Vamos conversar?

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sábado, 30 de julho de 2011

Na caverna

Sou lá de fora! Mas, ultimamente, tenho me afugentado aos finais de semana, na caverna da minha casa. Motivos? Alguns... E pra exercitar dedos, alma, já que o esqueleto anda mesmo preguiçoso, numa reação compreensível de quem corria demais e foi parada na marra, vou me permitir perambular preguiçosamente e sinceramente, linhas abaixo. Ainda que soe ridículo, bobo e lá na frente não faça sentido! Porque sentido faz, eu por pra fora agora o que transborda...
Pois bem! Por partes:
 Casa? Hiper-mega-ultra bagunçada! Reflexo de como anda minha vida. Tudo fora do lugar, coisas a se descartar engavetadas, ainda! Contas agrupadas, pedindo para serem olhadas, organizadas e controladas! Cuidando apenas do imediatamente necessário. Do tipo “se não fizer, morro”! Como: comida, cama, banho! Necessidades básicas... Na expectativa de iniciar um novo ciclo que só pode ser ameaçado se esta minha bagunça momentânea que dura ciclos não for parada. Se eu não conseguir tirar sapatos, roupas, papéis jogados no meio do caminho do corredor da minha casa pra enxergar o caminho para passar para o lado de lá... Hoje é o dia que escolhi pra fazer isso. Não saio de casa enquanto não por tudo em ordem. E numa necessidade pedindo socorro, estou a dedilhar... Tenho coisas pra por pra fora. Esvaziar ou assumir? É uma mudança, de fato! Ponho móveis velhos fora. Decido por cores novas. E deixo todo o resto pra trás! A casa é apenas o reflexo da minha alma... Estou na beiradinha da mudança... Mas tenho de juntar toda a coragem do mundo pra pular deste precipício e alcançar o lado de lá. Senão eu morro na praia! Com os dedinhos dependurados escorregando por causa de uma bobeira, um descuido meu bem no final!
 Filhos? Admito crises! Mas elas são caminhos a momentos de crescimento. O que vejo que mais me anima é vê-los confiando em mim, ainda que eu erre! Por que passei a permitir que eles errem também! Já passei por fases em que almejava filhos perfeitos. Graças a Deus, parei com isso! Aquela mania boba de querer o melhor pra eles e exigir o melhor deles! Eles têm suas imperfeições e têm tantas qualidades! Amo demais eles! Admiro demais! Orgulho-me deles! Numa contraposição ao que aprendíamos e pregávamos ser o certo: não podíamos nos orgulhar! Não era mérito nosso. E isso achatava nosso amor! Amo! Admiro! Erro! Sofro! E me debato em dúvidas! Mas não desisto de querer estar com eles e passar tudo o que precisarem passar, COM eles!
 Trabalho? É a fase mais gostosa que já passei! Sei que trabalhei em vários locais e em tempos onde me realizava com o que fazia! Como profissional, sempre me posicionei firmemente naquilo em que acreditava. Eu me dedicava a desenvolver atividades onde meus alunos pudessem crescer. Discutia. Brigava. Ria. Convivia. Fui obrigada a mudar o contexto. Saí das salas de aula. Das quadras. Fui pra trás de uma mesa. De uma secretaria, de uma videoteca, de uma biblioteca. Mesas e mais mesas passaram na minha frente. Colegas e mais colegas. Chefes e chefes. E o computador passou a ser o meu caderno, minha ferramenta de trabalho, meu quadro de giz. Vejo minha filha num conflito interminável e sofrido em se ver num curso do qual não gosta e me vejo trabalhando em algo para o qual não me formei, nem estudei. Dos conhecimentos que formei no caminho, das leituras que fiz do mundo ao longo do caminho, adquiri, colhi e, agora, uso. E ainda tem um fulano que tem a capacidade de dizer em alto e bom tom numa palestra que não existe conhecimento novo? Ao que eu refutei, então, questionando-o se quis dizer que não existem nem há possibilidade de existirem novas invenções e que ele, como era de se esperar, ensaboou, afirmando que todo conhecimento já é existente. Nada novo é criado! Bem, se for assim, resta-nos sentar e esperar morrer. Como não acredito nesta teoria absurda, crio, sim, no meu trabalho “burocrático”. Novo é aquilo que é novo para mim! Não importa se para outro não é! A descoberta é o que impulsiona o inventor, o criador. É o que dá brilho aos olhos! A surpresa da descoberta. O novo que assusta, intimida e ousa. Como pode alguém desprezar isso?
 Coração? Hummmmm... Emendando ao que eu devagava, assustada! Vejo que vou sempre me esconder em metáforas. É mais fácil de falar! Sintonias feitas de sons e pausas. Quadros compostos de cores e vazios. A vida feita de campos e cavernas! Estou num momento de caverna. Já vaguei por vales longínquos, intermináveis. Subi por montanhas, vislumbrei entardeceres e amanheceres. Experimentei caminhadas e corridas sozinha. Também já corri e voei em bandos. E volta e meia, aquela coisinha que cutuca lá dentro me incomoda. Por mais que tente ignorá-la, por parecer mais fácil viver e tocar a vida sem pensar nesta parte da vida, eu tenho de admitir a minha verdade. Não vejo sentido na vida sem um amor! Mas eu sinto muito medo! Eu me apavoro quando vejo que pode ser que eu esteja começando a prestar atenção em alguém! É um misto de medo de estar confundindo as coisas, enxergando algo onde não exista nada! Já fiz isso noutras vezes. E, desde que a outra pessoa nem desconfie, as coisas vão voltando ao seu devido lugar sem grandes estragos! Porque se o engano for de ambos os lados, nada é declarado, nada é estragado! Mas... E se houver algo? As coisas tomam rumo sozinhas? Os gestos denunciam? Como saber se há o medo de transparecer? Este lado da vida merece um parágrafo à parte...

Mas como nem tudo é ou pode ser falado a todo vento, por aqui, eu vou parando. Naquela máxima de que tudo o que disser, poderá ser usado contra mim... Até aqui, sem grandes exposições é metáfora. De resto, a imaginação, ou a dedução! Porque algumas coisas são lidas nas entrelinhas. E para cada dia há um amanhecer próprio. Então, vou num passo de cada vez! Até a hora de sair da caverna...

2 comentários:

  1. uau! post profundo. Pelo título lembrou Platão.

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  2. Hahahaha! Viu só? Não só de corrida me alimento!!! O amor transcende, leva longe e traz para perto!!!

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