Vamos conversar?

Vamos conversar?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Tô nem aí!



Tenho descoberto esta frase na minha boca ou nos meus pensamentos, mais frequente ultimamente. Tanto que, há pouco, li algo, falei isso pra mim mesma e corri aqui, escrever!

Explico.

Não. Não é deboche nem displicência mal educada com os outros. É autenticidade. Simplificação de certos mimimis que vão se acumulando pelo caminho. Tantos dedos para o que é óbvio. Pisar em ovos o tempo todo. O cuidado exagerado em quebrar cristal que é vidro. De calar o que, escancaradamente, grita.

Cada um interprete em sua própria história…

Ui. Que medo dá, não?
Quantas histórias escondemos em nós mesmos… Quantos medos… Quantos desejos secretos… Sonhos malucos que só nós sabemos… Aí, pensando, pensando e o tempo passando…

Então, percebemos o óbvio mais óbvio dos óbvios! O tempo passa sim. Nem vem com esta de que ele passa rápido demais. Nem que demora. O problema é o botãozinho atrás. Sim. Este mesmo. Você. Nós. Ele, o tempo, passa diboa. No tempo dele. O desajuste não é dele. É nosso…

Parei e vim escrever por quê? Fazia tempo que não fazia isso. A coisa mais comum pra mim era uma palavra, uma frase, uma imagem, uma conversa me suscitar a escrever. E, ultimamente, andava freando isso. Não deixando acontecer. Mas esta frase de hoje…

“A maior guerra sempre será entre você e seus pensamentos!”

Vi. Li. E pensei este “Tô nem aí”. Já tive alguns medos. Medos cíclicos, entende? De perdas. Até eu descobrir que certas perdas não acontecem nuuuuunca. Ou porque nunca te pertenceram. Ou porque nunca deixaram de ser tuas. Hummmm…. Tá metáfora ao quadrado hoje. Ao cubo! “N” possibilidades de interpretação. E que assim, seja. A cada um. A mim, bem sei…

Mas, vamos exemplificar pra ficar claro, mastigado pra entender.

Aquilo que você é, em essência, pode até passar acobertado por um tempo. Abafado. Mas, escute. Preste bem atenção. Volta. Essência fica. Não morre. Se você é do tipo que nasceu com um espírito inconformado e tem passado a vida abafando pra se encaixar nas arestas da sociedade, se conformando, sinto muito te dizer. Não vai rolar. Dá certo, não. Uma hora, o ar falta. O chute acontece. Vai tudo pelos ares. Quem nasceu inconformado, no melhor sentido da palavra, de ser mutante, gostar de aprender e viver o novo, não se conforma nunca. Até tenta. Mas uma hora, a “forma” imposta não o contém. Pronto.


Há, há outros modelos. Sonhos… Já vi outros histórias assim. Aquele sonho deixado de lado. Que fomentou, fomentou e (graças a Deus) incomodou até ser buscado. Sonhos de vestibular frustrado. A viagem de moto da juventude. De bicicleta pelo mundo, dum jovenzinho já não tão jovem assim, assim como tantos estão por aí. . De motor home. De um home pelo mundo. De dedão. Viagens…


Aquele burburinho que insiste lá dentro, ignorado por tempo, que sempre escutava a resposta “Agora não. Um dia…” E que uma hora, ah…. Uma hora vem com força total, como se gritasse “Uma hora é tarde demais, seu trouxa!”. Te dando um chacoalhão. Te fazendo acordar. O tempo passa…

Tô nem aí. Esta frase que revela a gente mais fiel ao que se é. Não é maleducação, não. É falta de medo. Não o medo cuidador. Mas falta de medo da dor. Que a vida ensina, com o tempo, uma ironia atrevida. Talvez, esta equação inevitável de se perder o espaço de tempo à frente, a ser vivido, nos faça ousar o desconhecido, desafiando até perdas evitadas pelo medo. Medomedomedo… Este medo que paralisa atitudes, passos, mudanças de direção, mudanças de posição. Do estável pro duvidoso. Aqueeeeeeele duvidoso há tanto desejado e posto de lado. Como se fosse um absurdo. Absurdo te digo o que é : é ver a areinha escorrer no funil do relógio do tempo e você não fazer nada! É ver o tempo esvaindo e você oscilar se é certo ou errado, não ouvir o seu lá dentro, este que você sabe tão bem e insiste em não ouvir. Porque permitiu entrar numa forma que te prendeu, cortando tanto que havia a crescer. E, agora, sente as dores de asas quebradas por ficarem aprisionadas.


Tô nem aí é um dar de ombros ao peso todo que carregou sobre eles e que te curvaram. Pra derrubar este peso que não é seu. Tô nem aí é não ter medo de perder o que não é seu. É saber que não perde jamais o que é seu. E é preciso acordar, antes que seja tarde, enquanto há tempo e saúde pra se viver aquilo que não deixa nunca de existir.


Você pode ter escolhido uma máscara bem encaixada na sua cara. Ter escolhido, cuidadosamente, a fantasia mais apropriada a vestir por todos estes anos. Ninguém perceber. Tudo parecer correr bem. E , matematicamente, tudo parecer perfeito. Não se trata disso. Nada disso. É lá dentro que habitam as maiores tempestades. A maior guerra travada não é cá fora. É lá dentro que acontece uma briga ferrenha que ganha, agora, o juiz do tempo. Aqueeeeeeele que bate o martelo e diz, dono de si e inabalável : acabou.

Tô nem aí é, de certa forma, a certeza de ter sido fiel a mim mesma. Autêntica, ainda que ridícula (aos outros). Autêntica ainda que faça, ou acredite em invisíveis que ninguém vê. Em buscar impossíveis. Em ser feliz por verdades vividas de todo o coração! De nunca desacreditar naquilo que há dentro de mim. De nadar contra a maré, de perseverar por acreditar e não me deixar afundar, mesmo que isso fosse o mais fácil a fazer.


Tô nem aí, talvez seja a forma mais sincera de, tal como a própria frase diz, dizer. É aqui que estou. Não estou aí. Aqui, eu sou. Dentro de mim. Jamais fora de mim. Dentro de mim, estou, estarei até o fim…

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