Vamos conversar?

Vamos conversar?

sábado, 2 de setembro de 2017

No fundo, no fundo…


Porque lá no fundo, no fundinho você sabe o que há, o que quer, o que acredita, o que quer fazer…

Um oceano. Profundo. Que quanto mais você mergulha, mais se distancia da luz, mais escuro fica, te tirando a visibilidade do que há. Mas está tudo lá!

Gavetas. Socadas de objetos, papéis, cacarecos. Que acabam obedecendo uma ordem desordenada, mas lógica na cronologia de terem sido atiradas lá dentro. Você espia, timidamente, não vê, mas sabe que está lá!

Arquivos. Mil. De documentos, de fotos. Você lembra vagamente, alguma palavra, o assunto, a época em que foi feito. Porque foi feito. Então, sabe que está lá!

A gente trilha caminhos, semeia palavras e sorrisos, faz trocas, de conversas, de histórias, recebe água e alimento na forma do vivido. Retém o que faz bem. Elimina o que não acrescenta. E segue.

E lá dentro, vão se acumulando o que vai formando o alicerce de nós mesmos. Vem do berço. Arrisca passos fora. Se escancara, retorna, se recolhe. Amadurece. Às vezes, murcha. Desacredita poder continuar. Hiberna. Mas é um recolhimento natural para poupar energia. Como casulo. Que esconde num ovo, para transformar a forma disforme e desatraente que lá entrou. Para no silêncio, na surdina, no recolhimento, sofrer todas as transformações necessárias para, no momento certo, por uma frestinha de nada, iniciar a sua reestreia surpreendente.


Porque no fundo, no fundo de sua essência, nasceu borboleta, ainda que fosse vista como lagarta. E, no fundo, no fundo, cada um sabe como nasceu. O que lhe diz a alma. O que esconde no profundo de seu oceano. O que guardou na gaveta. O que suas memórias se recordam terem fotografado, ou escrito. E não há nada que abafe isso. Mesmo sem ser visto, está lá.

É a discordância ilógica entre o que se é e o que se faz que coflitua a nossa alma. Gera tristeza e frustra. Atrofia asas que foram feitas pra voar. Voos rasos ou longínquos. Não importa o tamanho do sonho. Mesmo porque sonhos não tem tamanho. Tem essência. Importa mesmo é reconhecê-los e buscá-los!


É preciso ousar e ser sincero. Escancaradamente humilde e sincero para, num certo ponto da vida, reconhecer os erros, os descaminhos, decisões mal tomadas e retomar a rédea da vida. E parar de ignorar o que existe lá no fundo, no fundo de si mesmo…

Fotos da galeria de Tales of Light - série da Netflix

6 comentários:

  1. Ótimo texto,Susi! Enquanto lia, fui remexendo mentalmente minhas gavetas e mergulhando em meu oceano...

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    1. Que ótimo!!!
      Quantas coisas vão se acumulando nas gavetas e deixadas de lado... Né?

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  2. Eu gostei da cronologia da bagunça, não havia percebido que existia, muito bom bem "sacado"

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    1. E não é que é?
      Pra caber novas coisas, é preciso ver o que está ocupando espaço e não será usado. Ou se posto pra fora pra ser novamente utilizado... Será?

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  3. Quanto mais fico quieto, mais me torno inquieto!
    Fico feliz que voltou a escrever Suzi.

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  4. Ahaha! Silêncio inquietante e atiçante!

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