Vamos conversar?

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quinta-feira, 18 de maio de 2017

A idade do pulôver



Pulôveres têm cara de avô. Tem não?
Não sei porque, mas avôs e pulôveres parecem ser uma duplinha tipo queijo e goiabada. Eu me lembro do meu avô e do avô de outras gentes com o tal do pulôver. Xadrezinho era de praxe. Se possível, acompanhado da boina. Infalível dupla que identificava os avôs!

Também me lembro do meu pai com os seus. Podia até estar de camisa manga curta, lá estava o Seo Paulo com seu pulôver de lã.

E eu olhava e pensava “Será frio?”

Ironias do destino… Uma cinquentenária friorenta. Prato cheio para estes pulôveres de vovô. Deixa comigo. Repagino o danadinho. Coletes. Com zíper. Capuz. Sem capuz. E com bolsos. De uma cor. De outra cor. E de mais outra. E tô lá eu em pleno sol de vinte e tantos graus de colete.

Então me vem a cena e as lembranças. Tô na idade do pulôver, oras bolas! Se bem que há muita gente da minha década, calorenta, que leva leque, mas não leva colete. Nem pulôver.

Será frio?

Também. Mas é o receio do resfriado. Da friagem… Coisa de gente velha! Com o devido respeito. De gente precavida. Que não faz questão de se arriscar a espirrar à toa, nem tossir, nem se engasgar! Coisa de gente de costela quebrada, também! Que se estufar o peito a caixa reclama. A caixa que protege o coração!

Nada como sentir na pele o receio do outro para entendê-lo. Pulôveres são um uma proteção que evita o desnecessário. Não é medo. É cuidado! A idade ensina que existem resfriadinhos desnecessários de se passar. E a gente mais nova vê com desdém porque quer passar tudo, experimentar tudo, sofrer tudo. E o tempo vai ensinando a gente que sofrer é opção. E não um troféu. Nem inevitável. É na verdade o absoluto momento de desvairado tropeço de querer provar algo improvável que não vai acrescentar nada. E talvez, subtraia.

Já saí muito de peito aberto. Hoje prefiro sair de pulôver.

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