Vamos conversar?

Vamos conversar?

sábado, 16 de maio de 2020

Você acredita em anjo da guarda?



Você acredita em anjo da guarda?

Costumo perder as coisas em casa. Caço, caço e não acho.
Falo que tem Saci em casa. Que, arteiro, pega minhas coisas e esconde. E rola de rir cada vez que fico zanzando de um lado pra outro dentro do pequeno apartamento, caçando aquilo que não acho.

-Tem Saci em casa! - Retruco eu.

Da mesma forma, me acontecem umas coisas que, na hora, já falo em voz alta, como se fosse pra mim mesma:

-Obrigada Deus. Anjo da guarda. Obrigada!

Você já procurou desesperadamente a chave do carro na hora de voltar andando até ele? E, não achando, se lembra que está no estacionamento e a chave fica lá?

Você já procurou o carro estacionado numa rua e ele não estava lá?  Porque você sempre estaciona na mesma rua e, justo naquele dia, já quase chamando a polícia, se lembra e se dá um riso amarelo e -Ufa! - se lembra que estacionou noutro lugar?

Estas cenas, na verdade, são somente esquecimentos inocentes. Agora quando acontece de o anjinho ter de vir voando e ficar cuidando do carro até você voltar…

Hoje, saio eu, dog a tiracolo, uma amiga junto, por uma estradinha lá longe.
Estaciono, tranco o carro, ponho a chave no bolso e parto feliz pra uma caminhada misto de banho de sol, ar fresco e movimento.
Tão desejado movimento neste tempo de isolamento.

Logo que começamos, já vou tirando a blusa pra aproveitar melhor o sol que dá o ar da graça e já me aquece, friorenta que sou. 
Uns quarenta minutos de ida até uma mata. E uma volta desapressada. 

Lá de cima do último morro, já avistando o carro de longe, vejo um alvoroço de gente em torno do carro. Pronto! 

-Será que estão tentando roubá-lo?
-Corro?
-Grito? 
-Aciono o alarme? 

Estou tão distante que nenhuma das alternativas anteriores seria acertável. Nem possível.

-Assisto de camarote levarem meu carro?

Aí, olhando bem, é um bom tanto de gente. Quem sai por aí roubando carros, sai de dupla. Numa moto. Não em grupo. Olhando bem, não são motos. São bicicletas. Me acalmo porque nunca vi um grupo de bicicletas sair pra roubar carro!

As bicicletas e as pessoas montadas nelas, vão saindo uma a uma. E em direção contrária, em nossa direção, vem uma bicicleta solitária que logo nos alcança. Cumprimentamos, apenas.

Logo, vai vindo mais um par de rodas. Desta vez, motorizado. Uma moto que, aproximando-se, pára e o seu condutor nos pergunta:

-É de vocês aquele carro lá?
-Sim...
-Ah. Ficamos lá parados desconfiados se era carro roubado e largado na estrada!

Conversa vai, conversa vem, me lembro que já fiz desta antes. De estacionar em beira de estrada de terra pra ir correr e, de longe, avistar gente em torno do meu carro, espiando lá dentro dele. Daquela vez, de reflexo, sem pensar só gritei um "Ooooow!". Sem pensar, a razão da gente é um pouco desavisada. Mas era só um casal de moradores locais preocupados de ser um carro roubado desovado ali.
Desfeito o mal entendido de ambos os lados, peguei o carro e fui embora. Pensando, depois, que se fosse uma cena de roubo real, eu estaria numa fria! Imagina! Gritar, eu, sozinha pra uma dupla de ladrões roubando meu carro. Anjinho da guarda em ação!

De volta à cena de hoje, tive tempo de ser mais sensata. Mesmo porque não teria como chegar correndo e flagrar os ladrões. Mesmo porque não eram ladrões. E nada havia acontecido pra me preocupar.

Continuamos na estradinha e, logo após nos despedirmos do morador que havia parado ao lado do meu carro, puxado a placa pra ver se havia algo errado com ele pra estar ali "largado", seguimos já a uns 50 metros de onde ele estava estacionado. Não vejo o Tufo e pergunto pra minha amiga:

-Ué? Onde está o Tufo?

E olho em volta preocupada. Já que me distrai conversando e não percebi se ele havia seguido sozinho. Minha amiga olha em volta pra procurá-lo e fala:

-Nossa!. Alguém perdeu a chave do carro.

E eu:

-É minha!!!...

Sim. A 50 metros do carro, logo que saímos dele, deixei cair a chave de dentro do bolso da blusa que tirei e nem percebi… Ficamos cerca de duas horas caminhando pra longe e… O anjinho da guarda ficou ali, cuidando da chave! Ninguém a viu. Ninguém a achou.
Nem é preciso dizer que fechei os olhos, calei por fora e, por dentro, só agradeci.

E aí… Você acredita que tem alguém zelando por você?

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Pequeno Príncipe



Gosto das palavras simples, das histórias simples, das histórias que parecem ter sido escritas para crianças. Só parecem. Pois escondem - e revelam - mensagens profundas pra ressuscitar a alma.

Gosto de palavras que vêm dizer a alma pra recusarem o convite de se tornarem aceitáveis, adultáveis, se isso significar perder a essência, a decência, a leveza, a certeza de ser o retrato fiel de seu coração.

Não é proibido virar adulto.
É abominável é esquecer de ser criança.
De ter a sapequez.
De ter gargalhadas sempre prontas a ecoar.
De rolar de rir. De si mesmo. De chorar se dói o coração de saudade. Até de saudade de quem ainda está com a gente. Só porque queria que fosse pra sempre.

Não é proibido virar adulto, se se prometer nunca esquecer daquilo que faz bem. De rolar no trigal com o amigo inesperado. De ter uma rosa especial que ganhou teu coração. De se deixar cativar. E cativar também, sem os medos daquilo que nem aconteceu.

Ler o livro, ou assistir a esta singela película aquece o coração. Neste tempo estranho de isolamento. Mas em qualquer tempo. Porque isolamento é algo muito mais antigo e acontecível do que pensam todos.
Isolamento é viver desesperadamente o amanhã, programando tudo e seguindo a risca o plano do dia que você não alcança nunca, por mais que corra.
Isolamento é viver o ontem. Que abriga o passado das histórias dos outros. Dos pais, da família, dos amigos. E daquele bicho estranho que você já foi e não é mais.
Isolamento acontece com a gente a todo tempo quando a gente não se reconhece, não se escreve a lápis, se permitindo apagar, porque depois que aprende a escrever tem de usar caneta... Porque virou gente grande.
Grandes mentiras que adoecem. Que aprisionam em estereótipos que não são os seus.
A vida tem de ser leve. Pra alçar vôo em rabo de foguete, de pipa, de avião de piloto que conheceu o Pequeno Príncipe.
Alçar vôo no vento do seu pensamento. No profundo do seu sentimento. No aconchego do seu momento.

E só.

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