Vamos conversar?

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segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O não que é um empurrão!


-Filho, leva o Tufo fazer xixi?
-Não.
Daqueles bem redondos. Sem eira nem beira, nem fresta nenhuma pra margem de pedir de novo. É assim. Sempre. “Não” é não.

Parece ser falta de… Companheirismo? Não, não é.
Vez ou outra, em extrema necessidade, sai um sim. Quase naqueles casos de vida ou morte. Fora isso… Um redondo não!

Este não tem me feito um bem danado. Por causa deste NÃO firme e sonoro, nestes dezenove meses de reclusão, desde que me recolhi e me encolhi, alternando apatias, falta de vontade de ir, uma imobilidade que não combina comigo e não me traduz, mas que tomou conta de mim, não sucumbi ao sofá e não me afundei nele de vez.

O não foi o empurrão!

Juntando o não a este serzinho que depende de mim pra sair de casa, já que vai longe os tempos onde eu morava numa casa de portões e muros baixos, quando meu cachorro, tendo vontade de ir pra rua, pulava o muro, ou passava por baixo do portão numa fresta duvidosa sem fazer a menor cerimônia, ele apesar de tão independente pra tudo quando está solto, não tem como sair pra rua se eu não levá-lo. Enfim. Pode ser chovendo, pode ser 6h da manhã, meia-noite, frio ou calor de rachar, saio com ele. Melhor… Ele sai comigo. Ele me leva pra dar uma volta!

Não ter quem fique com dozinho, vá e faça por mim e ouvir um não, me empurra pra fora do sofá, de casa, da inércia. Vou lá fora pra rua, pro parque, pro lago, pro vale . Catar amora e comer no pé. Zanzar na grama. Fazer fotossíntese! Ver pessoas, outros cachorros ter conversas de gente que tem cachorro, conversa à toa e boa.

Ouvir não é um empurrão. Que me manteve no prumo e rumo. Como tantos que fizeram do eco de um não ouvido, o ponto de partida de ir de novo, ir além, ultrapassar, seguir e fazer acontecer.

“Não” não é uma porta na cara. O “não” é, para quem souber fazer, o meiavoltavoltaemeiadar para iniciar outro caminho. Ou, simplesmente, manter-se no caminho quando a vontade é parar.

O não pode ser aquela nota baixa que, de birra, fez a gente se matar de estudar só pra “esfregar na cara”do dito cujo do professor da época, um dez exibido na prova!

Ou o pénabunda no emprego, no namoro, que abriu a porta para oportunidades melhores, experiências melhores, pessoas melhores no caminho.


“Não” não é um apagão. Às vezes, é a dose exata pra se mexer no curso bom da vida. De ir fazer porque não há quem faça, ir fazer outra coisa, porque a anterior lhe foi tirada, de enxergar aquilo que você não via, não ouvia, não existia.

Como se diz, o”não” educa, cutuca, cavuca. É só uma questão de deixar de mimimi, de vitimismo, de umbiguismo e reagir.

O resto vem. 

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