Vamos conversar?

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domingo, 11 de dezembro de 2011

Saudade...

Não sei se é lenda, mas já ouvi dizer que a palavra “saudade” é uma expressão genuinamente brasileira que, assim como outras palavras, não pode ser traduzida em seu completo teor para outras línguas.

Tive a oportunidade de hospedar e passar por dois dias, em contato com uma chinesa, intercambista que morou nos últimos três meses e meio com minha filha. Ela fala fluentemente em inglês e bem em português, dentro do que pode aprender nestes meses em nosso país. Eu converso razoavelmente em inglês, mas sei que no intercâmbio dela, pela AISEC, o mesmo pelo qual minha filha viajará, o objetivo deles é desenvolver nossa língua e não nós aprendermos a dela, ou o inglês. E, apesar de gostar muito de praticar o “meu inglês” quando há a oportunidade, aproveitei para ensinar várias coisas a ela, o tempo que passei e passeei com ela em Londrina.

É nestas horas que você percebe a peculiaridade da “Língua Brasileira”! Tá, tá legal, oficialmente, usamos a Língua “Portuguesa”, o que discordo totalmente, pois temos uma individualidade lingüística que nos difere imensamente da língua falada naquele país. Mas, a exemplo de tantos outros, colonizados por ingleses, franceses e portugueses, temos de dizer que nossa “língua” falada é a deles... Denominações a parte, é quando estamos prestando atenção no nosso modo de falar para ensinar a um estrangeiro a nossa língua que percebemos estas peculiaridades e palavras como “saudade” aparecem para serem explicadas...

Bem, “I miss you” não é exatamente “sinto saudade de você”. Significa “sentir falta”. Mas pode parecer bobagem minha, mas não contém todo o sentimento da palavra “saudade”. Vou permitir-me viajar neste pequeno vocábulo. Saudade vai muito mais além... Diria que você já começa a sentir saudade, antes mesmo de ver a pessoa partir, por tanto amor que sente por ela. É uma sensação física que aperta o coração, comprime-o, tal é a ligação que você possui com a pessoa. Algo que extrapola explicações físicas de convivência, motivos racionalmente compreensíveis dentro daquele espaço incompreensível de “tempo e espaço”.

Saudade é a continuidade do amor, a sua perpetuação, quando não se pode ter a pessoa amada ao lado. Ou aquilo que você sente quando, no que vivo hoje, você permite que um serzinho que você ama tanto e tanto vá voar pra tão longe, pra buscar seu sonho maior do momento, o de ir conhecer outros ares, outros mares, outros lugares. E é neste momento que o amor mistura-se à saudade, numa mostra excepcional de amar acima de tudo, num sentimento desegoísta onde você opta por estar longe da pessoa amada por entender que seus olhos brilharão noutro lugar, suas asas se expandirão, o vento a levará por vôos nunca antes experimentados e tão desejados. Hora de abrir seus braços, nos quais a manteve segura por anos e anos, quem você ama tanto para deixá-la ir, deixá-la voar...

Já houve o momento onde eu chorei muito, como se nunca mais fosse vê-la, muito embora ela fosse morar a apenas 100k de casa, quando foi estudar em outra cidade. Quem já nos viu na imagem da minha chegada em minha primeira maratona em Curitiba, debaixo da chuva, o clic tão conhecido que roda por aí, nos vê nos últimos metros, correndo lado a lado, sorrindo uma pra outra, numa sintonia tão indescritível quanto perceptível, que revela um amor imenso que nos mantém unidas e conectadas apesar da distância física que, agora, por dois meses e meio, será muito, muito maior. Hoje, não é um momento de choro. O coração acostuma-se a ter a pessoa amada longe, quando sabe que para ela, é o tempo de “construir-se”, receber tudo o que lhe permitirá, depois, seguir. Posso até dizer que irei junto. Pois o amor tem destas coisas! A gente vai junto. E mantém a pessoa junto da gente. O amor ignora a distância, o tempo e resiste. Numa brincadeira de palavras existe, re-existe, resiste, insiste. Por isso que quando se ama, nunca se deixa de amar. A saudade é a palavra que inventaram para o amor que fica. Saudade é amar acima do tempo e da distância. É a certeza de ter sempre junto da gente, embora o tempo e a distância digam que não!

Giovana, hoje é o momento de seu vôo mais esperado. Diria que maior que qualquer formatura que você possa passar. Você, desde pequeninha já dava mostras que teria asas largas... E este tamanho de asas não se refere à distância que você vai voar em breve. Mas ao tamanho da sua capacidade em querer fazer algo por outros. Ainda ontem você me dizia que sempre sonhou em fazer algo pelos outros. Em outras épocas, pensaríamos em profissões, tal qual a de médicos em acampamentos de refugiados, ou coisas racionalmente delimitadas! Mas não! Como não poderia deixar de ser, algo inusitado surgiu, você enxergou e agora vai. Simples. Como gotas de bálsamo, você levará palavras a pessoas. A estudantes! Levará conhecimento aos outros. E, ironicamente, repetirá a missão da profissão de sua própria mãe. Ensinar! Qual não é o bom uso da palavra expressa e transmitida ao outro. Pois o conhecimento é o que nos distingue, nos capacita, nos abre os olhos, a mente e incita o coração a deixar de ser apenas um ser passante, mas a ser um ser que, embora errante, persiste, resiste e insiste na sua tarefa primeira que é amar acima de tudo e fazer o bem sem olha a quem. E usará tuas asas imensas ao dizer palavras que podem fazer a diferença! E dará passos e ensinará passos que podem levar a novos horizontes, buscar a luz e acreditar na vida. Vá, filha! Voe! Deus é contigo, sempre! Amo você!

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