Vamos conversar?

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sábado, 13 de maio de 2017

Os 364 Dias das Mães




Ok ok. O que é o Dia das Mães?
Não vou ser coração peludo. Minha mãe faleceu há nove anos. Lembro dela quase todos os dias. Tem dia que ela parece estar comigo o tempo todo em coisas, particularmente, tão suas! No piano. Na sacolinha que ela insistia em por as coisas que eu levava caindo pelo caminho, ao sair da sua casa. Cenas que parecem flashes que voltam, voltam, voltam.

Eu não preciso de um dia no ano para me lembrar dela e escrever sobre ser mãe. Nem sobre a que tive. Nem sobre a que fui, sou e serei. Este tipo de amor vivido transcende…

Então, quando saio desta redoma, arrisco. Quem foi que inventou o dia das mães?

Há várias versões. Conta-se sobre a criação deste dia, numa conotação política, relacionado às guerras, à atuação das mulheres de forma mais ativa no contexto político.


Mas que, para dissabor da própria idealizadora deste dia, foi engolido pelo potencial de apelo comercial da data. Quem não quer parecer herói? Que homenageia a mãe? E dá-lhe vender/comprar flores e tudo mais de presentes para não ficar de fora.

Andei lendo. A gente não pode ser tão inocente. Não sou contra homenagear as mães. Sou contra ser marionete.

Mãe, meu amigo, enquanto você a tem, você tem 365 dias no ano pra dizer que ama - e há quem não diz!

Tem todos os segundos do dia para fazer-lhe gentilezas, delicadezas, agradinho, cafuné e carinho. E tem quem a ignore, ache-a burra, ou desinformada, desatualizada, só porque viveu em outra época. E nem se lembre de lhe dar um afago.

Tem todo o tempo para ouvir suas histórias e compreender ou aceitar suas razões. Respeitar suas diferenças e opiniões. Acatar suas decisões. E ir visitar!!! Porque não só mãe, gente de toda nomenclatura gosta mesmo é de presença física! De abraço, chamego, um olhar de cuidado, cumplicidade, respeito. Gente de toda denominação, gosta de estar junto de quem ama. Não naquele dia tão comercial. Mas no dia que não acorda bem. No dia que não está de tão bom humor. Que está irritada ou simplesmente tristonha. Ou achando que nada deu certo.

Tem mãe que é uma fortaleza! Que é só chegar que ela te sustenta. Mas tem mãe que sofre, dores do corpo ou da alma. E que ao olhar para ela, é você quem tem de estender o braço a escorá-la.

Mães não são super mulheres. Isto é cliché pra massagear o ego e vender a imagem de mulher infalível. Só serve pra que aquelas que falham, choram e tem milhares de dúvidas na educação de seus pimpolhos sintam-se mais fracassadas. Mãe falha. Chora. Erra. Se arrepende. Mãe não tem de ter estereótipo cliché de mãe perfeita para ser. Senão, vão ter de inventar um termo para anorexia de mãe. Que vê propaganda de margarina e acha sua família uma droga imperfeita. Cada uma é uma história. Cada filho, um aprendizado. E o que se fez com um filho, nem sempre serve para o outro. Nem aos de uma mesma mãe. Nem àquela que você vê perdida e acha, prepotentemente, que saberia fazer melhor que ela.

Não sou contra lembrar tanto dela num dia. Sou contra esquecê-la tanto, tanto nos outros. Sou contra ignorar que há muito mais crianças do que você pensa que não tem mães. E não estou falando de”tipos” de família. Porque sempre haverá quem queira, arrogantemente, pregar seu modelo de família perfeita. Ironia. Prega o seu certo, desrespeitando o certo dos outros. Quanta prepotência!!!! Não falo de modelos de família. Falo de ausências! Ausência de gente que cubra esta função de mãe, seja avó, tia, pai, alguém da família ou que assuma este papel na vida de uma criança.

Li hoje sobre as festinhas nas​ escolas. Como é difícil conversar sobre um assunto quando cada um do quer discursar a sua verdade. E não escutar a história do outro. Discurso não é conversa. E a verdade de um não é a de outro. Já assisti muitas vezes a estas comemorações. Focando meu olhar naquelas que eu sabia serem órfãs, ou morarem em casa-abrigos. Aquelas casas onde vão as crianças retiradas de seus pais por algum motivo grave, não menos que agressão física, abuso sexual, convivência com situações de risco, de tráfico de drogas, de alcoolismo, de negligência e abandono.
As pessoas discutem e defendem seus direitos sem quererem abrir seus olhos a realidade alheia. Será que quem defende veemente seus direitos, já olhou nos olhos de uma criança que tem vontade de se enfiar num buraco de tanta vergonha ou tristeza de mais uma vez, não ter a mãe ali naquele dia? Ou até por não desejarem tê-la???

Rasas. São conversas rasas e argumentações egoístas. Ninguém resolve o problema maior cancelando festinhas nas escolas. Não. Mas pode ter certeza que muitas​ crianças​ que teriam​ seus corações estrangulados neste dia, vão respirar aliviadas em saber que não haverá aquela cena “família Doriana”...

A gente reclama de tanta manipulação de direitos, mas não reclama de ser marionete em meio as datas que mais que homenagear, querem vender. Ostentam modelos cliché e “ai” se você não se enquadrar neste padrão, não der ou não receber o presente sensação do momento.

Talvez, seja um dia pra sair da zona de conforto e olhar com delicadeza, àquele que não tem o que você tem. Seja uma mãe. Um lar. Uma família. E parar de lembrar só num dia, de quem se compraz da sua companhia nos outros 364 dias do ano...

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