Vamos conversar?

Vamos conversar?

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Mensagem cliché X Bilhete sem CtrC CtrV



Me pediram para escrever para uma amiga.
É a segunda vez que me pedem isso.
Na primeira era uma história de amor.
Nesta, é amor também. Mas esta forma de amor mais descomplicada que se chama amizade!

Fiquei pensando o que escreveria. Havia uma época em que eu escrevia cartas a amigos conforme algo que estivesse acontecendo na vida deles. Fosse bom. Fosse ruim… Para conversar! Comemorar algo muito bom! Ou dar o ombro, o ouvido para ouvir. E expor minhas tristezas, frustrações, não para competir dores, mas para dividir as deles. Porque de certa forma, quando percebemos que há dores também ao nosso redor, parece que a nossa fica menor! E quando a gente não se cabe de alegria e transborda, é muito bom também poder repartir por histórias!

Quando decidi criar o Blog, foi bem por isso que escolhi este nome. Uma brincadeira com a própria palavra. E com as letrinhas que a compõem. Para significarem ainda mais.

Clic.
Um clic de fotografia. Que capta um momento e eterniza.
Um clic no mouse. Uma escrita. Um acesso. Uma conexão.
Clicando e conversando é pra dizer que vou captando e proseando…

Aí, o clic vira Conversas, Lembranças, Imagens, Cartas e Sonhos. Muito de mim! Perfeito!

Tenho usado muito meu Blog para escrever e conversar sobre imagens que me ficam na lembrança. Falo muito de sonhos. Mas hoje, vou  falar de resgatar algo que é maravilhoso que é a carta. Esta que você escreve de você para alguém especial. Alguém que você quer conversar, contar ou falar para ouvir.

Você sabe qual foi a última vez que escreveu uma carta? Ou um bilhete? Bilhete! Não vale mensagem de whatsapp ou outro meio qualquer virtual. Bilhete deste que revela a letrinha garrancho, ou letrinha redondinha. Aquele que você pensa na hora e não tem CtrC nem CtrV nem opção “compartilhar” para fazer cola de uma mensagem linda mas que não foi escrita por você!

Lembra?

Então.
Eu sou das antigas. Gosto disso. E acho que não tem substituição pra isso!
O escrever de um "eu” para um “você” que não existem em lugar algum do mundo iguais.

Pode ser que seja pura bobagem. Pode ser que seja irreversível esta impessoalidade em que nos metemos. Onde a rapidez faz com que tenhamos um sem número de informações, recebamos mensagem numa quantidade absurda por dia e nenhuma escrita de “mim para você”.

Percebe?

Falamos disso, eu e um amigo.
Brincadeiras à parte, sem desmerecer o desejo sincero do “Bom dia!”, ele é meio como eu. Um tanto avesso a mandar (ou receber) mensagens prontas. Recebemos mensagens realmente bonitas com figura, frases, às vezes até musiquinha e movimento. Mas aí você percebe que, para alguns, é um enviar automático, até em escala de “grupo”. Ou seja. A mensagem é bonita mas nem sempre foi escolhida pra você. Foi escolhida para o dia. Num “enviar coletivo”...

Não é crítica. Mas é. (Ai. Será que meus amigos vão compreender errado e parar de me mandar?)
Quando eu falo de algo, não estou crucificando um algo pra supervalorizar o outro algo. Estou apenas fazendo um lembrete daquela outra velha forma de falar oi, bom dia, você está bem? Lembrei de você. Estou com saudades. Quero te ver. Gosto muito de você.

Escrever virou cliché. Deixou de ser escrita do coração para ser do dedo que clica enviar, compartilhar ou a setinha que facilitou a vida de enviar tudo de uma vez!

Estou com saudade da “escrita minha para você”. De você para mim. Que ninguém pode dar CtrC CtrV porque o que está escrito nela é exclusivo meu e seu.

Porque esta vida de “copiarcolar” está fazendo todo mundo ser igual a todo mundo. Ninguém mais é especial. Ninguém mais é diferente. E vai contra o que temos de mais especial que é sermos únicos!

Que tal experimentar de vez em quando escrever uma linha pensada sinceramente, especialmente para quem você manda? Porque estes minutinhos de manhã não são uma competição numérica de quantos envios você faz. Mas o quanto quer dizer e diz! E para cada um que você escrever, diga algo só para ela. Pergunte algo pessoal. Diga algo pessoal.

Senão, corremos o risco de perder a memória e a capacidade de perceber a diferença entre um e outro. E passaremos a ser despercebidos também...

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigada! Escrever um bilhetinho, receber um bilhetinho... Ainda são gestos insubstituíveis...

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