Vamos conversar?

Vamos conversar?

terça-feira, 4 de julho de 2017

Na carona doutros sonhos!


Duas coisas desegoístas: caronas e sonhos.
Carona é quando você pode ir sozinho e resolve levar alguém. Sem nada em troca. Sem obrigação. E divide o caminho.
Sonhos é aquilo que é do outro, mas que contado, vira um pouco seu também. E vice-e-versa!

Todo mundo tem. Sonho.
Todo mundo de alguma forma pega carona no sonho de outro alguém.
A arte faz bem isso. Numa música, num filme, numa novela, numa peça de teatro, numa dança que você assiste. E na própria arte de bem viver. Mexe lá dentro. Aguça e faz coçar. E a carona é dada.

Já peguei várias caronas nos sonhos de outros. Ouvia, assistia, lia e de longe participava.

A gente passa por estágios, sabe? De ver no outro achando loucura. De se falar que nunca conseguiria. De ter vontade. De duvidar de si mesmo. E de se coçar…

Então, a primeira porta que se abre é espiar lá fora e ver tantos sonhos vividos que começaram parecendo impossíveis. Você ouve as histórias e começa a olhar pra si mesmo. Bem naquela pergunta “Cadê eu?” e começa a se perguntar:

-O que era mesmo que eu sonhava?

Ou outras perguntas cliché que fazem pensar…

-O que quero fazerconhecerantesdemorrer?

Não importa a pergunta feita a si mesmo. Importa a resposta.

O mais legal disso tudo é que não saberia nem nominar tanta gente que me deu carona! E gostoso é, também, oferecer carona um pouco nos meus. Porque a gente se descobre tendo espaço na carruagem da gente pra levar quem precisa um pouco de companhia pra acreditar em seus sonhos e descobre muita, mas muita gente de coração gigante dividindo suas histórias que nos fazem pensar, acordar e ir. Pro nosso caminho!

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Mas você vai sozinha?


Pode ser homem. Pode ser mulher.
Pode ser jovem. Pode ser velho.
Toda vez que alguém resolve fazer algo que foge às regras, ou quebra um caminho já esperado ouve esta frase:

-Mas você vai sozinho?

Quem vive colhendo amigos pelo caminho, nunca vai sozinho. Espírito fazedordeamigos faz amigos por onde passa!
Uma experiência diferente, de apego-e-desapego não por não ter importância quem por seu caminho, passa. Mas por haver espaço pra todo mundo!

Quem vive sem economia a vida, tem lembranças de sobra pra lhe fazer companhia, se um dia, noite, semanas passar falando sozinho por falta de companhia no caminho.

Coração de porteira aberta nunca fica trancado pra não entrar gente. Pode até sair quem não faz mais parte deste seu mundo. Mas sempre entra quem faz! Porque porteira trancada nunca prendeu quem já não faz parte. E aberta sempre é passagem para possibilidades…

Se eu vou sozinha?
Sim e não.
Aprendi a gostar das duas coisas e desfrutar o tempo de estar só é não estar.
E nas duas aprende quem assim quiser!

Passar da linha delimitadora e imaginária do sópodepassarquemnãovaisó é revigorante! Imensamente perturbador. Esquisitamente novo. Para sempre renovador!

Você se descobre capaz de muita coisa que nem sabia ser capaz. Descobre que cada dia reserva uma boa surpresa e bons motivos para gratidão. Que mesmo havendo boas histórias passadas, há muito a se viver se você não parar. Que o desconhecido não é um bicho de sete cabeças. Não morde. É que às vezes os bichos que mordem não estão do lado de lá. Mas do seu próprio lado segurando a cordinha pra te protegerem, pra te terem, pra te prenderem e você, sem ver, vai deixando o tempo passar…

Algumas coisas gostaria, sim, de ter uma boa companhia ao meu lado pra dar boas risadas, gostar da prosa e do silêncio, do fazer de tudo e fazer nada, achar difícil, achar fácil e ir passando cada dia. Mas estar sozinha é uma escola de você conviver com sua própria companhia. Aprender a perceber seus erros e seus acertos e querer melhorar e melhorar!

Afinal, tantas viagens iniciadas solo têm de ter um porquê! Não importa quantos quilometros, quantos dias, quantos meses, quantos anos, todo mundo vai na verdade naquela viagem pra dentro. E esta, só você pode fazer...

sábado, 1 de julho de 2017

A pulga que me levou pelo Vale Europeu


A estrada chama.
Mas tem de ter uma chama lá dentro pra te levar.
Chamo de sonho.
Aquilo que atiça, incomoda, feito pulga atrás da orelha... Não pára nunca enquanto você não sai e faz!
Mas só sonho não basta.
Tem de ir!
Talvez, não pensar muito não. Se dá, não dá. Se é perigoso, arriscado, se pode acontecer algo de ruim.
Acontecer coisa ruim, acontece até dentro de casa, no sofá. Como infartar.
Se for pra morrer do coração, que seja de tanto usá-lo, de abusá-lo, de fazê-lo bater muito e rápido de muita emoção!!!
Nunca fui muito de ficar debaixo de um teto, esperando a vida passar!
Sempre fui mais de passar pela porta, sem ter muita idéia do que havia do lado de lá!


Quando ouvia falar do Vale Europeu, por amigos meus, há dez anos atrás, nem me imaginava sobre uma bike. Que dirá passando por trilhazinhas no mato e sozinha.
Quando comecei a ficar atrevida, brilhar os olhos, descobri que acreditar é o primeiro passo pra ir além.
Eu podia ir! Nem que fosse sem ninguém!!!

Então fui. Só fui.

Não tinha a menor idéia como era pedalar com alforges. Tentei com o clipe da sapatilha. Não gostei. Pegava no alforge. Enroscava. Arranquei fora.


Me contavam como era a estrada. Subidaidaidaidaida...
Sem fim.
Pedra pedra pedra pedra pedra. De resbalar e cair.
Que tinha cachoeiras lindas. Rios pra se jogar sem dó!
Que tinha sempre gente acolhedora, boa de prosa pelo caminho...
Eu imaginava. Ria. Queria.

Fui.

Nenhuma imaginação por mais fértil que seja iguala ou ganha o ir-e-ver! Nunca nada arrancará de mim tudo que vivi e passei.

Pode parecer muito pouco perto de viagens que duraram anos, percorreram países, continentes. Mas é a minha viagem. A que eu fiz. É SÓ por isso, ela é a melhor viagem pra mim!!!


Não importa o que você já tenha feito. Importa o que queira fazer! Importa, um dia, olhar pra trás e saber que fez! Importa olhar pra frente e vislumbrar muito mais! Importa olhar no hoje e se enxergar naquele que sinta e saiba ser o seu lugar. Senão, não vale à pena!

Lá no ontem, eu não tinha ideia, nem imaginava, nem saberia o que faria hoje.
Hoje, não tenho ideia nenhuma do quê acontecerá daqui a umas horas, nem daqui a décadas. Mas desenhar o rascunho dos meus sonhos, acreditar que posso, agir para que eu os alcance, me dão uma vontade tamanha de não desistir nunca de acreditar que dá. Da sim!!!


Ter ido me fez escrever mais alguns capítulos da minha vida, de próprio punho, sabe? Sem pedir dublê de corpo, de coração, de alma. Vivi tudinho, eu mesma, intensamente...

Esta viagem, eu escrevi. Não publiquei na época. Não entendia o porquê.
Descobri depois.
Ela serviria pra convencer pessoas que não se acreditam capazes de ser, essencialmente, sinceramente, genuinamente o que são.

A primeira da fila????

Eu. Eu mesma.
Porque às vezes, os olhos perdem o brilho, a alma se cansa e a gente quase desiste... E reler o que sou, de verdade, com toda sinceridade que escrevi, me fez reacreditar... Em mim!


Estou no processo de finalização deste livro. Desta historinha maluca de ir sozinha pelo Vale Europeu. Tenho de contar pra todo vento!!! Porque quando a gente descobre algo muito bom de fazer, quando a gente descobre que escrever esta boa prosa faz parte do "espalhar pulgas atrás da orelha" de muito mais gente, a gente percebe que tem, sim, por a cara a bater, escrever, contar pra todo mundo!!!

É o que pretendo fazer!!!

Circuito do Vale Europeu - Eu e Deus.
Uma mulher, uma bicicleta, uma viagem