Vamos conversar?

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terça-feira, 11 de abril de 2017

Um presente por dia, ou não!

Um presente por dia. Ou não?


Outro dia, me propus uma brincadeira: que tal se eu ganhasse um amigo novo por dia? Como assim?

Saio diariamente com meu cãozinho para dar uma voltinha para ele fazer xixi e cocô. Isto, duas a três vezes por dia. É nossa rotina. Como ele acostumou desde pequeno a isso, não faz nadinha dentro do apartamento. O que é ótimo! Não fica cheirinho dentro de casa, não tem de ficar limpando e lavando a sacada, ou qualquer lugar onde ele pudesse querer adotar como seu banheiro particular.

Não me incomodo nem um pouco com isso. Não é uma obrigação que ganhei. É um prazer! Não “tenho de sair” com ele. Ele é que me convida diariamente a dar uma voltinha. Enquanto ele faz lá, suas necessidades, eu vou conhecendo todo dia, um mundo novo. Não! Não é que passe por lugares diferentes. Até tem alguns caminhos que repetimos. Umas ruas, praças, parque, lago, que vou com ele com frequência. Não existe uma programação semanal. Desço e,lá embaixo na calçada, decido. Às vezes, deixo ele escolher para que lado da rua viro. Para lá, ou para cá e saímos.

O mundo ao redor da minha casa é o mesmo todos os dias. E não é! Porque todo dia passamos por ruas conhecidas. Encontramos pessoas conhecidas. Mas não é igual todo dia! Todo dia tem algo novo! E ganho novos amigos!

Quando me dei conta disso, achei o máximo. Eu saio e vou pensando na vida, ou não. Às vezes, quando vejo, estou pensando em coisas que aconteceram, rindo e lembrando. Ou estou planejando o que fazer. Arquitetando alguma arte. Desenhando o que vou​ fazer.
Noutras, sigo pensando absolutamente em nada! Só vou.

Dias destes, me peguei assobiando! Na rua, andando! Fazia tempo que eu não fazia isso… Será que eu já tinha feito isso, algum dia? Pedalando, sim. Talvez, correndo. Porque quando saio no meio do mato, a liberdade que sinto é tão grande que, naturalmente, faço destas. Cantarolar ou assobiar. Mas, assim, no meio da rua?
Me flagrei tão relax, ao ponto de assobiar mesmo, sem vergonha nenhuma. Pensar ninguém vê o que você pensa. Agora assobiar é que nem cantar! Qualquer pessoa que estiver perto, passando, ou parado no ponto de ônibus, ou na calçada, vai escutar e saber o que você está assobiando. E daí? Vai ver, vai até dar uma lembrança boa, nostalgia. Porque meu repertório é um pouco de modé, cavuco no túnel do tempo, o que saio assobiando.
De certa forma, estas coisas funcionam como um presente para mim. Coisinhas à toa. Porque me fazem bem. E o que faz bem sempre é um presente na vida da gente.

Então, tive este clic, esta grande sacada. Invariavelmente, converso com pessoas na rua. Geralmente, as pessoas se repetem. Mas nem sempre. Aí parei para ver que cada pessoa nova seria um presente. E passei a brincar de conversar com novas pessoas. Ah! E perguntar o nome delas! Porque esta história de saber o nome dos cachorros e não saber o do dono tem de mudar.
É muito bacana! Isto pode acontecer todo dia! Já pensou? Quantos amigos novos no ano? Trezentos e sessenta e cinco? Não são amiiiiigos de se chamar para vir em casa almoçar e tal. Mas são pessoas que também passam pelas ruas ao redor da minha casa, ou próximas a ela, no lago, nas praças que, possivelmente, vou ver de novo, ou não. As que vejo de novo, vira um exercício para minha memória;
  • Como é mesmo o seu nome?
Eu pergunto na segunda vez. Na terceira. Na quarta. Quantas vezes for necessário até eu memorizar. É até engraçado. Treino minha memória, ganho novos amigos, ganho presentes!

Comecei esta brincadeira, um dia em que estava triste, enxergando quantos amigos que perdi pelo caminho. Perdi para o tempo. Para a bobagem. Para o orgulho. Para o mal entendido. Perdi para a preguiça. Perdi para o esquecimento. Perdi para a morte. Perdi para a vida. Pessoas que entraram e saíram da minha vida por algum motivo. Porque tinham de sair. Porque deixei sair. Ou porque quiseram que eu saísse. Ou eu quis assim.
A verdade é que perde-se amigos, talvez, porque deixaram de ser. Às vezes, até insisto de brigar com o tempo e não deixar ele levar algum amigo. Mas, tal qual a cerração, vai indo e se vai. Aí, sei que não estão mais comigo.

Isto me fazia pensar que esta era uma contagem sempre regressiva. Vai secando e acabando. Ou não!
E não é!

Quantas vezes passei por lugares novos e fui conversando com pessoas que nunca vi?
Quantas vezes passei pelos mesmos lugares passados e encontrei novas pessoas e conversei?
Quantas pessoas que nunca vi passam por mim e posso disparar um “bom dia” ?

Já fiz isso. Quando comecei a caminhar no lago, antes de começar a correr, passava desapressada, com tempo para desafiar “bons dias” ! Fiz vários novos amigos assim. Aqueles que você encontra diariamente e passam a se tornar tão conhecidos que viram amigos mesmo. Ao ponto de passarem até a ser seus companheiros diários de caminhada, como foi o que me aconteceu. E virar meu amigão.

Estava em desuso. Tinha me esquecido desta coisa boa que é fazer novos amigos. Despretensiosamente. Toda boa e grande amizade começou com um oi, um bom dia. Cumprimentar as pessoas, perguntar seu nome não é só um gesto de gentileza e educação. Tão comum, antigamente. Tão em desuso, atualmente. Pode ser a chave para abrir as portas de novas amizades. Todo dia!
E aquela continha de subtração que me incomodava tanto, deixou de incomodar. Porque se eu quiser, se eu deixar acontecer, se eu disparar “bons dias’, eles de fato serão! Com presentes!

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