Vamos conversar?

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domingo, 14 de agosto de 2011

Novo sonho? Correr uma maratona oficial em minha cidade... Impossível? Não...

Eu sonho correr de novo, um dia... Desejinho egoísta MEU! Vejo estes clics, onde eu corria, abria os braços e me sentia, como se estivesse voando... Talvez, com as 42 asas, meu vôo que não sinto mais em minhas pernas se prolongue nas pernas de tantos anjos que aderiram a brincadeira das asas. E ISTO por si só já basta! Dói, não vou mentir, olhar pras mesmas ruas, os mesmos caminhos por onde eu passava e não poder passar por eles correndo... A sensação de liberdade do vento na cara, do sair sem destino, de levantar junto com o sol, ou até mesmo antes dele, pra sair pra correr, enquanto a maioria ainda se espreguiça na cama... Naquela loucura que nos é típica de se sentir um pouco normal quando se cruzava no orkut, no face logo de manhã, lá pelas 5h e ver que não é o único maluco acordando e se arrumando pra pegar o asfalto... De sair pra encarar busão ou avião pra ir pra bem longe, ou nem tanto assim, de carro, de carona, de van nas corridas do SESC, ou nas mais elaboradas de revezamento na praia - as que mais adoro!!!!! - e, mesmo voltando arregaçado pra casa, moído, de pernas esgotadas, de ter o coração leve... sorriso no rosto, a sensação deliciosa de querer fazer tudo, tudo de novo!!! Pode ser que esta retirada, somente agora obedecida, após tantas e tantas recomendações de recuar... diminuir... me levem a um ponto de equilíbrio... Eu sei que eu exagerei! Dento das minhas limitadas pernocas, cheias de lesões antigas e sérias, jamais haveria prognóstico que se atrevesse a dizer que eu faria tudo o que eu fiz! Na empolgação de fazer tantas outras coisas mais, acumulei outras novas lesões! Mas, por mais insano que possa ser ou parecer, EU FARIA TUDO DE NOVO! Sofro, sim, as conseqüências de minhas decisões. E delas, apenas EU sou a responsável. Um médico pode alertar, orientar, dar as broncas. A decisão, porém, é sempre a gente mesmo quem toma! Se me dissessem que tudo isso aconteceria, primeiro, eu não acreditaria. Seria demais para mim... Muitos impossíveis, muita maluquice, sonhos além da minha imaginação! E se me dissessem, logo após eu concluir tantas destas loucuras que eu pararia, ainda assim, eu seguiria. Foi assim que fiz! Foi-me falado dos riscos. Na época do Orkut, eu ainda brincava: “Prefiro correr o risco! Literalmente falando...” Corri o risco, joguei as fichas, perdi! Não posso fazer aquilo que aprendi a gostar tanto e tanto! Estive pensando que ESTE tempo será vagaroso e bem mais penoso de se passar. Pois antes, eu não conhecia o gosto bom da corrida. Não sonhava, nem queria correr. Quando comecei, foi obra do acaso, pra quem conhece o acaso com o nome de Deus. Cada dia era uma novidade. Cada km a mais, um degrau superado. O caminho só de ida. Apenas de subida. E tudo era ganho. Hoje, para quem já passou por aquela sensação curiosa que eu chamo brincando de “Complexo de Forrest Gump”, de correr, correr, correr e não conseguir parar de correr, de ficar horas por aí, sem hora pra voltar, sem destino pra seguir, apenas planando no vento... E que sair de casa pra correr menos de uma hora parecia não ter mais sentido, poder correr quinze minutos, pra mim seria uma grande vitória! Que dirá, se puder correr uma hora, sem dor, sem me machucar mais! Aí, converteria meu sonho, meu grande sonho solo de fazer o K42 em k12. Uma adaptação merecida, sensata, se bem que eu pisco ainda, nos meus momentos insanos, pensando em fazê-lo, nem que seja andando... Mas isso, é uma outra história! Porque hoje, meus olhos focam o asfalto, de cima de uma bike que tem sido minha fiel e grande companheira e, como se fosse uma parceira eternamente apaixonada pela primeira paixão, estou com uma, olhando e desejando a outra... Mas o vento na cara me vem, o sol e o céu me presenteiam a cada pedalada e ainda não tive o prazer de pedalar na chuva, como fazia quando corria e me esbaldava em ver a chuva caindo enquanto eu corria, tal qual foi na minha chegada na minha primeira maratona, baita presentão de Deus pra fechar a minha corrida mais inesquecível, a corrida mais marcante da minha vida! Mas talvez seja, porque não haja entre nós, a tal da cumplicidade. A corrida me fascina. A bike me dá suporte, me leva, mas ainda não é um prolongamento das minhas pernas...
Não custa acreditar naquilo que parece ser inconcebível! Não é sempre assim? Utopias? Parentes mais próximas dos sonhos? Às vezes, nos meus momentos mais insanos, tenho vontade de chegar do serviço, calçar os tênis, como eu sempre fazia e sair por aí, à noite! Começando num passinho tímido... comedido... e ver no que dá! Brinco, dizendo que meus pés só doem descalços! Para andar descalça, manipulando-o, apertando-o nas mãos. Mas que de tênis não dói! Que andar de tênis não dói. E que se a loucura falar mais forte, uma hora perco a cabeça e saio! Queria ter coragem de sair pra ouvir meu corpo, de novo! Se ele gritaria de dor ou prazer... E se me permitiria ser uma corredora uma vez mais. Não precisava ser pra ser de novo maratonista. Porque isso, uma vez alcançado, ninguém toma de volta mais! Mas pra sair, tomar um vento na cara, alcançar as mesmas ruas de outrora, sem tanta loucura, mas com a mesma sede viver!
Quando concluí a minha primeira maratona e escrevi pra Revista contra Relógio, o texto que foi publicado na edição de março de 2010, tinha em sua íntegra a confissão de um sonho:
“P.S. Em tempo: foram 19 anos desde o meu acidente até a primeira corrida no lago, após deparar-me com um visitante indesejável. Quatro meses para sair dos 700 m iniciais e conseguir dar a volta completa de 2.200m no lago da minha cidade. Um ano e meio após a primeira corridinha, completei a minha primeira meia maratona e mais um ano depois, completei a minha primeira maratona em Curitiba! Novo sonho? Correr uma maratona oficial em minha cidade... Impossível? Não! Impossível só existe no vocabulário dos descrentes na Fé, dos que já morreram ou dos que perderam a batalha sem nem ela acontecer!”
E toda vez que leio este dito trechinho, me emociono! Caraca! Sério... E não vou corrê-la com minhas próprias pernas. Mas por existirem os anjos na vida e na corrida, correrei! Nas 42 asas pra correr uma maratona. E se Deus, um dia, me contar tudo direitinho a razão, talvez eu compreenda. Creio que já esteja entendendo. Se eu estivesse em treino para a maratona, as 42 asas não existiriam, A corrida seria um objetivo individual, egoísta, meu. E eu não conseguiria repartir com os outros esta minha paixão por correr!
Que assim, seja!



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