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domingo, 10 de dezembro de 2017

A praça e suas histórias


Estive, noites destas, na pracinha perto de casa. Já não se fazem mais praças como antigamente… Ou será: já não se fazem mais frequentadores de praça como antigamente?!

Vi uma cena que seria digna de se esfregar os olhos, apertá-los para fixar bem o olhar e ver se era real ou uma miragem. Pai e filho brincando de bicicleta pela praça! Brincando de correr um atrás do outro cortando os caminhos da pracinha. Joia rara. Não se vê mais isso! Pais com filhos em praças brincando. Bicicletas como brinquedo sem maiores pretensões além do prazer de brincar de andar de bicicleta. Praças com vida!


Sou do tempo que praça significava espaço de lazer, de se ir com filhos pra brincar no parquinho que era algo como obrigatório nas praças da cidade. Um espaço cheio de brinquedos de se pendurar e cair naquela areia que podia não ser a mais limpinha pra se por o pé descalço, a mão que fazia montinhos que imitavam comidinha e onde, também, se sentava pra se brincar com o que estivesse a mão, galho, folha, pedrinha, pedrona que faziam parte do repertório infantil que imaginava nestes objetos, panelinha, comidinha, bichos, super heróis!

Praça era o espaço pra reunir crianças que vinham de perto e de longe, brincavam juntas sem fazer cerimônia, que oferecia pouco e tudo! Sombras de árvores que se despejavam sobre o gramado que convidavam para picnics improvisados, bancos que viviam cheios de gente que não economizavam horinhas de boa prosa naquela camaradagem típica de um tempo onde todo mundo conhecia todo mundo. E quando não conhecia, acabava conhecendo!

As praças foram se esvaziando. Foram se tornando espaços abandonados, descuidados e nada atraentes ou seguros. Ficaram vazias de crianças. De vizinhança. E os pais deixaram de buscar espaços para levarem seus filhos pra brincar lá fora!

Houve, também, uma substituição de personagens. Adultos saem de casa agora com seus cãezinhos, enquanto as crianças ficam dentro de casa, distraídas por brinquedos eletrônicos. Vejo praças com adultos e cachorros e não vejo crianças brincando. Aí, nestes raros momentos em que vejo crianças perambulando nas praças, fico feliz da vida de ver que há pais ainda que brincam com seus filhos.

O mais legal do que vi foi justamente a bicicleta na praça. Há tanta norma proibindo isso e aquilo que não seria difícil alguém passar por ali, olhar e achar ruim. De estarem, pai e filho, andando de bicicleta na praça. Como se fosse melhor proibir… A cara marota, tanto de um como de outro, denunciava a cumplicidade alegre entre eles. Quer tesouro melhor a se guardar do que colecionar momentos assim?


E a bicicleta estava no seu exato papel. Brinquedo. Não era uma trilha casca grossa, com altimetria cheia de dígitos, pra fotografar e contar o feito. Era só uma praça. Que tem mais esta história pra guardar e contar. 

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