Vamos conversar?

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quarta-feira, 11 de julho de 2018

Na fracota, na maciota!



Modo maciota: vai de leve, vai de boa, tranquilinho, devagar. Tipo, curte a janela do trem.
Trem? Que trem?
Este! Que você está…

Carros potentes correm muito! Chegam rápido demais. Só enxergam a bandeirada final. Como se fossem de um só suspiro. Não respiram o caminho…

Quero ir na maciota. Quero respirar o caminho!


Viajar em bicicleta ensina isso. Cada pedalada é como um passo, um empurra, outro vem, enquanto um puxa, o outro empurra, você sente o caminho o tempo todo. Não há como não sentir. Você precisa estar full time se levando. Não existe o irnabanguela. Porque até na descida, onde você dá uma relaxada nas pernas, a cabeça fica atenta e fica cuidando pra você passar pelos lugares certos e não levar um capote. Há quem, na descida, esteja mais presente ainda que na subida. A subida é o esforço. A descida, o gozo!


Ir na fracota me parecia ser ruim. Não é. Tenho descoberto que ir na fracota é ir na maciota. Aprendizado puro de sairdedentrodoseuego (inflado!) para ir, escancaradamente, livre. Livre de passar o caminho na performance. Cheia de orgulho. Repito. Redundantemente. Sairdedentro. Pra estar lá fora. Viver o caminho. Olhar através da janela e enxergar. Ao invés de ensimesmar…

Esta tal da performance vira vício. Silêncio absoluto no ar. Ranço. Narizes entortados. Vão dizer que estou falando isso só porque estou na fase nafracota. Puro despeito meu. Inveja negra de quem está no auge da performance.


Posso falar?

É. A performance é, realmente, um auge. Topo a ser alcançado que gera esforço, disciplina, empenho, foco, muito foco e faz da vida um ciclo interminável de esforçoaugemaisesforçoaugemaisesforço. Este é o ponto. Não tem fim. Na há saciedade, nunca. A cada sucesso, um fracasso. A cada vez que você atinge a meta, nova meta é estabelecida. E malemá você saboreia a delícia do auge. Porque, imediatamente, está insatisfeito em busca de outro. Uma roda viva, cíclica que, se você não mantiver o discernimento, faz a insatisfação se ambivaler à satisfação. E correr tanto atrás do auge perde o sentido. Você passa anestesiado no caminho. Cego na chegada. Porque mal obtém, não tem. Pois já quer outro. Insatisfação sem fim. Compreende?

Não estou atirando pedra na vidraça alheia. A vidraça sou eu mesma!


Estas paradas obrigatórias nos fazem sair de dentro de nós mesmos e nos observar com um olhar de águia. Que enxerga detalhes que, in loco, não enxergaria. Viro, sim, vidraça de mim mesma. Qualquer pessoa que esteja vivendo algo parecido com over, overtraining, overdose, não tem consciência disso. Só saindo pra enxergar.

Na fracota é uma expressão que tenho usado muito para definir o estado que estou. E, ontem, conversando com um amigo, falamos ao mesmo tempo a sua definição: na maciota!


Ser ruds, ser rude, ser duro. Parecem significar a mesma coisa. E o oposto não precisa ser mole. Mas se permitir, um pouco, o ir na maciota. Quando você vai assim, se desatrela de obrigações que te apressam o caminhar. Pode até parar no meio do caminho. Pra descansar, pra fotografar. Quer melhor que isso? Captar imagens que o coração já captou, antes? Dá até pra se alimentar, reabastecer corpo e alma pra, depois, prosseguir. Dá pra olhar em volta, giro de 360 graus, porque quem só anda sem parar, tem um ângulo de visão limitante de 90º, um pouco mais. É um pacote de benefícios tão saudáveis que fico, cá, pensando comigo… Se eu, toda atletinha, passasse neste mesmo caminho, saberia isso tudo? Me permitiria parar? Ou estaria enxergando apenas o chegar?


Falo de cadeira. Por mais que meus olhos passassem atentos no caminho, sorriso no rosto, cabelo no vento, lá dentro o anseio era chegar. Na fracota, apenas vou. Não pus um alfinete 📍 no mapa definindo até onde devo ir e parar. Alfinetes são todos os lugares que eu desejar parar. Não há um portal de chegada, único que seja maior, mais importante que todas as portas no caminho que eu abrir, passar e fechar. Na fracota me permite uma liberdade autêntica, não é liberdade de bandeira 🚩 que se carrega pra todos verem e acaba pesando no carregar, feito porta-bandeira em desfile de escola de samba. É liberdade pra gente, não pros outros. Que cumpre o seu papel primeiro de…
Li-ber-taaaaaaar!!!


Vou na maciota. Sem pressa. O relógio não anda pra trás, mas também não precisa correr pra frente. Vou usufruir cada TIC. TAC. Porque entre um e outro se você prestar atenção, há um respiro. Isso. TIC. TAC. TIC. TAC. Até o final!



4 comentários:

  1. Tem momentos na vida que devemos dar ima guinada e viver o que realmente Deus nos proporciona...em minhas orações tenho aprendido que amigos... Vem da alma... E viver vem de Deus... Momentos sobrenaturais....

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    1. Ow amigo! Amigos são presentes! Poder ter vivido momentos inesquecíveis com amigos, também! Gratidão por fazer parte das maluquices sobre 2 rodas nos meus tempos acelerada!

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  2. Difícil pensar em você tentando levar a vuda na maciota, heim??!

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    1. A gente aprende... Sem pausa não há música. Sem o silenciosa, não se faz a melodia Sem este tempo, jamais enxergaria o que, hoje, vejo

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