Vamos conversar?

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terça-feira, 24 de outubro de 2017

Até o fim!



Difícil saber quando é o fim. Mas enquanto não tenho certo comigo que a estrada não chegou ao fim, é difícil pra mim, simplesmente, dar a meiavoltavoltaemeiadar e voltar!

São várias situações na vida.

Há muuuuuuito tempo atrás, quando dependia de emprestar o carro da minha mãe pra dar uma voltinha de final de semana, gostava de ir com o carro por uma estradinha de terra, ou asfalto destas, rurais e ir, ir, ir até chegar ao fim! Era uma sensação gostosa… Acho que me sentia meio  exploradora! Por me aventurar por um caminho desconhecido…

Esta sensação, transferi para estradas. Nas viagens afora e na vida!


Quando eu comecei a correr, bem no auge da paixão, tinha o costume de ir pra uma estradinha de terra e, tal qual fazia com o carro da minha mãe, só que agora com as próprias pernas, ia, ia, ia, sem saber onde ia dar, bem no estilo “Forrest Gump” com uma sensação de liberdade me invadindo e me fazendo sorrir à toa, vento na cara, coisa boa. Simples, de graça, me fazia feliz!


Não somente em coisas boas, este sentimento de ir até o fim se fez presente.

Não sei se, um dia, eu ficasse doente, eu desistiria de tratamentos dolorosos antes de passar por eles, na tentativa de vencer a doença. Penso que não. Não sei! Nunca tive uma doença incurável grave.

Por outro lado, convivi com a depressão. Fiquei estável por anos e recai. A depressão é uma doença que quem passa por ela, sabe bem a apatia que causa, como a inércia toma conta da cabeça, do corpo e dizima a vontade, mesmo em pessoas normalmente cheias de vida e energia. Rouba de nós a vivacidade e a perseverança que temos em atividades triviais, fáceis, simples quando não estamos tomados por ela. E ficamos no meio do caminho, no meio fio da calçada, sem conseguir levantar e ir, seja pra lá, ou pra cá!


Meus problemas de saúde são, especificamente, na maquininha de fazer movimentar. Justo eu, uma educadora física, ex atleta, de natureza sapeca, irrequieta, que foi obrigada a parar tudo devido a um acidente, adormeceu por anos, até ser despertada pelo acaso e ir tomando posse do que a vida, generosamente, ofereceu.

Eu não tinha ideia das coisas que seria capaz de realizar. Também, quando a janela abriu pra mim, não tive a curiosidade, ou o medo de perguntar até onde poderia ir, pra me frear, antes mesmo de passar por ela, a janela! Fui. Só fui.


Quando se passa por uma janela, sem fazer perguntas demais, a gente corre o risco de ir muito além do que seria capaz de imaginar e planejar. O deslumbramento é tanto que causa um anestesiamento, um êxtase, comparável, sim, a uma droga. E se tirado repentinamente dela, causa igualmente os efeitos de uma abstinência. Não é uma droga do mal. É droga porque é um excesso. Faz mal. Mas faz bem, também! Tirá-la de uma vez, é anestesiamento da vida. De sucumbir à rotina. A mesmice insurpreendente que vai matando aos poucos. Calando vontades. Dizimando sonhos. Apagando brilhos nos olhos. Entortando para baixo os riscos dos lábios que sorriam.

No fundo, no fundo, eu ainda tenho a vontade. Só não consegui reagir. Confesso. São medos! Tive de passar pro lado de cá da linha que divide quem faz e quem não faz. Admito. Eu ficava do lado de lá apedrejando as pessoas sem vontade de fazer, sem vontade de levantar do sofá, sem vontade de sair e fazer. Fazer algo por si, melhorar suas vidas com atitudes simples como ir até ali na rua caminhar só um pouquinho, suar um pouquinho, extravasar energia pra querer algo mais, além daquilo que já tinha. É arrogante não compreender quem vive de um jeito diferente do seu. Um dia, você pode atravessar a linha e mudar de lado. Eu mudei.

Muitas coisas me aconteceram. Não importa dizer o quê, exatamente.

Quando você entra numa guerra, das duas, uma. Pode ganhar, pode perder. Corrigindo… Pode não entrar na guerra. Mesmo tendo sido jogado dentro dela. Pode ser morno, matar seus sentimentos, seus princípios, deixar a guerra assassinar tudo a sua volta, inclusive as verdades que você sempre sustentou e defendeu. Pode ficar ali parado e não fazer absolutamente nada!

Posso estar completamente errada. Pode ser que se fazer de morto seja a melhor forma de ficar em paz. De ninguém na guerra descobrir que você está vivo, ainda, e te deixarem em paz.

Será?

Pode ser que haja a hora certa de parar. Pode ser que haja o momento de levantar a bandeira branca. Se render…

Será?

Não creio que eu ficaria em paz se tivesse de me render. De desistir de lutar até o fim pelo que acredito ser a verdade. Ser o certo. Não é questão de orgulho. É questão de ter a consciência em concordância com os valores que acredito, com a verdade prevalecendo, de não emudecer diante de jogo de palavras que deturpam a história.

Será mesmo que uma vitória é mesmo vitória se para isso for necessário extrair frases de um livro, só as convenientes, para compor aquilo que se quer fazer parecer?

Posso perder no final. Nessa guerra injusta de maquiagem da verdade. Mas se perder a guerra, terei sempre a certeza de ter me mantido fiel à verdade, de não ter virado a casaca, me vendido, ter dado falso testemunho ou, pior, não ter resistido até o fim.

Numa guerra, posso até morrer. Mas jamais matarei meus sentimentos para ficar alheia a ela. Jamais ficarei em meio a guerra que prega inverdades, sem me posicionar, forjando não perceber, não doer, que triste é morrer sem tentar viver. 

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Talvez, porque não seja ficção... As palavras precisam nascer dentro do coração para mexerem com outros corações. O que passo, certamente, outros passaram, passam ou passarão...

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  2. O texto é bom porque você sabe escrever...pra caramba!

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    1. Obrigada, Serginho! Vamos tentando! Escrever sobre o vivido sempre dá muita história a se contar, se a gente não fugir da raia!

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