Nesta época do ano, envolvidos pelo embalo do Natal, muita coisa acontece. Alguns se tornam mais sensibilizados, aproveitam para passar a limpo ressentimentos, fazem as pazes com familiares ou consigo mesmo. Ou fazem faxina! A da casa e a da alma...
Vêm na lembrança, cenas, imagens de Natais passados... E a simplicidade reina, indo contra tudo o que se vê hoje, a parafernália do Natal que engole a todos, aos bolsos e o sentimento reinante de antigamente de REUNIÃO, de doação um ao outro, de família junto, de olhinhos de crianças que brilhavam sonhando com seus presentinhos pedidos em cartinhas ao Papai Noel e que embalavam sonhos e sonos para na manhã do Natal despertarem os pequeninos que corriam para debaixo de árvoes em busca de ver se seus presentinhos amanheceriam lá! Naquele tempo, as crianças não sapateavam nas lojas iluminadas protagonizando cenas em que os pais, envergonhados ou raivosos, ou acabavam cedendo aos gritos de serezinhos mandantes, como se vê hoje, ou saiam aos gritos, eles mesmos para mostrarem quem é que manda, afinal! Cada família sabia muito bem a sua condição e a conversa sobre o que se queria ganhar no Natal não extrapolava empréstimos absurdos que muitos fazem somente para atender aos caprichos de inofensivos serezinhos. No muito, o que se via, era o esforço comedido, mas sensato de se comprar o máximo que era a tal bicicleta que as crianças daquela época, tanto sonhavam... Até imortalizada pela propaganda do : "Não esqueça da minha Caloi", quem não se lembra???
Li há, alguns dias atrás, a crônica de Eliane Brum sobre seu pavor de Natal. E ela, habilmente, desdenha todos os seus motivos. Comentei em sua coluna sobre sua ousadia de falar assim. Li comentários sobre seu texto que iam da concordância que retratam esta indignação nossa de todo dia, da manipulação maciça desta data, assim como a crítica sobre ela não conhecer o verdadeitro significado ou o personagem principal desta data. Tenho lido há pouco tempo os seus textos e tenho gostado do que leio. Não creio que ela queira criticar o personagem. Mas sim, a máquina que envolve esta ou qualquer data usada para vender-vender-vender, acima de tudo! Hoje, tive a grata satisfação de ler uma crônica de Domingos Pellegrini, um escritor da minha terrinha vermelha - Londrina. Amei! Não posso dizer que coheça tão bem sua literatura. Trabalhei já em biblioteca, mexia e lidava direto com livros, não sou nem de longe uma devoradora de livros para querer parecer uma crítica ou comentarista , uma conhecedora profunda deste ou daquele autor. Mas o que li hoje, foi pontual! Por isso, vou querer compartilhar aqui! O texto não está digitalizado. Li numa revista local. Mas é tao perfeito que logo mais, vou digitá-lo todinho so para poder postar no meu "Lendo por aí". Mas vamos a ele!
De uma maneira apaixonada, nostálgica sem ser melancólica, ele desenha gostosamente seu Natal de criança. O Natal com Polenta da sua avó! Não era um prato especial... Pelo contrário! O mesmo prato feito em outro dia qualquer e que ela colocava na mesa do Natal, concorrendo com outros pratos mais elaborados, feitos pelas tias, mas que era insubstituível!!! Era uma época em que a simplicidade fazia o Natal! Descreve o arroz soltinho, o feijão cremoso e a polenta cortada no barbante que você chega a sentir o cheirinho da comida... O dobrar cuidadoso dos papéis de embrulho dos presentes que seriam usados, depois, para algum fim (quem não viu sua mãe ou avó dobrando papéis que poderiam ser usados para forrar os armários?). Domingos nos faz dançar na melodia da época! E nos faz adentrar naqueles dias e viajar no tempo... A avó não deixava nada desandar! Nem comida alguma, nem o que reinava no ar! Conversa não virava discussão! Nenhum irmão desamava o irmão! O encontro era de amor! E discutir o cardápio do dia era algo tão desimportante que no dia seguinte ao Natal, o café era o simples pão feito em casa, o café de sempre com o queijo curado. Simples! Porque o complicar só serve mesmo pra preencher vazios. E isto não era, definitivamente, necessário em lares onde se reinava a simplicidade do amor expresso em pequenas coisas. Nada ao extremo. Nem abolir presentes, nem se vender ao comércio exacerbado de hoje! Uma harmonia própria de pessoas sábias, com a essência íntegra. Coisas de vó!
Ainda não acabei de falar tudo o que este Natal me fez pensar e sentir... Mas, como o almoço de Natal me chama, vou lá comer junto da minha família - o que é muito importante - e volto pra cá pra escrever depois...
CLICS são as capturas que fazemos de momentos. Imagens que congelamos e eternizamos. Palavras que imaginamos e lembramos. Numa junção e numa brincadeira gostosa de palavras e imagens, cartas são escritas, sonhos postos pra fora e a conversa acontece...
Vamos conversar?
Vamos conversar?
Olá Susi, tudo bom?
ResponderExcluirPrimeiramente, muito obrigado por acessar e seguir o Rabisco. Gostei bastante do seu blog, também, vc escreve muito bem! Meus parabéns!
Até mais, um abração.