Vamos conversar?

Vamos conversar?

sábado, 2 de setembro de 2017

Tá logo ali!


Tá logo ali. Só atravessar a porta e ir. Não precisa ser muito longe nem só um pouco longe. Pode ser no quarteirão ao lado, em volta da tua casa, a uma quadra, ou duas, um pouco mais. Pode ser que você chegue andando. Ou de bike. De carro. De transporte. Mas é preciso atravessar a porta.

Toda vez que chego lá fora e sinto o vento levantar meus cabelos, me lavando a face e a alma, me renovo. É um quê que tenho com o vento. Deve ser por ele ser invisível e ser tão presente. Por ser capaz de me causar a sensação de levar embora. Algo cá dentro que precisa ir, ao mesmo tempo que me traz bons ventos. A boa sensação de coisas boas chegando. Traz-me a sensação, também, de lavar a alma. Como aquele desenho de redemoinho movimentando as folhas secas no chão, como se bailassem, sem fim. Fazendo uma faxina lá dentro de mim. Girando, girando e levando.

O vento consegue provocar um movimento em mim que se alterna de manso e delicado, até um vendaval de emoções. Traz recordações. Leva o que me pesa. E me leva junto a flutuar num passeio inocente, inconsequente, despretensioso, por fim.

Toda e cada vez que venço a inércia de ficar parada e quieta dentro de paredes e venho cá fora, não entendo como não venho antes, venho mais cedo, venho mais vezes.
É de graça. É logo ali, de casa. Um “lá fora” que tem em todo lugar. Basta ir.
Um espaço verde com árvores, sol se quiser, sombra se quiser, espaço pra andar, brincar e ficar à toa, de cara pro vento.
Nesta hora, compreendo, tão importante que é ter as pernas e braços amarrados, vez ou outra, pra ser obrigada a parar. Nestas paradas, sem pressa de ir, sem pressa de passar e chegar, sem ter o tempo todo preenchido por coisas a fazer, aprendo o desapressar do tempo. Quando ele mais rico se mostra. Simples e somente porque pego a pressadotododia, a pressadavidatoda e prendo ela em casa e saio sozinha. De cara lavada. Sem olhar a hora. Olho o relógio do sol. Olho que o céu está azul. Olho que o vento passa brincando e mexendo as árvores e ele me ensina uma lição final neste dia.


O vento não precisa ser visto pra existir. Mas é inegável que exista, por ser visto pelo que provoca por onde passa. A sua existência não é vista. É sentida. E é o que ele faz pelo caminho que não deixa dúvida de estar bem aqui.

O que tá logo ali?
Pode ser que seja só o vento. Pode ser que seja o tempo. Aquele que você não sabia quando chegaria. Pode ser que seja uma brisa que te traz, ou o redemoinho que te desfaz. Pra se fazer de novo! Pode ser que seja a oportunidade que está ali fora te esperando, já cansada de esperar você que nunca sai!!! Pode ser que seja a nova conversa com nova pessoa. Pode ser que seja a velha conversa que nunca teve fim. Ou pode ser que seja o caminho do qual você saiu pra descansar um pouco. Ou seja a bifurcação que vai te dar a opção de escolher pra onde vai seguir.

É preciso atravessar a porta. Ir. Porque somos nós mesmos que trancamos a porta. Portas que nos tiram a vista de tantas coisas simples, corriqueiras, ao nosso alcance, que nos permitem beber de felicidade em doses pequenas que não jorram demais, nem se esgotam depressa demais. São coisas muito simples e que reabastecem a gente de energia. Sair e sentir o sol, o vento, o frescor da sombra, mexer o esqueleto de leve, tomar posse da vida. Talvez, o primeiro passo a se dar para ser grato por ela.


Destrancar a porta que te prende num mundo onde você se esconde e se priva de viver. 

Um comentário:

Gostou? Compartilhe!

Quer comentar?
Clique em "comentários" e digite na janela que se abre. Selecione seu perfil no Google, aí é só publicar! Se quiser, identifique-se com seu nome ao final!

Obrigada pela visita! Logo mais, passo respondendo...