Vamos conversar?

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sábado, 13 de maio de 2017

Cliché - Dia de quê?



Sim. Há inúmeras mães merecedoras de homenagens neste dia.
E não. Há inúmeras que não merecem, não.

Vou polemizar!

Os tempos mudaram. O “acesso” a gravidez mudou muuuuuito… De encontros às escondidas entre pares enamorados. A todo tipo de encontro casual e tendo como consequência, uma gravidez não planejada.
Sorte de muitos nenéns que o não planejado se converge no decorrer da gravidez em espera desejada. De outros, não.
Este discurso politicamente correto de mãe isso, mãe aquilo, não pode esconder o descaso com que algumas crianças são tratadas. E, pior: ignoradas ou mal educadas!

Sobre as boas mães, há bastante gente falando. Com todos merecidos méritos, assim como eu mesma já escrevi, na saudade da minha, sem santificá-la. Mas reconhecendo a mãe imperfeita que errou tentando acertar. E nos deu amor do seu jeitinho. Assim como a maioria de nós.

O assunto hoje é outro. Os filhos de ninguém!

Não precisa trabalhar em escola. Nem em qualquer profissão que lide com crianças ou adolescentes. Basta ir lá fora. Na rua pra ver. Não precisa nem olhar só criança não crescida. Há muita, mas muita criança crescida, adulta mesmo, que não recebeu educação nenhuma. Nem de mãe, nem de família alguma. Só olhar! Você olha à volta e vê ajuntamentos de pessoas que antigamente a gente chamava de família e hoje, talvez, poderíamos chamar de rede. Rede desconectada. Sem pai, nem mãe, nem filho.

São pessoas. Conectadas, se deixar, com o outro lado do mundo. Ou senão, do país, da cidade. Menos com aquele ali ao lado. Aquele que dorme na mesma casa, acorda e vai pra mesa com o quadradinho preto na mão, nem levanta a cabeça na hora da refeição, dá risada de piada alienígena, piada engraçada, piada sem graça, se emociona e põe coraçãozinho, like, carinha, emotion, de todo mundo. Mas não sabe, nem tem ideia do que se passa com o cara imediatamente ao lado!!!..

Coisa chata esta que eu inventei de fazer. Criticar? Não. Quem sou eu! Também tenho celular. Também acesso rede. Mas andei um tempo totalmente offline e sobrevivi. Perdi alguns contatos, sim de gente bacana que gosto e quero perto. Mas passei um tempo observando aquilo que eu não enxergava. A caixinha engole a gente. Engole tempo. Engole olhares. Engole conversas que não voltam mais. Ela te põe perto de tudo e longe de tudo o que é mais importante se você não acordar. E vou falar: tem muita mãe substituindo a si mesmo por livre e espontânea vontade, pela caixinha preta. Bota o quadradinho na mão do pirralho, da bonequinha da mamãe, do neném e deixa ele vidrado com o olho grudado no vídeo da musiquinha, por minutos… ou horas. Enquanto vai fazer outra coisa “mais importante”... Aquele tempo que deveria ser seu. De fazer sapequice, arte, cantarolar, fazer careta, ensinar a conversar, fazer brum-brum de carrinho, estalar a língua, mexer as mãozinhas, se arrastar no chão, rolar, rastejar, brincar de bicho, herói, pela casa, pelo quintal, pelo parque, pelo verde, ou brincar só de mamãe e filhinho.

Cadê estas mães???

É orgulho mostrar que seu neném, guri, bonequinha, já sabe cantar as musiquinha daquele ou daquele outro bicho, personagem que assiste tanto? Canta, gesticula, dança. Decora todas musiquinhas! Que coisa mais fofa… Não sou contra. Fui professora. Ensinei muita musiquinha para os meus alunos. Brincamos muito de teatrinho. Brincadeiras de giz no chão no pátio. Mas fui professora deles. A minha função, desempenhei. Brinquei. Mas, ensinei a eles a ler e escrever. Não seria legal também, ver seu filho imitando você? Cantando o que você canta, repetindo o que você fala e faz, pegando o seu jeito, parecendo mais e mais com você? Este mundo infantil faz parte. O que não dá pra entender é você não ser o personagem em quem ele mais tenha os olhos vidrados e queria imitar.  

É disto que estou falando!

Cadê as mães???

Celular baratinho, super smartphone, i-isso, i- aquilo de todas as marcas imagináveis não substituem a mãe. Nem a babá. Nem a empregada. Nem a professora. Nem a vó. Não adianta ter filho por vaidade, por querer ter família, por desejos egoístas e individuais se não for com a vontade de amar e se dedicar. Ser mãe dispende tempo. Ser mãe tem o mel e tem o fel. Tem o abdicar de algumas escolhas, postergando-as para um outro tempo, talvez. Ser mãe não é adquirir um eletrônico que se conecta com outro e mais outro, você põe no modo soneca, ou grava o áudio, o vídeo pra ouvir depois.
Ser mãe é algo imediato. Inadiável. Se já é, já é. Não sabia? Aprende! Aconteceu? É preciso ter o desejo de ser mãe, porque não é um pacote que você separa só a parte boa pra usufruir e deleta o que não quer nem ouvir, ver ou sentir.

O tempo acaba sendo o maior juiz. Por isso, quem não dedica tempo a ser mãe, não tem filhos depois. Tem conhecidos. Que te darão trabalho na escola, no mundo e vida afora. Não falo de aprendizagem, porque ninguém está imune a ter dificuldades. Mas de educação! Aquela criatura que a escola te chama e você jura que educou direito. E não entende porque só na escola ele age assim. Aquela criatura que você não reconhece, talvez porque não dedicou tempo a ele aprender de você, o modelo de ser uma pessoa de caráter. Ou que por falta de paciência, permitiu demais. Falou “não” de menos. Ou, simplesmente, porque não esteve presente. Deixou seu filho aos cuidados da escola, da vizinha, da avó, da babá pessoa, da babá televisão, da babá celular, da rua, dos amigos, dos outros...

Não foi mãe, não tem filho. Tem um estranho no ninho…

Escrevo isso porque existe um tempo em que dá pra correr atrás do tempo perdido. Depois, não. E se houver tempo ainda e você se reconhecer como aquela mãe hiper mega conectada num quadradinho preto, ou seja lá de que cor que seja, pense nisso!
Desconecte-se por um dia (pelo menos!!!) Fique offline do resto é conecte-se ao seu filho. Vá ao parque, à praça (tão cheia de pets, hoje e tão vazia de crianças!!!) vá ao parquinho, ao quintal, suba em árvores com seu filho, solte pipa, ande de roller, carrinho de rolimã, pule amarelinha, elástico, brinque de bola queimada, bets encante-os fazendo bolinhas de sabão! Compre um picolé do tio do carrinho, geralmente aqueles senhorzinhos bem de idade, na rua mesmo, que não custa quase nada, não tem creme, chantilly, nem confeito, mas tem sua companhia! Seja mãe, aquela mãe que​ você queria ter tido, teve, ou que seu filho vai se lembrar ter tido consigo.

Dia das mães não deve ser uma massagem no ego, onde se endeusa o defunto, só porque é dia dele. Tudo defunto é santo no dia do seu velório “Ahhhhh, ele era tão bom…” e toda mãe em dia das mães gosta de homenagem e parece que todas, magicamente, viram perfeitas, imunes a falhas e inatingíveis de críticas.

Penso eu, Dia das Mães seja o dia de olhar bem fundo nos olhos do seu guri, da sua menina, sejam eles pitocos, barbudos, moçonas, gigantes, nenéns e perguntar a eles, a si mesmo: “Qual será a lembrança que terão de mim?”

Até um tempo na vida deles, somos modelo. Depois, eles serão reflexo do que fomos para eles. E a gente descobre, com o passar do tempo que o maior presente é SER PRESENTE…

Aí, tenho certeza, certeza absoluta que nós como mães, poderemos sorrir se sim, se valeu à pena. E a todas que detectarem aquelas pelotinhas para serem desfeitas, há tempo. Se o tempo começar já!

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