Vamos conversar?

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segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Everest: Qual o preço que se paga?


Ontem assisti ao filme “Everest”.
Estou digerindo ainda…

Já comprei a versão digital do livro “Ar Rarefeito” que deu origem ao filme, com as inevitáveis discordâncias entre obra escrita e filmada. E vou ler na íntegra. Também já fui ler vários artigos sobre a tragédia no Everest, acontecida em 1996 que deu origem a livros de três sobreviventes. Três versões com contextualizações próprias do que cada um viveu e passou. Tudo isso nesta madrugada. Não é necessário dizer que fui dormir quase de manhã…

Por que me intrigou tanto?

A história tem como cenário o pico mais alto do mundo! Provavelmente, o sonho mais cobiçado em meio a alpinistas. Uma meta tão difícil de ser alcançada mexe demais com o lá dentro, como um vulcão adormecido em cada um de nós. O tal do sonho desenhado!


Não precisa ser, exatamente, o Everest. Cada um, na verdade, tem o seu Everest a ser alcançado. Assim como um dos meus livros preferidos - Operação Portuga - que fala de corrida, mas não é um livro de corrida, tendo ela como pano de fundo de outra coisa muito mais comum a todos, Everest não é uma história de alpinismo, embora fale dele. Ambas histórias falam de sonhos… E da busca deles.

Quando comecei a ver o filme, pausei e fui ver informações sobre o acontecido. Então, de antemão, soube das mortes, quem e sabia do contexto final. Mesmo assim, o filme prende do início ao fim. E quem já buscou sonhos, a custa de dores, sacrifícios, de escolhas onde algo é perdido ou deixado de lado em favor do foco necessário para a conquista destes sonhos, não importa o tamanho deles, sabe do que estou falando.


Everest trata de uma tragédia ocorrida devido a uma somatória de fatores. Mas o principal para ela ocorrer é só um. Ter tido os personagens no seu cenário. É exatamente o que o jornalista, escritor do livro e presente na expedição puxa numa conversa logo no início, mas que, infelizmente, não foi explorado tanto quanto eu gostaria de ter ouvido. Talvez por ter sido uma conversa breve mesmo, onde as pessoas têm dificuldade de pôr pra fora estes motivos.

O que faz uma pessoa ir buscar um sonho, mesmo que isso possa lhe custar a vida? O que cada um de nós faria ao se encontrar na situação de risco de morte, junto de outras pessoas que correm o mesmo risco? Por que há pessoas que necessitam tanto superar limites, depararem-se com intransponíveis, transpô-los e, sucessivamente, buscarem novos intransponíveis?


Insaciedade.
Inquietude.
Vazios.
Vaidade.
Superação… De quê?

Não é jogação de pedra. Pois se fosse, eu estaria, certamente, do lado de lá, onde as pedras estariam sendo jogadas! É uma inquietude que sempre esteve presente, também em mim e sempre provocou esta busca. Que gera satisfazeres efêmeros. Tão instantâneos, como passageiros. Mal se obtém, já não se tem. Feito bolha de sabão. Que ao mesmo tempo nos faz tão determinados e perseverantes, nos faz obstinados e eternos insatisfeitos. Pois sempre haverá um pico maior. Ou mais difícil. Sempre haverá uma distância maior a ser vencida para um corredor. Ou uma dificuldade nunca experimentada. Não há fim nesta busca. E pode ser que o desafio almejado tenha um preço muito alto a se pagar. Aí é a hora de estar a sós e com toda sinceridade se responder. Por quê?


Talvez, seja uma necessidade nascida junto com a gente de se sentir meio herói pra alguém. De ter reconhecimento. De escrever sua história e ter uma história pra contar. E muito melhor será se a história não for abreviada.

Uma coisa é certa. Nesta balança de comparações, o peso maior tem sempre de ser a vida. E não há nada, nada que justifique e compense pagar com ela. Mesmo, sonhos!

É exatamente quando se tem de reconhecer o valor do caminho caminhado. E não, somente, de se ter chegado ao alvo. Porque o aprendizado já acontece no caminho. E o fim dele tem de ser demarcado nalgum ponto onde se possa chegar e continuar. Pois se for o fim, não há como por onde ir…


(Estou desde ontem com o texto pronto e ruminando, ruminando revisando as palavras para ver se é isto mesmo que quero escrever! Não estou dizendo que alcançar sonhos não seja prazeroso. Concluir uma maratona, uma cicloviagem, uma viagem pra algum ponto incrível, um projeto de estudo, de trabalho, ter vivido uma história única são experiências que ficam conosco pra sempre!
Mas para cada sonho realizado, fica a vontade de eternizá-lo de alguma forma. Seja encarando outra nova história, ou repetindo-a ininterruptamente. Talvez, quem sabe, haja a necessidade de saber que cada conquista, cada portal de chegada seja único e já faz valer à pena tudo, mesmo que o caminho adiante não leve à frente. Mas seja onde se encontra a placa de retorno para que não se antecipe a chegada à placa do fim de tudo…) 

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