Vamos conversar?

Vamos conversar?

quarta-feira, 30 de maio de 2018

De volta a normalidade! Barriga cheia, goiaba tem bicho...


Segue a vida. Tudo voltando à normalidade.
Barriga cheia, goiaba tem bicho.
Hã? O que tem a ver uma coisa com a outra?

Tanque cheio, a goiaba vai pro lixo! Ops. Barriga cheia…
Quem é a goiaba?

Goiaba é o alimento melhor do que o chips, do que o corante artificial, do que a gordura excessiva e desnecessária.

Goiaba é o estilo de vida que alguns tantos estavam se utilizando, ainda que a contragosto, mas que estavam descobrindo ser legal, econômico, divertido, POSSÍVEL e ainda por cima, SAUDÁVEL.

Goiaba é ir a pé com o filho pra escola, mesmo porque de carro, neste congestionamento, leva o mesmo tempo. É ir ao mercado a pé e comprar só o necessário pra não pesar. Sem extravagância, sem supérfluo, sem desnecessidade. É ir andar a pé no bairro, conhecer ou reconhecer vizinhos, o mercadinho da esquina, a banca de jornal, uma praça boa pra prosa, o parque verdinho ao lado e subutilizado, o prazer simples e fácil de zanzar sem pressa, andando a pé, somente.

Goiaba é lembrar de lazeres simples, ir ali na pracinha ensinar o filho a andar e bicicleta, ou desenferrujar as bicicletas na garagem e botar a família inteira pra dar uma voltinha no quarteirão. E no outro dia, ver que aguenta duas… três… Dez! Goiabada é esta molecada desta geração bem pós “nãoesqueçaaminhacaloi”, que sem ônibus ou pai nem mãe pra serem levados, buscados, descobrir a verdadeira e divertida função das magrelas. E sair em bandos, indoevindo da escola, do futebol, da casa dos amigos Livres.

Goiaba é botar a máquina toda sua pra rodar! Essa aí que só fica comendo bobageira, suar e se surpreender que a vida não é só carro-sofá-trabalho-geladeira-cama. Que o corpão dá conta, SIIIIIIM! Que os dedos estão excessivamente utilizados no celular, no computador e que o corpo pede - e aguenta - mais!

Goiaba é a parte boa da vida que vira só bicho quando a barriguinha tá cheia. E bota barriga nisso! 40...45...50 e muitos mais litros que quando saem cheias e satisfeitas,fazem a goiaba virar lixo.

Basta voltar a ter a barriga cheia, pronto! De volta à normalidade! Não importa se tantas goiabas haviam sido descobertas, redescobertas no caminho de barriga vazia. E se o que enche a barriga, no lugar das goiabas, podia custar 2...3 e cobraram o dobro o triplo e ainda por cima, é preciso ficar horas e horas na fila pra poder encher. Bom mesmo é ter a barriga cheia…

O resto? Ah… O resto é problema dos outros, né?

Mais dia, menos dia, prevejo uma baita dor de barriga coletiva. Mas aí vão dizer que a culpa é dos… Dono da geringonça. Do filho da dona da mercearia da vizinha da fulana. Do tiozinho que passou ali e vendeu o bagulho que alguém trouxe pra outrem. De todo mundo. “Menos eu”

Resumo da ópera?

Barriga cheia, goiaba tem bicho.
Barriga vazia, faz a fome descobrir muita coisa nova e velha.
1.Pode ser que você não precise dela - a barriga - tão cheia o tempo todo, a qualquer custo!
2.Não só de bobageira vive a barriga!
3.Tem mais goiaba neste pomar do que você imagina.
4.As goiabas não são sazonais. Não têm fila pra se abastecer delas. Você é livre pra tê-las o horário que quiser sem congestionamento. NÃO DÃO DOR DE BARRIGA!
5.A família agradece. Barriga vazia aproxima pessoas muito mais do que a barriga cheia

Fim

P.S.Por mais goiabas. Por mais consumidores de goiaba. Por mais barrigas que se alimentem corretamente e somente o suficiente. Porque neste período de vacas magras, muita gente descobriu que podia viver menos enjaulado, (Ou seria encurralado? Já que vaca vive em curral…) se empanturrado, ruminando, ruminando e saboreou e curtiu goiabas que nem se lembrava mais.

P.S.2 Este post não tem o intuito de tecer análises. Estou falando apenas de goiabas bichos, barrigas cheias e vazias. Qualquer semelhança com outra situação é mera coincidência.



domingo, 20 de maio de 2018

Vulcão adormecido


A gente anda, anda, anda. Até que um dia, descobre. Pra cada passo, uma pisada. Pra cada chegada, uma partida. Pra cada respiro, um suspiro. Pra cada reinício, uma parada.

Faz tanto tempo que sumi, que até me desconheci. Mas sei, sim, quem sou. Não, não. Sei não! O tempo todo em desconstrução e reconstrução. Estagnada, morro. Melhor não ter spoiler. Fazer que sabe quem é, mas sempre se surpreender com cada novo que encontro. Lá fora é em mim. 😱😊 Impossível ser muralha sem ter recebido pedras no caminho. Faz mal, não! Pedras fortalecem! Caminhos planos não reservam surpresas nenhuma! São as subidas infinitas na vida que dão o suor e o tempero. Aquele salzinho que escorre pra fora da gente, na forma de suor, gritando... "Tô viva, gente!" Sim. Sim. Sumida, mas viva!

Deve ser aquele burburinho debaixo da terra avisando... Lá vem o vulcão 🌋

#live #lifestyle #dontstop #stop #volcane #stones #myway #iwillcomeback #stronger #soon

Enquanto o sono não vem


Definitivamente, falta de sono nunca foi meu problema! Ouço muita gente reclamando de insônia. Eu? Tenho lá a minha fama de encostaedorme…

Mesmo sendo uma boa dorminhoca, não no sentido de dormir até tarde, pelo contrário, eu era muito boa de madrugar cedo pra fazer coisas que gostava muito, mas pra pegar fácil, fácil no sono, algumas vezes, atravesso madrugadas adentro, inventando fazer algo que esteja muito envolvida. Pode ser, desde uma super faxina na casa (sim, faço destas!), até ver vídeos de viagens, ou documentários, tipo… três horas seguidas, ininterruptas e olhe que não estou falando de seriado!

Tá. Reconheço. De novo, minha velha mania. Meu maior defeito. Exagerada. Sem medida ou meio termo. Vai e vai logo fazendo um monte de vez. Depois, fica remoendo o excesso feito…

Algumas historinhas do blog, escrevi na madrugada. O livro que está enroscado e está virando lenda, escrito em madrugadas durante a viagem, literalmente! De escrever à noite e dormir com o celular na mão, capotada. E de apagar antes, cansada, acordar de madrugada, com o texto pronto na cabeça, sedenta de por pra fora e, acesa, acordar e escrever sem parar até esvaziar e dormir de novo, feliz da vida, até amanhecer…

Ando ansiosa. E improdutiva! Costumo dizer que as histórias nascem das mais diversas formas. Às vezes, uma imagem casual dá origem a uma frase que anoto e escrevo depois. Às vezes, a cena é captada numa fotografia e viajo nela… No pensamento, no sentimento que me invade e me rende uma bela história. Às vezes, numa prosa à toa, ouço uma frase que ressoa, ecoaoaoaoaoa…. Impossível esquecê-la. E dela nasce outra boa prosa.

Tenho perdido histórias. É possível? Estou deixando o vento levar. O vento, este amigo do tempo tem me roubado minhas histórias. Puro relaxo meu. Que escuto o sussurrar e não dou bola. Adormeço. Hiberno, na verdade. Um sono profundo que tem anestesiado esta veia minha, que pede por pra fora esta sede de conversar. Me preocupo, então. O que me falta? E grita lá de dentro, uma voz bem audível que reconheço. Sou eu mesma de outros tempos. Exagerada em outro extremo. Organizada no tempo de cada coisa a se fazer. Relógio pra tudo. Tempo pra tudo. Daquilo, me cansei. Fugi tanto deste atropelo louco de cronometrar minutos que, do tempo, amnésia criei. E agora, adoeço da falta dele. Troco a noite pelo dia, talvez, tentando encontrar a vez. “Perdi o trem!” eu gritaria. Perdi a vez, seria. Vez de quê? De soletrar, sem engasgar, sem gaguejar, sem pestanejar a palavra que eu escolher falar.

Tenho perdido a palavra todo dia! Pura falta de tempo! Tempo pra quê? De… Me desanestesiar. Me desconectar de todas tomadas externas, feito bexiga cheia que esvazia. Já viu? Quando você enche bem a bexiga e a solta no ar? Faz um barulho inimitável. Inconfundível. Rodopia pelo ar, louca, num voo cego e incerto até cair. Hora boa! Molenga de tanto ar, sem ser demais a ponto de estourar, está pronta pra outra. Um sopro de cada vez. Inspira. Sopra. Inspira. Sopra. Aprenda. Não dá pra fazer as duas coisas de uma vez. Inspira. Sopra. E se perder o fôlego, é só parar. É preciso. Porque tudo que é demais, ao invés de provocar um voo, faz estourar. Uma coisa de cada vez! Desconectar pode ser isso. Inspira. Sopra.

E enquanto o sono não vem, vem a conversa à toa com alguém. Tenho de organizar pedaços de tempo. Pra eu parar de perdê-los. Tenho a mania de usar demais nisso e deixar aquilo. Como se a vida fosse “Ou isso, ou aquilo”. Não é. Não tem de ser.


Enquanto o sono não vem, vamos contar as estrelas, ao invés de fazer cara marrenta de quem comeu e não gostou.

Enquanto o sono não vem, vamos rabiscar o rascunho do projeto dos nossos sonhos, listar os passos que já caminhamos e aqueles que nos faltam pra alcançarmos o que desejamos.

Enquanto o sono não vem, vamos organizar as gavetas da vida, separar o que ainda se usa, daquilo que precisa ficar. Fazer a faxina da alma, descartar o que não é útil, redefinir utilidades, reconhecer a validade daquilo que vai junto e do que já acabou. Como organizar caixa de remédios, sabe? Isso eu uso, isso já acabou, isso a validade expirou.


Enquanto o sono não vem, vamos andar descalços na areia, enquanto é verão. Senão, botar meias quentes nos pés, fazer chocolate quente e dormir sem escovar os dentes, uma vezinha só, que não faz mal. E se for tempo de flores, aspirar seu perfume. Se for de vento, deixar despentear o cabelo. E se sentir medo de abrir aquela velha gaveta, cheia de monstros jamais vistos, mas todos muito bem descritos por toda gente, alcance algumas estrelas, estas que você contou e jogue lá dentro. Luz espanta escuridão. O doce acaba com o amargo e marrento. E chocolate quente se não fizer o sono vir, aquece as mãos e o coração.

Pode ser que o sono não venha só para você parar um pouco de só sonhar, para começar a realizar. Vai ver, é para que nesta hora de silêncio absoluto, você reconheça sonhos adormecidos, deixados de lado na barulheira da vida. Tipo, ser posto cara-a-cara consigo. E ouvir o cara do outro lado do espelho falar contigo: “É aí, vai encarar, ou vai fugir?”



Enquanto o sono não vem pode, enfim, ser a hora exata pra acordar...

domingo, 13 de maio de 2018

Atitude


Já cuspiu pra cima e caiu na testa?
Este é um velho jargão. Que serve bem pra orelhudos de plantão que acham que podem olhar e falar da vida alheia, como se o cuspido não fosse lhe voltar bem na cara…

Sou uma.

Quando você consegue se manter num patamar que acha ser o ideal e olha à volta e não entende por quê tanta preguiça alheia pra fazer algo tão simples, é humano, é comum e totalmente pretensioso pensar que nunca estará do lado de lá. Da preguiça. Da inércia. Da apatia. De até ter vontade, mas não ter ânimo e não encontrar em você o botão do “start”.


No final das contas, o que nos move, esta encantadora máquina humana, que pode tanto, realiza pouco e se deixa enferrujar por pura falta de uso, não é nem músculos e ossos, nem o cérebro. É a vontade. Mas não esta vontade mecânica, politicamente correta que deseja o saudável, o correto, o ideal. É algo mais lá dentro. Pode até ser que o nome seja este mesmo. Vontade. Desde que não nasça do que os outros prescrevem numa receita médica. Nem de bolo. Nem de uma lista pronta distribuída azóio, igual, uniforminho pra toda gente.

O que faz mover mesmo é a águaquebatenabunda fazendo nadar, mesmo que não se saiba. É uma chama que vez em quando se apaga. Vez em quando acende sozinha. Vez em quando, precisa de ajuda. De uma faísca amiga pra reacender.

O que acontece, de cadeira falo, que tudo acontece a toda gente. Com roupagens diferentes. Tempos diferentes. Provocando reações também diferentes. Mas que precisam ser vistas como oportunidades. A tal fresta na porta, entreaberta pelo acaso, pelo vento que chega com o tempo, ou pela curiosidade que coça e faz fazer. Não importa! O ponteiro do relógio não pára. Mais dia, menos dia, uma hora, a cuspida cai na testa, sim, de toda gente. E pra fazer acordar em mim, a atitude que tanto me faz falta.

Cada um na sua, exagera ou peca pela falta... Ora fazer demais. Ora fazer de menos. Ora começar, ora parar.


E, se o que falta acontecer é a mudança de direção, a mudança de situação, fácil saber. É preciso se enxergar na bifurcação, olhar pros lados pra atravessar. A parada faz parte, antecede, mas não muda. Um primeiro passinho é preciso. O outro fica mais fácil, vem no embalo.

Cadê o meu start?



AQUI! EM MIM MESMA! 

Na contramão, encontramãe



Não é só um trocadilho. É pra contar das mães que andam na contramão!

Vou falar da minha.

Não era aquela mãe galinha choca, de trazer pra debaixo da sua asa, sua cria.
Nem tampouco, de ficar enchendo a filharada de beijo e abraço. Não!
Também não aparecia. Também não falava, se não lhe pedia. Não se intrometia.

Não nos punha debaixo da asa porque queria nos ensinar a voar. Conseguiu.
Não beijava, nem abraçava. Não sabia. Não tinha recebido este tipo de carinho e aconchego como filha. Às vezes, não conhecemos o passado, julgamos sem tentar compreender.

O carinho dela era outro.

Era ensinar quantas vezes precisasse. Era deixar a casa lá, um tanto bagunçada nos olhos críticos dos outros, mas o suficientemente bagunçada para podemos ser crianças felizes, para brincar de casinha no quintal de casa, usando panelinha miúda em cima de tijolo deitado e fogo de verdade aceso com galhos do próprio quintal. Que também era mantido por ela como um reduto e refúgio. Um verdadeiro mundo a parte para nossa infância curiosa, criativa, que desbravava cada galho de árvore, brincando de casinha em cima dela. E que parecia ser gigante.

Uma casa que vivia riscada de giz desde o quadro que parece ter nascido pregado na parede, na altura do alcance dos nossos pequeninos pés, na passagem para a cozinha, onde todas nós rabiscamos os primeiros desenhos, as primeiras letras e nosso nome, muito antes de irmos pra escola! E que inventávamos casas imaginárias pelo chão da garagem de piso vermelhão, daqueles mesmo, feitos de cimento queimado e anilina, que para ser mantido brilhoso, nos custava passar com um pano e de joelhos no chão, uma pasta de cera, esperar secar bem, pra depois passar o escovão! Que significava, mais que trabalho, outra diversão! Quando uma ia sentada no escovão de ferro e a outra empurrava…

Casa viva não pode ser casa brilhando de limpa e intacta, com tudo no lugar, objetos - e brinquedos - dispostos feito vitrine sem saírem do lugar. Casa com vida tem de ser dinâmica, com sua pitada de bagunça e alegria. Que revele ter acabado de passar ali, uma criança. Senão… Senão, não vale à pena!

A casa da Dona Estela, nos meus tempos de criança, tinha quintal de terra, pé de goiaba, pé de manga, mamão, limão, caqui, ameixa, tinha uma barra de pendurar criança, um aquário de chão, até horta com alface que eu usava de comidinha, quando brincava de casinha. Parecia imenso, de caminhos infinitos que atravessavam ele. Mas eram meus olhos de criança que viam tudo gigantesco! Era quintal pequeno. Mas, vai ver, não era isso que importava para ele se tornar tão grande. Eram as possibilidades que existiam nele…

A casa era de madeira, mas tinha banheira! Era o máximo do deslumbre pra gente, quando podíamos encher pra tomar banho… E o  quarto comportava 3 camas lado a lado e o meu berço na janela. E como me lembro dele! Quando eu já não cabia no berço, meus pais compraram uma beliche! Que rapidinho virou espaço pra brincar de casinha. Era só estender um lençol pendurado na cama de cima, pronto! Tínhamos um “esconderijo” secreto…

Minha mãe foi aprender a dirigir “tarde”. Lá pelos seus 40 anos. Tarde? Na verdade, ela foi contra a regra nisso também. Difícil era ver mulher dirigindo na sua época, na sua idade. Mas ela foi. Ficou dona do nariz, saia vender Avon, Natura e uma infinidade de bugigangazinhas nuns catálogos. Era o seu trabalho offhome! Tomou gosto! Independente. O que precisava de carona, fazia tudo sozinha, agora. Jogou tênis, nadou, competiu campeonatos fora, até na Bahia e no Rio Grande do Sul. Ultrapassou janelas que apenas olhava tímida e titubeante. Atravessou as portas que enxergava fechadas. Ganhou o mundo…


Esta minha mãecontramão surpreendeu! Saiu de uma concha fechada. Virou pérola. Não bastou, saiu solta pelos mares. Me ensinou a não ter medo. E se o medo viesse, me ensinou a não me deixar ser vencida por ele. Ainda tenho medos, de vez em quando. Mas eles passam. Ainda vejo a Dona Estela em coisas poucas e bobas. Estas que parecem não ser nada e são tudo! Como brincar de casinha no chão de terra vermelha do quintal de casa. Como escorregar de joelhos na garagem enquanto lavava. Como ter plantas pelo jardim e frutas no quintal. Como estar silenciosa, mas presente.

Passar pelo Dia das Mães, sem ela, dói sim. Mas ter de quê se lembrar, ainda que sejam lembranças na contramão, se é que existe o padrão do que é ser mãe, me fazem crer que os caminhos nem sempre precisam ser percorridos da forma trivial. Pode ser que o jeitodetodomundo não seja o meu. E não tem importância. Porque cada um descobre seu caminho, indo.

De novo, Dona Estela, me tirou da inércia. Chacoalha. Me acorda. Me ensina. E não estando, me é presente!