. Tipo... um terremoto e o que era não é mais. E o que parecia querer ser teima em não dar sinal de vida, me gerando uma insegurança danada e a sensação de ser tola em acreditar em borboletas azuis!

Explico: quem não quer acreditar em borboletas azuis que borboleteiam ao nosso redor? Como um presságio de que tudo vai bem, até o ano que vem? Ou mais, indefinidamente? Arriscar-se é um verbo que conheço bem! Característica minha. Diria, minha essência! Atrevimento, lugar incomum, mirar o impalpável. Quantas coisas eu poderia definir, sinônimas disso! O que eu não quero, definitivamente, é ter de me reacomodar dentro daquele buraco aberto no terremoto! Quando a terra treme, o baú que guarda os nossos segredos, abafados, sufocados vem à tona Abre! Irradia. Traz pra fora ares já conhecidos. O perfume esquecido e as lembranças ficam no ar. O tempo, muitas vezes, é um vilão que camufla aquilo que nos é peculiar. Não sei se ele (ou se nós) abafa o que somos. Se não for o tempo o vilão, somos nós mesmos. E, creio, contradizendo o que dizia, a segunda opção me parece muito mais real e convincente... E ele, o tempo, só traz à tona, aquilo que não pode ser sufocado nunca. A essência. A alma. Nossas verdades.

Por mais que eu queira me encaixar em modelos politicamente corretos, se este modelo não incluir a mim mesma, não dá certo! Tentei. Juro que tentei! E tento muito, ainda! Acho que me perdi pelo caminho. Tentei concentrar minha identidade em várias coisas, em vários “fazeres” e me esqueci de ver de onde brotava tudo isso. Não é que seja de todo perdido. Nada tão radical a ponto de se jogar tudo fora. Não! Mas tenho de ter a sinceridade de admitir passos errados que dei. Caminhos errados pelos quais passei. Alimentos errados que ingeri. E ares que sufocaram e não me fizeram bem. E, de tudo, enxergar o melhor. E tentar, sinceramente, descobrir para onde quero ir!
Costumo ouvir palavras que me dizem, me definindo. Intensa. Impulsiva. Duzentos e vinte. Na tomada. Fogo. Quente. E vejo que todas descrevem alguém que parece estar o todo tempo em erupção por algo. Como se necessitasse, ou fosse de minha natureza, estar sempre fervilhando, borbulhando...

Já passei por fases onde, nitidamente, abafei-me. Ingenuamente, poderia indicar outros que estivessem me abafando. Mas a verdade nua e crua é uma: somos nós mesmos que nos permitimos nos abafar! Ninguém, além de nós mesmos tem responsabilidade maior pelo caminho que nós mesmos tomamos! E há uma voz que nos sussurra. Mas que teimamos em não ouvir... E uma hora chega, em que é impossível prosseguir por um caminho que nosso coração não quer ir!
Meu tempo, hoje, parece ser o de estar num extenso vale onde se alcança com a vista bem longe, mas não miro lugar algum. Algumas vezes, me vejo numa encruzilhada, tendo que decidir se por ali, ou por aqui. Sem enxergar ao certo, os caminhos adiante em qualquer uma das opções. Pareço estar num vale, tendo acabado de passar por montanhas. Aquela sensação boa de quando você caminha, caminha e caminha, não enxergando muito além, quando está passando por estreitos caminhos, de pirambeiras e precipícios e, de repente, se depara com o fim dele. Abre-se o horizonte diante de mim e vejo longe. Muito longe. Há mar bem além. Céu descobrindo-se. E o ar vem como em golfadas me receber. Em tufos! E estabiliza-se numa brisa que balança meus cabelos e parece querer levar o que ainda trouxe junto comigo embora, me fazendo deixar pra trás, tudo aquilo que não precisarei mais! Para descer, por fim, por este caminho até o vale, sem peso extra nenhum. Posso, agora, deixar toda provisão a mais que carregava, no receio de ficar pelo caminho, de surgir um imprevisto, de ter alguma emergência. O caminho que se abre a minha frente não sugere nenhum tipo de imprevisto. O ar é farto. Nada mais me sufocará! E a luz está presente.
Posso até me dar o luxo de sentar-me um pouco para contemplar. Mas não sinto necessidade! Respiro fundo! Uma vez mais. E sigo!

O caminho vai se abrindo diante de mim, como se já fosse tão certo que eu chegaria a ele. Meus pés parecem não ter dificuldade nenhuma em seguir. Tenho, então, a plena certeza que tem início um tempo de calmaria. A caminhada se faz no caminhar. Não é necessário levar equipamentos externos que usei nos lugares pelos quais passei. A lembrança basta! A experiência do acontecido. Adiante, toda ferramenta deve ser nova. A cada lugar há um calçado apropriado. A cada novo momento, novos olhos para receberem o que vier e sermos o que somos, no exato instante de ser.

Voltando ao início... Se tudo pode ser perdido e pode ser recuperado? O que realmente importa, vejo, nos empenhamos para ser recuperado. Veja só: enquanto não achei meu Garmin, não sosseguei. Poderia ter me conformado e ele ficaria, indeterminadamente, esquecido numa necessaire rosa, no fundo do meu guarda-roupa. Mas, como era importante achá-lo, me empenhei, não sosseguei e achei! Não fosse isso, haveria sempre a possibilidade de usar outro relógio, ou melhor, ou pior. Dependeria dele e de mim. É sempre um caminho de mão dupla. Se me serve e se gosto! E deixar pra trás aquilo que não existe mais!

Tudo é metafórico!

domingo, 13 de novembro de 2011

Enfim , o retorno!

Dói, dói, dói, dói.
Dói, não dói, dói, não dói, dói, não dói.
Não dói, não dói, não dói, não dói...

Descobri que é assim a vida de corredor!
Feita de auto-sugestões poderosas, convincentes para que o cérebro envie mensagens ao corpo, principalmente às partes que DOEM após o exaustivo trabalho físico, convencerem-se, no exaustivo trabalho mental de que NADA DÓI!
Acabei de ler o livro de Haruki Murakami “Do que eu falo, quando eu falo de corrida”. Título em menção ao outro, lido pelo autor, em que a palavra corrida substitui outra: AMOR! Nele, li frases interessantes. Passagens hilárias e cenas que, certamente, todo corredor já passou! Uma delas, marcantes pela essência que contém é algo parecido com “Nenhum ganho é adquirido sem a dor!”. Tão forte, quanto verdadeiro... E, hoje, chegando em casa, após uma hibernação total de corridas por oito meses, decidi mandar mensagens da ALMA ao cérebro e este, por sua vez, ao corpo. Ou talvez, seja em outra ordem... O corpo, em completa e alucinada abstinência de sua droga pedindo desesperadamente à alma que se solidarize com ele e convença à mente de que é chegada a hora! De contrariar, de novo, o que a ciência dita e ir contra a maré. Afinal de contas! Se era para parar para parar de sentir dor e a dor continua, solicita-se, então, uma segunda chance ao “Invisível”. Sentir dor correndo... Ou ainda, na misericordiosa e conhecida atitude do “Senhor Invisível”, correr, novamente, sem sentir dor! Pois olhe só o que se sucede, então! Após este jejum sofrido, combinado com uma amiga do grupo em que corria, planejei ir, simplesmente ir, sem consultar se podia, se devia se agüentaria. Fui! E... para lavar a alma, com as próprias lágrimas que minaram quando o trecho estava já sendo cumprido, ao final, ao mesmo tempo em que desacelerei, no começo de uma dorzinha tão conhecida, olhei pra trás, busquei o olhar amigo de quem tem me acompanhado, agüentado neste longo caminhar, esperei e dei-me o direito de dar-lhe a mão e mais a outra amiga/companheira de corrida para chegar com anjos junto de mim, uma de cada lado, como se a chegada ao Botânico fosse um lindo portal de chegada, da corrida mais esperada por mim: o meu retorno! É lógico que chorei! Parei com os pulmões pulando pra fora, mais do choro, do que da falta de resistência que se perde, com certeza, por longos oito meses sem correr. Abracei a minha amiga, andei pra ver se o coração parava de insistir de pular pra fora, dizendo que estava vivo, de novo, andei mais um pouco e, de repente, parei naquela posição tão conhecida pela gente. Abaixei-me, com as mãos apoiadas nos joelhos, apoiando-me a mim mesma e chorei compulsivamente... Eu tinha vencido meus medos. Eu só conseguia agradecer a Deus por ter sido, mais uma vez, tão bom comigo... Justo comigo que nada mereço! Como pode um Deus ser assim tão bom??? Chorei e chorei e chorei. Eu tinha corrido 10km! 10 km com sabor de 42! Fechar o percurso ali que saía do Botânico, ia próximo da pedreira no Cafezal e voltava me deu a alegria tal qual quando concluí minha primeira maratona. Ou ainda, mais longe, quando dei minha primeira volta inteira no “meu” lago. Eu estava radiante. Mas, principalmente, enxerguei o quanto Deus é fiel, cuida, presenteia quem nem sequer merece, se fosse ver o descaso com que tem sido lembrado em minha vida... Mas Ele é assim, gracioso, misericordioso e dá aquilo que Lhe convém, no Seu tempo, ainda que não saibamos o porquê. Usa, sabiamente, o tempo para nos educar. Dá e tira. Porque quando temos algo, indefinidamente, deixamos de enxergar o quanto exageramos ou nos cegamos para tantas coisas, que também são parte de nossas vidas, importantes e que carecem de nosso tempo.
A corrida mexe demais com a gente! Todo corredor vive, sente e sabe disso! Não invariavelmente, a corrida nos chicoteia, nos educa, nos remete a uma dimensão de aprendizado onde correr é apenas o cenário que operacionaliza aquilo que acontece conosco na vida. Superar limites, vencer desafios, acreditar em impossíveis. Crer quando nada parece indicar que o caminho nos leva ao sonho. Correr nos faz, se nos permitirmos, mais crentes! Aquele que crê. Em Deus, em sonhos, em esperar o tempo certo de acontecer. E vivenciar o sonhado!
Eu sei que há todo tipo de corredor. Mas falo daquele corredor com ALMA de corredor! Pois há vários tipos espalhados por aí que apenas vestem a veste e saem para suar e marcar presença. Tudo externamente. Mas quem vive coma alma de corredor latejando cá dentro possui uma força tão grande dentro de si que pode realizar coisas que sua imaginação duvidaria! É uma ousadia atrevida que nos faz quase arrogantes. Ou prepotentes. Ou ingênuos na visão daqueles que se dizem “realistas”... Acreditamos em coisas que, muitas vezes, a nossa aparência enuncia-nos como “loucos”. Mas, quem não sabe em nosso meio que “louco é quem me diz que não é feliz... Não é feliz...”.
A paixão, o entusiasmo torna possível aquilo que todos os outros não acreditam. Eu vivenciei, nitidamente, isto ao sonhar e acreditar na Maratona de Londrina quando eu a pus no papel e, ali, pouca gente era capaz de acreditar vê-la acontecendo. Mas a paixão que faz brilhar os olhos, aquela coisa intensa que faz pular de dentro da gente aquele entusiasmo é capaz de convencer o outro que também sonha e deseja realizar o sonho. O entusiasmo casa-se, então, com a determinação. Que move e empurra-nos, tirando-nos do sofá, da cama, e nos põe lá fora pra ir atrás do que buscamos. A perseverança nos faz prosseguir. Mas a paixão acende a chama toda vez que nos vemos numa escuridão que intenciona nos fazer desistir. Tudo isso no plano humano. Mas, definitivamente, tudo debaixo da vontade de Deus.
Já tive uma fase exagerada onde necessitava falar de Deus a todo momento. Exagerei. Aliás, tendo a exagerar em quase tudo na minha vida. Foi por isso que tive de parar de correr. Excesso de treino, de rodagem, de subideira, de perrengue, de paixão por correr sem querer descansar. Como todo excesso é prejudicial, obviamente, minhas idéias confundiram-se muito e perdi o rumo em várias coisas importantes da minha vida. Quando isto acontece, recuo. E, embora continuasse crendo em Deus, parei de mencioná-Lo, de me lembrar dEle, de Lhe pedir o que fosse importante para mim. Hoje, pedi! Pedi que pudesse correr! Correr depois destes meses todos, sem colocar o esqueleto pra chacoalhar no asfalto é quase como reaprender a andar. Como eu, de fato, já passei, após aqueles sete meses de muleta, quando o fisioterapeuta me ordenou para deixá-las de lado, e ANDAR! Medo... medo.. medo... A gente parece ter medo que o corpo não se lembre como é que se faz pra andar de novo! Mas... ele sabe! Disse hoje, depois de ter parado de correr, depois de passar a euforia toda, quando tomávamos um café todos juntos, que o corpo parece ter uma memória corporal que homem nenhum conseguirá criar e colocar no mais moderno computador. Quando acordei e, sem me permitir pensar muito (SENÃO DESISTIA!) revivi aquele conhecido ritual: por o top, por a camiseta, o shorts, calçar os tênis... E eu ACREDITEI que TUDO daria certo. TEM QUE CRER! Creio, este é o primeiro passo. Tem que CRER e QUERER! É o segundo passo. Não adianta uma parafernália de coisas “externas” se lá dentro não houver aquilo que, realmente, move um corredor ao seu alvo. Sei que não permiti qualquer nuvem escura se aproximar de mim e saí. E quando, depois de toda converseira habitual pré corrida já havia se esgotado e a hora havia chegado, fui pro asfalto e fui saindo de mansinho... Sentindo o corpo. Sentindo o vento. Sentindo, sentindo... Cara... não dá pra descrever!!! Acho que depois de uma disfarçadinha daqui, um papinho dali, fui me afastando, como se fosse um momento só meu, para que eu pudesse me perceber que eu ESTAVA, FINALMENTE, CORRENDO! Tudo como antes. Arregaçando a camiseta, indisciplinadamente para cima, pra me safar do calor, com aquela “quebrada” de quadril tão característica minha e que nada mais é do que o modo que meu corpo encontrou para livrar a sobrecarga do movimento da corrida de meus joelhos lesionados, a necessidade de rapidinho arrancar de vez a camiseta e correr só de top e de achar uma bica, uma torneira para enfiar a cabeça debaixo da água pra me ensopar todinha pra refrescar meu carburador e dar um refresco na alma... Era como se nunca houvesse ficado sem correr! As subidas mais sofridas, as descidas soltinhas, a passos largos, o corpo indo, indo... Eu estava extasiada!!!! Radiante!!! Chegava ter aqueles pensamentos bobos e sinceros tipo, que poderia morrer ali que morreria feliz... Que se eu nem corresse mais em outro dia, que já me bastaria ter vivenciado esta maravilhosa sensação de ter corrido por este dia. Mas que, rapidinho espantei a idéia e pedi a Deus: “Ah, vá, pode ser por mais tempo, Pai?”. Corri uma parte sozinha para, na volta, me juntar aos meninos e correr no compasso deles. Tive, ainda, o tempo de ver que o céu inclinava-se pra mandar chuva e, relembrando o deleite que foi terminar meus primeiros 42 debaixo de chuva, desejei a chuva. Correr na chuva era dos meus maiores prazeres!!! E dividi com os outros que se Deus quisesse, ia chover... Parei para refrescar o carburador na bica do IAPAR, novamente e segui. O céu estava carregado e meu coração dizia “pra brindar o dia, só faltava vir a chuva...”. Pois olhe só! Na descida do Botânico, nos últimos 2km, vim papeando com Deus, numa conversinha te-te-a-te-te e pedi, de novo a chuva... Acreditem, ou não, a chuva veio na mesma hora... Pode? Pode! Soltei um grito bem lá do fundo da alma. Ia mesmo lavar a alma!!! Chuva boa!!! Pra fechar o dia!
Da hora que terminei os 10km, da hora que me afastei um pouco do pessoal e chorei, da hora que agradeci a Deus eu pensei em sentar e escrever. Sei que meus textos são longos. Extremamente longos! Miguel Delgado pega no meu pé. Ricardo Hoffmann tenta me dar dicas. “Respira, Susi! Respira!” Com isso, ele quer dizer para eu falar de-va-gar... Senão sufoco o leitor! E o Miguel me diz: “Dê enter! Dê parágrafo! Não joga num blocão, não!”. Meninos, me perdoem! Hoje depois de tanto tempo sem escrever, sem correr, me dêem o direito de ser assim... tão Susi!!! Estou feliz demais! Do tipo, o mundo pode acabar hoje. Mas, melhor ainda se começar a partir de hoje.
Bem, que já leu meus textos, noutras vezes, sabe que se não fosse assim, não seria eu. Eu precisava dividir esta alegria. Muitas pessoas acompanharam que eu não pude correr por meses e a “minha” maratona tão sonhada foi “corrida” pelas 42 asas, que se tornaram quase 200... As coisas nunca acontecem por acaso. Não correr gerou outras coisas importantes. Pequenas, mas nunca insignificantes. A idéia de criar as asas para eu correr envolveu um monte de gente de diversos lugares deste Brasilzão. E, de vez em quando, alguém me conta que foi correr com o botton, ou que correrá a próxima corrida com ele. Ou que, ainda, correu por aí afora e fez o anjo... NADA É POR ACASO! Se era isso que o “Cara” lá de cima queria de mim, me pondo de castigo, não correndo por estes longos oito meses, tudo bem! Entendi a mensagem. Repassei. E ela rodou. Correr é bom demais. Mas se você dividir esta alegria com alguém, se você puder ser anjo na corrida, na vida, se puder pensar no outro, fazer algo pelo outro, esta alegria multiplica. O prazer extrapola. O sentido ganha uma dimensão muito além. E a corrida passa a ser, aí sim, um bom motivo de viver.
Obrigada a todos os anjos que correram por mim! Tardio o agradecimento, mas vem do profundo, do mais profundo do meu coração!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Sumiço

Bem... totalmente OFF há tempos... antes eu cometia o tal "overtrainnig", descaradamente! Com meu agito da maratona de londrina, tomei uma overdose de internet e pra sarar, sumi! Ainda não tô de volta, mas ando c sdd, de verdade, de mt gente q conheci através do face, pela paixão à corrida e gente q aprendi a admirar, memso conhecendo tão pouco! Pra cultivar amizades, é preciso cultivar! Dá trabalho manter um face na ativa! E minha vida precisou de cuidados extras na esfera real e não virtual... Me perdoem o sumiço! Nem respondendo estou. Nem agradeci as mensagens de parabens pelo meu niver! Mas a vida é pra ser brindada todos os dias, não é? Entào, agradeço por me desejarem a felicidade que vai sendo cosntruída a cada dia, a cada amizade sincera colhida, a cada sonho realizado, a cada amor descoberto, a cada passo avançado no trilhar da vida. Estou em fase hibernáutica! Na caverna! Nada obscuro, nem melancólico. apenas curtindo o lar redescoberto e criado, cuidando de muitas pendências urgentes e, covardemente, fugindo do ambiente que me chama, me é paixão e ainda nào posso, nào dá pra encarar, ainda que queira muito! Confesso: tentei correr! minúsculos 1,5km. Toda feliz e faceira por não sentir dor... na hora... Porque depois, tenho de ser realista: não dá! Dói! Dói muito! Mais na alma do que no próprio pé. e olha que dói o pé! Então, como 99% de meus amigos e contatos são de corredores ou apaixonados pela adrenalina e viciados em endorfina, fujo!
É preciso redescobrir outras paixões quando o corpo não obedece nossMinha paixão número UM entre coisas a se fazer é a corrida. E sem ela, fico meio sem identidade. Tentei o remo, desisti. Adoro, mas não foi o suficiente para me fazer levantar cedo pra encarar meu lago adorado. Caminhar? Caminho, às vezes. Comecei assim, não foi? Mas depois de sentir o vento bom da corrida, a caminhada não satisfaz. Pedalar é quase lá. Mas a preguiça tem falado mais alto. Enfim, hoje, um grande desabafo de quem fala, fala, escreve, escreve tanto e silenciou por tanto tempo. São fases! Passa. Já, já... Aí, volto.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Maratona sem Baleias não é maratona!!!

Não deixem de passar no rodapé da página e ler um relato inspiradíssimo e inspirador de Ricardo Hoffmann! Aee, Ricardo, Londrina fez bem ao Baleia! Teu relato foi dos mais, digamos, preciosos que definiram bem a sensação extrema de prazer ao se concluir uma maratona, atento a cada detalhe que nos enriquece e nos alimenta... Mais do que tanto gel, azeitona, bolacha, salada de fruta, isotônico que havia no meio do caminho...

Querendo, visitem o blog dele... Imperdível, impagável!!!!

http://runforfree.blogspot.com/2011/09/iv-maratona-de-londrina-2011.html?showComment=1315256054537#c5178150591470807920

Em seguida, meu coments em seu blog...

"Pow, Ricardo... Olha só! Já ia me animando que AGORA eu ia dormir... Mas numa última passada nos emails, eis que vejo teu recadinho... Caraca! E eu ainda nao tinha lido!! Como assim???
Vcs estãp presentes por todos lugares. Até agora, quando eu começo a "falar" sem parar, sem dar pause, enter, lembro de Miguel Delgado falando: "Respira, Susi. Dá um enter, não escreve num blboco só!!!"
Vc é respnsável por muita coisa que me inspirei e escrevi. Agora, lendo este teu relato... Pow, olha só! Tive a mesma reaçào de quando li o Operação Portuga! Tem noção??? Esborrachei de rir e ia imaginando quadro a quadro, cena por cena... Fui passeando junto de vc por todo o percurso que vc descreveu, rindo junto, subindo e encarando as ladeiras! Até as subidas foram engraçadas de subir, pois vc teve a maestria de colocá-las humoradamente nas suas palavras!
Que posso dizer? O que venho postando em cada Baleia que encontro na rede! Que prazer foi conhecê-los pessoalmente! Rindo, sentindo o clima baleístico entre vcs! Juro que nem percebi a disputa acirrada entre vc e o Miguel... E olhe só: busquei o gordo! fiz meu ano pra ele! E pode falar? Ele confidenciava que nunca mais faria maratona sem treino! E dizia... "Mas que maratona do C..." E dizia que era a unica coisa que conseguia pensar para expressar o quanto gostou e se sentiu cuidado e bem servido aqui!
Ricardo, falaria c vc por horas aqui. Pois vc teve uma inspiração tamanha, que nos deixa a vontade pra continuar a prosear esquecendo das horas... Tal qual uma conversa daquelas que se tinha antigamente!
Bem, fcio por aqui, senao levo bronca do gordo porque não páro de escrever!!!!
Inspiradíssimo!!!! E o clic perfeito, bem, a gente divide os creditos depois!!! Eheheheh!"

domingo, 4 de setembro de 2011

Digerindo... Uma maratona diferente!



Passei uma semana anterior à Maratona de Londrina ligada, ainda mais, no 220... Quem achou que eu desligaria no dia 28, logo após esta maratona acontecer, enganou-se... Agora é hora de DIGERIR... Gostinho bom, daqueles que se aprecia devagarinho... Para prorrogar um tequinho a mais o gosto bom do apreciado!

Estou a base de sonos picados! Passando o tempo assimilando, absorveno, captando o que se diz sobre a maratona para que a próxima possa ser ainda melhor, no que houver. De uma forma tão espontânea, vi tanta gente aqui na terrinha elogiando o londrinense, na sua receptividade, em sua simpática maneira de receber, acolher e prestigiar a prova. O percurso considerado difícil pelos maratonsitas experientes, ao invés de ser um motivo de crítica e sugestões de mudanças, interessantemente, tem tido um efeito contrário, incitando aos maratonsitas encararem Londrina como uma espécie de Desafio Maior, daqueles que so o encarará e voltará, quem se propuser a treinar tão duro quanto a prova o foi!

Um percurso destes tão bem servido até o final, como foi, deu suporte aos que persisitiram em não desistir. A presença de "anjos" na platéia, nas laterais, em gestos simples como banho de mangueira no final lá pelo km 39, na Padaria Santa Ceia, a alegria contagiante de quem assitia e gritava, aplaudindo incentivando e a doação de asas que acompanharam amigos, desconhecidos no caminho e até aqueles que acabaram sua prova e retornaram... para buscarem seus amigos, levando-os nas asas... Gestos e gestos de doação. De "fazer pleo outro".que tornaram esta prova especial...

Por esta que vejo que vale continuar acreditando que SONHOS movem impossíveis. Realizam proezas, contornam malabaristicamente, dificuldades que a razão encara e desvia. Pequenos gestos têm o poder de desencadear um efeito avalanche! Foi assim com a Maratona, quando ela nasceu! Foi assim com as 42 asas que se espalharam pelas ruas de Londrina. Tem noção? Quase duzentos pontinhos espalhados nas camisas de corredores de 5, 21 e 42km, representando que "fazem anjo" e fariam algum bem a alguém? Que correriam levando consigo a idéia de incentivar alguém no caminho, que levariam alguém na asa e que compreenderam que correr é algo, definitivamente, muito além de um exercíco pras pernas... Que extrapola, vai além e que quando você corre com a alma, ultrapassa o pórtico e sua corrida perpetua-se na vida e que você pode, sim, FAZER A DIFERENÇA...

A Maratona de Londrina, para quem veio, poderá ser sempre lembrada por este contagiante ar de companheirismo, solidariedade e de asinhas espalhadas por aí, cuidando do outro, como verdadeiros anjos!

Que este espírito prossiga, muito além dos limites da nossa terrinha!

Maratona de Londrina - album de fotos!




Compartilhando fotos da Maratona de Londrina:

https://picasaweb.google.com/116380377945383840877/MaratonaDeLondrinaUmaMaratonaDeAnjos

Album de fotos das 42 asas pra correr uma maratona



Compartilhando fotos de Olga Leiria que, em parceira com a Yoshii, ficou de plantão na largada e na Praça Tomi Nakagawa para clicar as 42 asas passando...


https://picasaweb.google.com/116380377945383840877/42AsasParaCorrerUmaMaratonaPorOlgaLeiriaFotografaQueAYoshiiNosConcedeu

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

"BORN TO RUN": 1° Maratona de Londrina - Pr

"BORN TO RUN": 1° Maratona de Londrina - Pr: Salve Galera Com muita honra que venho aqui falar, desta sensacional prova ocorrida neste último domingo 28/Ago/2011 em Londrina norte do...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Maratona das Asas

Era pra serem 42 amigos que me levassem em suas asas pra eu correr uma maratona. Esta que sonhei e que soube que o prefeito Barbosa Neto contou pra todo mundo que nasceu ali, no ladinho do Lago Igapó, em meio a uma corrida de aniversário da cidade, numa conversa minha com ele.

Não tem jeito! Se fosse diferente, não seria eu! Cutuquei-o no ombro e disparei: "Prefeito! Vamos fazer uma meia em Londrina? A cidade já comporta..." De cara ele, visionário, topou. Mas devolveu: "Me leve o projeto" Levei! No dia seguinte a prova! De lá pra cá, SONHO e AÇÃO se juntaram. E fizeram nossa maratona acontecer.Conto isto, hoje publicamente não para citar ou destacar nomes, uma vez que ele próprio gosta de contar esta historinha,sempre que se pronuncia. Conto para que todos que têm seus sonhos OUSEM colocá-los pra fora. Para as pessoas certas!

É preciso ter ousadia para sonhar. E mais ousadia para por em prática. É publico, pois o nascimento desta maratona se fez no meio a uma multidão. Não poderia ter sido melhor!Não poderia acontecer de forma melhor! Tantos que acompanharam o seu desabrochar vindo de tantos lugares diferentes para presenciarem...

A prova já começou a ganhar este jeito de maratona dos anjos, ou maratonas das asas ali, pois foi compartilhada, desejada e buscada! E hoje, tornou-se realidade! Não há como descrever minha alegria em ver uma maratona linda, organizada, farta e cheia de brilho proprio passar pelas ruas da cidade em que nasci e cresci. Não havia nada que indicasse que um gesto poderia fazer a DIFERENÇA. Mas FAZ! Uma atitude, uma ação, vindos de um sonho. E movimentaram toda uma cidade, trazendo tanta gente...

Não é uma pessoa que move multidões... São os sonhos que ela carrega! Somente por isso que esta maratona aconteceu. Sonhos movem impossíveis, realizam grandes coisas! Que todos os apaixonados pela corrida neste brasilzão possam se inspirar no nascimento desta maratona. E levarem para suas terras este sonho. Somente quem já passou por um pórtico de chegada de seu desafio e, de uma forma singular, de uma chegada de uma maratona, sabe o quanto ela mexe com a gente. Dá vontade de repartir com os outros o sonho. Reparti. E hoje, ela existe aqui!

Claudir Rodrigues: um campeão em simplicidade, em generosidade e que foi uma das 42 asas!




Vou contar uma coisa pra vocês! Que me emocionou e me faz, hoje, admirar ainda mais este moço simples, manso e que foi nada mais, nada menos, nosso primeiro campeão na Maratona de Londrina! Estávamos em frente à loja onde acontecia a entrega dos kits, quando o Pinguim esticou os olhos e falou “É o Claudir, o tri-campeão da Maratona de Curitiba!”

Olhando, você vê um corredor sem pompa, nem pose, de poucas palavras e simples, tanto quanto era a sua simpatia em falar conosco. Lá fui eu atrevidinha, de novo, conversar com ele sobre várias coisas e, como estava na pilhagem das 42 asas, comecei a lhe falar sobre os “anjos” que acontecem nas corridas. Que simplicidade extraordinária. Nada extravagante! Apenas alguém que corre como ninguém, mas que não esqueceu as raízes e que compreende e pratica o “fazer anjo”.

Não foi preciso explicar muito! Ademais, o que explicar para um maratonista que se revelou um grande vencedor não somente nos 42,195km, mas em essência, tem aquilo que faz de um homem, um verdadeiro maratonista?

Dizemos que quem faz anjo, somos nós, amadores, que corremos sem compromisso de tempo, que não visamos pódio, que não perdermos nada ao voltarmos pra buscar ou acompanhar alguém durante uma prova. Mas veja bem: Claudir encarou 22 horas de busão para estar em Londrina, ouvir-me um tequinho, dar-me uma lição de simplicidade e de que sabe, exatamente, o que é ser asa.

Quando atrevi-me a lhe perguntar se me daria a honra dele usar o botton que simbolizava as 42 asas, qual não foi minha surpresa ao ouvir algo como um “Claro, certamente, é isto que vale na corrida! São estas pequenas coisas que dão sentido à corrida!” Eu estava deslumbrada com ele. E muito mais ainda, quando após uma conversa parecida com outro possível campeão na prova tive uma negativa em usar o botton. Nem como lembrança, nem mero presente.

Melhor assim! É uma pequenina peça que resultou da colaboração de anjos que elaboraram e me mandaram de Curitiba. Mas que representam as 42 asas. Tem que usar, apenas quem sabe, faz e se propõe a praticar o anjo na corrida. Definitivamente, Claudir não é apenas um campeão nas pernas que o levaram ao lugar mais alto do primeiro pódio da Maratona de Londrina. É anjo, de fato! Propaga, gentilmente, em suas poucas palavras, em suas atitudes simples, discretas um modelo de corredor que, certamente, age em sua vida levando outros em suas asas!


Perfeito o pódio! Subiu mais alto aquele que correu com asas!


http://www.maratonadelondrina.com/2011/?p=200

Claudir Rodrigues, quanta honra ter você como uma das 42 asas pra correr uma maratona!

*Pensei que seria maluquice minha ver o botton em sua camisa. Mas ele estava usando! Dei um zoom pra ver a pequena pecinha que, hoje, simboliza tanto! Basta olhar, em seu ombro esquerdo o bottonzinho vermelho!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Os anjos multiplicaram!

Só para constar... OS anjos multiplicaram! As 42 asas cresceram numa dimensão que emociona ao se gastar um tempo ouvindo as histórias que cada um tem pra contar sobre seus anjos! Os que deu e os que recebeu. Tenho ouvido histórias e histórias. E são estas que pretendo relatar no blog. Vai um tempo..Ainda estou curtindo o gostinho gostoso de saborear algo delicioso... Tal qual quando se coloca um doce boom na boca e você não o mastiga... mas fica saboreando devagarinho pra sentir todo o sabor..

A Maratona foi linda! Ver tantos corredores londrinenses estreando na maratona.. Ver tantos outros mais estreando na meia em sua terra natal... Ahhhhhhhhhhhh... Não há preço pra isso!!! A felicidade de tantos que cruzei no caminho.. Tantos que parei pra conversar um teco, enquanto fazia anjo de bike... O brilho dos olhos de quem vence um desafio, alcança e realiza um sonho é algo inacreditável! E extremamente contagiante! São tantas e tantas pessoas que não fazem absolutamente nada e que estão super empolgadas pra participarem em 2012 das provas menores!

E mais: contagiar as pessoas a fazerem anjo, ou fazê-las perceber que já eram sem nem saber, é algo que fará a diferença nas corridas! É isso que levo pra casa desta maratona. Por hoje é só isso!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Histórias que inspiram: Yara Achôa

Histórias que inspiram: Yara Achôa

"Cada treino que finalizo, cada corrida que concluo, sentindo as dores e as delícias de correr são especiais. Na corrida você vence os obstáculos (dor, percursos difíceis, frustrações) e se sente poderosa. Depois, no dia a dia, nada mais fica complicado. Você se sente capaz de resolver tudo. Correr mudou minha vida e continua mudando a cada dia."

Esta é Yara Achôa!
Cheia de vida! E de lições recebidas e compartilhadas na corrida..
Vale ler!

Double anjos! 42 asas pra correr uma maratona... que já são 83!

Era pra ser 42... Agora, o número é apenas um detalhe no meio desta "brincadeira" que tem como porpósito, enfatizar a essência da corrida. Aquilo que nos faz, de fato, correr quando as pernas já não aguentam mais... É o coração que leva!
Todo mundo que já fez maratona sabe o quanto é preciso ter "cabeça" pra seguir, pra segurar a onda, pra não se deixar abater. Lógico que tem que ter perna, também! Não é uma coisa louca de se decidir ir, de repente, e fazer 42km! O caminho é longo! Não compreendem, apenas, este número em km. Compreendem muto mais, muito além e não param nunca ali no pórtico. Muita gente treina 25, 28, 30, ultrapassa o muro dos 30 na rodagem e sabe que está pronto pra tentar a maratona. E está! suas pernas estão! Mas o que diferencia aquele que está treinado daquele que vai terminar é a dosagem que faz. A combinação que aplica entre o que as pernas querem, o que a mente racionaliza e o que o coração suporta e vence. Num treino, você não vai ver gente desistindo, quebrando, caindo. Aí, entra a parte "psicológica". Como reagir a isso faz a diferença. Dali, muitas vezes, você distribui a sua energia e recebe-a de volta. Engana-se quem pensa que é passar reto e seguir! Óbvio! Há quem passe, atropele e siga e termine! NÃO ESTOU FALANDO DE TERMINAR A PROVA! MAS DE SEGUIR APÓS ELA! Quando você passa por pessoas quebrando e você ainda consegue dar um sorriso, uma palavra, um incentivo, dar a mão, ao invés de de você gastar sua puca energia que sobra à toa, faz o inverso! Recebe de volta dobrado! Passar pelo muro dos 30, é possivel! Passar pelo corredor dos 30 aos 42 é a prova que faz de você um maratonista de alma!! Aquele que compreende a essência! Que não basta chegar! Que o que se leva do caminho é muito maior, permanece muito além dos 42,195km... Pois é o coração qeu faz esta parte. E pra quem não percebeu ainda, não experimentou, digamos, estes gestos são o combustível extra, a dose que falta, muitas vezes, pra você terminar bem e feliz.
Qualquer pessoa que for ler o que escrevo, se for ver pelo lado técnico não irá concordar. Mas quem foi que falou que eu quero falar de técnicas de corrida quando falo disso? Quero falar do que nos traz a corrida quando se corre com o coração!
Fazer anjo, levar na asa, conseguir rir e sorrir neste CORREDOR DOS 30 AOS 42 torna-se muito mais importante do que somente passar o muro dos 30.
Se você vai fazer os 42 e nunca tentou passar olhando com estes olhos - os do coração de maratonista de alma - experimente fazer! Garanto que tua maratona vai se prolongar e ser a maratona da vida!

Boa e bela prova! Pois a cidade já é bela! E a prova pra ser, só depende de você!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

CLICS dos ultimos treinos dos grupos: AML, CORE e avulsos

Disponibilizando o link dosa lbuns pra vcs "roubarem as fotos"....

Treinos pra Maratona de Lndrina... Tá chegando!!!! CINCO DIAS E MEIO!!!

AML:
https://picasaweb.google.com/116380377945383840877/TreinoAMLUltimoFindis?authuser=0&feat=directlink

CORE::
https://picasaweb.google.com/116380377945383840877/CoreRumoAMeiaEMaratonaDeLondrina

CORE:
https://picasaweb.google.com/116380377945383840877/CoreTreino

Espero q os clics sirvam pra guardar este tempom bom!

As corridas de Myla - Loucos Por Corrida: O Sonho da Meia do Rio realizado pelo Globoesporte...

As corridas de Myla - Loucos Por Corrida: O Sonho da Meia do Rio realizado pelo Globoesporte...: Bom dia amigos blogueiros e corredores, Após a entrevista que dei na feira 18/08 e exibida na sexta feira dia 19/08 tanto no Bom dia Brasi...

Myla Vitachi,
Porque SONHAR é preciso!!!! Myla Vitacchi não se entregou a um prognóstico nada animador, foi pra rua, foi a luta e ta aí! sonhos realizados e incentivando outros a buscarem seus sonhos!

sábado, 20 de agosto de 2011

Desafio dos anjos - Muito além dos 42, 195km!




A Maratona de Londrina está a oito dias de acontecer. Daqui a aproximadamente 180 horas, será dada a largada! Quantos sonhos partirão dali? Quantos corações batendo no mesmo ritmo das batidas dos pés no chão? Quem tiver disposição de ir presenciar verá escandalosamente estampado nos olhos brilhantes de cada corredor presente a reluzente alegria de estar indo atrás de seu sonho... Quem não está familiarizado com este meio alucinado da corrida pode não entender, achar exagero, coisa de gente que gosta de perseguir aquilo que não chega nunca. Somos gente que aprendeu a fazer, apenas se ganhar algo em troca. Em moeda corrente. Ou a fazer para não ser punido, ou sofrer sanções. Por isso, invariavelmente, quando começamos a nos embrenhar nestas provas de rua, nos perguntam: “Mas você fica em que lugar?”, “Ganha alguma coisa... dinheiro???”. E ai de nós se falarmos que não recebemos prêmio nenhum e que... pasmem! Gastamos dinheiro nisso! Mas quem presencia a largada e persevera ao esperar a chegada de uma maratona tem a grata satisfação de vivenciar um momento inesquecível. Se os olhos na largada já reluziam sem vergonha nenhuma, ahhhhhhh... A chegada ofusca! São corredores de todos os tempos (de relógio e de vida!) e idades, com todo tipo de histórico, desde atleta a ex-alcoolista, de magrelo ao ainda gordinho, de portadores de laudos comprometedores a ex-obesos, de gente com a sua idade e gente com o dobro, de celebridades a anônimos. Não há quem não passe por um pórtico de chegada de uma maratona que não queira explodir num grito, num choro, numa gargalhada de alegria, num pulo, num abraço no primeiro que passar do lado, ou na pessoa que ama, se esta estiver ali por perto. Quem já esteve presente, sabe. Quem não esteve, tem a oportunidade de ver isto ao vivo. Quando qualquer pessoa pára pra pensar o que significa correr por 42 km, pára e diz... “Mas é muito chão! Mas é muito tempo correndo!” E é! Você presenciar os corredores chegando após tantas horas e ver em cada um a explosão de sentimentos, é algo único! Creio que isso tudo tem a ver com aquilo que chamamos de UTOPIA. E que os livros didáticos nos ensinam que é sinônimo de IMPOSSÍVEL. E que entre o romper da largada e o avistar da chegada, vão se esvaindo, evaporando, tomando a forma do sonho que nossas pernas vão alcançando para nos apropriarmos com tudo o que temos direito! O corpo todo se regozija! Não há um único poro, uma única parte de nós que não estremeça ao avistar um pórtico de chegada ao longe. Pois é nesta hora que se tem a medida exata do tão-perto-tão-longe, tão-longe-tão-certo! É preciso ligar todos os botões possíveis de piloto automático nesta hora. Pois se algum mecanismo de continuar a dar as passadas falhar, de tanta emoção, o restante tem que dar conta de levar as pernas. É a hora que muitos vivenciam e compreendem a essência de quando se diz que “quando as pernas não puderem mais, deixe o coração levar”. É tão certo quanto é imprevisível como cada um vai chegar e reagir. Rindo à toa. Saltitando. Gritando, xingando, sapateando. Chorando muito... E quando, a maior possibilidade de chance de se chegar for de choro, é certo que nos últimos km, o choro já estará sendo contido, pelo simples medo de se amolecer todo o corpo de tanta emoção e nem conseguir acabar de chegar! E, quando o choro vier à tona... Ahhhhhh... Deixa vir... Transpor um impossível, tocar um sonho com as mãos, sentir no rosto a brisa do vento que leva por caminhos onde as impossibilidades se desfazem, os horizontes se estendem e a utopia não existe mais é algo conquistado a cada km. É tal qual vulcão que entra em erupção. Tudo o que vier à tona, vinha borbulhando e fervilhando. Fermentando até explodir. E uma vez posto pra fora, não retorna mais. Pois, pode-se conter muitas coisas. Pode-se calar por um tempo. Pode-se oprimir desejos. Mas a alegria é dos poucos sentimentos que não se finge, não se convence tê-lo se não possuí-lo, de fato. É dos mais espontâneos que brotam e pipocam estampados no rosto da gente. Que não podem ser disfarçado, tolhidos, abafados. Chorar ao se concluir uma maratona é apenas a essência minando lá de dentro do peito... Pra mostrar pra toda gente que existe, ainda, rega a alma, mantém-nos vivos. São de alegrias que preciso. E elas são tão simples de se sentir. Basta ser autêntico consigo mesmo. Ouvir seu coração. Respeitar seu tempo. Quando não puder fazer por você, faço por outro. E se puder fazer por você, não se esqueça, também, de fazer pelo outro. Serão muitos estreantes na maratona. São muitos os que já passaram pelo pórtico uma primeira vez. São muitos que farão os 21 km e aguardarão amigos maratonistas chegando. São muitos que nunca fizeram, mas já ouviram falar do “fazer anjo”.
Proponho um desafio: o Desafio dos Anjos! Fazer desta prova uma prova diferente! O londrinense tem a fama de ser gente calorosa, receptiva e amiga. Se você vai participar de alguma das provas no dia 28 de agosto, seja a de 5km, a de 21 ou a de 42 e tiver a curiosidade, a ousadia, a vontade, simplesmente, de ser anjo, convido-o a fazer parte deste desafio! Sou sonhadora, por natureza. Mas tenho o pé no chão. E sei que quando jogamos uma idéia no vento, um sonho, um pensamento, adere a ele, quem lá dentro assim o quiser! Não é algo que precise emplacar e ter uma adesão grande em quantidade. É preciso ser grande em vontade! Se houver um anjo novo nesta prova já valeu à pena! Se houver um único corredor que absorva esta idéia e a incorpore em suas corridas e em sua vida, a semente já terá sido lançada e já terá frutificado. Um amigo ultramaratonista me falou que esta minha mania de fazer anjo em provas é maluquice. Que tudo bem, fazer 21 e voltar e buscar os amigos. Mas que nos 42 é loucura... Concordo com ele. Mas sei que ele mesmo acabou voltando em plena Prova de Poços de Caldas, prova duríssima, pra buscar, num anjo, seus novos amigos e pupilos. Aderiu! Alguns anjos acompanham do começo ao fim. Alguns, apenas por um trecho e nunca viram, nem nunca tornarão a ver os amigos que levaram em suas asas. Alguns terminam suas provas e voltam para buscar. Alguns fazem as provas menores e vão para o trecho final, a uns 3km da chegada e aguardam seus amigos maratonistas para acompanhá-los num vôo em revoada. E até mesmo em maratonas, sei de muita gente que por uma nobre causa, deixa de “correr pra tempo” pra desfrutar do prazer da companhia de alguém que esteja estreando, ou que lhe confira um significado muito especial para correr. Assim como sei de histórias de gente que encontra forças pra terminar a prova por se propor a correr por outra pessoa. E que, passando por cima de todas as suas dificuldades, dores, muros, e buracos lá dentro, prossegue, persevera, por transferir à corrida a sua luta própria e pessoal de poder reafirmar a si mesmo, a possibilidade de transpor a barreira do impossível ao alcançável! (*)
“Fazer anjo” é uma forma simbólica de fazer algo a alguém. É o que se pode chamar de “Beau Geste” na corrida. O nobre gesto de alguém que se propõe a fazer algo por outro.
O chafariz é o ponto culminante da prova! O ápice, o ponto a se chegar, além, é claro, do pórtico. Quem alcançar o chafariz pode abrir um sorriso largo no rosto, tomar um banho ali mesmo, se lhe der a vontade, abrir as asas e decolar! De lá se avista a chegada! É uma vista linda! Vê-se de longe a movimentação em torno do totem que indica a chegada. São cerca de 2 km para terminar. É o ponto perfeito para quem quiser se aventurar nesta gostosa brincadeira de “fazer anjo”. Se lá for longe, tem a rotatória da Ayrton Senna, a cerca de 1 km. Receber anjo numa corrida é como receber asas pra terminar! O coração se enche da energia de quem vem buscar. O corpo fica mais leve, como se transferíssemos o peso extra às asas do amigo. A alegria retumba no peito! O rosto cansado desenruga. Estica e estampa sorrindo, a vitória que se aproxima! Ter anjos no aproximar de uma chegada nos dá a certeza que correr não é, definitivamente, algo mecânico, suado e somente para o corpo físico. Correr exercita os músculos, fortalece ossos, estimula o coração, o pulmão a trabalhar, loucamente, para dar conta de bombear sangue e oxigênio a toda parte. Mas muito mais do que isso, correr derruba os obstáculos que a mente inventa, o corpo cansado acata, o coração não questiona e que enclausuram e enjaulam nossos sonhos. Quando você corre e vence o muro dos 30(**), faz muito mais do que isso. Derruba o muro das impossibilidades não desafiadas. Abre horizontes. Vislumbra novos caminhos. E segue! Muito além dos 42, 195km!


(*) No livro Operação Portuga, de Sérgio Xavier Filho, é contada a história de um grupo de amigos que aceitam o desafio de “bater” o tempo do Portuga. O que eles não contavam é que havia outros desafios em questão. E que vencer ali podia conter muitos outros significados. Um livro que parece falar de corrida. Passa-se no meio da corrida. Mas que fala de vida...
(**) Muro dos 30 é uma expressão comum no meio dos maratonistas e diz respeito ao momento em que o corpo parece não ter mais forças para continuar. Comumente verificado em torno do km 30, é quando o “psicológico” tem que entrar em ação para dar suporte ao corpo treinado pra vencer os 42 km, pois muitos quebram por aí, param, passam mal, andam, desistem. Passar pelo muro dos 30 é o desafio primeiro a ser vencido. Pois quem passa por ele sem ser derrubado, reabastece-se de forças para prosseguir.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Myla Vitachi... LPC... Loucos Por corrida do Orkut e, agora no Face... algu'[em conhece? Eu, sim!!!

Tudo, tudo, tudo de bom, aquilo tudo que Deus tem de melhor, eu desejo a você... No okt, face e barará.... a gente vê muita vaidade rolando... Pessoas querendo se aparecer... discutindo... se mostrando... Tal qual o post de ontem que o Marildo fez e o ricardo Hoffmann citou e mostrou tão bem em seu blog (Run for Free, cujo nome originou-se na leitura do que o Marildo escreveu). Neste nosso meinho de corridas, gente mostrando, somente, tempos...Como se isso fosso o "tudo " a ser mostrado... Nada contra, mas há tanto a se mostrar... Você ensinou pra gente a AMIZADE VIRTUAL que ultrapassa a fronteira do digital! A pira louca de viajar pra correr, ganhava sentido quando tínhamos em mente irmos nos "orkontros", lembra??? Conheci os primeiros LPC no Rio, justamente onde você estará no domingo! Fer-anjo, Michel, Marcia Chi, Simone Calanga, Heraldo, depois em Curitiba, mais LPC, Junior Ctba, Gen, Lucia, Marina, Foca, Adesilde e uma galera... POA, a fer Runner, Mayumi POA, e por aí afora. Levei pra comu minha amiga irmã, Edna Fagundes, com ela foram Reem, Nilma Rezende... São tantos, tantos...Tudo, tudo não é em vão!O seu modo de criar e conduzir a "Comunidade dos Loucos Por Corrida - LPC" fez com que fossemos assim: loucos por queimar asfalto trilha, terra, SIM, e sedentos de amizades além das fronteiras de centímetros que um monitor pode ter... ao invés de nos confinarmos em horas e horas na internet “orkutando”, apenas, (tudo bem, confesso que ficava horas e madrugava pra por os km nas corridas virtuais, falar e receber Bom dia da galera e talz) mas era como tomar café com os amigos de manhã, bater um bom papo logo cedo e poder sair já de alma lavada, leve, de ter papeado, gargalhado e se abastecido da energia boa de amigos que foram colhidos ali.
Justa homenagem! Merecido momento este! Você gerou uma geração de LPC, criou laços com a sua pessoa e fora dali, propiciou tantas e tantas amizades entre corredores de todo o Brasil!!! Tem noção??? Você, criaturinha baixinha, tinhosa, teimosa, raçuda, chorosa, braba, guerreira, boleira,festeira, corredora, meio-maratonista, sonhadora, mãezona, esposa, que venceu o prognóstico de nem poder mais andar e superou, ultrapassou isto e corre, CORRER COM PRAZER, sem se deixar levar ou achatar-se por medidas milimétricas de segundos, minutos, sabe muito bem que a medida boa da vida não se faz em régua... Mas na quantidade de bem que fez aos outros, na generosidade de levar ânimo a alguém, quando este não tinha, puxar a orelham rir junto, ensinar a usar algum recurso do Orkut, como por fotos no Álbum criado lá, conversar em janelinhas, puxa... Quem te conhece, sabe que é difícil conter em palavras tantas coisas proporcionadas por uma certa comunidade do Orkut que eu participei, levada pela Viviane, que era daqui mesmo de Londrina e eu fui conhecer lá no Okt...
Myla, hoje meu post é pra você! Continue assim, espontânea, feliz, sincera por seguir seu coração cheio de Luz, por ter valores bem definidos que não te deixam, nunca, se corromper, GENEROSA!!! Falaria muito mais ainda de você! Mas vou deixar pra outra hora, porque já, já, vou ver você na Globo... E olha que nem TV eu assisto!!!!!
Beijo cheinho de carinho!!!
Sua maninha, sempre!!!