Vamos conversar?

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

O medo do novo



Mesmo quem vive buscando a aventura, no seu mais simples e direto sentido de “ir pro desconhecido”, passa por estes momentos. A gente sempre tem a tendência de fazer isso. Fazer o que gosta, o que dá prazer, o que nos faz sentir vivos! E, de repente, descobre que segue sempre pelo mesmo tipo de caminho. Este caminho tão maluco para outros, para nós é quintal de casa. Quantos lugares por aí neste mundão, você pisa e sente como seu? Se sente em casa? Conhece como a palma da sua mão?


Então.

Não precisa me conhecer muito pra saber qual é o meu lar adotado. Onde me sinto em casa. Quintal, casa e jardim. Tanto, tanto, que o piloto automático, se ligado, me leva pra lá. Mas… Meu coração anda pedindo, desesperadamente, pra ir buscar novos ares. Percorrer caminhos diferentes. Ir numa direção que nunca fui! E isso tem me estremecido. Me criado um desassossego. Me feito sentir medo!

Medo?


Ouço muito, muito mesmo que sou corajosa. De sair, assim, muitas vezes, sem rumo certo, seja sobre as minhas duas rodas preferidas, ventonacara, seja de busão, avião ou nas 4 rodas 4X4, que me levam pra este mundão. Alguns destinos certos, um elástico do tamanho do mundo pra refazer, quantas vezes for necessário, o desenho do caminho. Viagens como as que faço, parecem acontecer na louca, sem qualquer planejamento. Não é bem assim. Há o elástico, sim. Mas há referências, há pesquisas para saber as opções.

Em território conhecido, zona de conforto, fica facin facin ir. E mesmo a estrada sendo estrada em qualquer lugar do planeta, o passar por ela também me assusta.


Estrada pode ser a transição. A passagem tão necessária de um estado para outro. O sair do lugar que você não gostaria de sair para conhecer outro. O se permitir abrir portas e janelas, mesmo que elas te assustem. Mesmo que a vontade seja de ficar.

Parece haver um imã que sempre me atrai a alguns lugares. E mesmo eu gostando tanto do novo, de desbravar lugares não conhecidos, me divido entre a vontade do novo e o desejo de aquietar. Em lugares que adotei como meus.

Falo brincando que conheço mais a América do Sul do que o próprio Brasil. Fato. E quando me ponho a pesquisar nos canais e assistir aos vídeos, de tanta gente bacana e viajeira que de maneiras simples, noutras, super profi, compartilham viagens por lugares inimagináveis… Meu queixo cai. Olho pequeno o meu de não alcançar e ir buscar ver de perto, tanta beleza neste Brasilzão!


Então, relutante, coração pedindo estradas velhas e conhecidas, estou brigando comigo mesma pra ir. Em lugares que nunca estive. Se por hora, a sonhada e esperada viagem de bicicleta por estradinhas na América do Sul teve de ser adiada devido à minha última queda que resultou num corte profundo no joelho, que pede mais tempo de recuperação e cuidados, desfazer o bico, a cara chateada e olhar pro lado bom é ato inteligente de sobrevivência. Porque tudo de ruim é bom, dependendo de como você olha pra vida. Há motivos infinitos para a gratidão. Ao invés da lamuriação, do auto compadecimento. Da patinação na baba reclamenta que te faz nuuuuunca sair do lugar, é preciso querer enxergar soluções. Há como ir, sim. Se não é de um jeito, é de outro. Porque o meio como você vai é apenas o meio que transporta o verdadeiro sujeito. Não adianta nada ter bicicleta, moto, carro, carrão, caminhonete, avião, trem ou busão se não houver o passageiro que queira ir e vá. De resto, só latarias velhas ou novas sem passageiro, sem tripulação.


Quem faz mover o motor que leva pelas estradas da vida, meu caro, é o coração. Nada mais faz funcionar a máquina, se não houver o desejo no coração. O resto é ação.


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