Pois é! Portas que se fecham sempre nos levam a portas que se abrem e que não enxergaríamos, se o desvio não fosse colocado na cara da gente! Verdade absoluta!
Férias tornou-se sinônimo, para a maioria das pessoas, de “fazer aquilo que não dá pra fazer quando não se está de férias!” E ponto! E isto sempre que possível, significa sair da rotina, da cidade, da mesmice. Pra muita gente, sei que significa fazer aqueeeeeeela faxina! Pra outros, por papelada, armários, contas (...) em ordem! Arrumações – as externas! Que nada mais representam do que toda a arrumação interna necessária na vida da gente...
Também, associamos sair de viagem... Ahhhhh, sim... E aí, sendo possível, bota-se o pé na estrada em busca de ares e lugares diferentes daqueles que se enfrenta no dia-a-dia. Justo! Adoro! Não há nada que me agrade mais do que VI-A-JAR... Ainda hoje, falei isso. Que meu pai não me deixou herança. Mas que a herança que me deixou é um grande tesouro que herdei e sei que repassei: sangue viajeiro... Pé que vai no automático pra estrada... E, com isso, férias pra mim, desde que tomei a decisão de por o pé na estrada, tornou-se inseparável de estar em outro lugar!
Acontece, porém, que neste ano fiz uma opção: ter um lar! E estas coisas não acontecem, no meu caso, sem algum sacrifício! Isto se lê: “não viajar!”. E pela primeira vez, depois de muitos anos, passarei as férias inteirinhas sem nenhuma escapadinha da cidade! Pois sempre que eu dizia que a grana estava curta pra ficar o mês inteiro em Bombinhas, eu dava um jeito, meus pulos e ia pra ficar, nem que fosse uns dez dias...
O que aconteceu, então foi o seguinte: adotei a filosofia de vida de “Fazer de conta que estou na praia – diga-se: Bombinhas! E isto tem rendido cenas engraçadas!
Já de cara, determinei em casa que neste mês, almoço só lá pelas três horas da tarde! Que se na praia é assim, a gente não liga pra almoçar na hora certa, porque aqui, em férias, temos de ligar? Segundo: roupa de trabalho só em fevereiro! Agora, adotei o estilo praia: chinelo, ou CROCS (óbvio!), shortinho, pouca roupa e roupa fresca, muita piscina, lago a qualquer hora e pra todas as finalidades, desde correr, caminhar de tênis, de CROCS pra P-A-S-S-E-A-R e contemplar a paisagem, as pessoas que passam, descontraidamente sem estalar os olhos no desespero de correr-correr-correr, desacelerar (Viu? Consigo!) e zanzar na minha própria cidade sem pressa com olhos novos de RE-leitura, RE-descobrir, RE-conhecer!
Interessante... Passar o mês de janeiro na minha cidade me faz vê-la sob ângulos que não costumo ver! Cidade vazia. Lago cheio. O mesmo céu azul-azul de manhã que se torna um céu mais nublado a tarde e chuvoso que tenho lá na praia, tenho tido aqui. Coincidências a parte, é uma questão muito mais interna do que externa o usufruir a cidade nas férias. Fato! É só se livrar das amarras de fazer-fazer-fazer DENTRO da casa. Tudo bem que há coisinhas a serem feitas... A faxina, a arrumação anual, a busca de coisas perdidas na casa o ano inteiro... Mas é preciso por o pé pra fora de casa, fora da rotina do trabalho-casa! Até, também, do trabalho-casa-academia-rua-treino tão comum no nosso meio alucinado da corrida! Bem conheço este ritmo/rotina. Que de lazer passa a ser uma rotina camuflada de prazeres/obrigações para se chegar as metas que nos impomos pela corrida.
Penso assim: férias = descompromisso = desobrigações = liberdade de ir-vir-fazer-não fazer... E comemoro o meu primeiro e grande passo em direção a conseguir me manter num “meio-termo” ou aquele “meio do corredor” a que tanto me refiro sobre não ser tão extremista, tão radical, nem tanto lá ou cá, mas ser equilibrada! Veja só! Do correr demais, do ficar sem correr nada, nadinha por oito meses (pra me restabelecer) dos meus excessos e apatias, tenho passado a semana com doses na medida de ócio, atividade, intensas, médias, a passeio! Inédito pra mim! Querendo abraçar tanto coisa ao mesmo tempo, desacelerando, e abrindo mão de alguns itens pensados para o dia, diminuindo o ritmo, o tamanho do braço e terminando o dia, após uma “nadadinha” ótima SAUDÁVEL com uma “passeada” de blusinha/sainha/crocs, sem o risco de quere sair correndo pelo lago...
Hummmmmm.... Senti o gostinho bom do estar no meio do corredor... Sem excessos... Sem privações... Saboreando sabores diferentes, aprendendo novas coisas num lugar que me parecia ser tão conhecido e esgotado, sem nada a me apresentar de interessante nas ferias...
Bem, a experiência tem sido nova e interessante. Pra vivenciar que nem sempre o que se busca esta tão longe assim... Que proximo, muito próximo, pode estar aquilo que você precisa...
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