Um dia, vou mandar uma foto lá de cima de uma estrela. Dizer que a viagem foi ótima. Um pouco assustadora. Com clarões e escurões no caminho, feito relâmpago em tempestade à noite.
Vou dizer que tive de correr e apertar a perna um bocado nas subidas, mas que também soltei a perna nas descidas. E que o vento foi generosos e me refrescou o caminho todo, em brisa.
Vou fotografar o caminho todo, escolher as fotos mais significativas e mandar. Pra vocês poderem entender um pouco do que falo sobre esta delícia de ir na estrada deslizando. Sobre esta faceirice de passar pedalando, feito criança em bicicleta, fazendo arte.
Talvez, eu nem saiba escolher direito qual foto mandar. Porque cada uma tem uma história. E todas, todas uma história de amor comigo.
Mas eu vou estar de cima de uma estrela, e não terei a vasta opção de escolher tantas fotos assim. Na verdade, será como se fosse um último envio. Aquele momento de escolher as que marcaram mais. E ai de mim, escolher deixando de fora, tantos momentos importantes congelados na memória!
Então, matutando um bocado, um bocado mais, fico remoendo a vontade de incluir tantos CLICS no tempo. E, vejo, é rico isso! Não é motivo de desespero não saber escolher. É gozo puro! É possuir um leque gigantesco de um tempo bem vivido. É ter multiplicado o tempo, não por ter corrido demais nele. Pelo contrário. Por ter parado nele, para apreciar.
Ai que ando mexelona na alma… Observando despedidas. Observando o que o tempo vai fazendo com a gente. Vendo um espírito jovem (toda vida!) ganhar cara de senhora! Vendo um fio delimitar idades, pondo pra lá, ou pra cá, gerações. E ver que eu pertenço a de lá! Não. Não é lamuriar idade. De forma alguma. Este espírito atrevido e jovem, permanece jovem. Mas o tempo passa para todos. E vai ficando escasso, pedindo espaço para certas coisas…
Urge. Urgem vontades. Urgem anseios. Urgem segredos que vão perdendo a vergonha de existirem. Porque sabem que ele, o tempo, não parou nunca de passar. E fica como luz piscando, perguntando: “Feznãofez? Feznãofez?” como se brincasse maroto, me provocando a coragem. Coragem.
Meus medos foram outros. Diferentes dos seus. Diferentes dos outros. Minha falta de coragem é outra. Diferente da sua. E de todos os outros. Minha coragem também foi de atrevimentos diferentes dos seus. Pura lei da sobrevivência. Cada um na sua ação de sobrevivência. Meu afogamento foi outro. Meu asfixiamento foi outro. Cada um sabe o seu. O meu grito por liberdade nasceu de medos meus. O meu grito por querer viver, sei eu, o que o provocou. Nada, nada parecido com os seus. Me sobra coragem para os seus medos. Me sobra medo para a sua coragem.
Eu preciso conversar comigo mesma. Eu preciso reachar o botão ON que eu perdi em mim. Acho que sobrecarreguei a bateria. Vou formatar o tudo.
Lá de cima de uma estrela, vou olhar o caminho que percorri. Será a hora certeira de ver que valeu à pena. Que muita coisa escolhi. Muita coisa foi escolhida pra mim. E que permanecer no caminho, ou não, cabe a mim.
Sem palavras pelos quadros pintados por DEUS..
ResponderExcluirSim, meu amigo... E na velocidade que se passa em bicicleta muito melhor ..
ExcluirPalavras sábias amiga,amo muito seus pensamentos, eles elevam nossa alma.
ResponderExcluirPow Katia, amiga querida... Obrigada! São cartas que escrevo no blog... Abertas a quem queira ler...
ExcluirGostei da forma que você se vê...estrelas são para sempre.
ResponderExcluirFinitude. Incrivelmente, brilhando no infinito
ExcluirGrande Susi! São tantas aventuras que dá um livro! Mais essa chama de buscar novas experiências e de relata-las não pode se apagar. Alimente-as diariamente, esse é seu oxigênio e sua fonte da juventude! Sucesso e abração!
ResponderExcluirNa verdade é a forma de viver duas vezes o vivido... Ao se compartilhar, no escrever, é um bis. Um jeito de ver de novo. De ver no outro, o brilho do querer...
ExcluirSeus escritos muitas vezes batem com meus pensamentos. Amoo
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