Vamos conversar?

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sábado, 12 de janeiro de 2019

Latitantes. História de amor incondicional!



Verão passado. Como amo passear com este bichinho...🐕



Tinha planejado fazer a ciclotrip 🚲🎒 com ele. Projetei um suporte na garupa onde pudesse fixar sua casinha🏠. Tinha duas opções de casa. A rígida e a flexível. Esta da foto. Bem ventilada, confortável, mas não protegeria da chuva que é uma constante no verão catarinense.





A rígida seria a ideal. Ventilada, um pouco menos, mas não entraria chuva. Porém, achei que o bichinho era menor. Comprei a P.... 😮🙄😏😜. Errei o tamanho. 🤦

Com isso, ele ficaria muito apertado.

Desisti de levá-lo comigo. Deixei juntamente do carro, na casa do meu amigo em Penha. Início da cicloviagem do Circuito Costa Verde & Mar..

E assim que acabei a etapa trip bike, dez dias depois, corri pegá-lo pra passear.

Cachorros tem um quê só deles! Um amor incondicional pela gente. Lealdade. Parceria. Cuidado. Uma espontaneidade de derreter o coração. Por mim, levaria junto comigo em tudo! Mas na Triptour BR 🇧🇷 tive de optar deixar. Pois não é permitido adentrar nos PARNAS com animais domésticos. E levar por levar e deixá-lo, não daria. Pois na maior parte do tempo, eu acamparia.

Ainda vou adaptar a bike para ele ir comigo. Quem sabe, pela América do Sul. Mas não gostaria de levar na carreta para bike atrás.

Li, outro dia, o relato do Israel, sobre receber a notícia da morte de seu dog. Ele, em viagem há três anos. O companheiro, já idoso, falecer, lá na sua terra e sua mãe lhe mandar a notícia 😢. O vazio que dá. E isto me faz pensar se vou mesmo cair na estrada sem ele. Parece bobagem?

Tenho sonhos de viagem. E defino dois bem certos. Um ano de bike pela América do Sul. E uns três anos viajando e morando na estrada num carro que me dê autonomia pra seguir.






Já fiz algumas pernas de viagem com meus filhos pela América do Sul. Contornando desde a Cordilheira dos Andes, região dos vulcões do Chile e Argentina. Região dos Lagos. Até o Ushuaia. Geleiras do El Calafate. Retornando por toda Costa litorânea Argentina com suas pinguineiras, aquelas não exploradas nos pacotes comerciais. Aqueles cantinhos escondidinhos, que só os donos de posto de gasolina no caminho nos contam e revelam.

Já fomos de carro pela Costa litorânea de todo o sul do BR + Uruguai . Parando, acampando, bicicleteando trechos no caminho, passando pelo lugar mais exótico que já estive, Cabo Polônio, até chegar à ponta, em Colônia del Sacramento.



De avião + busão, van, táxi, trem, avião dinovo, pele Bolívia, Peru e Chile, naquele triângulo que concentra as belezas mais estonteantes por metro quadrado, num giro de duas semanas onde fizemos milagre e conseguimos espiar e nos esbaldar de ver as cidades pré-incas, incas e a única cidade inca viva Ollantaytambo. Desertos de sal e montanhas com Lagos congelados. Aqueles nomes que você ouve e ficam ecoando, pedindoindoindo na cabeça, até você se decidir a ir. Tiwanaco, Lago Titicaca, Islas Flotantes em Puno, Machu Picchu (off course!), Salar de Uyuni (pfv, né!), Atacama. Ficou de fora a Estrada da Morte. Porque eu tinha costelas fraturadas em recuperação naquela viagem… 😱🤕🤦🤪😬😂







A América do Sul me fascina. E quero ir sem pressa por ela. Aliás, Plano A era este. Nestas férias. Lagos de bike. Abortei a ideia quando vi que não me recuperaria do corte no joelho, na queda correndo, em novembro. Plano B, de bike atravessar SC, também não era viável. Atrofiei muito no período pós queda e seria um tanto insensato cicloviagem solo assim. Plano C: de 4x4 pelo centro-oeste, chapadas, areiões jalapanêses, BA, terras onde nunca pisei. Caí dinovo. Vai saber que recados são estes pra mim?!

Li hoje, da Pã, sua descoberta, véspera de tufão anunciado pela ilha, via tufão interior, que os sonhos quando demoram acontecer, acontecem atrasados, fora do fogo do desejo genuíno! O que te denuncia e te pede. “Tem de ser agora. Depois, já era!” Uma baita reflexão. Não sei o quanto concordo, o quanto discordo. Mas mexe fundo. Tanto a resiliência e paciência de perseguir e realizar sonhos, no tempo onde podem acontecer. Quanto a honestidade de admitir que o tempo deles já foi. Que fazer a todo custo, é pura teimosia boba, desnecessária, que consome tempo energia e dindin, que se você tiver feeling o suficiente, desvia, e vai fazer o outro sonho, novinho em folha no tempo certo do agora. Meo…. Que honestidade gigante dela! De causar tufões na gente. Às vezes, ficamos tão obstinados em alcançar sonhos congelados no tempo, que não percebemos que nem os desejamos mais, tanto assim. Que alcança-los, vira mais obrigação, vaidade, vitrine, do que deleite.

Então, a cabecinha gira 😟, gira 🙃, gira 😲, gira 🤪, gira 🤸 do jeitinho que eu gosto, me cutucando, causando indagações…


A idade dos cachorros 🐶 provoca isso. Eles têm um tempo tão curto de vida e sei que quem não ama cachorros não vai entender nada do que estou falando. Mas pensar que o Tufo tem seis anos e tem, exagerando, dez anos de vida pela frente, me faz pensar e chegar à certeza, que não quero ficar quatro anos fora, sem levá-lo comigo, sem tê-lo comigo nestas minhas viagens. Estas minis trips, ok. Fica em casa, recebendo carinho, na sua caminha, seu lar, mesmo com saudades e não entendendo onde estou. Mas vou voltar. No máximo, mês e meio fora, volto. Mas viajar por meses, anos, deixá-lo… me faz pensar qual o sentido disso tudo! Ao mesmo tempo que soa ser tão tolo, apego, pergunto. Em que vale à pena se apegar? A gente discursa tanto, o tempo todo, desapego, minimalismo, para não criar teia de aranha, parado nos lugares, como se fosse feio, ruim, pernicioso, criar raízes. Ter vínculos. O nômade aprende isso. Senão, não segue. But…. E nesta bagagem, mini bagagem, não cabe levar amor? 👜♥️💟

Fico pensando e ruminando…

Escrevo com certa frequência. Leio muito. Desde livros que ficam pelas metades, metade lido, metade folheado, um tanto não terminado, blogs, textões no Instagram de viajeiros que sigo e amo, assisto vídeos dos canais idem, que, conforme o interior, busco um ou outro, e vou me inspirando e inspirando outros, quando paro e escrevo.

Na devida proporção, cada um com seus seguidores, leitores, amigos, quando compartilha suas passagens, paragens e viagens, participa desta mágica que é contagiar… Todo mundo teve alguém a quem ouviu e viu e fez seus olhinhos brilharem! Ouvindo pela primeira vez histórias malucas de perseguir sonhos malucos, ou não, e ir! E muito mais que realizar, compartilhar multiplica.

Poder ler, assistir, acompanhar as experiências destes viajantes que sigo é inspirador e, ao mesmo tempo, instigante. Falo isso porque as falas se repetem em bocas diferentes. A busca, logo se percebe, é interior. Óbvio. A passagem exterior por lugares exdrúxulos, estimula ainda mais. Parece aguçar sem piedade todas as terminações sensitivas da gente. Ficamos inteiros sensíveis, chorosos, alegres, tristes, depressivos, excitados, exageradamente vivos! E parece que aceleramos nossa capacidade de perceber a vida. De querê-la na íntegra. De não se conformar numa forma em que não cabemos.





Comecei a escrever falando do meu cachorrinho. Olha só onde fui parar… Em devagações filosóficas sobre a vida. Talvez, porque, ao mesmo tempo em que viagens, acentuam nossas percepções de vida, o tempo de vida tão curto destes serezinhos nos acenda a luz vermelha, ligue o apito que nos acorda para sermos, desnudamente, sinceros pra nos perguntar e responder.

Você vive o tempo presente? Ou vive o sonho antigo, já obsoleto. Ou vive em função de alcançar condições futuras de fazer o que quer hoje. Que pode ser que não seja o seu desejo de amanhã, quando conseguir ter todo o aparato em mãos para realizá-lo...


Tenho um animalzinho fofo, inteligente, parceiraço de trilhas, bike, mar e cachoeira hoje, por tempo determinado. Que já correu muuuuito comigo, quando eu treinava, já foi por trilhas de bike por horas, que anda meio gordinho por falta de exercício por tanto que me machuco e sou obrigada a parar, sem andar, sem correr, sem ir pro vento. Será mesmo que vou cair na estrada sem ele?



Cair na cachoeira na Chapada dos Veadeiros desenhou um baita ponto de interrogação na minha vida. Em nenhum momento me rebelei, no estilo “Por que agora, por que comigo?” Aceitei. Só. Estas paradas abruptas acontecem com tanta frequência na minha vida que este recado, eu já entendi. Stop. Eu sabia que tinha algo a fazer em casa, neste período. Aceitei, voltei. O pensamento mais certo na minha cabeça na hora do meiavoltavoltaemeiadar foi de que tenho tempo pra ir passar com a devida calma, pelo roteiro que desenhei. Sem pressa. Sem atropelo. Sim. Certos lugares não se conhece com um cachorrinho a tiracolo. Parques nacionais, os PARNAS, nenhum. E morar na estrada não permite você deixar teu pet em casa, pra você ir dar uma voltinha. Porque, muitas vezes, a casa é a barraca. O carro. A casa de alguém. A cama dentro de um quarto cheio de beliches. Então, não dá.

Como nada é definitivo, nada é estagnado, ainda há opções. Mesclar. Nem só ao mar. Nem só à terra. Por enquanto, vou alternando.

Mas ter um serzinho como ele que posso, ou não, levá-lo, diferente de um filho, um neném, ter a opção e, de repente, optar por seguir sem ele, é um abraçar um caminho onde você não vai poder voltar os ponteiros do relógio. Ironia da vida, fato que é aplicável a tudo na vida. Mas de uma maneira suave. Nem por isso,  menos cruel, quando você segue sem e tem de encarar que pode não vê-lo, de novo.


De tudo isso, cachorros não são bibelôs. Decidir tê-los é um compromisso de carinho recíproco. Deles, natural, espontâneo. Sem exagero, acredito hoje, a forma mais sincera e incondicional de amor de um ser vivo ao outro. Porque ser humano é egoísta. Manipulável. Influenciável. Eles, não.

Este serzinho foi meu antidepressivo risonho, saltitante, que me tirou do sofá, de dentro de casa, me obrigou a ver a luz do sol, quando eu não tinha vontade nenhuma de fazer qualquer algo pra mim. Me faz cruzar com pessoas no caminho com seus respectivos serezinhos latitantes e fazer amizades. Aprender nomes de cachorros e pessoas. Praticar sorrisos. Palavras de bom dia. De atenção. De me movimentar. De sair da inércia física, intelectual e emocional.

Uma história de amor onde a gente mais recebe do que doa.



Chega por hoje. Vou lá praticar a minha parte levando o Tufo pra passear!



2 comentários:

  1. Muito interessante amiga, só ñ consegui identificar todas as fotos Chapada dos Veadeiros. O casal de idosos é daqui, pelo menos a bandeira é do RS
    É o forte?

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    Respostas
    1. Oi querida Marli. Faltou por legendas nas fotos. Mas como são apenas ilustrativa, não coloco. As fotos são de diversos lugares por onde passei. SC, Uruguai, Portugal e Goiás. O casal de idosos e em Óbidos, Portugal. Uma cidade medieval, onde já um castelo magnífico. Foi uma mini trip de bicicleta, saindo de Peniche até lá, cerca de 40 km. Achei a cena linda e que congelar. A bandeira vermelha e verde ao fundo é de Portugal.

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