Pois é...
Nem sempre as coisas acontecem como a gente pensa. Ou quer.
Acontece que, via de regra, tenho o costume de projetar
alguns ideais. Ideais? Sim. Ideias de algo que eu queria buscar, esperar,
queira que aconteça.
É interessante que tanta coisa na minha vida,
coincidentemente, as melhores, aconteceram sem eu planejar, desenhar o
rascunho, pensar no formato, cor, contorno. Caíram em minha vida como presente
e delas me apropriei.
Aí, quando tenho de desejar algo, fico ensaiando, embaçando
e fico muito braba quando vejo que não são exatamente como eu gostaria que
fossem.
Chego à conclusão, então, que não devo desenhar,
antecipadamente. Não nestas áreas desdenhosas da vida. Pois que em algumas, é
possível traçar um plano, os passos e, disciplinadamente, buscar meus
objetivos. Assim como tem sido nesta fascinante jornada que envolve a corrida,
a atividade física com bike, na corrida de aventura. Treinar o corpo,
discipliná-lo, coisa tão difícil e penosa pra tantos, é um prato cheio pra mim
de satisfação e realização.
Mas...
A vida é muito mais do que isso! E tenho deixado de lado,
indisciplinadamente, todas as outras áreas da minha vida. Me flagro cometendo
erros. Repetidamente. Desde dar atenção a pequeninas coisitas da vida como
cuidar das minhas plantinhas, fazer longos passeios e corridas com meu
cãozinho, fiel companheiro desde quando eu ainda estava de molho e off. Como
dar uma geral na minha casa. Aí me ponho de castigo, incomunicável, presa em
casa pra começar este processo de recolhimento e organização das gavetas,
armários, compartimentos secretos... da casa e de mim mesma. E aí... tanta
coisa pode ser mexida, posta pra fora e percebida carente de atenção!!!
Comecei, sem querer, a por ordem na cozinha. Levantei-me e “ia”
tomar meu farto café da manhã. Pra poder sair com meu cãozinho, numa horinha de
passada descompromissada a treino, tempo e desempenho. Coisa de que venho sentindo
muita falta! Mas, ao abrir armários, deparar-me com coisas esparramadas pela
mesa, balcão, sem lugar certo pra ficarem, passei como furacão ajeitando tudo. O
que era pra ser apenas uma “ajeitada” meia boca, virou uma faxina no armário.
Era hora! Tanta coisa socada dentro dele só pra tirar da vista, sem qualquer
critério de organização. Cadê a Susi de outrora que mantinha tudo organizado?
Quando me vi, sentada no chão, tudo posto pra fora, esparramado no chão pra recolocar,
cada coisa em seu lugar. Reetiquetando caixas de guardar coisas. Apagando nomes
que não uso mais e colocando nomes que uso e preciso de mais caixas agora. Pura
metáfora da vida! Exatamente o que eu preciso fazer armário afora, alma
adentro...
Enfim, tirei tudo, tudinho! Recoloquei e olhe só! Sobrou
espaço! Ficou tudo mais visível reordenei lugares das coisas. Dá até pra achar facilmente
o que eu preciso... Tão óbvio isso!!!...
De lá, algo que me incomodava muito, meus temperinhos tão
bagunçados sobre o fogão. Vidros sem dono sem serem dono de nada. Vazios,
alguns, sem utilidade. Oras! OU se usa, ou se descarta fora! Não é assim?
Tirados do porta-tempero que foi um dos caprichos meus ao planejar esta minha cozinha
linda, e tão abandonada ultimamente, lavados e esvaziados, só serão colocados
lá ocupando espaço visível, se forem pra ser, realmente, usados. Senão, vamos
economizar espaço e retirar de lá! (Seria o presságio de eu prestar atenção ao
que me tempera a vida????)
Mais umas ajeitadas e uma limpada em portas encardidas,
almoço encaminhado no forno elétrico, fui ao último ponto. Que, na verdade,
deveria ser o primeiro de todos: as contas!!!!
Tenho o costume de protelar com o mais urgente. Era pra
sentar, simplesmente, diante dos papéis esparramados na mesa desde a sexta-feira
à noite e dar fim neles! Só! Mas perfeccionista que sou, sei que tenho uma
ultramaratona me esperando em contas, registros, balanço, e preenchimento de
planilha tão cuidadosamente elaborada para que eu saiba onde estou, como estou,
pra onde posso mirar e pra onde opto ir. Contas!
Creio que esta é só mais uma das minhas características tão
marcantes da minha personalidade que, um dia, se equilibrarão, quando eu
conseguir ser meio termo dos meus extremos. Nem lá, nem cá. Nem oito, nem
oitenta. Como passei longos anos da minha vida sendo extremamente certinha
nesta área, com tudo previsto, registrado, controlado, e planejado, larguei
mão! E sofro as consequências deste desleixo momentâneo. Consertável. E assim,
será. Já!
Não é esta, nem será, a única parada pra eu perceber-me como
“mulher polvo” com tantos tentáculos, tentando fazer mil e umas coisas de uma vez
só. Na verdade, esta era a minha situação antes. Dava conta. Ficava maluca,
punha malucas, as pessoas ao meu redor. Mas fazia tudo. Mas, conforme a paixão
descomedida cresceu em um dos tentáculos só, fiquei que nem aleijada, inchada,
calejada só num deles e todos os outros atrofiados, revelando a desproporção
dos meus hábitos...
Bem. Consciência, embora disfarçada, já venho tendo há muito
tempo. Faltava-me ser mais dura comigo mesma. Sabe aquelas conversas que pais têm
como seus filhos, quando não dão conta de suas obrigações? Cortar aquilo que mais
gostam, ou mais fazem, ou mais lhe tomam o tempo? Então...
De bom, que estou meio caminho andado. Decidi não pôr o pé
pra fora de casa enquanto não terminar aquilo que venho protelando. Pense só.
Eu, euzinha, sem sair pra tomar vento na cara, na canela, na bike, num fim de
semana!!! Mas assim deve ser. Esta novela é antiga e se repete todo ano.
Reorganizar as gavetas, os armários exteriores e interiores pra eliminar tudo o
que é velho, em desuso, desnecessário. Reconhecer valiosas coisas que andavam
enfiadinhas no fundo das gavetas, esquecidinhas, por pura falta de bom uso do
meu tempo. Não é possível continuar ignorando partes de mim! Uma é consequência
e reflexo da outra. Bagunça cá fora, bagunça cá dentro. Não tem segredo. Nem
outra explicação. Nem outro caminho.
É como se estivesse passando um pano úmido pra retirar a
poeira acumulada no tempo sobre mim. Tira-me um peso enorme das costas, dos
ombros. Limpa-me a vista. Libera-me as articulações, os movimentos. Só assim,
me achando em mim mesma, situando-me onde estou, de fato, poderei mirar a
frente, o caminho a seguir. Aí, será outra história. Estas coisas que não
entendo, às vezes, tento entender, me põe braba por não serem exatamente como
eu gostaria que fossem. Aquelas que a razão desconhece. As razões do coração...
Parabéns, Susi pela sua reflexão! Apesar da curta convivência que tivemos, aprendi a admirá-la. Você é forte, autentica e muito corajosa. Desejo um Natal maravilhoso para você e os seus e que em 2015 tudo de melhor aconteça na sua vida.
ResponderExcluirPs. Estou precisando de uma reorganização na casa...na vida...enfim, como na sua reflexão. Bjão
Olá, Marina!!!!
ExcluirAndo sumida do blog. Vi, apenas, hoje teu comentário!
Sim, todo ano esta reorganziação tão necessária e protelada tem de acontecer! Liberar espaços... Pra novos ares!!!!
Um abraço!