Vamos conversar?

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domingo, 25 de dezembro de 2011

O que te é um presente?

Estava lendo o que Walcyr Carrasco escreveu na Época. Sobre os amigos secretos tão comuns nesta época de confraternização de final de ano, nas empresas, nos grupos de amigos e até nas reuniões de família que optam por esta “brincadeira” para substituir a velha troca de presentes tão dispendiosa para todos que andam com os bolsos meio vazios. Acontece que não há quem não tenha uma história hilária pra contar sobre isto. E ele, conta alguns episódios que passou.

Não é à tona que alguns, hoje, substituem a velha brincadeira por outra modalidade; o “inimigo secreto” que se é pra sacanear, que seja escancarado e todos possam ter o direito da réplica, tréplica, e aproveitem para inventar presentes que tenham como objetivo, dar coisas engraçadas e manter o espírito esportivo de brincar, trocar presentes e “roubá-los” uns dos outros! Assim, as pessoas deixam de comprar presentes com medo de errarem, de desagradar, procuram presentes que sejam disputados para serem roubados, melhorando o tipo de presente comprado. E mais: como todo mundo vai ver o que foi comprado, dificilmente vai se levar algo chimbim, ou que foi um presente já rejeitado em outros natais, ou amigos secretos. Como acontece, de fato. Pois há quem compre qualquer coisa correndo, porque se esqueceu de comprar algo pensando na pessoa que tirou, ou pegue algo em promoção, sem nem saber se será do agrado da pessoa. Ou pior! Desenterre do fundo do guarda roupa, aquela velha sacola de plástico cheia de presentes recebidos em outros carnavais que ganhou, não gostou e só não passou pra frente, pra reaproveitá-los dando-os para outras pessoas nestes “inofensivos” amigos secretos... É a reciclagem de presentes! Uma boa idéia pra outras confraternizações: Amigo secreto – presente reciclado! Quem sabe um bazar/brechó? Já fizemos isto uma vez em nosso grupo de corrida! Um bazar entre amigos, onde combinamos de levar objetos, roupas, calçados, bolsas que não usássemos mais – em boas condições de uso! – para vendermos e comprarmos a preços módicos/simbólicos para brincarmos e termos mimos com cara de novo!

Bem, o texto bem humorado de Walcyr Carrasco segue falando dos micos e das roubadas em dar ou receber presentes. Coitada, sempre coitada da mãe sem sexo, sem vaidade, sem gosto e que, resignadamente, segue ano após ano ganhando coisas para casa... Tem lá ela, por acaso, cara de casa? Tem? Cara de cozinha, área de serviço, ou armário de cozinha? Para que, insistentemente, seu marido ou filhos, ou genros, ou noras lhe dêem, com a maior cara de satisfação, um fogão novo, uma geladeira, um microondas, ou pra piorar, uma batedeira, liquidificador, cafeteira, dentre tantos ítens para uma dona de casa? Tem dó!!! Antes de tudo, mulher é mulher! Cheia de desejos, de vaidades, vontades secretas... Como Walcyr conta, ela ainda olha o presente e diz: “Eu estava mesmo precisando disso...”. Se bem que eu gosto de atribuir a ELA – esta mulher que não se manifesta e engole o que não quer – parte da culpa por receber coisas que não sejam para ela, mas para a mulher que os outros querem perto, por lhes ser conveniente... Quem não quer uma super cozinheira por perto? Super equipada com os melhores equipamentos eletrônicos para armazenar, preparar e aprimorar a comidinha nossa de cada dia? Hã??? Há de se dar o grito de liberdade e dizer “Eu quero aquele vestido carésimo daquela loja chiquérrima que custa, nada mais e nada menos do que... o valor de uma geladeira... Exageros a parte, presente também não é dar um jogo de furadeira ao marido, a não ser que brincar de marceneiro lhe seja parte de seu lazer. Ou dar material escolar aos filhos, cuecas, meias que já iam ser compradas mesmo. Salvo quando você sabe que a pessoa está doida para ter algo que não pode comprar, vale lhe dar algo útil, por ser desejado. Mas, definitivamente, presente não é algo que a casa precisa. Mas é algo que seja um desejo quase secreto, muitas vezes, uma bobice, um supérfluo desnecessário (vale a redundância para frisar a inutilidade do produto para quem olha e dá, em indireta proporção a quem o recebe!).

Dar presente é uma arte. E sabe bem o que é isso quem é capaz de comprar algo com olhos de apaixonado que está louco para conquistar a pessoa. Naqueles momentos únicos que não são, necessariamente, atrelados a uma data especial como aniversário, natal, dia dos namorados, aniversário de namoro, casamento ou enrolamento. Daquelas raras oportunidades quando você está à toa e vê algo que, na hora, te lembre a pessoa e você não resiste e compra. Só pelo prazer de entregar o presente certo de despertar no outro, uma cara de espanto e de derretimento, um sorriso de satisfação e ver seus olhos brilhando de alegria! Como criança que ganha um brinquedo tão cobiçado...

Dar presente tem que ser encarado como algo onde você pré-sente que a pessoa que vai receber adorará o que você deu! E você pré-sinta que acertou! Chego a acreditar que a melhor parte do ganhar um presente seja a surpresa que isto nos causa. Pois presente não precisa ser tão somente, um objeto. Pode ser um bilhete, um cartão, uma visita surpresa, um passeio. Pode ser até uma declaração. De algo subentendido e nunca declarado. Pode ser uma mudança de rumo. Uma decisão. Com certeza, tem que causar um frisson no coração. E como o nome já diz, é um pré-sentimento. Tem que mexer no coração, senão, não é um PRE-SENTE!

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