Vamos conversar?

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segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Amiga de pijama



Minha amiga. 
Escrevo pra você, hoje. Hoje, é você. Amanhã, pode ser outra amiga, ou eu mesma.

De pijama. Tem algo que represente estar mais à vontade, sem maquiagem e sem roupagem?

Amiga de pijama!

Aquela que a gente senta junto no sofá com um balde gigante de pipoca e come junto diante de um Netflix, água com açúcar, daqueles filmes antigos românticos, de mais qualidade, sem nenhum teor político, intelectual, querendo se parecer maissso, ou maisaquilo. Só pra ficar ali, se emocionando com história alheia, bobageira leve, que não faz mal, então faz bem.

Amiga de pijama!



Que a gente dorme junto na mesma cama, atravessando madrugada adentro com prosa, risada, choro, café, champanhe, cerveja, suco natural, o que for! Mas atravessa junto. Se chacoalha toda de dar tanta risada de lembranças, de artes feitas, de causos, de confissões secretas. E chora muito junto, também. Por sentir na pele o que ela sente. De dar aquela vontade de pedir pra passar um pouco pra gente, só pra ficar mais leve pra ela. Pra que ela consiga ver luz, quando está tão difícil percorrer o túnel escuro da depressão, da solidão, do problemão. De ter vontade de pegar um vôo, botar o carro na estrada e atravessar quilômetros e quilômetros só pra ir lá, dar um abraço silencioso. Que não diz nada em palavras. Mas contém todas as palavras que a gente não sabe dizer nesta hora. Por mais que se deseje saber.

Amiga de pijama. 

Que já saiu toda produzida também nos rolês da vida. Que já esbanjou risada, alegria e vida. Que já fez parte de cenas não fotografadas. Que compõem aquela nossa longa lista de momentos imperdíveis. E irrepetitíveis!

Hoje, amiga, te vejo tão fragilizada. Te vejo acuada, quase encorujada, com vontade de não ser, simplesmente, nada. Não ouvir. Não falar. Não sentir. Quem sabe até, nem viver. Porque, mesmo sendo amante da vida, acontece isso com a gente. E diga, lá, quem nunca? A vontade que acontece de evaporar. Não precisa ser pra sempre. Mas virar um vaporzinho, só um pouquinho, só pra não ter de responder, decidir, fazer, sofrer. Só pra parar de sentir um pouco esta turbulência de sentimentos que acontecem, de vez em quando.



De bom, minha amiga, é que sentir é privilégio da gente. Que não congelou ainda, coração e mente. Este sentir, este sofrer nos faz humanos. Nos faz coração. Nos faz reais. E viventes. Que é muito mais que sobreviventes. Porque, na verdade, viver é a medida certa. Nem subviver. Nem sobreviver. Viver, apenas, é suficiente.

O tempo ainda é o maior instigador. Que nos coloca em situações incompreensíveis. Ao mesmo tempo em que, se passando por ele, percebemos o quanto ele nos ensina.

Sempre saímos mais fortes depois. As tempestades passam. O tempo se acalma. A névoa se dissipa. E o coração abranda.

Amiga de pijama. Não precisa estar bem para estar junto. Não precisa estar com a melhor cara. Nem roupagem, nem maquiagem. Não precisa ter assunto. Não precisa falar, nem ouvir. Porque, muitas vezes, a gente só precisa disso. Estar ali, ao lado e junto. Num abraço que diz tudo. Porque tem horas que não sabemos o que falar. 

7 comentários:

  1. Amei!!!! Lindo!!! Me emocionei!!! Muita coisa ao mesmo tekpo me visitou no coração e pensamento. Lembrancas, passado, vontade, presente, sonhos e alegria, futuro..parabens por esta obra!!! Vivaaaa!!!...

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  2. lindo me levou pra lindos momentos com amigas que nao vejo a muitos anos.

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  3. Que texto mais lindo!!! Emociona. Parabens Susi

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