Vamos conversar?

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segunda-feira, 24 de abril de 2017

Onde estão os pés de mamona?



Perambulando por aí outro dia, dei de cara com uns pés de mamona. Felizona da vida, relembrei uns trechos que andei escrevendo outro dia, sobre a minha infância. Daquelas passadas na rua brincando, bola queimada, bets, esconde-esconde e pulando cerca de arame farpado, enroscando o pé no arame, deixando aquelas cicatrizes de infância feliz! Tudo só pra brincar de casinha embaixo de pé de mamona.

Na hora, vendo aqueles pés de mamona, veio a cena na minha cabeça! Flashback!

Na minha cabeça de criança, enxergava a cozinha, a sala, os quartos debaixo do pé de mamona, como se houvesse, de verdade, as divisões feitas pelos galhos e troncos que pareciam gigantes​ na minha pequenez. Tudo era permitido imaginar!

Fiquei sorrindo sozinha pela lembrança.

Eis que passo pelo mesmo lugar uns dias depois e… tudo cortado! Arrancado fora! Derrubado! Me senti meio roubada. Roubaram cenas da minha infância. Pés de mamona não são mais importantes para ninguém. Não fazem mais parte do cenário da infância de ninguém. Mato. Desimportante. Corta-se fora.

Desde aquele dia, quis escrever algo sobre isso. Rende muita história. Pés de mamona são mais que pés de mamona. São símbolos. Da infância que não existe mais.

Será que ainda existem crianças que viajam no imaginário, desbravando terrenos baldios, mata adentro, enxergando tudo aquilo que elas quiserem no nada do adulto? Tá. Não vamos forçar a barra. Urbanidade. Não há teremos baldios nos bairros, exceto mais na periferia. Lá, tenho esperanças que as crianças ainda brinquem por aí afora…

Mas… Como pode isso? Um quadradinho preto na mão que abre o mundo em segundos a sua frente, sem tirar os pés do chão, ao invés de fazer viajar na imaginação, fazê-lo preso, conhecem tudo lá dentro, nada aqui fora?

Estamos nos perdendo numa inversão de personagens na nossa história. A gente a ilude pensando ter o controle remoto nas mãos de tudo. E tenho minhas dúvidas de quem realmente aperta o on-off das nossas vidas. Muita criança brincando em mundos infinitos dentro de uma caixinha preta numa falsa ilusão de controlar estes mundos. Quando quem está sendo controlada, é ela.

Debaixo de um pé de mamona, dava pra ser criança e feliz. Criança era o personagem protagonista. Pés de mamona são os parques, as ruas, pés de árvores, qualquer lugar que se vá, se brinque sem nada nas mãos. Presente, somente. Falta isso, hoje. Menos pra viver mais. Só!

2 comentários:

  1. Alguns meses atrás, fomos visitar uma cachoeira em família e rolou uma gerrinha de mamona. Kkk

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    1. Estes momentos são únicos!!! Eu pulava a cerca de arame farpado pra ir pra debaixo do pé de mamona brincar de casinha... Eita tempinho boooommm!!!

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