Vamos conversar?

Vamos conversar?

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Ponto de partida.

28 de fevereiro.
(Mais um escrito do celular, de dentro de um ônibus, em viagem...)

Ha quanto tempo eu nao fazia isso! Sozinha numa rodoviaria totalmente desconhecida? Remete-me direto ao tunel do tempo, quando e onde isto aconteceu pela ultima vez...

1984, janeiro, em Joinville. Estou voltando de ferias com meus pais de Barra Velha e meu pai me deixa na rodoviaria para eu pegar o onibus ate Jaragua do Sul, para eu ir passar ferias com meu namorado, na sua casa, com sua familia. Começo de uma longa historia de amor... Um capitulo a parte a ser escrito. Ou reescrito.

Bem, estar aqui pode ser um começo tambem de uma historia a ser escrita. Destas que mudam, drasticamente a historia de quem a escreve. Me faz reviver um velho sabor, a tanto não experimentado. Viver algo totalmente novo. Estar numa rodoviaria nunca pisada para ir a um lugar desconhecido. Estar diante de varias plaquinhas indicando destinos tão longinquos, de nomes nunca vistos. E vejo: que vastidão imensa de caminhos a ir a partirt dali.

Me vejo de mochila nas costas, pegando onibus para ir para pontinhos infinitos... Me vejo, de novo, podendo decidir estar num ponto de partida! Para uma infinidade de lugares. Basta sair de casa, mochila nas costas, desejo no peito, o medo do novo deixado para trás. E uma ansia de sair de uma imobilidade que aprisiona, o resgate do espirito que me punha na estrada, buscando lugares nunca vistos, a coragem que me leva a seguir. Que mostra que não é preciso muito para viajar. Me recoloca em viagens que eu fazia com amigos para conhecer lugares maravilhosos, parques na serra, reservas em montanha, praia, onde os olhos cintilam deslumbrados diante de tanta beleza! É uma viagem no tunel do tempo. MEU TEMPO!

Muito mais do que uma viagem que me leva de um ponto a outro no espaço. Pressinto e espero, com toda esperança que me é possível, ser o destrave para eu ir. Retorno ao exato ponto onde minha essencia despertou. O gosto andeiro de gostar de passar lugares nas janelas dos meus olhos. Poeira no chão. E volto a crer que ainda posso, não importa como, se de carro, onibus, ou quem sabe, a pé ou bicicleta, sozinha, acompanhada, rumos certos ou não, sinto volver dentro de mim um desejo já esquecido...

Viajar sem destinos nomeados, sair conhecendo lugares, conversar com pessoas desconhecidas. Casar a viagem para longe com aquela só minha, para dentro de mim mesma. E me encanto em ver a razão das coisas. O porquê dos fatos, a sintonia que explica. Ao término da tão sonhada viagem de minha filha, eu mesma me acho. Me reencontro comigo mesma. Por desejar encontra-la na sua chegada ao Brasil, me ponho sem hesitar, sem titubear, comprando passagem para um meio de mundo, uma vez que não é o fim do mundo. Pode ser, apenas, o começo dele...

Não me paraliso diante de dificuldade alguma. Não enxergo obstáculos. Faço! Estou numa estrada desconhecida, vencendo amarras invisíveis que me prendiam os pés sem eu ver. Recoloquei o pé na estrada para vir encontrá-la. E veja só: ao desejar encontrar-me com minha filha, qual não é minha surpresa ao ver que a Susi que está indo encontrá-la é uma Susi deixada a algum tempo lá atrás. E o encontro, primeiro, é comigo mesma!

O amor faz destas coisas. Ao fazer algo por quem se ama, descobre-se que quem recebe é a gente mesmo... Para começar qualquer caminho, ir ao encontro do que se busca, é preciso, primeiro saber de onde se está partindo, seu lugar, seu tempo, a pessoa que você, ESSENCIALMENTE é. Para não se perder de si mesmo.

Estou no exato espaço do tempo onde as coisas começam a acontecer. Sem mistério ou segredo algum, no HOJE, no AGORA. Resta seguir, sem retroceder...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

“Quem não arrisca, não petisca!”



Veja só... Reta final! Muitas coisas ganhas pelo caminho. Frases simples definem bem isto que se passou. Do tipo: “Quem não arrisca, não petisca!” simples e verdadeiro... Quem não arrisca, não sente o sabor do novo, do saboroso. Passa a vida comendo angu...

Não que um pratinho de feijão com arroz, pra quem gosta não seja precioso e saboroso. Sou adepta de pratos simples. Mas sou mais da linha “baciona” de alface, rúcula e agrião, com tomate vermelhinho, de preferência o pequeninho, um legume, uma carne, porque, apesar da panca de vegetariana, sou chegada numa carne vermelha bem preparada, um peixe, um frango, um churrasco.

A questão do angu, explico. Quem nunca sentiu o aroma de outro prato, que não seja o seu angu de todo dia, talvez nem sonhe que haja outros sabores, outros paladares. E sua vida seja predestinada a ser sempre assim. Angu e angu! E não lhe fará diferença, nunca. O problema é o vento! Este que eu adoro sentir na cara, que me desperta, me faz pensar que estou na praia, que me faz sentir que todo o peso está sendo levado de dentro da minha alma, a cada vez que ele bate em meu rosto e corpo... O vento é faceiro... Sutilmente, leva e traz. Assim como as donas faceiras que se dependuram nos portões contando a vida alheia! Sim! De mansinho, levam cheiros. Trazem outros. E aguçam narizes alheios! E pessoas que jamais pensaram existir outros aromas, descobrem, de repente, que o mundo é muito mais do que o seu nariz alcança! E, curiosos, sentem necessidade de saberem de onde vem, o que são estes cheiros tão diferentes...

O problema do angu com a mesma cara de todo dia até poderia ser facilmente resolvido com temperos diferentes. Molho vermelho, sem molho, carne picada, sem carne, cheiro verde, sem cheiro... Mas só a vestimenta não resolve mais quando é o conteúdo que pede novidade. (Qualquer semelhança com a vida das pessoas, que trocam de roupa, de carcaça, mas não mudam o conteúdo NÃO É MERA COINCIDÊNCIA!)

Há pessoas que levam uma vida inteira sem conhecer o mar! Muito mais gente do que imagina nossa vã ignorância! Convivo com gente bem simples no atendimento que faço em meu trabalho. Isto pra gente do interior como nós, é fato! Como saber então que o cenário pode variar tanto, dispor-se em montanhas, vales, mares, diferente do seu mundinho que seus pés alcançam? Somente pela televisão. Porque, hoje, há a televisão. Pra cutucar a vontade alheia, cutucar vaidades, desejos que cobiçam o diferente. Muita coisa, antigamente, era mostrada por livros. Eles eram a porta de a passagem para viagens intermináveis de jovens leitores. Hoje, a televisão, a internet cumpre este papel a quem tem acesso a elas. Mas entre olhar, passivamente e decidir-se a ir buscar este mundo imenso posto diante de seus olhos há um abismo enorme...

Pensar em “por onde meus pés passam” ou “onde meus pés alcançam” é um plágio assumido do que sempre diz minha filha. “Fotinha” dos pés postos indicando um horizonte longe, emoldurados por algum lugar especial que represente alguma viagem importante. Logicamente, nesta sua viagem, haveria muitas molduras... Como foram! E, mais do que nunca, vêm confirmar a frase “quem não arrisca, não petisca!”.

Escrevo hoje num presságio do final que se aproxima. E, pra variar um pouco, fico na dúvida... Posto no CLICS ou no Diário de Porto? Comecei escrevendo para ela. Para o Diário. Mas tem tudo a ver com o que posto no CLICS... Vou inovar então! Pura safadeza minha. Vou postar nos dois! É o sexagésimo sétimo dia de sua viagem. Mas é uma conversa, prosa boa sobre o sabor desta sua viagem... Tudo a ver com o CLICS. Fruto do Diário. Como não poderia deixar de ser... Somos nós duas nos dois!