Vamos conversar?

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domingo, 13 de janeiro de 2019

Voltei a ser laranja!



Saio hoje de casa com ele, meu dog, tendo em mente ir para o lago. Na verdade, para o aterro do lago, que de lago só tem o terreno ao lado, vizinho. É o meu lugar preferido na minha cidade. Cada um de seus pedacinhos em suas diferentes versões.


Nasci aqui. Meu pai me trazia pra beira do lago pra pescarmos com varinha de bambu e bóias coloridas fosforescentes. No lago 1. O maior e mais majestoso. O lago 2, já mais moderninho, concentra a tribo fit. Foi onde comecei a correr e desenvolvi outro tipo de caso de amor. Já o lago 3, que é o lago sem lago, é este cheio de verde, onde venho muito arejar a cabeça, escrever, fazer nada, onde já corri muito na companhia do Tufo. Quintal de casa!


Pisei na calçada e já dei a nota. “Vamos pro lago?” Geralmente, ele pensa tentar mandar no roteiro do passeio. Mas hoje, topou de bom grado. Aliás, veio no pique. Chegou correndo, todo eufórico. Rindo e de língua de fora. Como se dissesse… “Sério que voltamos?”

Quando planejo sair e aproveitar uma sombra pra sentar/deitar, fazer nada ou escrever, carrego um lenço. Echarpe. Acho a peça mais versátil na mão de uma mulher. (Ainda escrevo disso. Fazer uma viagem levando só isso. Pra usar de blusinha, saia, vestido, bandana, xale, canga de chão, acessório, aquecedor…). Carrego pra poder me esparramar na grama, que de bonito, tem só o ver. Porque coça pra caramba!


Sol a pino (Sim, meio-dia!) e já tiro o lenço do pescoço e enrolo na cabeça, dando um nó. Pra me proteger do sol, os meus loiros cabelos de JapaFake. E vejo. Tô toda laranja. Cômico. Até batom laranja passei!



Passa um filme em framelapse. Esta é minha cor. Esta e todas as cores coloridas, vivas, escandalosas, quando se trata de saltar aos olhos de alegria. E rápido me lembro, que tive meses nude. Aquela cor sem graça, invisível, apagada cor de pele, que você passa no esmalte, quando não quer parecer que passou. Aquela cor de gente que quer ser invisível, é invisível, aquela cor que eu fui, no tempo em que deixei ser mais forte a força exterior invejeira, traiçoeira, amarga que não faz alegria. Tenta roubar. Genteacetona. Ácida. Que rouba cor.

Me dou conta… Como estou laranja hoje! Quase comemoro. Faço a frase e já vou andando, planejando escrever. “Voltei a ser laranja!”


Simbolismos. Cada um é capaz de transportar para si mesmo, lá dentro, cá fora e entender. De que cor é você?

Já gostei de vermelho. Intenso, ousado, quase escandaloso. Já fui azul mar. Aquele azul escuro esverdeado. Que me transportava para as águas de Bombinhas. Cor que pintei meu quarto de dormir na primeira casa. Na segunda. E, pós anos de parede branca, não resisti, pintei na terceira. Deve ser a minha cor de alma. Que me traz paz, conforto, me faz estar em casa.

Aí, nesta roupagem que a gente veste e troca a cada dia, quase como uma dica de “como estou hoje” fico feliz de ver que vou tirando do guarda-roupas, minhas roupas laranjas, rosa forte, vermelho miscelâneo com outras cores e que venci a etapa nude. Aquela que me apagava, me abafava. Me matava.


Laranja não significa ser a cor certa. Significa ser cor viva. A minha que me representa. Me significa. E resignifica. A que me resgata de tempos onde passei sem cor, sem vida. Sem identidade. Perdida. A cor atrevida que não se esconde mais. Que se assume. Mesmo que arda os olhos dos outros. Mesmo que signifique ser vista em meus erros e meus acertos. A cor da ausência do medo.

Deixei de ser invisível. Não. Não é ser invisível aos outros que mata o ser humano. É ser invisível a si mesmo. Deixar de se ouvir. Deixar de se perceber. Vestir cores ditadas pela moda, goela abaixo. Deixar que genteacetona apague o que somos.

Qual é a cor que você está usando hoje?

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