Conhece imensidão?
Imensidão a gente conhece quando se reconhece minúsculo.
Quando está diante de algo espetacularmente gigante. Grandioso. Inigualável em grandeza, realeza e infinitude.
Quando a gente se encontra na natureza e se vê diante de espetáculos, assim graciosos, por serem realmente graça pura, sem ingresso a ser pago, percebo minha pequenez, minha finitude, a minúscula parte que tenho na autoria deste projeto.
Tenho buscado fonte de inspiração e tenho conseguido isso na não autoria de presentes recebidos. A briga interna travada da gente com a gente mesmo, da gente com toda gente na disputa de definir valores sempre volta à estaca zero.
Valor?
Valor mesmo valioso é poder buscar simplicidade e este olhar. Não importa se não se tem a imensidão do mar a sua frente, esbanjando esse infinito que me indaga o que tenho feito com meu tempo finito.
Que me instiga como se me provocasse.
Tempo?
O que tem feito com seu finito tempo?
Seja nas ondas do mar que se agita e se joga sobre as pedras. Seja no vento que está o tempo todo aí e não o vemos e, talvez por isso mesmo, se encha de força e passa bravamente deixando marcas por onde passa pra gente lembrar que ele pode ser brisa e pode ser fúria. De fazeres extremos e opostos.
Quando saio pra andar num lugar desse e penso que por uma fração de segundo não fico lá onde estava e venho, penso. Que esta imensidão, este mar, o vento e o tempo nunca deixaram de estar. Somos nós os ausentes desta história. Que não abrimos a porta pra passar.
Parece familiar?
Estar entre paredes de concreto, nas mesmas paredes de sempre, diante de uma tela retangular que te hipnotiza é, pra azar nosso, livre arbítrio. O dono do estrago não é outro, senão nós mesmos.
Foram alguns minutos de caminhada lenta. Mas que me trazem a um lugar magnífico. Onde me deleito.
Rio feito criança. Me sinto mais viva que nunca. Parece redundante. Se toda vez que faço isso, digo isso.
Farei mais vezes! Direi mais vezes!
Dou uma última espiadela. Deixo o vento me envolver. Fecho os olhos e plano. Vôo.
Descubro uma vez mais o que levo comigo. Levo esta brisa, este som incessante de quem não desiste de ir e vir. Do gelado toque deste vento que me desperta e me assanha. A ir.
A imensidão é apenas o convite.
Que vontade que dá de ir ao encontro dessa imensidão...
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