Vamos conversar?

Vamos conversar?

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Não sou fortona!



Geração de mulheres fortes. Que viveram na era mudançadepapeis. Que precisaram, não arregaçar as mangas, pois estas já estavam há muito arregaçadas, mas peitar desigualdades, ocupar, conquistar e valorizar o seu espaço se multiplicando em mil papéis, sem falhar em nenhum.

Somos nós?

Não. Por favor. Vamos por partes. Menos. Menos. Menos pretensão. Menos pressão. Precisamos respirar!

A geração da minha mãe enfrentou uma desigualdade que eu não conheço. Dá pra imaginar mulheres que não tinham direito a voto, não dirigiam carros e que o trabalhar além de dentro de casa, fora de casa era uma aberração?


Minha mãe me criou hiper feminista. Direitos iguais. Lá fora e dentro de casa. Era difícil pra mim me doar nos afazeres, pois não eram demonstrações de atenção ou carinho, ou simples agradinho. Eram itens na lista das obrigações a se dividir em casa. E, portanto, a serem divididas entre homem e mulher. Mãe e filhos. Era um abrir de olhos. Pra evitar o que a geração dela passou e sofreu. Era a forma dela expressar seu amor e nos ensinar caminhos para sermos mais felizes. Com um horizonte maior para percorrer.

Minha geração? Cada qual é livre para pensar, sentir e enxergar diferente. Vou falar da minha.


Cresci com uma mãe que não era aquela mãezona, nos moldes faztudopelagente. Tínhamos de nos virar. Desde criança, lavando nossas próprias roupas na máquina, fazendo comida pra família inteira, bolo, limpeza, faxina. Não desaprendemos o amor. Apenas, aprendemos de uma forma diferente!

Acredito que o maior ensinamento de amor dela foi o de “ir”.



Não é a frase feita nãocriarraizes. Mas um nãocriarteiadearanha! Entende? Raiz, todo mundo tem. A origem. E, nalgumas vezes, raiz e ninho significam a mesma coisa, o mesmo lugar, as mesmas pessoas. Aconchego. Colinho. Mas o amor dela era um amor de não prender na gaiola. Apresentar o mundo, abrir as janelas e até dar aquele empurrãozinho pra gente sair do conforto do ninho e alçar voo.

A minha geração não se intimidou com desafios. Saiu. Partiu. E voltou, quantas vezes foi necessário e partiu de novo. Assumiu papéis lá fora. Sem abrir mão dos outros. Aqueles. Pré-históricos. De mãe. Esposa. Filha. Irmã. Aquela pecinha, enfim, que administra a casa, independente do estado civil, da maternidade, de fato, ou do ser mãe por afinidade de amigos, filhos dos amigos, sobrinhos, de pai, de mãe e até do companheiro.


Estas mulheres todas, independe da sua geração, ganhou ares de rainha que foi se misturando ao de Mulher Maravilha, aquela linda da Lynda Carter, perfeita, forte que além de tudo, batia em bandido, fazia justiça e, ao final, não tinha um fiozinho de cabelo fora do lugar, não revelava uma ruguinha de cansaço, nem tristeza, depressão, nem de querer desistir de tudo, de estar se sentindo sem forças e fraca.

E nasceu a geração Super Mulher. Mulher Maravilha. Mulher Gato. Pra não dizer o nome das super heroínas desta nova geração que nem me lembro o nome. Mulheres fantásticas que não se cansam nunca. Fortes.





Não sou fortona. E igual a mim, eu sei que há uma porção de mulheres que diaapósdia fica brigando consigo mesma, que tem de aguentar. Que não pode falhar. Que tem de ser forte…

Tem de o quê!

Temos dias que não temos vontade de levantar da cama. De preguiça, mesmo. Pra não fazer nada! De tristeza, com vontade de ficar encaramujada, estátua, sem se mexer. Ou de se afundar num vazio inexplicável, como se a cama fosse um poço fundo e escuro, sem entender porquê.

O que fazer?


Despir-se da fantasia. Trabalho difícil, mas necessário. Porque tudo aquilo que “os outros” querem e esperam da gente parece ficar impregnado na pele, junto desta fantasia do ideal do que “temos de ser”. E quanto mais a vestimos, mais difícil é arrancá-la. Dói. Porque, na verdade, temos medo do que vamos encontrar. Esquecemos quem somos debaixo deste pano.

Vamos pensar assim? No retirar dos panos, a pele respira. Como aquelas cenas do por pra fora lençóis, cobertores, para respirar. Por os panos pra fora para “tomar um ar”...


Se permita se descobrir fraca. Com preguiça. Com desânimo. Imperfeita. Errante. É só um respiro. Um bufar tôdesacocheio, um lacrimejar nãoaguentomais, um ato de rebeldia de nãoqueromaisfazerassim, um basta soufracasim! Não é um estado perene. Não… Porque assim como temos o direito de não sermos fortes o tempo todo, nem perfeitas de dia e à noite também, 24 horas por dia, esta fraqueza passa também. A tristeza. A preguiça. A raiva. Porque no final de tudo, o que a gente descobre, é que a liberdade, aquela sonhada pela minha mãe e outras tantas gerações atrás, não é o terdeserassimouassado. Mas a opção. Poder ser isso ou aquilo. Ser forte e ser fraca. Focada e perdida. Guerreira e assustada.

Não sou fortona. Choro. Me sinto perdida. Assustada. Infeliz. Revoltada. Desanimada. Fraca. Porque só assim, posso aprender e ser tudo ao contrário. Rir. Me encontrar. Ser destemida. Feliz. Confiante. Animada. Forte, enfim!


10 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Amiga parabéns! Essa postagem é perfeitamente condizente com todos(as) nós seres humanos, ninguém é inteiramente e sempre forte ou fraco,acredito que tudo depende do momento. Texto muito bom, excelente para refletirmos. Amei. Lindas fotos.

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    1. Pois é Marlene... Sendo fraca se aprende a ser forte. E sendo forte sentimos necessidade de podermos ser fracas, também. Ninguém é absolutamente só isso, ou só aquilo ...

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  3. Respostas
    1. Maravilhosas de qualquer jeito .. RS Na fortaleza e na fraqueza...

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  4. Você é uma mulher maravilhosa!!! Inspiração para muitas inclusive para mim rsrs espero um dia ser metade do que vc é e fez... Você é sucesso!!! Parabéns por tudo que és!

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    1. Onnnnw querida! A convivência entre mulheres sempre é inspiradora! Uma ensinando e aprendendo com a outra... Pra mim foi inesquecível este dia que nos conhecemos. Vou voltar pra pedalar!!!

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  5. Magnífica sua postura mediante a vida e soube descreve-la como ninguém... Parabéns miguinha "fortinha", sem vezes querer ser "fortona... Te amo!!!

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  6. Amei a reflexão! Não pare jamais de escrever! Bjs

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