Vamos conversar?

Vamos conversar?

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Não tô com pressa!



Cada vez mais, mais que afirmação, é uma vivência. Diária. Real. Necessária.

Quem me conhece sabe que não sou nada pontual. Um grande defeito. Que, muitas vezes, é uma grande qualidade!

Pontualidade é imprescindível em muitas áreas, momentos. Mas, convenhamos, ter hora marcada pra tudo é como se fosse por a vida em caixinhas de fósforo com hora certa para acontecer. Para cada palito acender e apagar. Início e fim. A sequência. A ordem. Uma dura inflexibilidade que engessa e bota fora a espontaneidade, o abrir portas, o permitir que a vida nos presenteie.




Sobre ontem.

Passei o dia à toa numa praia sossegada, sem vucovuco. Improvisei sombra na bicicleta + um lenço-canga e, protegida do sol, curti vento, mar, o não fazer nada, o fazer o que gosto, escrever, o estaratoaatoa..

Fiquei de papo tarde da noite. Eu havia passado o dia beliscando lanchinhos e não havia almoçado. Quando parei pra, finalmente, comer, doisemum. Almocei e jantei sem vergonha nenhuma. Com isso, fui para a feirinha encontrar Vanessa da Draissiana já quase nove da noite. Quase não falo nada, ela também, saí de lá mais de dez.


Pedalei num sorrisão…

Em casa, mais prosa. E no quarto, finalmente compartilhar uma das historinhas. A outra, dormi com ela aberta, selecionando fotos...😱😴😬

Sobre hoje

Acordei cedo. Vi a postagem pela metade, conclui. Pesquisei trilhas para fazer. Consegui falar com um amigo do mundo! Porque conheci este brasileiro no Camino de Santiago de Compostela. Mas em alguns meses do ano, mora na ilha. Nesta. Pronto. Combinada a parceria para a trilha, mas não hoje. Amanhã!


Compactei o que levar na bike, menos coisas, sem alforje. Só uma pochetebike. Mais uma peça tresemum que carrego em viagens. Bolsapochetebolsadeguidão. Clipo no guidão. Cabetudo. E mais a mochila de hidratação. E mais cuidado com o sol que amanheceu reinando soberano, num céu totalmente azul!



Gostoso é sair do jeito que está. Sem ter de levar um arsenal de coisas. Mas pedalar é, ao contrário que muita gente pensa, um misto bem equilibrado e pensado entre liberdade e responsabilidade. Liberdade no ir. Responsabilidade no que levar. Nem de mais. Nem de menos. Pra ter autonomia, poder consertar o que quebrar, luz se voltar à noite, água!

Sai atrasadinha. Atrasadinha?🤔

Não tenho pressa. Pressa pra quê?
No meio do pega isso, pega aquilo pra sair pro sul da ilha, o lobo mal (e preguiçoso!) começou a atentar “vai de carro!”. Apelando pra pressa de chegar na praia e aproveitar…

Pressa pra quê? Se o caminho faz parte do prazer?

Lobo mal não me pegou! Qual seria o agravante de chegar tarde ao paraíso? O sol. Sol a gente dá jeito, na sombra. O caminho para carros numa ilha em pleno verão, estressante. Fui é curtindo o caminho!


Quase me joguei na piscina antes de partir. Me molhei pela metade, cabeça tronco, braços. Molhei a bandana e manguitos que hoje pus pra proteger do calor e sol. Parti.

Eram 10h45. Pra quem acordou 7h e pouco, uma bela enrolada. Mas, ahhhhhh… As conversas ganhas neste meio do caminho… As da noite que me fizeram capotar de qualquer jeito. As do café, justamente por ser um AirBnB, onde você convive, compartilha… O destino de hoje é só um detalhe do caminho. Recheado dsde a véspera. Desde o café da manhã. Por tooooooodo o caminho!

Claro! O viaduto e seus grafites ficaram sem pit-stop. O caminho foi mais rapidinho por onde já havia passado. Mas precisava passar tudo o resto rápido?

Parar de ser obsessivo apenas pela chegada é um aprendizado tããããããão gostoso… Ter um equilíbrio entre um bom horário maleável para chegar e o ir desapressado. Poder observar detalhes no caminho. Ter vontade de fazer uma fotografia e fazer. Sem passar com aquela sensação “Que foto teria dado ali…” porque fotos, assim como vida, passam num estalar de dedos. Diante de você, ou fotografa ou, logo depois, ela não existe mais. Este passar sem paradas, sem degustar o caminho, eu não entendo!



Sai pedalando, sorrindo feito boba de novo! Com menos bagagem, menos ajustes a conferir, já vim escrevendo em pensamento. Só não parei na hora pra escrever. Mas jurei que não ia me esquecer!

Fiz fotos já pensando na legenda. Vídeos marotos, não provocativos, mas provocadores. Tipo: #bikeévida #cicloviaéorespeitoavida
Tão feliz estava de passar desobstruída pelas laterais, as ciclovias, ciclofaixas, calçadas (sim, calçadas, pois com a pista em obras, o trânsito lento, pesado e congestionado, era o único espaço seguro para se ir).

Escrever passou a ser, literalmente, uma conversa. Que nasce nas minhas perambulações para ser compartilhada quando sento e escrevo.


É minha forma de reafirmar a alegria de viver. Não de impor que esta seja a forma certa. Não há fórmula, nem regra. O que conto não são fatos. São ilustrados por fatos. Tombos. Levantadas. Viagens. Cotidiano. Dia-a-dia. Bobiças. Falo é daqueles invisíveis que fazem a diferença. Não são viagens no exterior que dão sentido à vida. Por mais que nos dêem colorido, experiências, agucem todos os sentidos, se não acontecer a outra viagem, a interior, de nada adianta!

Estar vivendo um dia de cada vez, decidindo no ontem, o hoje. Hoje, o amanhã, fica mais leve. Aceito melhor o que vem.

Olhe só. Acabo de encontrar esse amigo brasileiro que conheci a milhares de quilômetros daqui. Umas horinhas de papo, antes dele entrar no batente, o escutar, o falar que são as trocas que verdadeiramente ficam.

O dia nem terminou e estou me sentindo transbordando de alegria! Plena. Felicitude! Algo que para mim significa, ou transmite ser, a sensação de plenitude e felicidade! Que não vejo como um estado permanente. Senão se torna obrigatório. E ai se acordar sem estar feliz!!! Vejo como algo tão espontâneo que, de repente, brota, sem explicação! Como um suspiro!


Não tô com pressa pode ser o estalo que se tem ao se perceber que é no caminho, em cada detalhe, em cada cenário que o apressado passa sem ver, que há belezas. Que há riquezas. Que pressa faz chegar mais rápido ao fim. E fim... é fim!

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