Vamos conversar?

Vamos conversar?

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Everest: Qual o preço que se paga?


Ontem assisti ao filme “Everest”.
Estou digerindo ainda…

Já comprei a versão digital do livro “Ar Rarefeito” que deu origem ao filme, com as inevitáveis discordâncias entre obra escrita e filmada. E vou ler na íntegra. Também já fui ler vários artigos sobre a tragédia no Everest, acontecida em 1996 que deu origem a livros de três sobreviventes. Três versões com contextualizações próprias do que cada um viveu e passou. Tudo isso nesta madrugada. Não é necessário dizer que fui dormir quase de manhã…

Por que me intrigou tanto?

A história tem como cenário o pico mais alto do mundo! Provavelmente, o sonho mais cobiçado em meio a alpinistas. Uma meta tão difícil de ser alcançada mexe demais com o lá dentro, como um vulcão adormecido em cada um de nós. O tal do sonho desenhado!


Não precisa ser, exatamente, o Everest. Cada um, na verdade, tem o seu Everest a ser alcançado. Assim como um dos meus livros preferidos - Operação Portuga - que fala de corrida, mas não é um livro de corrida, tendo ela como pano de fundo de outra coisa muito mais comum a todos, Everest não é uma história de alpinismo, embora fale dele. Ambas histórias falam de sonhos… E da busca deles.

Quando comecei a ver o filme, pausei e fui ver informações sobre o acontecido. Então, de antemão, soube das mortes, quem e sabia do contexto final. Mesmo assim, o filme prende do início ao fim. E quem já buscou sonhos, a custa de dores, sacrifícios, de escolhas onde algo é perdido ou deixado de lado em favor do foco necessário para a conquista destes sonhos, não importa o tamanho deles, sabe do que estou falando.


Everest trata de uma tragédia ocorrida devido a uma somatória de fatores. Mas o principal para ela ocorrer é só um. Ter tido os personagens no seu cenário. É exatamente o que o jornalista, escritor do livro e presente na expedição puxa numa conversa logo no início, mas que, infelizmente, não foi explorado tanto quanto eu gostaria de ter ouvido. Talvez por ter sido uma conversa breve mesmo, onde as pessoas têm dificuldade de pôr pra fora estes motivos.

O que faz uma pessoa ir buscar um sonho, mesmo que isso possa lhe custar a vida? O que cada um de nós faria ao se encontrar na situação de risco de morte, junto de outras pessoas que correm o mesmo risco? Por que há pessoas que necessitam tanto superar limites, depararem-se com intransponíveis, transpô-los e, sucessivamente, buscarem novos intransponíveis?


Insaciedade.
Inquietude.
Vazios.
Vaidade.
Superação… De quê?

Não é jogação de pedra. Pois se fosse, eu estaria, certamente, do lado de lá, onde as pedras estariam sendo jogadas! É uma inquietude que sempre esteve presente, também em mim e sempre provocou esta busca. Que gera satisfazeres efêmeros. Tão instantâneos, como passageiros. Mal se obtém, já não se tem. Feito bolha de sabão. Que ao mesmo tempo nos faz tão determinados e perseverantes, nos faz obstinados e eternos insatisfeitos. Pois sempre haverá um pico maior. Ou mais difícil. Sempre haverá uma distância maior a ser vencida para um corredor. Ou uma dificuldade nunca experimentada. Não há fim nesta busca. E pode ser que o desafio almejado tenha um preço muito alto a se pagar. Aí é a hora de estar a sós e com toda sinceridade se responder. Por quê?


Talvez, seja uma necessidade nascida junto com a gente de se sentir meio herói pra alguém. De ter reconhecimento. De escrever sua história e ter uma história pra contar. E muito melhor será se a história não for abreviada.

Uma coisa é certa. Nesta balança de comparações, o peso maior tem sempre de ser a vida. E não há nada, nada que justifique e compense pagar com ela. Mesmo, sonhos!

É exatamente quando se tem de reconhecer o valor do caminho caminhado. E não, somente, de se ter chegado ao alvo. Porque o aprendizado já acontece no caminho. E o fim dele tem de ser demarcado nalgum ponto onde se possa chegar e continuar. Pois se for o fim, não há como por onde ir…


(Estou desde ontem com o texto pronto e ruminando, ruminando revisando as palavras para ver se é isto mesmo que quero escrever! Não estou dizendo que alcançar sonhos não seja prazeroso. Concluir uma maratona, uma cicloviagem, uma viagem pra algum ponto incrível, um projeto de estudo, de trabalho, ter vivido uma história única são experiências que ficam conosco pra sempre!
Mas para cada sonho realizado, fica a vontade de eternizá-lo de alguma forma. Seja encarando outra nova história, ou repetindo-a ininterruptamente. Talvez, quem sabe, haja a necessidade de saber que cada conquista, cada portal de chegada seja único e já faz valer à pena tudo, mesmo que o caminho adiante não leve à frente. Mas seja onde se encontra a placa de retorno para que não se antecipe a chegada à placa do fim de tudo…) 

sábado, 28 de outubro de 2017

Dozemetrosquadrados - Alegrias tão pequenas!


Não sou de TV. Entortava o nariz pra TV ligada ou pra gente que fica grudada no aparelho. Dia inteiro, programação de cor e salteada!

Mas vamos dar o braço a torcer. Sensacionalismo a parte, popularismo, idem, há uns quadros que vão direto no meio do povo-povão, mesmo, realizando pequenos desejos que para o contemplado é de uma imensidão que a gente, do lado de cá esquece, se anestesia, não imagina, não faz ideia o quanto significa para tantas pessoas.

Aqueles quadros que consertam coisas, casa, carro, dão um trato e dão uma estilingada para melhor, em algo que parecia ser tão impossível se dependesse de se juntar dinheiro.

Estou lá eu, na sala de espera do consultório, quadradão preto ligado na TV aberta. Sei lá em que canal. Mas peguei na parte que mostrava a situação a ser trabalhada e modificada. DOZE METROS QUADRADOS. A serem melhorados e solucionados como o que já era. A residência de um casal, ela salgadeira, ele não prestei atenção.


Um 3x4? Um cômodo só em que nalgum lugar se encaixava, ainda, um micro banheiro. Cama, pia, fogão, armário, prateleira tudonumsóquadrado. Ponto.

Baita desafio. Reformar e trabalhar num espaço é fácil. Difícil é quando ele não existe.
O que me chamou a atenção além, é lógico, de ouvir o tamanho do minúsculo espaço da residência deste casal, foi ver o tamanho da alegria da dona moça, ao ser surpreendida pela equipe do programa, que faz aquele teatro todo pra chegar na casa da fulana e fazer a surpresa. Alegria tão pequena? Não. Gigante!!! Gigante como devem ser todas as alegrias pequenas, incalculáveis, fazíveis a tanta gente, provida de boa vontade, apenas.


Pá! Tapanacara.

A gente reclama de tanta coisa minúscula, bem menor que estes dozemetrosquadrados, que é preciso ter vergonha em ser tão mal agradecido.

Não pretendo fazer nem tese, nem apologias sociais ou políticas desta situação. Nem do tratamento dado. Se resolve, ou não, de fato a situação. Não vem ao caso. Mesmo porque, nestes discursos inflamados de justiças e injustiças sociais e políticas, fala-se muito, faz-se pouco, quase nada. E não são em longos discursos que se encontram ações concretas. Mas em pequenos gestos.


Aquele sorriso rasgado da dona moça, me encantou. Era muita alegria para tão pouco espaço e por tão pouco. Um pouco que cada um de nós pode fazer a um desconhecido, ou conhecido qualquer. Não só nas que contenham doações materiais de roupas ou objetos que não se usa mais. Mas na doação de tempo para uma conversa, uma tarde de prosa, ou de mão-na-massa para dar uma força numa reforma, numa arrumação, numa mudança, num up na casa de alguém que não consegue fazer sozinho por falta de dinheiro, de start, de conhecimento de soluções, de apatia diante da necessidade de mudar.

Mudar a casa. Arrumar as prateleiras. Esvaziar a bagunça do carro, da bolsa, do balcão da cozinha. O separar papéis que se guarda e que se joga fora. A faxina latente e urgente do lado de fora da gente. E que, certamente, reflete o outro lado. O lado de dentro da gente.


Alegrias tão pequenas são gigantescas tanto quanto são menores as ambições. Fórmula fácil de entender onde mora a insaciável necessidade de mais e mais e que nunca traz alegria para quem não sabe perceber alegria em doze metros quadrados!

Video do quadro com os 12m² reformados

https://youtu.be/14_TLAHZmFE

Senha incorreta!


Quantas senhas você tem?
Quantas vezes você passou por esta situação de digitar e ler esta mensagem “senha incorreta” quando poderia jurar ter digitado certinho? Justamente naquela hora que mais pressa você tem?


No caixa eletrônico.
No caixa do mercado.
No caixa qualquer de qualquer loja.
No posto de gasolina. Com o detalhe. Carro abastecido, senha incorreta, de novo, de novo, cartão bloqueado e você com aquela cara de bocóoqueéqueeuvoufazer… Mercado e loja você devolve o produto. No posto, não, né!

E no celular?


Pois bem. Inventei de por uma senha no aparelho. Logo eu que nunca usei senha no aparelho pra facilitar a vida e o uso. Pior. Não é senha do aparelho. Aquela que não sei pra que usam, se todo mundo coloca senha de M, ou Z, ou uma volta com o dedo no teclado touch. Todo mundo.

Tantos apetrechos no aparelho, tantas possibilidades de privacidade, uso o drive para meus arquivos de documentos, imagens, aplicativos todos com senha automática que pensei, eu. Ponho uma senha para uso do Google. Para abrir o celular. Que bloqueia entrar em todas as contas, mesmo que desbloqueie o aparelho! Uma segurança no caso de ter o aparelho roubado!

Feito!

Senha comprida… Oh, God! Uma, duas, três vezes, já desisti e quis tirar! Acontece que não achava onde… Pode? Não era na configuração do aparelho. Aquele caminho que todo mundo conhece, ou deveria conhecer. Seria na conta do Google.

Fucei, fucei e… Nada! Deixa a senha, então, fazer o quê?!


Fiz um propósito pra mim mesma: treinar a paciência. Fazer as coisas sem pressa. Não ficar mexendo em celular pra por música pra ouvir no carro, no caminho. Desbloquear ao sair de casa, sem pressa. Aí, sim, selecionar a pasta de músicas do Spotify pra tocar. E cada vez que for usar o quadradinho preto, com paciência, sem pressa, por a tal senha gigante… DE…. VA…. GAAAARRR ….. Sabe por que? Senão, dá senha incorreta! Sim senhora! Digitar senha rápido, dá nisso. Senha incorreta. E se teimar de fazer de novo, com pressa de novo, cai do cavalo, de novo!

Hilário! Foi um aprendizado. Lógico que poderia mudar a senha. Por uma curtinha. Mas deixei de propósito. Pra testar e treinar a paciência. Porque, imitando a vida, esta cena é um retrato da vida. Senha incorreta é a resposta que você tem, cada vez que tenta acessar algo rápido, demais! Passagem bloqueada. Entrada impedida. Para desapressar o passo. Dificultar um pouco o dedo que entra tão rápido na máquina de teletransporte que me tira daqui e me manda pra longe.

Pode ser que a passagem esperada pra muitos lugares que se quer ir, só precisam da senha correta que a gente já tem. Mas que na pressa, digitamos errado, errado de novo e acabamos por desistir, pensando que não temos a senha pra passar!

Já pensou nisso?

A senha deste caminho a ser percorrido, você tem. Só está digitando rápido demais!
Tente de…….. va……. gar……. 

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Máquina do Tempo - Você se teletransporta?


Quem foi que falou que não existe a máquina do tempo? Aquela tão sonhada máquina que te teletransporta pra outro tempo, fora daquele tempo onde você está? Assim como esta mesma máquina que te teletransporta, imediatamente, para outro lugar que não é aquele que teus pés estão pisando, neste exato momento?

Vou falar mais! Esta máquina existe e, praticamente, todo mundo tem. Não é uma máquina gigantesca, geringonça desengonçada, de difícil aquisição, tem várias opções de modelos mais caros, modelos mais acessíveis e todas - pasme! - surtem o mesmo efeito! Teletransportam pessoas para fora do lugar onde estão! Imediatamente…


Você convive diariamente com estas máquinas. A todo momento, vê pessoas teletransportadas bem diante de seu nariz. Na rua, enquanto andam sozinhas, hipnotizadas e sugadas pelo aparelho, somem diante da gente, abandonam cachorros andando pendurados em suas guias, sem ninguém na ponta de lá. Esta cena, vi ainda hoje! Fora cenas de famílias almoçando ou jantando em mesas de restaurante ou lanchonetes juntas e que, de repente, cada uma delas some, sugadas pela maquininha, indo parar noutro tempo, noutro espaço, longe dali…


Há casos, também, de acidentes no trânsito que parecem inexplicáveis. Mas que se compreende, facilmente, ao se ver a pista. A máquina de teletransporte presente no local. O motorista, sugado pela máquina, some de seu lugar, atrás do volante, absorvido, e aquele veículo sem motorista presente no banco, causa o acidente. Lamentável!

Bom seria, se o botão do liga-desliga desta máquina fosse controlado pela pessoa que a usa. Foi fabricado com este recurso. On-off. O problema é o mau uso. Os homens criam as máquinas achando que têm o controle delas e, quando se vê, estão sendo controlados por elas e não admitem tal ironia.

Falam de toda espécie de pessoas menos dotadas intelectualmente, economicamente, ou qualquer outro blábláblámente e mentem para si mesmas. Suas mentes são adestradas e tal é o controle que as máquinas passam a ter sobre seus “donos” que não vivem mais sem elas. Levam suas maquininhas pra todo lugar. Dormem com elas, às vezes, com elas nas mãos porque a sua última atenção no dia, é dada à máquina. Capotam, ao final do dia, com elas em suas mãos. Não vão mais ao banheiro sem elas. Podem esquecer a carteira com os documentos em casa, ao saírem, mas dela, não se esquecem, jamais! Podem estar com as pessoas mais preciosas ao seu lado, mas não desviam seus olhares da máquina, para olharem ou conversarem com quem está ao seu lado, pois a máquina teletransporta para outro lugar.

No final das contas, um engenho tão sonhado e esperado, acaba sendo uma invenção inconveniente. Sujeitinha que chega como se fosse ajudar em tanta coisa, com promessas de poupar tempo, agilizar a lista de compromissos diários, registrar tudo o que você faz, seja por foto, áudio, escritos, mapeando seus itinerários na cidade, os percursos mais ágeis em viagens, sendo seu mini escritório à mão, para pesquisar o que quiser e imaginar, tudo num toque. Com diversos recursos extras, conforme o modelo adquirido.

Pois é!

Aí, um cérebro tão capaz de criar máquinas tão inteligentes, se flagra sendo controlado por elas, as máquinas!

Hora de acordar. De retomar o controle da invenção. Afinal, quem foi feito pra quem?

A propósito, já descobriu o quê é esta invenção tão engenhosa que rouba de nós a pessoa a nossa frente? Que suga a gente diante de nossos familiares? Que causa acidentes irresponsavelmente, por fazer o motorista “sumir” de trás do volante? Que tem teletransportado aoDeusdará, arbitrariamente, pessoas de seu convívio principal e imediato, tornando lares em lugares vazios, por ter cada um vivendo noutro lugar qualquer, exceto ao lado daquele que estava ali mesmo ao seu lado, agorinha mesmo, e mesas de refeição num lugar imaginário, reuniões de pessoas ao vivo, semvivos e tornando o estar presente uma mera ligação virtual, onde você está ligado (ou conectado) apenas com aquele lá longe e fora do seu espaço?

De que adianta? Tanta invenção sem se ter noção de quem é que manda no tal do botão?

Máquina do Tempo que te tira do presente pra estar noutro tempo qualquer, longe de tudo que está acontecendo a sua volta, agora!

Qualquer semelhança com a vida real, não é mera coincidência!

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Até o fim!



Difícil saber quando é o fim. Mas enquanto não tenho certo comigo que a estrada não chegou ao fim, é difícil pra mim, simplesmente, dar a meiavoltavoltaemeiadar e voltar!

São várias situações na vida.

Há muuuuuuito tempo atrás, quando dependia de emprestar o carro da minha mãe pra dar uma voltinha de final de semana, gostava de ir com o carro por uma estradinha de terra, ou asfalto destas, rurais e ir, ir, ir até chegar ao fim! Era uma sensação gostosa… Acho que me sentia meio  exploradora! Por me aventurar por um caminho desconhecido…

Esta sensação, transferi para estradas. Nas viagens afora e na vida!


Quando eu comecei a correr, bem no auge da paixão, tinha o costume de ir pra uma estradinha de terra e, tal qual fazia com o carro da minha mãe, só que agora com as próprias pernas, ia, ia, ia, sem saber onde ia dar, bem no estilo “Forrest Gump” com uma sensação de liberdade me invadindo e me fazendo sorrir à toa, vento na cara, coisa boa. Simples, de graça, me fazia feliz!


Não somente em coisas boas, este sentimento de ir até o fim se fez presente.

Não sei se, um dia, eu ficasse doente, eu desistiria de tratamentos dolorosos antes de passar por eles, na tentativa de vencer a doença. Penso que não. Não sei! Nunca tive uma doença incurável grave.

Por outro lado, convivi com a depressão. Fiquei estável por anos e recai. A depressão é uma doença que quem passa por ela, sabe bem a apatia que causa, como a inércia toma conta da cabeça, do corpo e dizima a vontade, mesmo em pessoas normalmente cheias de vida e energia. Rouba de nós a vivacidade e a perseverança que temos em atividades triviais, fáceis, simples quando não estamos tomados por ela. E ficamos no meio do caminho, no meio fio da calçada, sem conseguir levantar e ir, seja pra lá, ou pra cá!


Meus problemas de saúde são, especificamente, na maquininha de fazer movimentar. Justo eu, uma educadora física, ex atleta, de natureza sapeca, irrequieta, que foi obrigada a parar tudo devido a um acidente, adormeceu por anos, até ser despertada pelo acaso e ir tomando posse do que a vida, generosamente, ofereceu.

Eu não tinha ideia das coisas que seria capaz de realizar. Também, quando a janela abriu pra mim, não tive a curiosidade, ou o medo de perguntar até onde poderia ir, pra me frear, antes mesmo de passar por ela, a janela! Fui. Só fui.


Quando se passa por uma janela, sem fazer perguntas demais, a gente corre o risco de ir muito além do que seria capaz de imaginar e planejar. O deslumbramento é tanto que causa um anestesiamento, um êxtase, comparável, sim, a uma droga. E se tirado repentinamente dela, causa igualmente os efeitos de uma abstinência. Não é uma droga do mal. É droga porque é um excesso. Faz mal. Mas faz bem, também! Tirá-la de uma vez, é anestesiamento da vida. De sucumbir à rotina. A mesmice insurpreendente que vai matando aos poucos. Calando vontades. Dizimando sonhos. Apagando brilhos nos olhos. Entortando para baixo os riscos dos lábios que sorriam.

No fundo, no fundo, eu ainda tenho a vontade. Só não consegui reagir. Confesso. São medos! Tive de passar pro lado de cá da linha que divide quem faz e quem não faz. Admito. Eu ficava do lado de lá apedrejando as pessoas sem vontade de fazer, sem vontade de levantar do sofá, sem vontade de sair e fazer. Fazer algo por si, melhorar suas vidas com atitudes simples como ir até ali na rua caminhar só um pouquinho, suar um pouquinho, extravasar energia pra querer algo mais, além daquilo que já tinha. É arrogante não compreender quem vive de um jeito diferente do seu. Um dia, você pode atravessar a linha e mudar de lado. Eu mudei.

Muitas coisas me aconteceram. Não importa dizer o quê, exatamente.

Quando você entra numa guerra, das duas, uma. Pode ganhar, pode perder. Corrigindo… Pode não entrar na guerra. Mesmo tendo sido jogado dentro dela. Pode ser morno, matar seus sentimentos, seus princípios, deixar a guerra assassinar tudo a sua volta, inclusive as verdades que você sempre sustentou e defendeu. Pode ficar ali parado e não fazer absolutamente nada!

Posso estar completamente errada. Pode ser que se fazer de morto seja a melhor forma de ficar em paz. De ninguém na guerra descobrir que você está vivo, ainda, e te deixarem em paz.

Será?

Pode ser que haja a hora certa de parar. Pode ser que haja o momento de levantar a bandeira branca. Se render…

Será?

Não creio que eu ficaria em paz se tivesse de me render. De desistir de lutar até o fim pelo que acredito ser a verdade. Ser o certo. Não é questão de orgulho. É questão de ter a consciência em concordância com os valores que acredito, com a verdade prevalecendo, de não emudecer diante de jogo de palavras que deturpam a história.

Será mesmo que uma vitória é mesmo vitória se para isso for necessário extrair frases de um livro, só as convenientes, para compor aquilo que se quer fazer parecer?

Posso perder no final. Nessa guerra injusta de maquiagem da verdade. Mas se perder a guerra, terei sempre a certeza de ter me mantido fiel à verdade, de não ter virado a casaca, me vendido, ter dado falso testemunho ou, pior, não ter resistido até o fim.

Numa guerra, posso até morrer. Mas jamais matarei meus sentimentos para ficar alheia a ela. Jamais ficarei em meio a guerra que prega inverdades, sem me posicionar, forjando não perceber, não doer, que triste é morrer sem tentar viver. 

sábado, 21 de outubro de 2017

Com que cara, tua cara se parece?


Não resisti! Achei fantástico o trabalho de uma professora de Artes no colégio. Uma releitura de imagens da Arte Expressionista! Rostos. Feitas por alunos do oitavo ano!

Olhe bem. Quantos sentimentos detém? Da imagem retratada? Do artista que a retratou? Do adolescente que a redesenhou?

E agora… Quantos sentimentos desperta e instiga em quem a olhou?

Pare desapressadamente. Por segundos. Minutos. Por uma boa quantidade de tempo. Suficiente pra imaginar sentimentos. Contidos em cada um destes rostos.

Com qual deles você se parece? Qual deles te retrata?


A arte imita a vida. Tanto a disfarça, como a revela. Fantasia, esconde e brinca de ser e não ser. Até você se perder e não mais saber em qual das máscaras se escondeu. Em qual dos medos se perdeu. Em qual amor aconteceu. E qual o rosto te prendeu.

Lá dentro, na caixa das memórias, há tinta suficiente pra você esboçar o rosto do jeito seu. E buscar bem fundo, no profundo quanta coisa boa que você perdeu, no correr do tempo.

Então, pincel a postos, camuflando e desfigurando, conte ali, sutilmente os rostos que conheceu. Os teus, os meus, os que foram aqueles que o tempo escondeu, mas você nunca perdeu. 

Não arraste os chinelos!


Outro dia, conversando com meu fisio, falei esta frase pra ele. Não estava falando dele. Mas de mim! Explico…

Gosto de usar a Crocs. Por mais feinha que seja, a bichinha é confortável por demais! Miliumautilidades, te serve de chinelo, calçado pro frio calçado com meias e ainda serve de estepe para pedalar quando quiser dar um descanso ao tênis ou sapatilha. Largona, te deixa com o pé livre, espaçoso lá dentro, folgadão…


Não é sempre que uso chinelo. Aquele que ostenta a fama de ser confortável e sinônimo de liberdade. E já entendi porquê!


Além de eu preferir a Crocs, sou muito relaxada pra andar de chinelo. E quando vejo, tô lá eu andando, arrastando o chinelo…
É muito desleixo! Não é questão de estar tão a vontade e relaxada. É relaxo! Daqueles que te faz se arrastar ao invés de andar. Percebe?

Sem depreciar. Arrastar chinelo é andar como  véio. Não pejorativamente, pela questão da idade. Mas pelo aspecto de ser um esforço físico tremendo. De malemá levantar os pés pra se deslocar. E, cambaleantemente, arrastar pés e chinelos, caminhada afora!


É preciso reagir! Postura! Esticar a coluna, peitopraforabarrigapradentro, puxar ombros para trás, estufar o peito, sentir as pernas e desenhar a passada! Puxar a força lá de dentro e não aceitar se arrastar. Porque pés que se arrastam, tropeçam mais fácil e te fazem cair. E as pedras estão sempre no caminho. E é preciso estar atento e vivo, com movimentos que passem por cima dos obstáculos. 

sábado, 14 de outubro de 2017

Convergências


Convergência vem de convergente. Con-ver-gente. Vergente. Vergente. Vergente…

Brincadeiras a parte, as convergências da vida que rodam, rodam e voltam de onde saíram. Como um pequeno rodopio de folhas que se levantam do chão e giram, giram, mas que se despejam de volta
.

Estou, no momento, aprendendo a entender que voltam, podem voltar, mas retornam diferentes. E é preciso enxergar as novas nuances que as folhas trazem, carregam e inspiram. E não ficar com o olhar fixo no que foram, perdendo a beleza do que são!

Amizades viram amores. Amores viram amizade. Perde-se. Acha-se. Repagina-se. Reinventa-se.

A transformação vejo, então, é a melhor saída. O que se transforma se adapta ao novo. E não é preciso mais descartá-lo. Pode nos acompanhar em roupagem nova!

Que bom! Vou levar comigo um amigo! Aquela conversa que não vê a hora passar, a madrugada adentrar, rir das velhas piadas tolas, das nossas bobices à toa, naquela teimosia de não falar, na igual tolice de continuar a falar e ter de concordar que certas coisas, nem o tempo muda.

Muda feição, não muda afeição.
Muda o rosto, não muda o gosto.
Somam-se rugas, desiste-se das fugas.

E o tempo, atrevido volta ponteiros de um relógio que não volta atrás!
Foram-se décadas. E algumas coisas não mudam.
Por um tempo se rebelam dos porquenão.
Com o tempo se permitem não fazer mais pergunta, não.
Porque existem coisas, simplesmente, feitas pra não se entender.
Feitas pra se viver, não importa com que fantasia estejam vestidas… 

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Gratidão


Um passinho do lado de cá. Ano passado atravessei a ponte. Agora, um passo a mais do lado de cá.
Então, vamos lá! O que vejo do lado de cá?

Me sinto meio como plateia de mim mesma. Olhando de cima como tem sido, como tenho vivido. Impossível não fazer esta costumeira retrospectiva anual.

Ciclos! Hora de agradecer! Muito mais do que resmungar coisas que perdi, deixei de fazer, sinto falta, hora de agradecer por ter tido a oportunidade de tê-las vivido. E quantas foram…

Sabe, realmente me pego, muitas vezes, na saudade de coisas que não compreendo porque tiveram de sair da minha vida. Então reconheço que esta passagem minha por estas coisas, ou estas coisas todas por mim, é riqueza. E não tê-las vivido seria pobreza. E, sinceramente, me sinto rica por isso.

Olhando pra trás, tenho muuuuuitas histórias a contar. Um livro cheio! Páginas recheadas de emoções, sentimentos verdadeiros expressos sem vergonha nenhuma, naquela vivacidade, naquela espontaneidade que tantas vezes me condenou a incompreensão, ao mau julgamento de impulsividade demais num mundo que aprova a previsibilidade, a contenção de explosão de sentimentos, a sua simples sensação, a sua demonstração e admissão.

Desafiei o improvável. Nadei contra a maré. Fui anti-moda, anti-regras, um tanto rebelde a aceitar e me curvar ao comum, ao politicamente correto se isto representasse não fazer bem de verdade a quem convivo e me causasse um desconforto lá dentro de mim. Desacreditei que viver seja totalmente previsto. E por isso mesmo, tive o privilégio de viver coisas que jamais imaginaria anos atrás. Fui aceitando os presentes que a vida me deu. Gratuitamente! Simplesmente por ser assim, meio deste jeito, destemida com o diferente, o novo, que entorta o nariz se tiver de ver a vida como um quadradinho sem graça, que se repete dia após dia, sem mudar nada, mesma receita para todo dia, que não me dê brilho nos olhos, não me faça suar frio e ter calafrios na barriga de ver a frente algo que nunca vi ou fiz!

Não tenho a menor dúvida que foi só por isso que tantos improváveis me aconteceram. Se é que existe mesmo o improvável!!! Porque, afinal de contas, quem é que sabe mesmo, de verdade, o que pode lhe acontecer nesta vida???

Sim. Sinto falta de coisas que eu fazia. A despeito de tantas limitações que a vida me impôs. Mesmo com uma montanha de “nãos” a minha frente, fui sendo levada pelo coração que me dizia pra ir, ir e ir. Indo, fiz. Atropelando pedras. Fazendo delas, degraus. Pra muita gente pode parecer pedrinha. Pra outras, pedrão. Foram minhas pedras. Que me levaram ao deleite de ter superado, uma a uma, saboreando que a vida pode ser presente, se assim a gente se decidir.

Não tive preguiça. Fui aceitando a abraçando presentes. E, confesso. Tenho tido saudade disso, pois passei por um tempo de desacreditar que posso fazer tudo de novo. Mas bem lá dentro de mim, eu sei. Acredito! E quero me dar este presente.! Me dar uma nova chance. Porque a vida é um sopro. E o início é a cada manhã! Porque o fim está logo ali e a gente nunca sabe quando. E a melhor forma de ser grata à vida é abraçando cada dia como um presente seu. 

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O não que é um empurrão!


-Filho, leva o Tufo fazer xixi?
-Não.
Daqueles bem redondos. Sem eira nem beira, nem fresta nenhuma pra margem de pedir de novo. É assim. Sempre. “Não” é não.

Parece ser falta de… Companheirismo? Não, não é.
Vez ou outra, em extrema necessidade, sai um sim. Quase naqueles casos de vida ou morte. Fora isso… Um redondo não!

Este não tem me feito um bem danado. Por causa deste NÃO firme e sonoro, nestes dezenove meses de reclusão, desde que me recolhi e me encolhi, alternando apatias, falta de vontade de ir, uma imobilidade que não combina comigo e não me traduz, mas que tomou conta de mim, não sucumbi ao sofá e não me afundei nele de vez.

O não foi o empurrão!

Juntando o não a este serzinho que depende de mim pra sair de casa, já que vai longe os tempos onde eu morava numa casa de portões e muros baixos, quando meu cachorro, tendo vontade de ir pra rua, pulava o muro, ou passava por baixo do portão numa fresta duvidosa sem fazer a menor cerimônia, ele apesar de tão independente pra tudo quando está solto, não tem como sair pra rua se eu não levá-lo. Enfim. Pode ser chovendo, pode ser 6h da manhã, meia-noite, frio ou calor de rachar, saio com ele. Melhor… Ele sai comigo. Ele me leva pra dar uma volta!

Não ter quem fique com dozinho, vá e faça por mim e ouvir um não, me empurra pra fora do sofá, de casa, da inércia. Vou lá fora pra rua, pro parque, pro lago, pro vale . Catar amora e comer no pé. Zanzar na grama. Fazer fotossíntese! Ver pessoas, outros cachorros ter conversas de gente que tem cachorro, conversa à toa e boa.

Ouvir não é um empurrão. Que me manteve no prumo e rumo. Como tantos que fizeram do eco de um não ouvido, o ponto de partida de ir de novo, ir além, ultrapassar, seguir e fazer acontecer.

“Não” não é uma porta na cara. O “não” é, para quem souber fazer, o meiavoltavoltaemeiadar para iniciar outro caminho. Ou, simplesmente, manter-se no caminho quando a vontade é parar.

O não pode ser aquela nota baixa que, de birra, fez a gente se matar de estudar só pra “esfregar na cara”do dito cujo do professor da época, um dez exibido na prova!

Ou o pénabunda no emprego, no namoro, que abriu a porta para oportunidades melhores, experiências melhores, pessoas melhores no caminho.


“Não” não é um apagão. Às vezes, é a dose exata pra se mexer no curso bom da vida. De ir fazer porque não há quem faça, ir fazer outra coisa, porque a anterior lhe foi tirada, de enxergar aquilo que você não via, não ouvia, não existia.

Como se diz, o”não” educa, cutuca, cavuca. É só uma questão de deixar de mimimi, de vitimismo, de umbiguismo e reagir.

O resto vem. 

domingo, 1 de outubro de 2017

Feito pipa


Em onze dias, meu niver!
Uma reta para um dia, contagem regressiva para algo que ano após ano, sempre comemorei.
Estanho, hoje. O niver passado,mudança de década foi tão esperado como todas as outras mudanças de década e, depois, abafado, recolhido e tão tímido para ser uma comemoração bem diferente da planejada por anos que está “décadaeumanoamais” me parece esquisita… Sem pré expectativa. Sem confete. Sem alvoroço. Avesso ao que me é natural nos meus aniversários.

O que acontece?

Acontecem muitas coisas. Ano passado foi um esforço tremendo para comemorar em meio a uma tempestade. Uma trégua imposta de fora pra dentro. Um tempo de bandeira branca hasteada por um dia. Afinal, era meio século pra comemorar.

Hoje, constato que este niver está se aproximando como todos os outros e eu, sem vontade alguma de comemorar. Isso não sou eu.

Onde estou?

Me perdi no caminho. No meio de tantos sacolejos de uma viagem na boleia de um caminhão. Como se indo de carona, sem ser dona do rumo. Indo, apenas. Pra onde o motorista levar. Pra onde a estrada chamar. Sem ter a mínima ideia de onde possa estar indo…

Bom? Ou ruim?

Enquanto escrevo, vou digerindo as palavras recém postas pra fora. Vômito? Saíram sem planejar. No início da primeira palavra, nem tinha ideia que seria isso pra hoje. Vômito. Aí, podem ser as duas coisas.

Ruim. Algo ruim lá dentro, um veneno, um engolido indigesto que o corpo está expelindo. Cuspindo pra fora.
A mercê. Viajando na estrada a mercê. Sem ser dona do mapa e do destino. Sem estar sentada no volante, como é meu costume estar. Esquisito. Gosto mesmo de ser dona do meu nariz. Traçar percursos e destinos. Passar pelo caminho com aquele gostinho de “estou indo” sabendo a cada centímetro aonde estou chegando. Viajar pela minha estrada sem saber aonde me leva é esquisito. Me parece que não sou dona nem do meu nariz, nem do meu destino. Não sou?

Bom. Vomitar é bom. É um mecanismo inteligente de defesa do corpo para se livrar do desnecessário, indesejável e que não faz bem.
Estar a mercê… É novo isso. Mas uma experiência totalmente nova e, vejo, necessária. Uma espécie de deixairpraver. De deitar no barco e deixar o rio levar. De descansar. De não ser tão certinha demais. (Sobre ser tão certinha,  demais : http://clicandoeconversando.blogspot.com.br/2017/06/tao-certinho-demais.html?m=1) 
De não ser tão pilota da viagem. De parar um pouco com esta mania de querer prever tanto o futuro. E, quem sabe, assim aceitar o que a vida manda. Relaxar. Porque a vida vai e traz. Independente de eu pôr a mão no volante o tempo todo, ela vai. É como se eu permitisse ir com um piloto automático que eu recriminava tanto! Dizendo que era falta de pulso em dirigir a própria vida. E posicionar-se e ter o desejo de destino. Mas que a vida desapressada de hoje me mostrou que é apenas um voo cego no vento, relaxar e me deixar ir na brisa. Sem medo. Sem me cobrar tanto. Nem o destino, nem o caminho. Um dia por vez.

Sinceramente, ainda não sei. Será um desplanejar necessário de uma vida disfarçada com cara de desplanejada, mas que me impunha um destino aprisionante??? Hein?!!!!

Deixa vir. Acho que é um retirar de algemas que eu nem enxergava. Dá trabalho ir sem metas, sem sonhos. Sem desafios, sem desejos, sem caminhos desenhados. Mas dá trabalho também ir o tempo todo com a adrenalina a mil. Com sonhos incessantes pra se alcançar. Eu não estou negando meus sonhos, nem muito menos desistindo deles. Estou apenas aceitando a efemeridade do tempo e de mim mesma. Para que o caminho seja mais leve. Pois andei carregando pedras demais! E estas pedras todas jogadas em mim, definitivamente, não são para serem levadas nos braços. Mas para, despejadas no chão, formarem a escada que vai me tirar disso. Como aquela velha história do cavalo caído no poço. Que o dono desistiu tanto do cavalo por achá-lo velho demais para se dar ao trabalho de resgatá-lo, quanto do poço por achá-lo já inútil. E decidiu enterrar cavalo e poço durma só vez. A cada pá de terra jogada sobre o velho cavalo para enterrá-lo vivo, ele sacudia a terra, na vontade de viver e punha seus pés sobre a terra jogada. Punhado por punhado. O final da história é presumível. Fez da cova a sua escada. Pra vida.

A vida, muitas vezes, pode parecer um poço visto do fundo. E conforme o quão fundo se foi, se está, menos luz se vê do lado de fora. Vai depender do que nos move, o desfecho. Tirar o peso das costas e pisar sobre ele. Fazer da carga a escada…

Por fim. Nem demais, nem de menos. Tempo de ir. Sem muita regra. Feito pipa. Soltar a linha. Fechar os olhos e flutuar…



Sobre o voo da pipa: http://clicandoeconversando.blogspot.com.br/2010/12/menina-que-amava-pipas.html?m=1