Vamos conversar?

Vamos conversar?

sábado, 20 de maio de 2017

Miniiiina, vai se benzer!


Todo mundo conhece ou tem algum amigo desastrado. Certo?

Errado.

Pode ser que VOCÊ seja o amigo desastrado que todo mundo tem ou conhece, ou ouviu falar…

No caso, aqui quem vos fala é a própria! Ela, a desastrada.

Vou contar a minha história.

No meu primeiro dia de trabalho como professora, lá com meus dezessete aninhos, estou eu a caminho do ponto de ônibus para ir trabalhar quando… POF! Viro o pé numa calçada, fico estatelada no chão até alguém vir me socorrer.

Por sorte, o pequeno acidente foi bem de frente à casa de uma amiga de infância cuja mãe já ligou para minha casa avisando minha irmã que veio me pegar e levar. Primeiro à escola para eu me apresentar. E depois, direto ao hospital para engessar o dito cujo tornozelo…

De lá para cá, perdi as contas de quantas vezes engessei o pé. Sempre virando em milímetros de desnível no chão. Até grávida, correndo pra pegar o ônibus consegui fazer a proeza!

-Menina, vai se benzer!

Foi a frase que mais ouvi, desde então.

Moro há seis anos no mesmo lugar e na última vez que retornei do hospital, há alguns dias, a funcionária da portaria parou, me olhou com aquela cara pensativa e perguntou:

-Susi, todo ano você se machuca ou quebra alguma coisa, né?

E eu, com a cara de sempre, respondo a mesma resposta de sempre:


E ouço, de novo, a mesma frase...

-Miniiiina, vai se benzer!!!

Paro pra pensar. Fato. Nos últimos oito anos, todo início do ano virei o pé andando. E nos anos anteriores passei quieta, esperando caquinhos, ou fiozinhos se grudarem de volta. Estes com nomes complicados de ligamentos, tendões dentre as “oses” todas que vão se acumulando nas articulações.

Mas nos últimos meses, bati o recorde!

Passei por um ano de restabelecimento de diversos problemas articulares. No final do ano, me submeti a uma cirurgia de ombro cujo tempo de recuperação é de seis meses, na maioria das vezes. No início do ano, como se fizesse parte do meu ritual de pós réveillon, virei o pé de novo andando. Duas roturas num pé que há três anos atrás, teve três roturas bem graves!

Quando estava prestes a me declarar zerada, POF! Três costelas fraturadas numa queda. Três dias no hospital. E dá-lhe a cada um que cruzava comigo, me vendo andar arqueada e com cara​ de dor e falta de ar, explicar o acontecido… Como se não bastasse, três dias após a alta, estou lá eu de novo, vômitos, muita falta de ar e dores intensas na região. Mais uma noite passada no hospital.

-Menina, você tem de se benzer!!!

Perdi a conta quantas vezes ouvi isto nestes últimos dias!  Esta frase tem estado tão incrustada em mim que pus na minha lista de títulos de historinhas a escrever!

Afinal! Tenho mesmo de me benzer???

Como nunca me benzi na vida, sei por cima sem saber ao certo o que é na prática, vou lá eu pesquisar e entender o que é…

Benzer = fazer o sinal da cruz
Benzer = abençoar

Enfim. Dentro das diversas crenças, é ser posto o pedido de proteção, cura e ficar aos cuidados de Deus. Ótimo!

Nada demais até aí. Exceto pelo detalhe: você PRECISA se benzer! Muda tudo!

É como se fosse uma sucessão de POFs na minha vida. Mau para quem pensa que é uma onda de azar. Bom para mim que acredito que o planar no ar que antecede o tombo, pode ser a prévia do vôo! E que topei com tantas e tantas pedras postas para me fazerem tropeçar, mas me foram degraus para transpor os muros.

-Urucubaca! Sai pra lá urucubaca!

Eu poderia dizer! Mas tenho tão certo que as paradas repentinas em minha vida foram freios certeiros que me seguraram para não cair num desfiladeiro, que estou é bem tranquila que nada disso é azar e que de sorte precisa, quem não alcança por causa-efeito, ação-reação.

É pra quebrar em mil caquinhos? Rasgar em mil pedacinhos? Não tem importância! De exemplos a natureza está cheia de que só frutifica e alcança o seu melhor estado, a sua maior grandeza se for cortado como terra arada pra se tornar produtiva, lapidado como pedra bruta que ganha o nome de preciosa, rasgada como casulo que abrigava uma lagarta que se transforma em borboleta.

E estou eu desenhando na mente o que vou escrever quando, rindo sozinha, percebo a ironia. Post feito há uns dias, fui pega de surpresa numa observação que me dizia:

-Cadê aquela menina???

Bingo! Tenho a resposta!!!

-Estou aqui, minha querida!!!

Tanta gente me chamando de menina, quando me aconselha a me benzer, que posso acreditar uma vez mais, que ainda sou uma menina! Ao menos, ralo joelho, machuco cotovelo e tornozelo, quebro alguns ossinhos, escorrego, brinco e aprendo que o tempo, este que não me dá tempo de me desviar dos tombos, é o mesmo que me ensinou a fazer deles o vôo!

-Vai se benzer miniiiina!

-Vou não! Eu já sou uma menina abençoada!!!!

É pra fazer o sinal da cruz ao se benzer? Faço, eu, então! Corpo inteiro, alma lavada. Porque só de estar viva, a benção já está dada. Vou é agradecer!

Um comentário:

  1. Ah, que lindoooo! Que Deus conserve essa menina alegre, doce, meiga e cheia de vida que você é, pelo menos até os cem anos...

    ResponderExcluir

Gostou? Compartilhe!

Quer comentar?
Clique em "comentários" e digite na janela que se abre. Selecione seu perfil no Google, aí é só publicar! Se quiser, identifique-se com seu nome ao final!

Obrigada pela visita! Logo mais, passo respondendo...